POV Tris
Naquela manhã sou acordada novamente pela mesma sirene aguda. Levantei-me abruptamente com o barulho — Já devia ter me acostumado — mas jamais irei conseguir. Aquilo só me fazia sentir com mais raiva. Os dias na Amizade estão sendo os mais longos possíveis, já não aguento mais esse lugar. O som, as cores, o ambiente e principalmente as pessoas me irritam ao tal ponto que não estou mais conseguindo fingir.
Olhei para o lado em busca de Eric, mas o mesmo não estava. Como todas as manhas. Ele sempre acordava antes de amanhecer, e sempre ia dormir depois das duas horas da madrugada. Então nunca o via entrar ou sair, nunca estávamos no mesmo quarto acordados e as vezes me pegava perguntando se aquilo era bom ou ruim.
Levantei da cama e me dirigir ao banheiro, fiz o que tinha que fazer e vesti as roupas da Amizade. Abri a porta do banheiro e peguei um susto com Eric sentado na cama.
— Relaxa, sou eu e não um fantasma — proferiu sem muita importância — Bom dia. Dormiu bem?
Aquilo foi estranho, desde quando ele se preocupa com o meu bem estar ou com a minha noite de sono? Ele deve ter percebido a minha surpresa.
— É que você passou a noite agitada. Se mexeu varias vezes.
Ah!
Me aproximei e sentei ao seu lado o que foi perceptível pela forma rígida que ele ficou.
— Só estou cansada de ficar aqui. Esse lugar está..
— Sufocando. — completou ele. — é.. eu sei.. me sinto da mesma forma.
— O que vamos fazer? Ele não aparece, parece que ele sabe que estamos aqui. — exprimir quase ao desespero — esperando por ele. Já estamos aqui quase duas semanas, Eric e se ele..
Parei de falar no momento que sua mão pegou a minha. Senti todo o meu corpo sair do lugar e uma carga elétrica passando por ele, junto com uma sensação inexplicável.
O olhei e ele fez o mesmo.
— Tris.. e-eu.. — ele limpou a garganta, retirou sua mão e levantou — Pegue sua arma, estamos atrasados.
POV Eric
Merda.. Merda! O que diabos eu estava pensando? O que eu iria fazer?
Eu só poderia tá ficando maluco, ela é a careta, Eric! Só posso está ficando maluco, esses dias na Amizade estão fazendo algo comigo, só pode ser! Será que por descuido comi aquele pão? Não..
Tenho agido de uma forma bem estranha, primeiro de tudo essa súbita necessidade de olha-la dormindo, depois isso de tentar conforta-la, de ampara-la. Ela é uma audaciosa, ela pode fazer isso por ela mesma.
Sair do quarto estressado, querendo encontrar uma forma de colocar pra fora tudo o que estava se passando comigo esses dias e principalmente essa raiva. Mas como vou fazer isso nesse lugar?
— Eric..
Max me chamou pelo ponto no meu ouvido. Estava no corredor indo para o refeitório, mas tive que me enfiar em um buraco onde se guardavam os adubos.
— Oi. Como andam as coisas por aí?
— Complicadas. — ele soltou um suspiro — Estão perguntando por vocês, querendo saber onde vocês estão. Não sei mais o que faço para acalma-los.
— Você não precisa acalma-los, Max. — repliquei com raiva — eles não precisam se meter nos assuntos dos lideres da cidade.
— Eric, você sabe que não são assim as coisas.
— O que não sei, é o que ainda estamos fazendo aqui. A Careta tá surtando.
Ouvi a risada grave e alta que Max deu.
— Soube o que Andrew fez com vocês. Pelo visto ainda não se mataram, não ainda. — ele disse divertido — Veja, se o nosso homem não aparecer em dois dias, vocês retornam.
— Menos mal. A gente se fala.
▄︻┻═┳一
Quando entro no refeitório vejo uma movimentação bem no centro, me apresso para me aproximar e quando chego perto o suficiente, vejo quem estava no centro, era Tris contando uma história — o que ela estava fazendo?— todos ao seu redor pareciam encantados com o que ela contava, umas meninas até suspiravam e outras diziam o quão lindo era o amor.
Fui afastando os membros da Amizade da minha frente para penetrar e chegar até a Careta e quando já estava na sua frente, ela me encarou e depois abriu um sorriso, iguais àqueles que esses malucos sempre tinham no rosto. Ela já estava começando a me assustar.
— Eric, venha, sente ao meu lado. Estou contando uma história — ela esticou a mão para mim. Olhei para ela e depois para sua mão estendida, mas sem alternativa a peguei.
— Não me diga que esse é ele — perguntou uma menina.
— Oh, não! Ese sse é o Eric.
Me sentei ao seu lado e sussurrei.
— Que sorriso ridículo é esse? — ela me encarou um pouco perdida, mas depois sorrir novamente, aquele mesmo sorriso ridículo.
— Isso não é muito legal de se dizer, Eric. Só estou feliz e estou contando uma História.
— Que tal você me conta o que está aconteceu aqui? É alguma estratégia? Pois se for..
— O quê? Estratégia? — então ela começa a rir e como se ela tivesse acabado de contar uma piada, todos ao nosso redor riram também — Não seja bobo, só é uma história de amor, minha e do Quatro.
Um “onw” foi ouvido.
O QUÊ? Ouço novamente as meninas suspirarem.
Definitivamente tem alguma coisa errada aqui. Tris está agindo feito uma maluca.
— Tris, você está bem? — pergunto.
Ela abre um imenso sorriso e diz.
— Claro que estou. Obrigada por perguntar. — ela faz um carinho na minha mão e se volta novamente para os membros. — onde era que eu estava mesmo? Ah sim, quando ele disse que me amava..
As meninas deram uns sorrisinhos e alguns gritinhos.
Me levantei da mesa e logo em seguida puxei ela junto.
— Vocês estão mais pra se matarem que se amando — as meninas pareciam desesperadas com o que acabei de dizer. Escutei uma dizendo “eles não se amam mais, que coisa triste”
Afastei-a daquela palhaçada. E logo depois a virei para mim.
— O que você comeu no café da manhã?
— A forma que você está me segurando não é muito gentil, Eric.
— Foda-se. Responda!
Ela fez beicinho com os lábios e depois sorriu novamente. Reviro os olhos e a puxo para o prédio que Joanna fica. Mas ela não consegue se equilibra e cai — Esses malditos pães da paz — quando me abaixo pensando que ela estava chorando ou algo similar, ela levanta a cabeça entre gargalhadas. Pego ela no colo e levanto com ela ainda rindo.
— Eric, você é muito bonito — diz ela colocando seus braços no meu ombro — mas por que tão sério, deveria sorri um pouco, faz tão bem.
Aquilo realmente me pareceu engraçado.
— Vou lhe dar o mesmo conselho quando estiver sóbria. Pois você minha cara, vive emburrada.
▄︻┻═┳一
Anoiteceu e Tris estava dormindo, a trouxe pra cá quando Joanna disse que talvez ela tenha comido alguns dos raros bolinhos batizados, que, porém tem um efeito duas vezes maior que o pão. Ela dormiu logo depois que o soro não estava mais fazendo o seu trabalho e adormeceu de qualquer jeito na cama, tive que ajeita-la, pois se deixasse ela daquele jeito ficaria com dores depois.
Também não sair do seu lado; fiquei lá a olhando dormindo serenamente, velando o seu sono. Ela parecia algo que eu não conseguia explicar, olhar pra ela dormindo me acalmava, me deixava relaxado e era disse que estava precisando.
Seu rosto começou a dar sinal que iria despertar e antes que ela me visse ali, levantei da cama indo em direção da porta, mas parei quando ela me chamou.
— Eric.. — sua voz estava delicada. A maneira que ela me chamou fez meu peito se apertar e não soube dizer o que era aquilo. — O que aconteceu?
Expliquei o que tinha acontecido e ela parecia que iria matar a própria Joanna. Não tinha mais sorrisos ridículos e aquilo me tranquilizou. A Careta estava de volta.
Ela se levantou e ficou andando de um lado pro outro.
— Eu quero bater em alguém. — é.. eu sabia como era isso — Mas não tem ninguém que eu pudesse bater, pois estamos na merda da Amizade e aqui todo mundo é maluco! — disse ela entre gritos
— Calma baby, em dois dias não estaremos mais aqui — disse a ela — mas se quer bater em alguém, aqui estou eu me dispondo a você.
Ela parou onde estava e me olhou. Ela riu, mas aquele riso sincero e autentico.
— Tudo bem — disse ela após tirar a blusa ficando apenas de top. — Não vamos destruir muito o quarto, sim.
— O que? Tá com medo de apanhar careta?
Ela me respondeu com uma direita que foi fácil desviar. Então começamos, ela atacava e eu defendia e depois eu a ataquei, um ataque que tinha certeza que acertaria, mas por sorte ou não, ela defendeu com maestria.
— Oh, coitadinho.. — ela ainda ousava debochar da minha cara. Cansado dessa palhaçada joguei sujo e empurrei ela para a porta do quarto, a batida foi tão forte que quase senti pena — Ai! — reclamou baixinho e com os olhos fechados. — Você ganhou. — e abriu os olhos.
Mas.. não me afastei, continuei junto dela, não tinha espaço entre a gente, nossos corpos estavam colados, assim como nossos rostos. Encarei seus olhos azuis que pela primeira vez não estavam espantados ou surpresos, eles estavam atrativos. Ela olhou para os meus lábios e eu nem fiz questão, a puxei e encostei nossos lábios.
Infelizmente não passou disso, ela me repeliu. Ela não foi agressiva, muito pelo contrario ela foi terna. Me afastou lentamente e me olhou como se pedisse desculpa.
— Tudo bem, Tris. — disse dando um sorriso de lado.
Ela segurou minha mão e isso foi muito importante.
— Eric, eu só não posso. — me aproximei dela e beijei o seu rosto — eu tenho..
— Quatro. É, eu sei.
Ela ia dizer alguma coisa, mas Max quase estourou nossos tímpanos.
— O nosso homem acabou de entrar no pomar. Ao trabalho crianças.
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