POV Eric
Aquela sobrancelha erguida pra mim estava me dando nos nervos, mas ao mesmo tempo aqueles olhos azuis e penetrantes estavam me amolecendo de uma maneira nunca vista. Tris tinha esse poder, ou posso dizer encanto? Quando estava irritado, ela me acalmava, quando estou calmo, ela vem e me deixa o homem mais irritadiço e cheio de ódio nessa cidade. São turbilhões de sentimentos e nenhum deles consigo definir.
Era tão fácil quando ela era apenas uma iniciada amedrontada e não essa líder toda segura do que é hoje.
— Vamos Eric, o que diabos você quer comigo? — ela me empurrou pro lado e passou. — se for sobre ontem, quero que você vá se..
— Olha o palavreado inadequado no meio do Conselho — a repreendi. Ela deu aquela revirada dos olhos que me irritava... está vendo, que porra! E ela ainda continua andando como se não estivesse falando com ela — Tris, para — puxei o seu braço — sei que fui um babaca ontem por não ter te deixado falar, mas você pode..
— Não! — me cortou — eu não posso nada. Na verdade, o que você quer conversar? Ontem você deixou bem claro que a única coisa que queria comigo era conversar, afinal, estava bem animado com a sua amiguinha. — ela estava feroz, e como sempre, não sabia se isso me deixava em êxtase ou me deixava mal humorado, ainda estou decidindo.
Mas dei uma leve puxada de lábio só por garantia.
Estávamos no meio do corredor da sede da Franqueza, nossos seguranças estavam meio distantes, disfarçando e agindo como se seus lideres não estivesse no meio de uma discussão boba.
Puxei novamente os seus braços e a trouxe e grudei o seu corpo no meu.
— Isso é ciúmes, Tris? — perguntei empolgado. Ela por um momento relaxou e no outro a valentia voltou com tudo, já que ela estava se debatendo. Mas segurei firme e levei os meus lábios próximo ao seu ouvido e sussurrei — diz.. é ciúmes?
Isso foi um gemido?
— Me solta Eric — Não, só foi ela fazendo força pra me empurrar. — idiota, imbecil.. seu filho de uma — cai na gargalhada com ela saindo resmungando pelo corredor.
— Vou logo te avisando, você ainda vai apanhar — disse Max rindo que nem uma criança solta no parque — vocês dois aí, vão atrás dela e não a deixe sozinha. — e os seguranças dela foram atrás — pode uma coisa dessa, fazer isso na frente deles. Você vai apanhar.
— Vou nada, e se for o caso, vai valer a pena.
Ele riu alto.
— Ouvi dizer que ela tem a mão pesada. — Avisou — Não sei pra quer fui te falar que a gente não tinha nada, agora vai ficar aí, igual um idiota atrás dela.
— Você fez o meu dia.
▄︻┻═┳一
O refeitório estava cheio, todos pareciam saber que a cidade não estava lá nos seus melhores dias. A movimentação estava estranha e aos cochichos, ou pode ser apenas coisas da minha cabeça, já que estava sozinho na mesa dos lideres, coisa não tão rara, já que não fazemos as nossas refeições aqui.
Estava remexendo no meu bolo de chocolate quando ele foi arrastado na mesa longe de mim. Quando olhei pra pessoa responsável por essa transgressão dei de cara com Emily, já comendo o meu bolo.
— Já que não quer comer, eu quero.
Antes que reclamasse de algo, Tris entrou no local, escoltadas por Louis e Rolf, seus seguranças. Ela estava uma gata, não sei se é impressão minha, mas aquela iniciada de dois anos atrás está desaparecendo completamente.
— Você foi pego — olhei para Ems. Não entendendo o que ela quis dizer com aquilo e ela notando a minha falta, continuou — Tris. Você está apaixonado.
Voltei os meus olhos pra ela, que estava com sua típica roupa, um top, calça apertada e botas.
— Tenho receio por começar a ficar ridículo.
Ela riu.
— Você sabe perfeitamente que não está. — apontou para Tris — Mas se continuar a olhando dessa forma, todos irão saber.
— E o que quer que eu faça? — indaguei.
— Que pare de persegui-la e tome uma atitude. — Franzi o cenho quando ela se levantou — Ou quer que ela volte para o infeliz do Quatro? E se eu fosse você começaria agora. Fui.
Procurei por Tris, e lá estava ela, junto ao.. Quatro.
POV Tris
— Sei que não tenho o direito de vir aqui, mas quero me desculpar pelo ocorrido algumas semanas..
Revirei os olhos.
— Na boa Quatro, to nem aí pra suas desculpas — ele levou um susto pela maneira que falei. Seus olhos estavam esbugalhados e suas mãos não paravam quietas — quer falar mais alguma coisa?
Ele deu um passo à frente e ficou ameaçadoramente próximo, tão perto que até podia sentir o seu hálito batendo em meu rosto. Se ainda sentisse alguma coisa por ele, meu coração agora estava quase saindo pela boca, mas tudo pelo Tobias se esvaziou.
— O que pensa que está fazendo? — exigi.
— Eu.. — Passou os dedos pelo meu braço — tenho saudade.
Coloquei a minha mão direita no seu peito e o afastei.
— E eu quero que você vá se danar. — semicerrei os olhos.
— Tris..
Senti uma mão segurar meu braço e me puxar para longe de Quatro. Pelo cheiro sabia que era Eric. Nas ultimas semanas a gente vem se dando bem novamente, não sei o que aconteceu pra que ele mudasse sua atitude, mas espero que não mude novamente.
— Quatro.. — cumprimentou ele, passando o seu braço pelo meu pescoço.
Quatro visivelmente se sentiu incomodado, e quem não? O cara era inimigo dele desde sempre e me ver assim com ele não deve ter sido a melhor visão.
Ele dividiu os seus olhos entre mim e Eric e por fim parou em Eric.
— Eric — disse ele que estendeu a mão, que logo foi envolvida pela do Eric.
O silencio foi cruelmente incomodo. Eles só se encaravam e pareciam que um sabia o que o outro está pensando.
— Achei vocês! — A voz de Lily inundou a atmosfera, preenchendo qualquer vazio existente — Líder Tris, o representante da Erudição está a sua espera.
Ela estava a nossa esquerda, olhando de um pro outro e não tardou para olhar para sua prancheta.
— E Líder Eric, já está alimentado? — perguntou, como se aquela pergunta não fosse no mínimo estranha. Mas ele assentiu, sabendo que nada de Lily fosse literalmente maluco. — então vamos, vou lhe passar sua nova agenda, sua assistente foi demitida.
Então saiu, sem nos explicar como isso foi acontecer. Olhei para Eric perguntando silenciosamente se aquilo tinha dedo dele, mas deu de ombro e disse.
— Eu não sei de nada disso. — revirei os olhos e me soltei dele.
— Quatro — ele sorriu — Chame Marlene, diga a ela que será a nova assistente de Eric. — ele assentiu, mas tentou se aproximar novamente — o que ainda está fazendo aqui? Pensou que eu iria aceitar essas lamurias que você chama de desculpas? — vi quando seus olhos perderam o brilho, mas estava pouco me lixando — eu quero ela ainda hoje na minha sala.
O afastei para o lado e passei. Ouvi as gargalhadas de Eric, mas não perdi o meu tempo o repreendendo.
— Quem é essa Marlene? — perguntou assim que me alcançou — você sabe que não é qualquer um que aguenta a Emily. E por que a Lily não pode ser a minha assistente por um tempo?
— Por que você fica ocupando ela com besteira e não o que ela realmente deve fazer!
— AAAh, chaata — Ele fingiu tossir só pra me chamar de chata. Olhei pra ele divertida — desculpe, acho que estou ficando resfriado.
Não aguentei e ri da idiotice dele.
▄︻┻═┳一
Encontrei com Emily na frente da minha sala nessa sede. Com o seu corpo tensionado e sua cara emburrada, não era difícil imaginar que a culpa da falta de assistente de Eric não seja dela.
— Outra assistente? — perguntei a ela. Ela deu uma suspirada — daqui a pouco não tem mais nenhuma disponível Ems.
— Arrumou outra? — Claro que arrumei, sempre sobra pra mim mesmo — Só estou nervosa com a missão.
— Como se despachar as assistentes fosse culpa disso! — joguei na cara dela — vou falar com Drew arrumar uma pra você na verdade. Chega de dividir assistente com o Eric, isso não dar mais certo.
Quando abri a porta da minha sala, ela foi logo se jogando na minha cadeira.
— Não tenho culpa se elas não fazem o trabalho delas direito. — rimos.
— Você que é intragável! — acusei e me sentei no sofá que ali tinha. Olhei em volta e tudo ali parecia estranhamente estranho — se entrei nessa sala uma ou duas vezes foram muitas.
— Você não é a única que prefere o complexo — disse ela sincera — lá é tudo mais leve, sempre quando tenho que ficar por aqui, sempre fico na sala do Drew.
A porta da “minha” sala foi aberta novamente. Lily entrou, estava com Rolf e não falou com a gente; foi logo apontado para um canto da sala e o Rolf estalou uma câmera. Olhei para Emily e ela revirou os olhos quando os dois saíram.
— Tua Assistente é controladora, neurótica e exagerada — ela foi indicado cada “qualidade” de Lily com os dedos — e ah, super protetora. Tudo que eu gostaria de ter em uma Assistente.
— É gata, a sorte não é para todos.
No meio de gargalhadas e piadas fajutas contada pela minha amiga, uma batida na porta chamou nossa atenção e novamente era Lily que pediu licença para entrar.
— Agora que ela resolveu ser educada e falar com a gente — sussurrou Emily. Rimos baixo para não levar broca de Lily.
Gesticulei com os dedos na frente da boca que ela fizesse silêncio.
— Beatrice? — enruguei a testa.
Fazia muito tempo que não escutava essa voz. Mesmo que com o tempo ela possa ter amadurecido, a reconheceria em qualquer lugar.
Fitei com o seu alinhado terno azul anil, um óculos sobre o rosto e uma expressão que via muito no rosto de Jeanine; mas mesmo assim era ele.
— Caleb?
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