Eu estava em uma sacada de uma torre, as portas de vidro atrás de mim estavam trancadas por dentro com correntes e um cadeado. O único jeito de sair é por uma ponte que dá em um lugar tão escuro que não é possível ver nada. Meu corpo treme, me arrepio e sinto como se meu coração fosse sair pela boca, sinto uma força me empurrando em direção a ponte e não consigo me segurar, estou paralisado de medo.
Mesmo tudo abaixo sendo escuro, não consigo evitar de pensar que estou à vários metros de altura e então paro, no meio da ponte minhas pernas ficam rígidas e me dou conta que o medo me paralisou mas antes que eu possa processar a informação, a ponte se vira em um movimento súbito e inesperado me lançando em direção a escuridão que se encontrava logo a baixo.
Caindo.
Sinto meu corpo cair, não consigo me agarrar a nada, nada nos canto, no ar, é como se tivesse mergulhado em uma escuridão sem fim. Por fim caio bruscamente em uma superfície de metal fazendo um barulho ensurdecedor, e sinto as paredes se moverem em minha direção, não tenho tempo para me recuperar da queda, apenas levanto meu corpo dolorido com um gemido e tento afastar as paredes, não funciona e então escuto uma voz com um tom robótico dizendo:
-Você perdeu o jeito
-Quem é? O que está acontecendo? - Grito a plenos pulmões para tentar entender o que aconteceu.
-Achei que nunca o veria fracassar, não aqui. - Eu conheço essa voz, mesmo o tom robótico, a voz que me atormentou por anos. Meu pai.
-O que você está fazendo aqui? - Grito ainda tentando impedir que as paredes me matem.
-Ela não vai gostar disso..... - ele cospe as palavras, sua voz fica distante e eu acordo.
Respiro fundo varias vezes e fecho minha mão em um punho para passar o tremor. Olho no relógio, são 22:30 e agradeço pois posso recuperar o sono, mais noto um par de pequenos olhos me olhando intensamente e a enfermeira do outo lado da cama e pergunto:
-Por que esta acordada?
-Eu vim checar se estava tudo bem e ela acabou acordando - Diz a enfermeira no mesmo tom calmo de antes - Então ela pediu pra mim contar uma história, e foi o que eu estava fazendo antes de você acordar. - Ela olha para Beatrice que olha de volta e dá um sorriso, isso me passa a impressão de que ela realmente gosta do trabalho.
-Era sobre uma princesa guerreira, que salvou o mundo de uma bruxa má que queria dominar o mundo com maldades - Sua animação é mais que visível em sua voz. - E você acordou bem no final.
-Ah que pena que acabou - digo passando a mão em seu cabelo - Você gostou?
-Sim
-Estou muito feliz que você gostou - disse a enfermeira - Mas agora tenho que ir, melhoras Beatrice - Ela diz e sai do quarto.
Depois de um tempinho ela diz:
-Vamos tomar sorvete amanhã? - Ela abre um sorriso.
-Ah, não sei....
-Por favor papai, - ela me interrompe e sorri - Se você não puder, pede pra titia Christina! - Seu tom de voz aumenta conforme sua animação - Ela sempre me leva quando você não pode!
-Ah não sei se você pode sair....
-A Enfermeira disse que vou sair amanhã - Ela me interrompe e volta a sorrir, ela sabe o que seu sorriso faz comigo e usa ele a seu favor.
Ela me entrega o celular e eu ligo para Christina...
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