"O que seria a paz para você? Por quê você não aceita o simples fato de que as pessoas podem ser felizes com quem elas quiserem? Se uma mulher quer beijar outra mulher, qual o problema? Ou se um homem quer beijar outro homem, e daí? Eles são felizes. Eu, desde pequena, aprendi que quando alguém julga a vida de outras pessoas... é porque não está feliz com a própria vida."
— Você quebra o meu braço e ainda me obriga a te ajudar, então é melhor você ficar quieta.
Amber olhou para a mulher sentada no banco de trás.
— Eu tenho culpa sobre isso?
— Não, nenhuma.
Amber revirou os olhos. Não tinha tempo para as implicâncias de Krystal.
— Gente — Victoria chamou a atenção das duas moças que já estavam prestes a brigar. — Lembrem-se do nosso objetivo. A cada passo que damos, Luna se move em direção a costa leste do Japão.
— Eu ainda estou enjoada por causa da comida do avião. — Krystal colocou uma mão na barriga. — Costa leste? Significa o quê?
— Significa que ela está nos rastreando. — Amber respondeu.
— Eu perguntei para a Vic, e não para você, sua calopsita com derrame.
— Olha aqui, sua...
— Parem. — Victoria esbravejou. — Vocês estão me irritando. Cada minuto, é uma discussão diferente. Arrumem um quarto e deixem meus ouvidos em paz. Estou tentando salvar a pele de vocês e é assim que me agradecem?
— Sorry. — as duas mulheres disseram, como em um pedido de desculpas a Victoria.
— Eu não falo inglês. Eu sou chinesa.
— Google tradutor está aí para isso, né.
Amber suspirou.
— Agora sou eu que estou enjoada.
***
Amber estacionou na frente do hotel Plaza Tokyo, ficariam ali durante a passagem pelo Japão. Não era tão longe da costa leste, onde Luna estava escondida.
— É bonito. — Krystal disse, enquanto entravam pelo saguão do grande Hotel.
— Muito bonito. — Victoria concordou.
Amber caminhou até a recepção, uma idosa estava do outro lado e sorria para ela. Amber a cumprimentou, e mudou o sotaque do coreano para o japonês.
— A senhora teria três quartos para alugar?
— Ah, mas seriam meses, semanas ou dias de hospedagem aqui no Plaza? — a senhora do balcão mexeu em algo no computador e olhou de volta para Amber.
— Hm... — Amber olhou para Victoria. — Por quanto tempo iremos ficar pelo Japão?
— Acho que um tempo indeterminado. — Victoria respondeu. — Não sabemos qual será o próximo passo de Luna. E também podemos pegá-la rápido, assim como ela também pode nos enganar. Então, é um tempo indeterminado.
Amber olhou confusa para Victoria, ela nunca entendia direito as coisas que saiam da boca daquela garota.
Ela falava coisas demais, em um tempo curto.
— Ehr... tempo indeterminado. — Amber finalizou ao voltar a concentração para a velha do balcão.
— Pois bem, deixe-me ver aqui. — a mulher colocou os óculos e aproximou a cabeça para perto da tela. Com o canto do olho, Amber conseguiu ver Krystal se aproximar das duas, porém, ficando alguns centímetros longe de Amber.
Elas duas teriam que ter uma boa conversa depois que tudo aquilo acabasse.
— Ah, minhas queridas, eu sinto muito. Não tenho três quartos. Os únicos disponíveis aqui são os quartos 314 e o 315. — A mulher dizia com serenidade, olhando para as jovens. — O hotel ficou bastante cheio durante esta semana. Desculpem.
— Vamos procurar outro e...
— Não. — Victoria impediu que Krystal terminasse de falar. — Iremos ficar com o 314 e o 315 mesmo.
— Mas são apenas dois. — Amber olhou firme para Victoria.
— E nós somos três. — Krystal continuou.
— E daí? Não tem problema vocês duas dividirem o mesmo quarto, não é mesmo? Já fizeram isso muitas vezes. — Victoria sorriu vendo Krystal ficar vermelha e Amber desviar o olhar. — Perfeito! Queremos estes dois quartos, por favor.
Krystal bufou e seguiu em direção a poltrona da recepção.
A senhora do balcão as cadastrou no sistema do Hotel e entregou três cartões, que seriam para cada uma delas.
— Prontinho. Tenham uma boa noite, queridas.
As três seguiram para o elevador.
E assim que as portas se fecharam, Amber saltou para frente de Victoria.
— Você ficou louca? De falar uma coisa daquelas na frente de uma pessoa que nem conhecemos?
— Ué, falei algo errado? — Victoria perguntou, inocentemente.
— Olha... — Amber esfregou as mãos no rosto e observou o ponteiro do elevador indicar que estavam no quarto andar. — Me dê o cartão do 315, vocês duas ficam no 314.
— Opa, opa — Krystal discordou. — Estão achando o quê? É óbvio que eu irei ficar com o 314, vocês duas ficam no 315. Não vou dividir o quarto com ninguém, e vocês duas são companheiras de time, então devem dividir as coisas e até mesmo quartos.
Victoria soltou um riso debochado.
— Você acha que eu gosto de bocetas, Krystal?
— Como é?
— Eu gosto de paus e bolas, okay? — Victoria afirmou. — E agora, me escutem. Eu irei ficar com o 315, pois só tem uma cama de solteiro lá. E vocês irão ficar no 314 porque lá tem uma cama de casal imensa e vocês duas estão mais acostumadas a dormir juntas. Se alguma de vocês dormirem na mesma cama que eu, podem apostar que ao acordar, estarão dormindo no chão.
— Pra quê tanta agressividade? — Krystal arqueou umas das sobrancelhas.
— É o meu jeito. E vejam, chegamos.
Saíram do elevador, dando de cara com um corredor enorme e, totalmente, sombrio.
— Vamos ver... 314, ah, é logo ali. — Victoria apontou para uma das portas pretas de madeira quase no fim do corredor. — Prontinho, boa noite para vocês duas. E Amber, tente não fazer nada com a Krys, lembre que ela está com o braço quebrado por sua causa.
Krystal revirou os olhos e abriu a grande porta de madeira e adentrou no local. Tinha um cheiro gostoso de morango no ar.
No centro do quarto, tinha uma cama de casal king size. Depois vinham duas portas, provavelmente, uma iria para o banheiro e a outra para algum tipo de closet.
O quarto era bem bonito, e Krystal queria saber porque um quarto tão chique como aquele ainda estava vago.
Deixando os pensamentos de lado, deixou a mala ao lado do mini sofá que tinha por ali, a abriu e pegou qualquer peça de roupa que viu pela frente.
— Quer ajuda no banho?
Krystal mordeu os lábios e se virou para Amber, o que a surpreendeu, era que ela não disse aquela frase com malicia.
— Não comece com suas brincadeirinhas de merda, Josephine. — Krystal, que até então estava de joelhos, se levantou para ficar na altura da mulher a sua frente. — Se pensa que irei transar com você, está muito enganada.
Amber riu e colocou as mãos no bolso de sua calça.
— Não estou pensando em transar com você, se bem que a proposta é muito boa e eu adoraria. Mas, estou falando isso por causa do seu braço. Foi minha culpa e quero te ajudar.
— Você já fez a grande merda quando quebrou meu braço, não tem mais o que fazer. E eu não preciso de sua ajuda. — Krystal respondeu, totalmente seca, e seguiu para o banheiro, mas foi impedida por Amber, que agarrou seu braço com força. — Me solta. O que você quer comigo?
Amber olhou fundo nos olhos de Krystal, era como hipnotizar alguém. Porque no momento em que os olhos se encontraram, as bocas se encontraram.
Amber sugava os lábios de Krystal com urgência, como se esperasse por aquele momento há muito tempo.
E no momento em que ia pedir passagem com a língua, Krystal a empurrou.
— Não faça mais isso, por favor.
Amber apenas ouviu a batida forte da porta do banheiro, indicando o quanto sua "companheira de quarto" estava estressada pelo ocorrido. Amber sabia que ela se fazia de orgulhosa, mas no fundo, havia gostado e queria mais. Era só questão de uma boa conversa entre as duas. Ela sabia que tinha deixado Krystal magoada e faria de tudo para recompensar os dois anos em que fez Krystal sofrer.
Ela apenas suspirou e se deitou na enorme cama de casal.
Era melhor dormir, antes de ter que encarar a fera dominante do banheiro novamente.
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