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História Rewrite the Stars - Pablo Gavi - 24 - História escrita por Tara-Clear - Spirit Fanfics e Histórias
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História Rewrite the Stars - Pablo Gavi - 24


Escrita por: Tara-Clear

Capítulo 24 - 24


PABLO GAVI

 

Ganhamos ontem do Elche de quatro a zero, subindo mais três pontos na tabela. O troféu de campeão da La Liga estava cada vez mais perto.

Na quarta vamos jogar contra o Real Madri pela semifinal da Copa do Rei, na nossa casa. Imagino que o estádio vai estar lotado, nossa torcida merece um show. Já temos a vantagem do jogo de ida, precisamos manter essa vantagem ou aumentá-la.

Após o treino de recuperação, Xavi nos liberou e a maioria dos jogadores desceram para o vestiário. Tomar banho, trocar de roupa e aproveitar o resto do nosso domingo.

Raphinha ia saindo junto com Araújo e chamei ele que olhou para trás vendo quem o chamava.

Eu tinha dito que queria conversar com ele, mas ainda não tivemos tempo pra isso. Eu quero logo resolver essa situação, o próximo passo é contar toda a história aos meus pais, que Babi estava grávida e eu assumiria o bebê como meu filho.
— Fala aí pinscher.

Cara, eu ainda vou socar o Araújo, é sério. Raphael deu risada olhando de um para o outro enquanto eu encarava o uruguaio pra ver se ele se tocava que o assunto não tinha nada a ver com ele.
— Araújo, vaza. — falei já perdendo a paciência e apontando para a saída ao ver que ele não se moveu um centímetro.
— Olha o coração hein Gavira, você anda muito nervosinho.

Balancei a cabeça em negação olhando para aquele idiota enquanto ele se afastava.
— Você entra na pilha dos caras e eles já fazem pra te provocar. — Rapha disse quando começamos a caminhar calmamente até a saída do gramado, éramos os últimos jogadores.
— Eu não tô ligando pra isso, só queria que o Araújo se tocasse e vazasse. — falei também rindo. — Eu disse que queria conversar com você, só nós dois, mas ainda não tivemos tempo, pode ser agora?  

Ele me encarou com uma expressão curiosa.
— Pode sim. Quer ir a algum lugar?
— Não, pode ser aqui mesmo no CT, o refeitório deve tá vazio e nossa conversa não vai demorar tanto assim, eu espero.
— Por mim tudo bem. — Raphinha assentiu e caminhamos até lá em silêncio.

Encontramos com Xavi e seu irmão que conversavam alguma coisa com um dos médicos do clube, eles tomavam café no refeitório.

Sentamos em uma mesa mais afastada, um de frente para o outro.
— Então? — Raphael me encarava e eu esfreguei minhas mãos que estavam em meu colo em um gesto nervoso.

Eu já tinha ensaiado mentalmente o que eu ia falar mais de dez vezes, mas colocar tudo em prática é sempre mais difícil.
— Eu não gosto e rodeios, prefiro ir direto ao ponto.
— Eu também prefiro assim. — Rapha assentiu concordando comigo e eu engoli em seco.
— Você sabe que eu e a Babi estamos namorando e como eu já te disse, não é uma brincadeira, eu gosto dela Rapha, gosto dela de verdade.
— Eu já tinha percebido isso.
— Quando eu disse que a amava e a pedi em namoro, eu também disse que quero assumir o bebê como meu filho.

Raphinha me encarava completamente surpreso e eu acabei rindo, achando sua expressão engraçada.
— Eu vou pedi-la em casamento depois que ele nascer.

Ele continuava me encarando, até soltou um suspiro e deu risada se recuperando do susto.
— Você me deixou sem palavras agora Gavi.
— Eu imagino.
— Tem certeza de que você quer isso?
— Absoluta. — respondi sem titubear.
— Cara, eu fico feliz por isso, vejo como vocês se gostam, mas é uma criança Gavi. É muita responsabilidade.
— Eu sei disso. — falei sério sem deixar de encará-lo colocando meus braços em cima da mesa e cruzando minhas mãos. — Eu tô ciente de tudo isso. Não é como brincar de casinha e amanhã enjoar, e ir cada um para um lado. É um compromisso sério.
— Gavi você é um cara bacana, super gente boa, mas só tem dezoito anos. Você ainda é muito novo, não viveu muita coisa na sua vida. Eu só consigo imaginar que amanhã ou depois, ou daqui a alguns anos você vai perceber tudo que deixou pra trás e querer viver isso. Eu não quero ver a Babi sofrer.
— Eu entendo perfeitamente, e eu não acho ruim você ter essa desconfiança, afinal ela é como se fosse sua irmã, passou por uma barra pesada, é normal você pensar assim. Mas o que eu sinto por ela não é algo que vai acabar amanhã, depois ou daqui a alguns anos. E mesmo se chegar em um ponto onde a gente não consiga mais se entender, eu espero muito que isso não aconteça, ele não vai deixar de ser meu filho, nunca. E os dois vão ter de mim o que precisar, isso é uma promessa.

Raphael continuava me encarando em silêncio, um leve sorriso surgindo em seu rosto.
— Eu faria essa promessa e teria essa conversa com o pai dela sem nenhum problema, mas devido as circunstâncias, isso não é possível no momento. Mas eu ainda pretendo resolver essa história, conversando com os meus futuros sogros.

Raphael sorriu ainda surpreso.
— Sua família tá ciente disso?
— Meus pais ainda não sabem sobre a gravidez, mas eu vou contar, o quanto antes.
— Como acha que eles vão reagir?
— Não vou mentir pra você, não vai ser uma reação muito positiva, principalmente a minha mãe. Já até pensei em dizer que o filho é meu mesmo, que foi um vacilo nosso, mas acho que é melhor falar a verdade sempre.
— Só por isso você tem o meu respeito garoto. Eu vou te dar um voto de confiança e você tem meu apoio.

Sorri contente e fiquei de pé estendendo a mão para selar nosso acordo, mas Rapha me pegou de surpresa me puxando para um abraço.
— Vou gostar de ter você como cunhado Gavira. Mas esqueça essa ideia de conversar com os pais da Babi, não vai dar certo.
— Por quê? — perguntei quando saímos do refeitório vazio indo em direção ao vestiário que também já estava vazio.
— Eu tentei conversar com eles quando fui ao Brasil, são dois teimosos que não escutam ninguém. Discutimos e o clima ficou pior ainda. Eu não contei nada a Babi pra não deixá-la ainda mais triste.
— Eu também não vou contar.

Rapha assentiu e continuamos caminhando.
— Meus tios não aceitam que a Babi engravidou daquele imbecil, consideram como uma traição e não pensam em perdoá-la.
— Mas isso é muito injusto, ela não teve culpa de nada.
— Eu tentei argumentar isso, não adiantou.

Entramos no vestiário e Raphinha já foi logo tirando a camisa indo em direção ao seu armário.
— Eu ainda não consigo entender o motivo disso tudo.
— Eu também não, ninguém nunca entendeu. — ele deu de ombros me olhando e caminhando até o chuveiro em seguida.

Sentei em um dos bancos ainda pensando sobre tudo aquilo.

Babi podia dizer que não, mas eu sabia o quanto ela estava chateada com essa distância dos pais e eu pretendia ajudá-la, só não sabia ainda como.

Fui tomar banho também, iria almoçar com os meus pais a pedido da minha mãe e depois iria ver a minha marrentinha.

Após o banho rápido, eu saí com uma toalha enrolada em meus quadris e Rapha já estava pronto, terminando de calçar os tênis.
— Eu queria te falar outra coisa também.
— O quê? — ele perguntou erguendo a cabeça para me encarar.
— As despesas da Babi e do bebê são por minha conta agora. Tudo que ela quiser e o que ela precisar.

Raphael deu risada balançando a cabeça em negação e levantou indo até o armário, pegando sua mochila e fechando a porta.
— Olha, isso aí você resolve com ela. Você conhece bem o gênio da sua namorada.
— Pior que conheço. — admiti também rindo.
— Boa sorte. Valeu Gavira.
— Falou.

Vesti minha roupa e saí do vestiário silencioso, bem diferente de quando estavam todos aqui.

...

Estacionei o carro na vaga de visitantes e andei rapidamente até a casa de Raphinha. Ainda tava tentando me acalmar depois da discussão que tive com minha mãe após o almoço.

Ela veio com aquele papo de que eu era muito novo para me comprometer assim com alguém e eu perdi a paciência. Mandei ela parar de se meter na minha vida e ficar longe da Babi, ou eu me afastaria ainda mais.

Toquei a campainha e ouvi os latidos de Thor me reconhecendo. Natália abriu a porta e sorriu ao me ver.
— Oi Gavi.
— Oi Taia.

Trocamos um beijo no rosto.
— Rapha tá no telefone com um amigo lá do Brasil e Babi tá lá em cima.
— Eu vou lá ver ela.
— Fica à vontade.

Fiz um carinho no cachorro e fui para a escada.

Do corredor já dava para ouvir a TV ligada e me aproximei devagar. A porta estava entreaberta e vi Babi deitada na cama, recostada nos travesseiros assistindo ao que quer que fosse.

Entrei e ela abriu um sorriso lindo ao me ver.
— Oi lindo, achei que viesse só mais tarde.

Sorri também fechando a porta e indo até a cama. Babi veio me abraçar.
— Deu saudades.

Abracei seu corpo de encontro ao meu, sentindo seu calor, seu cheiro. Com ela perto de mim eu ficaria bem, não importava o que acontecesse. Varri para longe a lembrança da discussão mais recente com a minha mãe, focando somente nela, na mulher que eu amava.

Babi me beijou, seus dedos entrando em meus cabelos, minhas mãos tocando em sua cintura, em sua barriga, onde o nosso filho se desenvolvia. Nada no mundo valeria mais do que isso, mais do que ela e o que nós estávamos começando a construir.

Ela foi terminando o beijo me dando vários selinhos.
— Te amo. — murmurei de encontro aos seus lábios e ela sorriu.
— Também amo você. — ela sussurrou de volta me beijando de novo. — Raphael disse que vocês conversaram hoje depois do treino.
— Humhum. — assenti observando seu lindo rosto, guardando cada detalhe em minha memória.
— Ele disse que gostou dessa conversa e que apoia completamente você assumir o meu bebê.
— Nosso Babi, nosso bebê.

Ela sorriu me beijando de novo.  
— Foi como eu disse a você, eu queria conversar sobre isso com o Rapha, só nós dois.
— Tá bom, acho ótimo vocês se darem bem.
— E eu acho mais ainda.

Babi sorriu e eu me afastei apenas para tirar meu tênis, logo me juntando a ela na cama. Tirei também meu celular e a carteira do meu bolso deixando em cima da mesinha de cabeceira, junto com a chave do carro.
— Tá assistindo o quê? — perguntei olhando para a TV, o que ela assistia estava pausado.

Babi se aconchegou em mim e beijei seus cabelos macios e cheirosos.
— Uma série que chegou agora ao catálogo do Globoplay. Um suspense muito bom, já tô no último episódio.

Ela me apresentou o streaming brasileiro no qual assistia sua amada NCIS.
— Nem me esperou pra assistir com você. — murmurei mordendo seu pescoço e ela sorriu.
— Assisto tudo de novo junto com você, sem problema.

Babi me olhou com um sorriso maravilhoso nos lábios e não resisti a tentação que era beijá-la. Eu nunca me cansaria de estar com ela, de tê-la pra mim.

Nunca imaginei que viveria algo assim, esse amor tão intenso e profundo que me faz colocar a felicidade dela acima da minha, que me rouba o ar, que me tira um sorriso ao ler suas mensagens me desejando bom dia ou me contando alguma coisa boba.

Coloquei minha mão novamente em seu ventre, querendo sentir o nosso filho. Eu mal podia esperar pelo momento em que sentiria ele mexer. E quando isso acontecesse, eu conversaria com ele para que quando nascesse, reconhecesse a minha voz.

Dias atrás, Aurora me mandou links de lojas infantis e fiquei feito um bobo olhando todas as roupinhas e acessórios, imaginando ele usando tudo aquilo. Minha irmã queria ser a madrinha, mas eu disse que aquele posto já era da Dani, então eu prometi que o nosso próximo bebê, que vai ser uma menina, tenho certeza disso, seria sua afilhada.

Falando em roupas e acessórios, precisamos organizar todo o enxoval. Babi já comprou muita coisa, mas eu quero participar de tudo a partir de agora, faço questão. Tô até pensando em chamar ela pra gente fazer um curso rápido para pais de primeira viagem, sobre como cuidar do bebê.

Babi se aconchegou em mim de novo, deitando a cabeça em meu peito.
— Linda? — chamei baixinho e ela murmurou alguma coisa que eu não entendi. — Você me espera aqui pra gente ir juntos na consulta com a médica.

Amanhã ela tinha consulta e iria fazer um ultrassom, ouvir o coraçãozinho do João. Eu não perderia isso por nada nesse mundo.
— Amor, é no horário do seu treino, o treinador não vai te liberar. A Taia vai comigo.
— Babi eu vou com você sim. Xavi vai me liberar.

Ela levantou a cabeça e apoiou o queixo no meu peito, me encarando.
— Como tem tanta certeza disso?
— Simples, vou contar a ele que minha mulher tá grávida e eu vou acompanhá-la em uma consulta médica.

Ela me encarou enquanto levantava e sentava ao meu lado. Eu cruzei as mãos atrás da minha cabeça.
— Gavi se você contar ao Xavi sobre isso, provavelmente o time todo vai acabar sabendo.
— E qual o problema nisso? — perguntei sem deixar de encará-la.

Ela abriu a boca para falar algo, mas acabou desistindo. Eu sentei também e peguei sua mão direita entrelaçando à minha.
— Babi eu não tô brincando quando disse que quero você em todos os sentidos. Você, esse bebê, isso aqui... — indiquei a aliança em seu dedo. — Tudo isso é muito sério pra mim. Eu me apaixonei por você, pelo seu filho e quero vocês dois na minha vida, isso é muito claro pra mim.

Ela sorriu emocionada, seus olhos estavam marejados e eu beijei o dorso da sua mão.
— Eu te amo linda. — sussurrei baixinho e ela me abraçou.
— Também amo você marrentinho.

Segurei delicadamente seu queixo fazendo-a olhar pra mim e beijei sua boca de uma forma terna e romântica, apenas um leve roçar de lábios.
— Eu quero... conversar... outro assunto... com você... também... — falei enquanto lhe dava vários selinhos.
— O que lindo? — ela perguntou me olhando enquanto fazia um carinho em meu rosto e me preparei para a tormenta que poderia vir.

Quando comentei com Rapha mais cedo que eu queria assumir todas as despesas dela e ele disse que eu conhecia bem o gênio da morena a minha frente e que eu deveria resolver isso com ela, eu sabia que provavelmente ela ficaria uma fera.  

Dei risada já imaginando sua revolta e ela me encarou arqueando uma sobrancelha.
— Teve mais uma coisa que eu falei com o Rapha e ele me disse pra resolver diretamente com você.
— O quê? Ele não me disse nada.
— Eu queria, na verdade eu quero ser responsável por todas as suas despesas e do bebê. Ele sabia que você provavelmente ficaria chateada, por isso preferiu não se envolver.
— E ele tem toda a razão. — ela disse com um sorriso doce na boca bem-feita que era a minha perdição, mas eu sabia que aquele sorriso era puro disfarce.

Babi levantou da cama e eu fiquei observando enquanto ela andava pelo quarto.
— Isso não tem cabimento Gavi.
— Ué, por que não? Você é minha namorada, tá grávida do meu filho, nada mais justo do que eu querer fazer isso linda.
— Eu não quero ser um peso pra ninguém.
— Babi você jamais seria um peso pra mim, nunca pense isso, por favor. Assim você até me chateia.

Ela me olhou e soltou um suspiro, sentando novamente na cama.
— É normal eu querer sustentar você amor, você é minha mulher. — falei rindo e agarrando sua cintura puxando-a pra mim com cuidado. Ela deu risada e recostou no meu peito. — Para de ser marrenta pelo menos uma vez e me deixa cuidar de você. — sussurrei em seu ouvido.
— Eu não quero que você fique gastando seu dinheiro comigo, já te disse isso.

Aquilo que ela tava falando é que não tinha cabimento.
— E eu já disse que não tem problema nenhum eu querer gastar meu dinheiro com você, muito pelo contrário. E quando a gente casar, você ainda vai pensar assim? — perguntei e ela se afastou para me encarar, com uma expressão surpresa no rosto.
— Casar? — Babi murmurou ainda surpresa e eu dei risada puxando-a de volta para mim de novo.
— Sim, casar, ou você acha que vai ficar me enrolando a vida toda? — brinquei e ela deu risada me beijando. — Vai linda, aceita eu bancar as suas despesas.   
— Isso é tão importante assim pra você? — Babi perguntou baixinho e beijei a pele exposta do seu pescoço.
— Importante demais. — respondi no mesmo tom de voz.

Como lhe explicar que lá no fundo eu tinha medo de que a qualquer momento ela mudasse de ideia e terminasse tudo entre a gente, e resolvesse ir atrás do ex-namorado?

Eu acredito quando ela diz que me ama, mas porra, o bebê é filho desse cara e eu sei o quanto a Babi amou ele. Vai que esse otário resolve vir atrás dela e quando descobrir sobre a gravidez, peça perdão e tudo o mais.

É insegurança da minha parte, eu sei, talvez até um pouco de egoísmo, mas eu tremo na base só de pensar que isso pode acontecer. Por isso quero cuidar dela em todos os sentidos, é uma forma de eu me sentir seguro. Acho que estou mais ansioso do que ela para o João nascer e poder registrá-lo como meu filho logo, se pudesse já faria isso nesse instante. Ainda tem a minha mãe que vai surtar quando souber, não gosto nem de pensar nisso, preciso arranjar logo um jeito de contar a ela e ao meu pai.
— Tudo bem lindo, já que é tão importante pra você, eu aceito essa proposta aí.

Um sorriso surgiu em meus lábios e estiquei o braço pegando minha carteira. Abri e tirei um cartão de dentro, entregando a ela. Coloquei a carteira de volta onde estava enquanto Babi olhava para o pequeno pedaço de plástico.
— Sério Gavi? — perguntou se afastando novamente para me olhar.
— O quê?
— Tá com o meu nome. — ela balançou o cartão e eu dei risada.
— O cartão é seu, era pra tá em nome de quem?

Ela rolou os olhos e deixou o cartão junto com as minhas coisas, recostando novamente no meu peito.
— Tá vinculado a uma conta pessoal minha e não tem limite. Babi é pra você usar ele, eu tô falando sério.

Ela ficou quieta e lhe fiz cócegas na cintura, ouvindo sua risada gostosa.
— Para Gavi! — pediu ainda rindo.
— Eu tô falando com você, é pra você usar.
— Tá, tá, já entendi. Vamo parar de falar nisso antes que eu perca a minha paciência. Quer assistir o quê?

Eu amava esse jeito rebelde dela, teimoso, ousado. A vida nunca seria monótona com a minha marrentinha.

...

Eu tava nervoso pra caralho e dirigi devagar, até bem abaixo do permitido.

Parei em frente ao condomínio e avisei Babi que já tinha chegado. Eu não ia entrar, esperaria por ela aqui mesmo, já que estamos quase em cima da hora.

Perdi a conta de quantas vezes eu esfreguei minhas mãos suadas uma na outra ou na minha calça jeans. Hoje era a consulta de rotina do pré-natal e eu iria pela primeira vez junto com ela.

Meu olhar foi atraído para a portaria do condomínio onde a minha morena acabava de passar, cumprimentando o porteiro com um sorriso radiante no rosto. As vezes eu ficava olhando pra ela e não conseguia acreditar na sorte que eu tive quando ela me perdoou por ter sido um idiota e ter me dado uma chance.

O vestido azul claro de alcinhas fazia um belo contraste com a sua pele, mais curto na frente e maior atrás dava um ar de mistério. Pra mim ela estaria sempre linda de qualquer jeito.

Babi abriu a porta entrando no carro e o cheiro maravilhoso do seu perfume me fez ter vontade de abraçá-la bem gostoso.
— Oi lindo.
— Oi amor.

Ela sorriu e me beijou. Esperei até que colocasse o cinto para poder dar a ré e voltar ao trânsito movimentado de Barcelona.
— Você salvou o endereço no GPS? — Babi perguntou e olhei rapidamente para a tela no painel do carro.
— Sim, a gente só vai chegar um pouco atrasado, eu acabei demorando mais que o previsto no CT.
— Tudo bem lindo, eu avisei a doutora Cecília que iríamos chegar um pouco atrasados.
— Você disse que eu tava indo?

Babi não respondeu e olhei para ela quando o farol fechou. Um sorriso se formou em seus lábios pintados por um batom cor de rosa.
— Eu disse a ela que estaria levando o pai do meu bebê.

Sorri também como um bobo e entrelacei nossos dedos, dando um beijo no dorso da sua mão.
— E o Xavi, como ele reagiu?
— Ele ficou bem surpreso e perguntou se eu sabia o que era camisinha.

Babi deu risada e eu acabei rindo também, contagiado com a sua alegria. Mas confesso que no momento em que ele perguntou isso, quando conversamos somente nós dois em seu escritório, eu quis me enfiar em um buraco.

Eu decidi não contar a ele que o bebê não era meu filho de sangue, acho que nem todo mundo precisa saber disso. Preciso até conversar com os caras sobre isso, Pedri eu sei que não vai falar nada, mas Ferran, Araújo, Ansu e Balde poderiam acabar soltando algo.
— Ele também me chamou de irresponsável. — falei dando de ombros enquanto ela continuava rindo. — E claro, esperava que isso não diminuísse meu rendimento no time. Isso não vai acontecer, sua gravidez é tranquila e eu posso ficar sossegado.
— Graças aos céus. Me sinto muito bem, espero continuar assim conforme as semanas forem passando. Você contou tudo a ele?

Eu sabia ao que ela estava se referindo e neguei com a cabeça.
— Não, acho que não é necessário todo mundo saber de tudo. Eu queria que você falasse com a Sira e a Abby pra esse assunto ficar restrito entre a gente, eu vou falar com os caras. Minha irmã, o Rapha e a Taia eu tenho certeza de que não vão falar nada.
— Eu vou falar com elas sim, mas tenho certeza de que as duas também nunca diriam nada.
— Meu pai perguntou sobre você. — comentei e senti seus olhos cor de mel me analisarem.
— Sério?
— Sim. Perguntou se você tava bem, como tava o nosso namoro.
— E aí? Continua! — Babi pediu ansiosa e eu dei risada.
— Falei que tava tudo bem.

Ela sorriu contente e guardei aquela imagem em minha memória. Omiti a parte em que ele me disse que minha mãe não estava aceitando o meu relacionamento, principalmente pelo fato de Babi ser mais velha. Ela achava que a garota estava se aproveitando da minha ingenuidade. Eu tive até que rir depois disso.

Babi colocou uma de suas playlists pra tocar e eu confesso que adorava seu gosto musical, apesar de não entender algumas músicas por estar em português. Mas quando eu pedia a tradução, ela sempre me explicava com o maior prazer.

Eu tava considerando a hipótese de fazer um curso pra aprender o idioma para quando for ao Brasil junto com ela. Ainda não descartei a ideia de falar com os seus pais, por mais difícil que possa ser.

Minutos depois paramos em frente a clínica particular onde ficava o consultório da médica e eu coloquei um boné e óculos escuros antes de sair do carro para não ser reconhecido. A rua era calma, com pouco movimento, mas era melhor não dar bobeira.

Abri a porta para Babi e abracei seus ombros enquanto nós andávamos mantendo-a sempre perto de mim. Relaxei um pouco ao entrarmos no consultório.

Babi falou com a recepcionista e ela sorriu simpática enquanto ligava para a médica avisando que nós tínhamos chegado. Instantes depois ela disse que podíamos subir e fomos para a escada que levava ao segundo andar do prédio.

A porta estava aberta e uma mulher que estava sentada atrás da mesa levantou vindo até nós.
— Olá Babi, como você está meu bem? E o João? — ela perguntou simpática a abraçando e logo depois passando a mão em sua barriga.
— Estamos muito bem doutora Cecília.
— Ah que maravilha. — ela olhou pra mim. — Você é o pai do bebê, eu imagino. Babi me avisou de que você viria.

Tirei os óculos e o boné e a médica sorriu surpresa.
— É ele sim doutora, imagino que você já conheça o Pablo.
— Conheço sim. Olá Pablo. — ela estendeu a mão em um cumprimento e eu aceitei sorrindo também.
— Oi doutora Cecília.
— Vamos entrar, vou pedir a Rosana que prepare a sala para o ultrassom.

Sentamos nas duas poltronas que ficavam de frente para a sua mesa enquanto ela trocava algumas palavras com a tal Rosana no telefone.
— Prontinho, daqui a pouco estará tudo pronto. — a mulher de olhos verdes e cabelos grisalhos sentou novamente atrás da mesa e olhou para nós dois. — Devo confessar que não acompanho futebol, mas minha filha mais nova é muito sua fã, assim como também é fã do Pedri que já veio também com a Babi, então eu sempre escuto algo sobre Pablo Gavi ou Pedri González, as sensações do momento do Barcelona e da seleção espanhola.

Babi deu risada e eu acabei rindo também.
— Babi eu sou sua médica e durante as consultas acabamos nos tornando bem próximas. Me lembro de que na nossa primeira consulta você me disse que o pai do seu bebê não valia nada e não merecia saber da existência dele.

Olhei surpreso para a Babi, não imaginava que ela tivesse sido tão sincera com a médica sobre isso. Ela também me encarou e eu decidi colocar uma pedra em cima daquele assunto.
— Eu errei doutora. — falei a encarando e senti que Babi me observava. — Confesso que fiquei nervoso quando descobrimos sobre a gravidez, eu fui um idiota. Mas felizmente percebi isso a tempo e pedi perdão a mulher que eu amo.

A médica encarava nós dois, era nítido que ela estava desconfiada, não acreditava totalmente no que eu disse.
— Tem certeza de que quer isso Pablo? Estar ao lado da Babi nesse momento? — a doutora Cecília perguntou e eu percebi o significado por trás daquelas palavras.

De alguma forma ela sabia. Talvez já tenha visto e ouvido muitas histórias sendo uma médica que cuida de mulheres grávidas para desconfiar de tudo que lhe falavam.
— É tudo o que eu mais quero. — respondi sincero e sem titubear, e sorri para a minha marrentinha que estava emocionada. — Ela e o João são tudo pra mim.
— Bom, pra mim isso basta. — a médica disse também sorrindo. — Então, vamos ouvir o coraçãozinho do bebezinho de vocês? Enquanto isso Babi você me conta as novidades.

Fomos para a sala onde seria realizada a ultrassonografia e fiquei conversando com a doutora Cecília, tirando algumas dúvidas enquanto Babi trocava de roupa.

Quando ela voltou, deitou na maca e eu fiquei ao seu lado o tempo todo, nossas mãos entrelaçadas.
— Então senhorita Babi, se alimentando direito?
— Sim, sempre faço todas as refeições, não pulo nenhuma.
— Isso é ótimo. E os enjoos?
— Eles diminuíram bastante, quase não sinto mais.
— É supernormal, você já está entrando na décima nona semana.
— Isso em meses significa o quê? — perguntei confuso e as duas deram risada.
— Que ela está de cinco meses. — a médica respondeu e assenti ouvindo atentamente. — Isso compreende o período entre a décima sétima e a vigésima primeira semana de gestação. Nós médicos preferimos calcular o tempo da gravidez por semanas porque é uma data mais precisa até o parto.
— Entendi.

A doutora Cecília espalhou um gel pela barriga de Babi e logo em seguida começou a passar o aparelho que fazia a ultrassom.
— Olhem só. — ela apontou para o monitor. — Aqui está o rostinho do João.

Eu realmente tentava entender aquelas imagens, mas era meio difícil.
— Vamos ouvir o coraçãozinho dele?

Olhei para Babi que sorriu apertando nossas mãos.

Eu nunca me esqueceria daquele som, de ouvir o coraçãozinho dele batendo.

Algo em mim despertou ouvindo aquilo, foi tão forte que senti meus olhos marejados e tentei disfarçar piscando algumas vezes.
— Tá mais lento dessa vez, na última consulta batia mais rápido. — Babi comentou e olhei para a médica querendo entender.
— Não se preocupem, é absolutamente normal os batimentos serem mais rápidos no início da gestação quando o feto está se formando. A partir da décima semana por aí, ele já vai regularizando.

Respirei aliviado, eu já tava começando a ficar preocupado.

Babi me olhou sorrindo e levei sua mão aos meus lábios dando um beijo.  
— É surreal. — murmurei ainda sorrindo como um bobo e a doutora Cecília me olhou sorrindo carinhosa.
— Você ainda é muito jovem, é verdade, mas eu lhe dou os parabéns por não desistir e encarar esse desafio ao lado dela. O João vai ter muita sorte de ser seu filho Pablo.
— Pode me chamar de Gavi se quiser doutora, e muito obrigado.
— Tudo bem, Gavi. O bebê está ótimo, você está ótima Babi. Tá liberada.

Aquelas palavras me deixaram tranquilo, tirando o peso da preocupação dos meus ombros.
— Vou passar apenas uma vitamina pra você, nada demais. Pode ir trocar de roupa, eu vou preparar a sua receita, depois venham até a minha sala.

Ajudei Babi a descer da maca e esperei ela tirar a bata branca e colocar de novo o vestido no trocador que ficava no fundo da sala. A enfermeira que se chamava Rosana e trabalhava com a doutora Cecília ajeitava tudo na sala.

Minha marrentinha veio até mim com um sorriso lindo nos lábios e eu a abracei apertado.
— Obrigada lindo. Obrigada por tudo, por ser quem você é, por estar comigo. — ela sussurrou ainda abraçada a mim. — Eu amo você demais.

Beijei seu pescoço e me afastei um pouco para olhá-la, seus olhos estavam marejados e limpei seu rosto com carinho.
— A gente tá junto nessa amor, para o que der e vier. Eu amo você.

Ela assentiu sorrindo e me beijou.

Eu já amava demais esse bebê, e hoje depois de escutar os batimentos do seu coração eu tô ainda mais encantado. Ninguém nunca vai dizer que ele não é meu filho, porque se eu ouvir isso, vou acabar com a raça do infeliz sem pensar duas vezes. Ele é meu sim e nada vai mudar isso.

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BABI

 

Eu não acreditava no que eu estava vendo, o Barcelona levou uma goleada do Real Madrid dentro da sua própria casa.

Gavi havia arrumado briga com Vinícius Júnior logo na metade do primeiro tempo e os dois levaram cartão amarelo.

Era visível o desânimo do time ao sair de campo vaiado pela própria torcida. Foram massacrados dentro do Camp Nou pelo seu maior adversário e eliminados da Copa do Rei.
— Gente eu ainda tô sem acreditar. — Sira murmurou sentada no banco, o queixo apoiado nas mãos e os cotovelos sobre as coxas.

Ela olhava para o gramado quase vazio, o dono da casa já havia ido para os vestiários. O Real Madrid saudava a pequena torcida madridista que tinha vindo acompanhar a partida ao vivo.
— Eu menos ainda. — comentei balançando a cabeça em negação.
— Bom fez a Aurora que preferiu não vir ao estádio e assistir de casa. — Abby disse com cara de poucos amigos e a gente acabou dando risada. Ela estava recostada no assento, as pernas e os braços cruzados.

Nós três continuamos sentadas enquanto os torcedores iam saindo da arquibancada. Íamos esperar pelos meninos no estacionamento privado.
— Vamo gente. — Sira chamou levantando. — Já está bem vazio.

Levantamos e fomos atrás dela em fila indiana.

Assim que chegamos ao estacionamento, Pedri não demorou a aparecer. Ele ainda não tinha sido liberado pelo departamento médico para voltar a jogar, veio apenas assistir e dar apoio moral aos colegas de time.
— E aí amigo, como tá o clima lá dentro? — Sira perguntou e ele soltou um suspiro triste enquanto me abraçava de lado.
— Tá péssimo. Perder pro Real é sempre um baque e já fazia um bom tempo que a gente não perdia pra eles.
— Xavi eu imagino que esteja puto né, eu tô puta. — Abby continuava revoltada e suas palavras fizeram a gente rir de novo.
— Eu não o vi, passei rapidamente no vestiário pra falar com os caras. Mas a bronca que ele vai dar no time vai ser daquelas, Gavi então. — ele comentou olhando pra mim e dei de ombros.
— Talvez assim ele aprenda a se controlar em campo.
— Acho difícil amiga. — Abby disse com descrença e ouvimos as vozes se aproximando.

Os meninos foram saindo do túnel que levava ao interior do estádio, acenavam para nós e entravam em seus carros para ir embora.

Ferran, Araújo, Ansu e Balde vieram juntos até onde nós estávamos.
— Cadê o Gavi? — perguntei notando que meu marrentinho era o último jogador que ainda estava no vestiário.
— Com certeza tomando uma comida de rabo do Xavi. — Araújo respondeu como se aquilo fosse algo bastante normal e todo mundo deu risada. — O time todo levou esporro, mas o treinador pediu pra gente sair porque ele queria conversar sozinho com o pinscher.

Posso estar enganada, mas acho que sei mais ou menos o assunto que Xavi quer conversar com ele. Seu treinador deve estar achando que o comportamento dele em campo hoje possa ter algo a ver com a minha gravidez.  

Sira foi embora com Ferran, Araújo junto com Abby e Ansu e Balde também já foram. Pedri ficou esperando junto comigo no estacionamento vazio.
— Fica preocupada não morena. É só mais uma conversa rotineira para o Gavi.

Soltei um suspiro e desviei meu olhar da saída do túnel para o Mini Cooper verde a minha frente.
— Gavi contou ao Xavi que eu tô grávida, e que o filho é dele.

Pedri abriu a boca completamente chocado.
— Sério?
— Sim amigo. E ele não quer que ninguém além de nós saiba que o bebê não tem o seu sangue.
— Eu nunca falaria nada. — Pedri disse sério e eu assenti. — Morena eu acho que a conversa que o Xavi tá tendo com ele agora, tem algo a ver com a sua gravidez.
— Você acha? Eu tenho certeza.

Instantes depois vi Gavi se aproximando da saída do túnel. Ele vinha conversando com mais dois caras, eles se despediram e o jogador veio na nossa direção.
— E aí gente.
— Tá tudo bem? Você demorou. — perguntei quando ele me abraçou e beijou meu pescoço.
— Tudo bem amor, Xavi só queria conversar comigo.

Deixei para perguntar depois se durante esse papo rolou algo sobre a minha gravidez.
— Foi feia a bronca? — Pedri perguntou rindo e ele deu risada também me abraçando por trás.
— Mesma coisa de sempre. — respondeu dando de ombros e me virei para olhá-lo.
— Você é doido? — indaguei e Gavi deu risada de novo.
— Babi não faça perguntas das quais você já tem a resposta. Vamo embora, tô cheio de fome.
— Também tô com fome, bora na pizzaria? — Gavi chamou e ele concordou.

Fomos para o Aston Martin e ele abriu a porta pra mim, entrando logo depois.
— Cara, eu não sei por que você faz isso. — comentei ainda o olhando e Gavi sorriu manobrando o carro para sair do estacionamento.
— Relaxa amor, tá tudo bem.
— Ele falou sobre a minha gravidez, não foi? Disse que seu comportamento tem algo a ver com isso.

Gavi me olhou por um momento e eu apontei meu indicador pra ele.
— Não me esconde nada, você sabe que eu não gosto.
— Eu sei amor, não vou esconder. Ele comentou sobre isso sim, mas disse pra eu me controlar mais em campo, principalmente quando a mídia ficar sabendo sobre isso, a gente não vai ter paz. E é uma preocupação normal dele por ser o treinador do time, relaxa tá, não quero você nervosa por conta disso.

Assenti em silêncio e ele entrelaçou nossos dedos.

Eu queria não me preocupar, queria não ficar nervosa, mas era impossível. Era muita coisa em jogo nesse momento. E eu só consigo pensar na péssima reação que a mãe dele vai ter quando souber de tudo.



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