RIDE OR DIE
A pista era pequena demais para eles dois.
Kim Jongin caminhava calmamente entre os carros, indo em direção ao seu. O pirulito de cereja sempre presente entre seus lábios era como sua marca registrada. O ex-piloto de Fórmula 1, expulso, pelo que dizem as más-línguas, por ser um trapaceiro de primeira, era a mais nova estrela das corridas do submundo de Los Angeles. Ele amava aquele sentimento que só um bom racha poderia lhe trazer: a adrenalina de derrapar com o carro em uma curva fechada, de ouvir seus pneus cantarem sobre o asfalto, o motor roncar com força como se fossem anjos em seus ouvidos. Amava a adrenalina das corridas ilegais — talvez por isso não tivesse se dado bem na Fórmula 1, gostava de pensar assim.
As corridas aconteciam no centro da cidade, Kai já estava acostumado com aquelas ruas; conhecia cada curva, cada atalho existente por ali. Los Angeles não era, nada mais nada menos, que o centro das corridas ilegais. Sehun, o mecânico que conheceu quando seu carro havia dado pane, ele atendia pelo centro da cidade e era o responsável por organizar e cuidar de tudo referente às corridas. Eles se conheceram durante uma das festas que frequentavam. Baekhee, a namorada do mecânico era ridiculamente famosa, uma modelo geniosa que corria tão bem quanto qualquer outro piloto que conhecia. Acabaram criando um vínculo a partir dali, o que ajudou para que Jongin conhecesse aquele mundo. Seu carro era um Skyline GT-R R34 prateado, com detalhes em azul. Fazendo com que não passasse despercebido nem se quisesse. Aquele era seu primeiro carro depois de tudo que aconteceu em sua carreira.
Aquela era sua quarta corrida da semana naquele circuito. Estava viciado, completamente refém da adrenalina e sem saber quando parar. Sehun, sempre o incluía nas corridas mais arriscadas, sabia do seu potencial e já havia faturado muito as suas custas pra deixá-lo de lado.
Eles estavam parados, aguardando o início da corrida. Precisavam de quatro corredores que deveriam estar presentes; no momento tinham apenas três, impossibilitando que começassem a corrida.
No momento em que se encostou sobre o carro pôde respirar direito. Se acomodou da melhor maneira sobre ele, ajeitando as roupas pretas em seu corpo que pareciam tortas só de ter chegado ali. Acendeu seu cigarro favorito enquanto aguardava a mulher de roupas curtas aparecer sobre a linha de partida para, assim, dar início à corrida.
Aquela sexta-feira em específico estava mais caótica do que o normal. A rua estava extremamente lotada dos dois lados. Carros de som competiam para saber qual era o mais potente, mulheres passavam por entre os carros como se morassem por ali. Rachas como aquele não serviam apenas para correr, mas também para a exposição dos carros mais raros e mais potentes da cidade.
As pessoas pareciam eufóricas como se aquela fosse a corrida do ano. Falavam um nome em alto e bom som “Loey”, questionando se ele apareceria durante aquela corrida, já que nunca mais aparecera. Kai não conhecia aquele nome, e muito menos o dono dele. Desde que começou a correr não havia conhecido o cara que aparentava ser o maior entre eles.
“Vocês sabem que não podem correr com três carros, cadê o quarto?”, perguntou Sehun enquanto se aproximava dos carros. Ele tinha as mãos nos bolsos e parecia impaciente.
“Dá um desconto, Sehun. O D.O. teve que cuidar dos filhos”, Baekhee, a garota pequena de cabelos pretos sentada sobre o carro ao lado, disse tão impaciente quanto. Ela dirigia um Ford GT40 1975 azul, que parecia ser tão novo quanto as roupas que usava.
“Gatinha, você sabe quais são as regras. Se vocês não arrumarem ninguém, eu arrumo”, Sehun disse, chegando perto da garota. Ele colocou uma das mãos sobre as bochechas da garota deixando um beijinho sobre seus lábios. “Sem estresse, você sabe como funciona.”
Sehun se afastou, colocando o celular na orelha. Ele falava no telefone rapidamente, parecendo combinar algo com alguém. Baekhee parecia mais nervosa que o normal ao seu lado, tinha os braços cruzados sobre os peitos e batia impacientemente os pés no asfalto.
“Encontrei um corredor, ele chega em cinco minutos.”
★
Jongin estava impaciente. Batucava os dedos sobre o capô do carro enquanto aguardava o tal do quarto corredor. Olhando ao redor pôde notar a discussão que estava acontecendo ao lado. Baekhee se recusava a olhar para o organizador, que parecia tentar beijar seus lábios a todo custo. Conseguiu ouvir por cima de todo o barulho Sehun se desculpar por a contradizer na frente dos outros, e prometer que jamais faria isso de novo enquanto deixava uma série de beijos por todo o rosto da mulher.
Ouviu um ronco alto vir de longe, e ouviu como as pessoas ao redor comemoravam e pareciam ainda mais histéricas. O carro que se aproximava era simplesmente triunfal: um Honda S2000 conversível completamente cor de rosa, com detalhes da mesma cor aos lados que se formavam desenhos diversos; as rodas eram cromadas combinando com toda a estética do carro, desde os aros rosados até os bancos forrados com pelúcia da mesma cor.
“Droga, é o Loey”, Baekhee comentou ao seu lado.
Loey. Esse era o tal do corredor que todos comentavam nos últimos tempos.
Kai estava impressionado com a aparência dele. Loey era um garoto extremamente bonito e jovem, tão jovem que mal parecia ter saído do ensino médio. Ele tinha os cabelos pretos jogados sobre a testa de maneira bagunçada, olhos grandes e fofos que pareciam surpresos com tudo ao seu redor. Usava roupas de marca em um estilo colegial, e parecia não se importar com todas as pessoas ao seu redor o cercando.
Assim que o garoto desceu do carro foi rapidamente em direção ao organizador. Pulou sobre os ombros de Sehun demonstrando o quanto eram próximos.
“Sehun!”, Loey gritou assim que o abraçou, sua voz era grossa e cheia de alegria. “Obrigado por me ligar, cheguei ontem e estava louco por uma corrida.”
“Você sabe que eu sempre me lembro, contando que você se lembre de mim no final”, Sehun disse se referindo a porcentagem que ganhava das apostas sempre que o corredor vencia. “Quero levar minha rainha para jantar hoje.”
“Rainha?”, zombou. “Ela tá mais pra bruxa hoje, que bico grande é esse, Baekkie?”, Loey gargalhou, desviando de todos os socos que a modelo tentava lhe dar.
“Vai se foder, moleque”, Baekhee resmungou, se permitindo dar um leve abraço no piloto. “Já falei o quanto odeio seu carrinho da barbie? Na próxima, furo todos os pneus.”
“Inveja é tão feio, linda”, Loey disse, mandando um beijinho ao se afastar dela.
Aquele carro ao lado do seu era novo. Conhecia um Skyline de longe, um carro raro que poucas pessoas possuíam. O homem sentado sobre o capô era tão raro quanto, nunca havia visto homem tão lindo quanto aquele. Ele era loiro, trajava Gucci dos óculos de lentes âmbar até os tênis de couro. O olhava de cima a baixo, medindo-o. Ele mantinha um sorriso cafajeste nos lábios de um jeito que Loey não podia negar ser extremamente atraente.
“Perdeu alguma coisa aqui?”, Loey disse enquanto o olhava com certo desdém. Tinha um sorriso arteiro nos lábios e cara de quem queria arrumar briga.
“Não, apenas apreciando o seu belo carro.” Kai disse, sorrindo cafajeste logo em seguida. “Você tem idade para dirigir, gracinha?”
“Vai se foder!” O garoto disse raivoso perdendo a paciência de maneira rápida.
“Nós vamos”, Kai murmurou baixo, rindo alto ao ver a maneira como o garoto arregalou os olhos olhando-o de maneira assustada.
“Vamos logo, mocinhas, não tenho a noite toda”, Baekhee gritou com raiva, ela já estava dentro de seu carro assim como o outro corredor — só faltavam os dois.
Kai se acomodou da maneira que gostava de correr, ajeitando o banco para ficar o mais deitado possível, colocando os espelhos nos ângulos certos e arrumando sua bonequinha havaiana para que ela não caísse do painel. Acendeu seu cigarro favorito enquanto aguardava Sehun dar a partida.
Loey da mesma maneira correu para seu carro, pulando por cima da porta caindo diretamente no banco do motorista. Ajeitou tudo para que ficasse do melhor jeito possível, ajeitando sua capa de pelúcia sobre o volante e as luzes de led presentes na parte inferior do carro.
“Já sabem as regras: são duas voltas, quem cruzar primeiro a linha de chegada leva os 5.000 dólares. Joguem limpo… Ou não, eu não ligo”, Sehun riu, debochado, terminando a fala. Retirou a flanela presa em seu cinto levantando para que os corredores se preparassem. “VAI!”
Foram os segundos necessários para que os carros darem a largada.
O sinal foi dado e os carros saíram em disparada, deixando uma nuvem de fumaça para trás.
Kai, tomou a dianteira na primeira curva. Ele estava determinado a vencer aquela corrida e acelerou com tudo o que tinha, deixando os outros carros para trás. Loey acelerava da mesma maneira, com o carro praticamente colado na traseira do outro corredor. Não aceitaria perder para aquele homem — nunca havia perdido nenhuma corrida naquele lugar, e não seria naquele dia que ele perderia.
Loey mudou sua estratégia, e optou por manter uma velocidade constante, fazendo um grande zigue-zague na pista tentando a todo custo ultrapassar o carro do outro.
Baekhee praticamente bufava de ódio, sabendo que precisaria recuperar o tempo perdido, acelerava com tudo, dando prioridade nas curvas, brigando com Loey quando o quesito era espaço. A corrida continuou e estava na sua última volta, com Kai mantendo a liderança e Loey em sua cola. Durante o trajeto um dos corredores acabou por colidir com as latas de lixo que ocupavam as laterais da pista.
Kai nunca havia deixado a liderança, desde que pisara naquela pista. Loey era um adversário difícil, já havia colidido com a traseira de seu carro mais vezes do que poderia contar.
Na última volta, todos estavam ainda mais eufóricos. Baekhee tentou uma ultrapassagem arriscada, conseguindo superar Loey, mas acabou colidindo com uma irregularidade na pista e perdendo a direção do carro, o que fez com que seu carro girasse sobre a pista.
“Porra!”, ela gritou, socando o volante.
Kai se aproximava cada vez mais da linha de chegada. Sentia suas veias pulsarem em adrenalina, e felicidade. Sabia que iria ganhar aquela corrida desde o começo, só não achou que seria tão fácil. Quando seu carro cruzou aquela linda, não pode deixar de sorrir — mais uma vitória para sua lista.
“Seu filho da puta!”, Loey gritou assim que saiu de seu carro. Ele parecia estar puto, o que era até pouco para descrever, já que ele estava praticamente soltando fogo pelas orelhas.
O garoto foi rápido em sua direção com muita raiva, agarrando a gola de sua jaqueta e o puxando para perto. Podia sentir a respiração ofegante do outro em suas bochechas, os olhos grandes pareciam ler sua alma de tão arregalados. Kai sorria de maneira arrogante, achando graça da maneira como Loey estava nervoso. As pontinhas de suas orelhas estavam vermelhas, sua altura por incrível que pareça não o intimidava de maneira nenhuma. O garoto estava a um passo de socar sua cara e o ex piloto só sabia rir.
"O que foi, gracinha?”, perguntou Kai, juntando ainda mais seus rostos. “Não sabe perder?”, ele sorriu, não tirando os olhos dos lábios do garoto.
Loey não aceitava perder. Ele era um garoto rico e extremamente mimado que nunca havia sequer escutado um não de seus pais quem dirá perdido uma corrida como aquela. Estava acostumado com aquela pista, corria naquele mesmo lugar há anos. Perder não era uma opção.
“O papo tá bom, mas o Kai ganhou playboy. Você já sabe como funciona”, Sehun disse ao que se aproximava dos dois. Em uma de suas mãos o bolo de dinheiro, a recompensa do ganhador. O vencedor deu uma boa quantia em sua mão, o deixando mais feliz do que o esperado. “Até a próxima, rapazes.”
Os dois continuaram a se encarar por alguns minutos. A cabeça de Loey parecia estar funcionando a mil naquele pouco tempo.
“Isso não vai ficar assim”, Loey disse. Suas mãos estavam geladas nos próprios bolsos, parecia buscar coragem para as palavras que queria proferir. “Eu sugiro uma aposta.”
“Aposta?”, Kai arqueou as sobrancelhas, instantaneamente interessado.
“Sim, uma corrida, eu e você”, Loey anunciou, seu corpo não demonstrava, mas por dentro seu coração parecia explodir em ansiedade.
Kai estava pensativo. Sabia ser arriscado, não tinha ideia do que o outro iria querer em troca.
“Valendo o que exatamente?”, perguntou.
“Eu quero o seu carro”, Loey disse de maneira baixa, aproximando-se do loiro, e sabendo muito bem onde estaria se metendo. “Você pode escolher o que quiser, mas eu quero isso.”
Pensou em diversas coisas que poderia escolher. Gostaria de ter um Honda S2000 em sua coleção, e o dinheiro não lhe enchia tanto os olhos. Nenhuma das opções em si pareciam tão incríveis ao ponto de competir com seu carro.
“Posso conversar com o Sehun sobre um novo circuito. Eu aceito a aposta”, Kai respondeu, finalmente, se aproximando lentamente do mais alto, os olhos grudados nos lábios gordinhos que ostentavam um biquinho pensativo. Em nenhum momento disfarçou o que sentia em relação a ele, sentia desejo, curiosidade, tudo que poderia instigar uma pessoa a querer saber mais sobre a outra.
“E o que você vai querer em troca?”
Kai não conseguia tirar os olhos dele, falava de maneira tão bonitinha, gesticulando com as mãos como se estivessem discutindo o melhor plano já inventado.
“Eu já sei o que eu quero, gracinha”, Kai inclinou-se em direção ao moreno, fazendo com que ficassem cada vez mais próximos. Seus narizes estavam praticamente se encostando de tão próximos, Loey estava ofegante, alternando o olhar entre os lábios do ex-piloto e os olhos desafiadores dele. “Se eu ganhar, quero você dirigindo meu carro.”
“Por mim tudo bem.”
“Eu não terminei, amor”, Kai riu, tomou liberdade em apoiar as mãos na cintura do mais alto, aproximando-se para que pudesse dizer bem pertinho das orelhas grandinhas. “Se eu ganhar, quero você dirigindo meu carro enquanto senta no meu pau.”
Loey estava sem palavras.
Seus olhos se arregalaram no mesmo minuto, podia sentir a risada sarcástica dele contra seu pescoço o deixando instantaneamente arrepiado. Kai pode sentir o momento em que as pernas do garoto tremeram e os pelinhos loiros de seu pescoço se arrepiarem. Estava adorando descobrir o que causava no mais novo, que uma simples menção do que gostaria de fazer com ele era capaz de causar tantas reações.
“Você é maluco”, Loey disse rápido se afastando do loiro. Se sentia minimamente desnorteado com aquilo, andou em passos corridos até o próprio carro, fugindo do outro corredor como se o mesmo fosse uma besta.
“Como se eu não soubesse”, Kai sorriu se afastando do carro rosado. “Aguardo sua resposta gracinha, você sabe onde me encontrar.”
★
7 dias depois.
O Rover Bar era lar daqueles que gostavam de quebrar regras. Além de fazer parte da grande oficina de Sehun, também era o ponto de referência para as corridas ilegais de L.A. Eles não eram o point de destaque na vida noturna da Cidade dos Anjos, mas chamavam a atenção justamente por sua localização deserta ao seu redor. Aquele lugar fez o próprio nome, sendo sucesso entre os jovens da alta sociedade, e uma zona segura para os desajustados e rebeldes.
E Park Chanyeol com certeza se encaixava em ambas as descrições.
“Vamos começar em dez minutos. Já apostaram?”, Sehun passava entre os universitários do bar cobrando cada um deles, memorizando seus rostos a fim de fugir de possíveis calotes. A maioria das apostas era feita diretamente com Baekhee, afinal, era ela quem cuidava das finanças, tanto do bar quanto da oficina; Sehun era apenas o cobrador.
“Eu odeio essas merdinhas… Eles agem como se fossem coitados toda vez que precisam pagar o que devem”, Baekhee reclamou, sentada de pernas cruzadas sobre o balcão.
Por detrás de uma grande janela de vidro as pessoas no bar podiam ver a corrida sem precisar sair do estabelecimento. A pouca decoração do lugar e os móveis de madeira davam um aspecto vintage a todo aquele ambiente.
Kai estava sentado sobre uma das banquetas ao lado do balcão, rindo baixo com cada comentário mal-humorado vindo da garota.
“Não sei se você pensa como eu, mas sinto raiva quando vejo esses garotos destruindo esses carros”, Kai começou. “Aquela Ferrari do loiro, por exemplo, ela estava destruída em menos de cinco minutos de corrida. Eles não fazem ideia do que estão fazendo.”
“Eu entendo em partes, sabe? Meu sonho sempre foi ter um Tesla, daqueles bem modernos, entende? Na última corrida que fizemos aqui, um desses idiotas simplesmente destruiu um desses no muro. E hoje apareceu com um novinho como se não fosse nada”, ela suspirou, e continuou: “Os pais desses caras são todos uns ricos corruptos que usam do dinheiro para preencher a ausência na vida com os filhos. Mas não pense em como eles quebram os carros e sim em quanto você vai ganhar com cada um deles lá na oficina.”
“Faz sentido, é liberado cobrar mais caro pra eles?”
“O Sehun sempre fez isso… O único que se safa é o Chanyeol.”
“Chanyeol?”
“O Loey, que correu com a gente semana passada”, ela disse ainda atenta ao que acontecia do lado de fora. “Ele é diferente desses caras. Quer dizer, ele ainda é um riquinho mimado do caralho que não aceita perder, mas ele não é como eles.”
“Diferente como?”, perguntou Kai, se sentindo mais curioso do que deveria.
“Assim, a história dele não é muito diferente: nascido em berço de ouro, mas com um pai ausente e blá, blá, blá. Mas ele sempre se mostrou mais que isso… Ele é um puta artista, seja música, desenho, qualquer merda que ele faça fica incrível”, ela disse de maneira orgulhosa, afinal gostava muito do garoto e se orgulhava do homem que ele estava se tornando. “Sou suspeita pra falar, ele é como um irmão para mim.”
E antes que pudesse dar voz à sua curiosidade reconheceu a cabeleira castanha na entrada do bar. Chanyeol era, sem dúvidas, o homem mais bonito do lugar. Com seus cabelos naturalmente bagunçados, suas roupas de marca exageradamente grandes para o próprio corpo, tinha uma expressão no rosto levemente emburrada, como se odiasse cada pessoa daquele ambiente. Ele caminhava desengonçado em direção aos dois, soltando uma fumaça branca por entre os lábios que vinha diretamente do vape em sua mão esquerda como se já estivesse acostumado com toda aquela atenção que atraia mesmo sem querer.
“Falando no diabo”, Baekhee comentou alto atraindo a atenção de algumas pessoas do local. “Você tem que parar de fumar essas merdas.”
A resposta para sua repreensão foi uma nuvem de fumaça branca, que parecia ser tutti-frutti, e um beijo intencionalmente babado em sua bochecha.
“Me erra, garota”, Chanyeol resmungou se sentando em uma das banquetas ao lado da amiga. “Vim ver se meu carro tá pronto. Sabe me dizer se o Sehun terminou?”
“Eu já terminei seu carro, playboy”, Kai se manifestou, mantendo o olhar fixo no outro; viu seus ombros se encolherem em claro desconforto.
“Ah… Você”, ele suspirou como se não se importasse com aquela nova descoberta. Seu olhar desinteressado era tão falso quanto seu desdém. “Desde quando vocês trabalham com gente desse tipo, Baekkie?”
“Desse tipo? Você pensa que...”
“Ah, calem a boca!”, Baekhee se exaltou assim que notou o clima tenso entre os dois. “Chanyeol, para ser um filho da puta mal-educado. Kai trabalha com a gente agora. Ele fez um milagre no seu carro então seja mais grato.”
Chanyeol, que já parecia emburrado quando chegou, completou a pose cruzando os braços sobre o próprio peito, recusando-se a olhar para o novo mecânico. Ainda se sentia rancoroso por conta da última corrida, não havia aceitado a derrota e nem esquecido a proposta indecente que ele tinha feito.
“Que seja! Posso buscar o carro ou não?”
“Vamos lá, preciso te explicar algumas coisas”, Kai concordou, se virando para a mulher ainda em cima do balcão. “Posso pegar a chave da oficina?”
“Claro, aqui embaixo.”
Com a chave em mãos, seguiu rumo à entrada dos fundos do local, a cabeça levemente empinada, sempre olhando para o seu destino. Chanyeol o seguia em silêncio, desviando dos garotos bêbados escandalosos caídos sobre as mesas.
Assim que pôs os pés na oficina, Chanyeol pôde ver seu próprio carro. O veículo estava impecável, desde a lataria, antes bem amassada, até o motor, que parecia mais novo do que quando havia comprado. Ao se aproximarem do veículo, Kai se inclinou sobre o capô aberto, começando a falar sobre as peças postas ali. Chanyeol não conseguia desviar o olhar daquela cena. O mecânico explicava algo sobre as engrenagens do carro que, sinceramente, ele não poderia se importar menos. Ele tinha as sobrancelhas juntas, concentrado em sua explicação, apontando e gesticulando sobre as peças de um jeito que definitivamente não deveria ser atraente. Diferente da última vez que se viram, Kai tinha substituído as roupas de marca por roupas mais simples; trajava um moletom com capuz vermelho por debaixo de uma grande jaqueta de couro, calças jeans de lavagem clara, e coturnos pesados nos pés.
“Você está prestando atenção?”, Kai jogou a cabeça para o lado, notando o comportamento silencioso do mais novo ao seu lado.
“Com certeza”, Chanyeol mentiu tão mal que pode perceber o maxilar do mecânico travar com raiva.
“Você precisa prestar atenção, cara! Eu fiz uma troca importante nos seus freios e praticamente remontei seu motor”, puxou o ar com força entre os dentes, tomando coragem para continuar. “Você precisa ser mais cuidadoso nos detalhes técnicos, correr a 100 km é incrível pra caralho, e mesmo que não seja certo, precisa ser minimamente seguro.”
Chanyeol se sentiu estranhamente afetado com aquelas palavras. Kai pareceu tão preocupado com as palavras, se esforçando ao máximo para que aquilo não se tornasse uma lição de moral e sim uma crítica construtiva.
“E o que você quer que eu faça então, piloto profissional?”, Chanyeol resmungou, voltando a cruzar os braços, se recusando a deixar transparecer o quão mexido havia ficado.
“Você sabe que não precisa ficar desse jeito. Só quero o seu bem, gracinha”, Kai se aproximou do garoto descruzando os braços dele com as próprias mãos. Puxou com calma uma de suas mãos o trazendo para perto, lado a lado, em frente ao capô aberto. “Você quase bateu umas cinco vezes durante a nossa corrida, todos os seus freios estavam danificados, mesmo que pouco. Veja, fiz uma troca significativa que você pode estranhar.”
“Estranhar? Como assim?”, Chanyeol perguntou, franzindo o cenho, parecendo estar genuinamente mais interessado.
“Podemos testar se quiser, vai ser mais fácil de perceber durante a prática.”
Kai não esperou por uma resposta: antes que o outro pudesse pensar, já havia tirado a chave com um grande pompom rosa como chaveiro do próprio bolso. Aquele carro conseguia ter todas as características do dono, sem tirar nem pôr. A estendeu na direção do outro, notando como este recuou por um momento, como se não estivesse entendendo a situação.
“Não vou dirigir esse carro, não confio em você”, disse Chanyeol, o corpo dando ré.
“Perdão…? Não tô te entendendo.”
“Eu não confio em você, Kai. Você praticamente remontou o meu carro. O que me garante que não sabotou esse freio?”
Kai o encarou, a expressão neutra sendo desmascarada pelo lábio trêmulo, apertado pelo maxilar. Seus olhos pareceram acender com um brilho diferente. Parecia estar puto. E estava mesmo.
“Você é inacreditável.”
E antes que o idiota pudesse responder, bateu o capô do carro com força, próximo demais de seu rosto. Não fez questão de olhar em sua direção, apenas pulou sobre a porta fechada do conversível deslizando sobre o banco cor-de-rosa.
“Vamos fazer um test drive, playboy. Vou correr com a droga do seu carro e você com aquele ali”, apontou para o Mustang Fastback 1967 verde-musgo estacionado ao lado da oficina. Jogou a chave pesada na direção do garoto, contando com a coordenação alheia para que não caísse no chão.
“De quem é esse carro?”
“É meu”, afirmou, incomodado com o barulho da porta sendo fechada sem nenhum cuidado. “Considere essa corrida como um teste. Uma aula, se quiser. Vou te ensinar a ter um pouco mais de respeito com o trabalho dos outros.”
Chanyeol sentiu a intensidade daquelas palavras. Aquilo não se tratava mais de uma simples corrida, e muito menos de um teste. Havia mexido com o ego do corredor, seu orgulho.
Quando pararam no início da pista, lado a lado, Chanyeol pôde notar como o outro parecia estar nervoso, mesmo através da janela do carro. As mãos pesadas, repleta de anéis, apertavam o volante acolchoado, e seus olhos estavam fixos no painel grande posicionado sobre a entrada da oficina. Nele faltavam exatos um minuto para a meia-noite, o horário em que dariam a largada.
Uma corrida nunca era como a anterior. E não apenas pela mudança de posições e circuitos. O clima, a pista, o carro, o público fazia toda a diferença, e talvez fossem as coisas que Kai mais admirava nas corridas: profissional ou não, a experiência nunca se tornaria repetitiva para si, nem mesmo se passasse décadas naquilo.
Quando o relógio digital marcou meia-noite, quatro zeros separados por dois pontos, a largada foi dada.
Kai não hesitou em exigir o máximo não apenas de si mas também do carro. Os primeiros segundos eram decisivos, e não deixar o Fastback verde o ultrapassar era seu objetivo. Chanyeol parecia saber disso, pois antes da primeira curva acelerou o suficiente para passar pelo rival.
“Filho da puta”, Kai vociferou.
Chanyeol soube manter sua posição na primeira parte da corrida. Kai, mais de uma vez, chegou perigosamente perto em algumas curvas, mas ele ainda tinha vantagem.
Só pode ter um primeiro lugar, pensou Kai, sem tirar o pé do acelerador, recuperando a primeira posição na penúltima volta.
No volante do carro que não era seu, Chanyeol se desesperou. Kai tinha uma técnica invejável, dirigia com mestria, deslizando pela pista, como se saboreasse cada volta sem pressa. Sabia o momento exato de acelerar demais ou de menos, mantendo-se constante durante o circuito inteiro. Percebeu, talvez tarde demais, que não tinha como competir.
Na última volta, Kai decidiu executar uma manobra que, até para as corridas ilegais, soava criminoso: em alta velocidade, se colocou de lado sobre a pista, dirigindo de costas, imprensando o carro que tentava passá-lo com o seu.
Com uma gargalhada presa entre os lábios presunçosos, flagrou a expressão, ha, impagável de Chanyeol: o rosto não disfarçava o horror. Na verdade, não tinha conseguido manter a boca fechada desde que notou o corredor encaixando o carro no seu. Voltou a atenção para a direção, tanto da frente quanto a de trás; estava dirigindo de ré e, mesmo se quisesse, não podia continuar olhando o rival. O maldito sorriso, no entanto, não soltou o seu rosto.
Quando cruzou a linha de chegada, deixou a risada borbulhando em seu peito escapar ao ouvir o arfar nada discreto do outro.
Diferente da primeira vez, assim que Chanyeol desceu do carro sua única reação possível foi correr em direção ao nêmesis. Olhava para ele com seus olhos já naturalmente arregalados, como se estivesse surpreso demais para proferir qualquer palavra sobre o circuito.
“Como você fez isso?”, foi a primeira frase que conseguiu formular assim que se aproximaram. Chanyeol não esperou que o outro saísse do próprio carro, pulou sobre a porta do banco passageiro e se acomodou ali com pressa. “Você precisa me ensinar a correr assim. Eu nem sabia que meu carro era capaz disso.”
“Não sei se devo”, começou, acariciando o volante cor de rosa com cautela. Tinha um sorriso engraçado no rosto, como se estivesse caçoando da curiosidade genuína dele. “Sabe, você me ofendeu quando disse aquelas coisas.”
“Não faz assim… Você faria o mesmo se fosse ao contrário.”
Kai ponderou, sabendo que não resistiria a qualquer pedido vindo dele.
“Talvez…”, respondeu, virando o próprio corpo para que ficasse de frente para o garoto no banco ao lado. “Entendeu o que eu quis dizer? Você é muito agressivo. Precisa ter calma, e saber os momentos certos de acelerar.”
“Você vai me ensinar?”
“Depende, ganho o que com isso?”
Chanyeol já havia entendido o que ele queria. Mesmo fingindo não querer o mesmo, já havia aceitado desde o primeiro dia aquela maldita aposta.
“Eu aceito”, disse rápido desviando o olhar do outro.
“Aceita o que exatamente?”, questionou, aspirando uma risada, mesmo que já imaginasse a resposta.
“Aceito a merda da aposta que você sugeriu semana passada, não fode.”
“Não sei se seria vantajoso para mim, ensinar o meu rival a ser melhor que eu? Não me parece uma coisa muito inteligente.”
“Faça o que quiser, Kai. Já disse que aceito a droga da aposta”, Chanyeol resmungou puxando o vape cor-de-rosa do próprio bolso. “Pode ser depois da corrida se isso for ferir menos o seu ego. Eu não me importo.”
“Gosto disso… Por mim tudo bem.”
Kai sorriu relaxando sobre o banco, tinha o olhar perdido no horizonte, sentindo a brisa gelada da madrugada bagunça levemente seus cabelos. Estendeu os dedos para ligar o rádio baixinho. O cheiro doce de tutti-frutti se fazia presente a cada tragada que o mais novo soltava.
“Você é um babaca sabia?”
Chanyeol não fez contato visual com ele, suas bochechas e orelhas estavam quentes e avermelhadas pela leve vergonha que sentia. Jamais havia imaginado em uma situação como aquela, apostando em coisas sexuais com o corredor gostoso antes desconhecido.
“Já me falaram isso antes, mas eu não costumo acreditar muito no que falam sobre mim.”
★
No momento em que Chanyeol colocou seus pés dentro daquele edifício soube que a noite por ali não seria nada calma. Baekhee era dona de uma cobertura ridícula de tão grande no centro da cidade, ela era responsável por fazer aquelas festas sem motivo nenhum em qualquer dia da semana. Tinha um prazer particular em perturbar a vida dos vizinhos.
Andando entre aqueles corpos suados, Chanyeol se esforçava ao máximo para não derrubar o drink recém feito de suas mãos. Sentia o copo suado como se derretesse mais a cada segundo em suas mãos quentes, trêmulas, ansioso por algo que sabia explicar.
Sabia que ele estava presente.
Despretensiosamente durante esses sete dias de intervalo, se prontificou a pesquisar tudo sobre a vida do atual rival. Descobriu que “Kai” era seu apelido dentro das pistas de Fórmula 1, o nome bordado nas costas de sua jaqueta quando ainda era um corredor profissional. Soube o porquê de sua carreira ter ruído em tão pouco tempo comparado a outros corredores tão jovens quanto: confiando cegamente na manchete sensacionalista que contava com a imagem do ex-piloto agachado ao lado do carro adversário com uma das mãos sobre o pneu, seguida de um grande texto em letras garrafais, “TERROR NAS PISTAS: Piloto da McLaren, Kim Kai, é flagrado sabotando veículo de companheiro de equipe”.
Não soube o que sentir ao ler aquele tipo de matéria. A princípio sentiu receio, por não saber até que ponto o loiro poderia chegar para conquistar o que queria. E em seguida, com alguma culpa, se sentiu um tanto curioso referente a tudo aquilo, como se precisasse saber o outro lado da história, já que durante o último encontro que tiveram, pode notar o quão bom ele era. Tão bom que não havia a mínima necessidade de sabotar alguém. Queria saber os motivos do moreno, o que levou ele a jogar sujo daquele jeito e se deixar ser pego de maneira tão tosca quanto aquela.
Deixou os pensamentos de lado no momento em que avistou os amigos de longe. Sehun tinha um copo colorido em mãos, dançava de maneira desengonçada abraçando a cintura da namorada. Já Baekhee, completamente chapada, se mexia completamente livre de qualquer pudor em frente ao moreno. Riu baixo observando, e, no fundo, sentindo uma leve pontinha de inveja por não ter com quem dançar daquele jeito.
E como se o destino lesse sua mente, viu de longe aquela postura inconfundível. Ele estava apoiado sobre a pia daquele bar improvisado, um copo de coloração azulada em mãos, o corpo se movendo com o flow de Kendrick Lamar, lendo algo muito interessante no próprio celular. Seus olhos não podiam ser vistos por conta dos óculos vermelhos de formato esportivo. Ele estava deslumbrante, mas diferente da última vez que se encontraram. Kai havia mudado a coloração de seus cabelos, os fios antes loiros agora estavam completamente rosados. Ele usava uma regata alaranjada, os braços obviamente à mostra, braços esses que pareciam ser maiores do que se lembrará. Usava calças jeans largas com a cintura tão baixa que caiam sobre seu quadril, deixando à mostra a barra escura da cueca.
Podia contar nos dedos de uma mão só a quantidade de garotos que tinha se interessado na vida e Kai, com certeza, estava acima de todos eles. Gostaria de ser mais discreto em relação a sua atração pelo outro homem, porém, dois drinks coloridos depois, a única coisa que se passava em sua mente era em como gostaria de beijar aqueles lábios.
Foi com esses pensamentos que caminhou até a cozinha. Terminou o drink já meio quente, a muito esquecido, em um único gole. O álcool desceu queimando sua garganta e os olhos marejaram.
“Boa noite, gracinha”, a voz de Kai se fez presente assim que colocou os pés no cômodo. Ele o encarava, os óculos, antes em seus olhos, se encontravam na ponta de seu nariz, para que nada atrapalhasse sua visão ao falar com o mais novo. “Lindo como sempre.”
Diferente do rival, Chanyeol ainda era o mesmo. Os cabelos castanhos rebeldes jogados sobre a testa davam o ar juvenil rebelde que ele tanto exalava. Vestia um casaco xadrez vermelho sobre a camiseta velha do Red Hot Chili Peppers; em suas pernas longas um simples jeans rasgado que deixava amostra uma de suas coxas, a pontinha do que parecia ser uma tatuagem escapando.
“Boa noite, Kim… Descarado como sempre”, cumprimentou Chanyeol, se aproximando até que ficasse frente a frente com o outro. “Gostei do cabelo.”
Kai riu, deixando à mostra a fileira de dentes prateados que em sua boca. Ele tinha um riso fácil, coisa que parecia ser apenas uma consequência da presença do mais novo. Chanyeol estava fascinado com aquele detalhe, se aproximava cada vez mais do outro ignorando completamente o espaço pessoal do moreno. Culparia a quantidade de álcool ingerida naquela noite.
“Gostou? Fiquei sabendo que era sua cor favorita.” Kai disse, não perdendo tempo ao rodear as mãos sobre a cintura do mais alto.
Chanyeol ignorou aquele detalhe. Tentava demonstrar ao máximo sua indiferença com aquilo, mesmo que suas orelhas vermelhas e suas bochechas coradas não o deixassem disfarçar muito bem.
“Que incrível… São seus mesmo?”, Chanyeol balbuciou, os olhos fixos nos acessórios prateados que enfeitavam seus caninos. Os dedos ágeis levantavam o lábio superior do homem com cuidado, fascinado demais com o acessório para se lembrar de qualquer etiqueta.
“Com certeza não, são grillz”, Kai zombou, mas o riso aspirado que deixou escapar amenizando seu tom. Não desviou o olhar do mais novo quando perguntou: “Gostou?”
Chanyeol, que já tinha os olhos naturalmente grandes, fascinado como se nunca tivesse visto um dente de ouro na vida, os tinha ainda maiores.
“Eu achei incrível”, disse baixinho. Notou o quão perto se encontrava do outro homem. Estavam praticamente com os peitos colados, se encarando como se eles fossem os únicos presentes naquele cômodo.
“Kim, hm? Como sabe meu segundo nome?”, Kai perguntou mudando o foco da conversa, passando o braço pela cintura do outro, trazendo-o para ainda mais perto. Não conseguiria deixar aquele detalhe passar, acreditava ser o único interessado daquela “relação”.
“Eu descobri. Queria saber com quem tava me metendo.”
“E o que você descobriu?”
“Você é realmente tão burro ao ponto de ser pego daquele jeito?”, a pergunta soou tão genuína que arrancou um riso alto do moreno.
“Você é inacreditável, playboy”, Kai comentou por alto assim que o riso cessou. “E inteligente o suficiente para entender a situação. Não vou ser hipócrita e dizer que nunca trapaceei, já fiz isso tantas vezes que fiquei realmente surpreso por ser pego naquele momento em específico. Tudo não passou de um mal entendido.”
Chanyeol parecia ponderar aquelas informações, não esperava uma explicação, não esperava nem um terço das informações que ele havia falado. Não pode deixar de sorrir com aquilo, já imaginava, era tudo tão óbvio que chegava a ser engraçado.
“Você é um bom corredor, assisti sua última corrida e fiquei impressionado”, o mais novo comentou em baixo tom, seus olhos percorriam por todo o rosto do piloto, parando sobre os lábios bonitos. “Muito impressionado”, repetiu a sentença se aproximando ainda mais.
“Ficou é?”, questionou Kai, colocando as mãos sobre a cintura do garoto. Suas mãos o apertavam como se ele pudesse fugir a qualquer momento. “Achei que já soubesse. Você pareceu bem impressionado da última vez…”
Ficaram se encarando por vários segundos. Chanyeol tinha as mãos apoiadas sobre os ombros do outro, notando a pequena diferença de tamanho que tinham — ele era sutilmente mais alto. Não podia segurar mais, suas mãos tremiam se fechando sobre o tecido laranja, o puxando com força para si. Seus lábios se encaixaram com força, como se clamasse pelo contato a muito mais tempo do que se conheciam.
O beijo começou de maneira afoita, Kai o puxava para cada vez mais perto, sentindo seu ar faltar a cada aperto que sentia em seus cabelos. Suas mãos antes paradas sobre a cintura do outro agora acariciavam com força as bandas fofas por cima da calça jeans. Chanyeol soltava gemidos fofos e se contorcia com qualquer mínimo contato. Estava completamente rendido à pegada forte do moreno. Sentia suas pernas tremerem assim como suas mãos.
Kai interrompeu o beijo com calma para recuperar um pouco do fôlego, e aproveitou a oportunidade para apertar com força as bandas da bunda do garoto novamente. Chanyeol tinha os lábios vermelhos, a respiração ofegante e os olhos desfocados. Uma linda e completa bagunça.
“Quer sair daqui?”
“Por favor…”
★
Eles estavam parados de pé na sala de jogos. Jongin não teve dificuldade em empurrá-lo até a poltrona de couro próxima a janela grande da sala, fazendo-o cair sentado, uma expressão surpresa no rosto. Kai o beijava com força, inclinado sobre seu corpo, as mãos nunca deixando de acariciar as coxas trêmulas do mais novo. Chanyeol se sentia tão envergonhado. Era tudo tão embaraçoso que podia sentir o próprio pau vazar por baixo das roupas íntimas. Jongin pressionava uma das coxas entre as suas, aumentando o atrito entre os corpos, cobrindo o corpo do outro com o próprio. As pernas abertas do mais alto se enrolavam sobre sua cintura, o forçando a se aproximasse.
“Kai…”, a boca de Chanyeol se abriu em um gemido silencioso. Não fazia ideia do que estava implorando. Tudo que sabia era que precisava que Kai fizesse alguma coisa, qualquer coisa.
“Me chame de Jongin, amor, é o meu nome.”
Os lábios de Chanyeol se abriram soltando gemido baixo e trêmulo, o nome do ex-piloto soando como se fosse uma súplica.
Jongin caiu de joelhos em frente ao outro e sorriu em sua direção, puxando as pernas dele para frente, na direção do seu rosto, desabotoando a calça jeans de Chanyeol. Ele desceu a peça com calma, não perdendo tempo ao agarrar a cueca também, contando com a ajuda do outro para descer as peças por completo. Jogou as peças pela sala, não se importando nenhum pouco com o lugar que elas foram parar.
“Me diz o que você quer”, Jongin sussurrou arrastado, suas mãos seguravam firmemente as coxas trêmulas do garoto, puxando-as para que ficassem praticamente grudadas em seu peito. Chanyeol queria chorar, mordia os próprios lábios com força para que não soltasse nenhum som indesejado fora de hora. Aquilo era tão embaraçoso, seu pau babava encostado sobre a própria blusa de maneira ansiosa, pulsando cada vez que o moreno ameaçava se aproximar. “Ou eu não posso fazer nada por você.”
“Vai se foder, Jongin, só me chupa logo”, Chanyeol praticamente rosnou de raiva. Seu corpo estava completamente à mercê do mais velho, suas pernas não conseguiam fechar enquanto Jongin as mantinham separadas. Ele beijava suas coxas devagar, como se o único impaciente daquela situação fosse Chanyeol. Suas mãos não tinham para onde ir, e se encontravam apertando a barra da própria blusa como uma tentativa de amenizar a vontade que sentia de puxar os cabelos daquele homem.
O desespero dele era óbvio. Jongin simplesmente sorriu, achando aquilo tudo adorável.
Desse ângulo, Chanyeol parecia angelical. Seu rosto estava corado, as pontas de suas orelhas estavam vermelhas, e seus lábios estavam entreabertos, suspiros silenciosos de ar deixando sua boca enquanto Jongin se aproximava. Ele era uma bagunça completa.
“Pede com carinho, que eu faço o que você quiser”, Jongin sorriu maldoso. Conhecendo tudo o que poderia causar no outro, os pontos certos para fazer o pau de Chanyeol se contorcer.
“Por favor, me chupa, eu quero isso desde que a gente se conheceu. Eu aceito tudo que você quiser, só, por favor… Me chupa logo.”
“Você é tão fofo.”
Jongin se abaixou, pegando o pau de Chanyeol em sua boca.
“A-Ah!”, Chanyeol agarrou o cabelo do mais velho enquanto este descia os lábios em seu pau.
O garoto estava se contorcendo lindamente embaixo dele, as pálpebras cerradas enquanto gemia cada vez mais sem fôlego, seus gemidos eram uma mistura bagunçada de pedidos por mais e o nome do outro. Seus quadris estreitos empurravam para cima, seu corpo se contorcendo ao máximo tentando se esquivar de todo o prazer que recebia, mas o aperto firme do corredor em suas coxas não diminuiu nem um pouco. Jongin não era do tipo que mostrava misericórdia, e Chanyeol era um tolo por pensar que, depois de todas aquelas provocações, ele demonstraria qualquer tipo de piedade.
Jongin não conseguia tirar os olhos daquela visão. A camisa que antes cobria todo o tronco do outro agora estava massada deixando tudo à mostra, desde os mamilos furados até as pequenas tatuagens espalhadas por ali — uma Hello Kitty bonitinha pintada perto dos quadris, um grande dragão vermelho que envolvia desde suas costelas até uma parte de sua coxa, e mais outras incontáveis. Ele tinha uma joia no umbigo, uma borboleta prateada cravejada com pequenos brilhantes pendurada por uma pequena corrente. Ele era cheio de surpresas, cheio de detalhes que deixavam Jongin ainda mais sedento.
“Gostoso do caralho”, Kai soltou assim que terminou de admirar todos aqueles detalhes, desferindo um tapa sobre uma das coxas desenhadas dele.
Ele esperou tanto para ver Chanyeol assim, gemendo e se contorcendo. Seus braços o impediam de se debater. Ele relaxou em seu aperto, suas pernas tremendo suavemente como gelatina. Kai posicionou sua boca mais pra baixo para foder Chanyeol com sua língua, indo implacavelmente mais fundo para explorar sua entrada úmida.
“Puta merda... Eu quero comer você para sempre”, Kai diz com uma voz rouca contra seu pau antes de chupar com mais força.
Chanyeol quase gozou naquele instante. Ele estava tão perto que chegou a doer.
“E-eu vou gozar… Por favor…”, ele abriu os olhos para ver Jongin apertando o próprio pau por cima de sua calça jeans.
Seu corpo inteiro estremeceu, gemendo cada vez mais alto quando Jongin não parava de banhar sua parte mais sensível em voltas molhadas. Lábios se fechando sobre a ponta babada sugando com força. Chanyeol nunca se sentiu tão aberto em sua vida, as mãos coçando para esconder o próprio rosto.
“Tão carente, qual é a pressa?”
Jongin o provocava com pequenas lambidas, fazendo Chanyeol choramingar por mais.
“Por favor... Jongin…”
Ele é uma bagunça, segurado com tanta força que tudo o que podia fazer era ficar parado.
Uma de suas mãos, alcançou o cabelo rosa macio de Jongin, amplificando seu prazer em dez vezes. As pontas de seus dedos se enroscaram em seu couro cabeludo e o empurram mais fundo. Kai olhou para ele com aqueles olhos intensos e Chanyeol ficou vergonhosamente mais molhado.
“Estou tão perto…”
Fechando os olhos com força, Chanyeol podia ver pontos brancos começarem a aparecer sob suas pálpebras. Kai torceu seus mamilos com mais força. Seus quadris balançando fracamente contra a boca do mais velho enquanto seu orgasmo se aproximava rapidamente.
Sua cabeça pendeu para o lado enquanto ele arfava desesperadamente, seus pés cobertos por meias brancas batendo no ar enquanto ele choramingava, revirando os olhos. Ele tremia, desconectado pela intensidade de seu prazer. Testa suada, olhos fechados e lábios inchados. Ainda segurando Kai como se fosse derreter no minuto em que ele o soltasse. Chanyeol não parecia tão precioso agora, tão arruinado depois de apenas um orgasmo.
O moreno olhou para ele suavemente com um sorriso tranquilizador. Colocando uma mecha de seu cabelo castanho atrás da orelha, enxugou as lágrimas em sua bochecha antes de beijá-lo nos lábios.
“Se eu soubesse que você fica mansinho assim depois de gozar teria feito isso no dia da corrida”, Kai disse sorrindo.
“Eu te odeio com todas as minhas forças”, tentou Chanyeol, os punhos fechados acertaram o outro com a pouca força que restava em seu corpo.
★
Era uma noite insuportavelmente quente e a atmosfera vibrava com a adrenalina. Kai e Loey, os dois pilotos mais experientes e audaciosos de toda L.A. estavam prestes a participar de uma disputa épica nas ruas da cidade. O circuito estava repleto de curvas perigosas, retas desafiadoras e obstáculos imprevisíveis.
Os motores roncaram com força, enquanto os competidores se alinhavam na linha de partida. Ambos se conheciam muito bem, bem até demais. A rivalidade era notória. Tão grande que ambos estavam determinados a provar quem era o melhor em dominar aquela pista. E de quebra ganhar a aposta.
Já sentados dentro dos próprios carros, fizeram questão de manter o contato visual, mal notando o mecânico parado ao lado da pista, pronto para dar a largada. Para Chanyeol, naquela noite estranhamente quente, Kai estava mais bonito do que o normal. Não sabia distinguir o motivo. Talvez fosse a blusa branca sem mangas que marcava completamente seu tronco, ou os cabelos bagunçados naquele topete. Só conseguia pensar em como queria perder aquela aposta.
“Você me olhando assim, com essa carinha de quem quer…”, Kai começou, inclinando-se sobre a janela do carro, não terminando a frase por notar o olhar enraivecido do outro. “Quem quer muito ganhar, né?”
“Não fode, Jongin”, Loey reclamou, a fumaça branca saindo de seus lábios ao mesmo tempo. “Vou fazer você engolir esse seu sorrisinho ridículo.”
“Mal posso esperar.”
O semáforo ficou vermelho por um breve momento e, em seguida, transformou-se em um verde vibrante. Os carros rugiram com euforia, e os dois corredores pressionaram seus pés nos aceleradores, deslizando pela pista com velocidade alucinante. O asfalto tremia ao passar dos carros, exalando um cheiro de borracha queimada no ar.
A corrida se desdobrava em uma verdadeira batalha de habilidade e coragem. Kai estava na liderança, manobrando com maestria pelas curvas fechadas e mostrando o quanto sabia sobre o veículo. Loey, entretanto, estava determinado a alcançá-lo, colocando seu carro ao limite.
A cada curva, ambos os pilotos se desafiavam, aproximando-se perigosamente um do outro. A poeira se erguia, dificultando a visão, enquanto os pneus cantavam nas retas. A plateia assistia eufórica, ansiosa para descobrir quem cruzaria a linha de chegada primeiro.
A corrida continuava, a pressão aumentava para ambos, e o cansaço se fazia presente. Chanyeol já podia sentir a própria visão ficar turva. Assim como Kai que mal parecia sentir as pontas dos dedos.
Os carros escorregavam pela pista como foguetes, os motores rugindo.
Quando a última volta se aproximou, uma tensão elétrica pairou no ar. Os dois pilotos se encontravam praticamente lado a lado, batalhando por cada centímetro. Ambos sabiam que a vitória estava ao alcance de suas mãos.
No último trecho, Kai e Loey entraram em uma reta interminável, pisando forte nos aceleradores e ultrapassando a velocidade. Os segundos pareciam eternidades enquanto se aproximavam da linha de chegada.
Com um último suspiro, Loey conseguiu se impor por uma fração de segundos e atravessou a linha final em primeiro lugar. Kai, incansável, cruzou logo atrás, apenas milésimos de segundo depois.
Foi em questão de segundos que Chanyeol se empurrou para fora do carro, ele não ligou para a multidão que se formava ao seu redor, e muito menos a que cercava o moreno. Assim que chegou perto o suficiente, seus braços rodearam os ombros do outro, e suas pernas se enrolam em seus quadris. Chanyeol gostava de o abraçar assim, e não foi surpresa quando sentiu as mãos fortes apertarem sua bunda em forma de apoio.
“Você viu como eu fui bem?”, Chanyeol perguntou, tentando soar alto por cima de todo aquele barulho.
Jongin parecia não fazer o mínimo de força naquela posição, segurava o garoto no ar como se não pesasse nada. Viu como seus olhos pareciam brilhar da maneira mais bonita que já tinha visto.
“Você foi bem pra caralho. Foi um prazer perder pra você.”
Chanyeol o puxou para ele e agarrou sua mandíbula, trazendo-o para seu próprio rosto. Não resistiu ao impulso de beijá-lo, com calma, daquele jeito que descobriu gostar mais do que o recomendado. Jongin havia o colocado sentado sobre o capô do próprio carro, não tendo coragem de fazer qualquer mínimo movimento que os tirasse daquela bolha. Se separaram apenas quando o ar se fez necessário, Chanyeol tinha os lábios vermelhos, respirava com certa dificuldade, o olhava da mesma intensidade de quando queria algo a mais.
“Já que eu ganhei…”, Chanyeol começou, não conseguindo tirar os olhos dos lábios do outro. “Você sabe o que significa.”
“Meu carro é seu, eu já sei.”
“Não. Não é isso que eu quero dizer”, Chanyeol disse baixo, roçando lentamente seus lábios. “Eu realmente queria muito o seu carro, mas a vontade que eu tenho de sentar em você é bem maior.”
“Eu faria qualquer coisa por você, gracinha, você que escolhe.”
“Quero a sua proposta. Agora!”
★
Jongin dirigia lentamente pelas ruas bem iluminadas de Los Angeles. Uma de suas mãos virava o volante com maestria, enquanto a outra se encontrava despretensiosamente sobre uma das coxas do outro piloto. Chanyeol parecia prestes a soltar fogo pelos olhos a qualquer momento, sentindo a injustiça do que era estar ao lado daquele homem e não poder fazer nada durante aquele momento, já que estavam a caminho do lugar mais distante possível.
Kai falava animadamente sobre a corrida, gesticulava, ria, completamente tomado pela adrenalina que ainda corria em suas veias.
“Quer comer alguma coisa?”, perguntou, virando-se minimamente para o banco do passageiro.
“Não estou com fome agora, quero outra coisa”, Chanyeol disse cruzando os próprios braços, como se de alguma forma estivesse sendo contrariado.
“Eu já comentei o quão mimado você é?”
“Sim, e mesmo assim você não deixa de fazer o que eu quero.”
“Culpado”, levantou suas mãos de maneira engraçada, parando o carro de qualquer jeito já que haviam chegado no local. “Sou viciado em fazer suas vontades.”
Kai sorriu, pegando uma das mãos do garoto para deixar um leve selinho sobre a pele gelada.
“Sobe aqui, vamos fazer isso.”
Chanyeol foi praticamente arrancado do próprio banco. Sentado sobre as coxas do piloto, deixou que ele fizesse o que quisesse com seu corpo. Sabia que não estava ali só para cumprir aquela aposta, Kai era muito cuidadoso em dar prioridade ao seu prazer. Rebolando com calma com as mãos apoiadas sobre os ombros dele, Chanyeol beijava seu pescoço, desde os ombros marcados até o pescoço cheiroso.
Já haviam ficado tantas vezes desde a última vez que já sabia exatamente onde beijar, tocar, qualquer coisa que fizesse com que Jongin perdesse a paciência e o comesse com força. Logo, as mãos do Chanyeol se moveram para baixo, pairando sobre o volume óbvio dentro das calças dele. E se ele não estivesse tão absorto em sua sessão de amassos, Kai teria notado a mão fria sorrateira entrando dentro de suas calças.
“Você quer que eu…”, Chanyeol oferece, aproximando do rosto dele. Acariciava o membro duro com uma das mãos, mal conseguindo manter o contato visual.
Suas bochechas estavam vermelhas, assim como suas orelhas.
“Você está se oferecendo para me chupar?”, Kai ergueu as sobrancelhas.
“Hm, sim… Acho que sim. Você não quer?”
“Vai pro chão, Loey.”
Fazer aquilo dentro do carro era quase impossível. Chanyeol não era nada pequeno, suas pernas mal cabiam normalmente — quem dirá ajoelhado. Kai foi rápido em abrir a porta do próprio lado, indicando que ele deveria ajoelhar ali. Ele foi rápido em se colocar para fora, prontamente se ajoelhando entre as pernas abertas do outro. Kai sorria abertamente, ansioso por aquele momento desde que a noite havia começado.
Chanyeol faz um grande show revirando os olhos, mas ele puxou as calças de Jongin para baixo completamente, as deixando largadas sobre as coxas dele. A pele abaixo dela era bronzeada cremosa em contraste com a de Chanyeol, que parecia mal tomar sol durante o dia.
“Ei”, Jongin disse gentilmente, colocando suavemente as mechas pretas lisas atrás da orelha avermelhada do mais novo. “Você sabe como eu gosto.”
“Cale a boca”, Chanyeol retrucou com raiva, e se inclinou para frente para envolver seus lábios ao redor da cabeça. Ele tinha um gosto, principalmente, de pele limpa, mas era também um pouco salgado e amargo na ponta. Chanyeol sabia que ele gostava quando chupava ali.
O que ele realmente gostava era a forma como as coxas de Jongin tremiam quando Chanyeol fazia algo bom, e a forma como sua mão estava enterrada no cabelo dele. Chanyeol sempre gostou de agradar seus parceiros, dar prazer, fazê-los se sentirem bem. Ele tinha o mesmo sentimento doce e feliz sempre que Jongin gemia.
“É isso, amor”, Kai murmurou, acariciando os cabelos dele.
Chanyeol olhou para os olhos fechados de Kai e se perguntou se ele estava gostando tanto quanto aparentava. Isso atiçou um fogo competitivo que sempre pairava sob sua pele. Ele precisou de algumas tentativas para conseguir sentir o pau em sua garganta. E não era lá muito confortável, mas, Deus, valia a pena...
Chanyeol gemeu, fazendo Jongin sentir um arrepio no corpo inteiro, o que foi realmente satisfatório de assistir. Ele se afastou um pouco para recuperar o fôlego, sugando descuidadamente Tinha cuspe em todos os lugares.
“Sobe no carro agora que você vai dirigir.” Jongin avisou, a mão agarrando com força o cabelo de Chanyeol para beijar seus lábios.
Novamente sentados sobre o banco do motorista, Kai se encarregava de comandar os pedais e a marcha. Chanyeol já estava posicionado sobre o membro dele, sua entrada, já preparada por conta do pequeno plug colorido, era preenchida da maneira que queria.
Kai tinha as mãos fortes em sua cintura, mantendo seus quadris parados enquanto preparava o carro para que pudessem seguir. A rua continuava deserta, não havia carros ou pessoas em nenhum lugar visível para os dois.
“Você só vai cuidar do volante, entendeu? Não precisa se preocupar com o resto”, Kai disse mantendo uma falsa calma. Não conseguia raciocinar direito com aquele aperto que intensificava a cada segundo.
Chanyeol não conseguia ficar parado. Por ter os pés livres, tinha total liberdade em sentar da maneira que gostava. Não precisava de tempo para se acostumar, praticamente pulava sobre o pau do outro, mal conseguindo prestar atenção na estrada à frente. Estavam a menos de 10 km de velocidade, o foco ali era outro.
“Você gosta disso não é, gracinha?”
“Eu gosto, eu realmente gosto”, os quadris de Chanyeol começaram a tremer em cima do homem.
“Me diz o porquê.”
Antes de dar uma resposta, o mais novo trouxe as mãos do outro para segurar em sua cintura.
“Eu gosto de saber que a qualquer momento alguém pode ver a gente."
Jongin beijou sua nuca e deu um impulso fraco, fazendo com que Chanyeol se apertasse ao redor dele.
Chanyeol choramingou e deixou suas mãos soltaram o volante, esse já esquecido a muito tempo. Estavam em uma velocidade mínima, Kai parecia se manter atento a qualquer coisa tanto fora quanto dentro do carro. Virando a cabeça para o que parecia ser uma súplica, Chanyeol foi forçado a se deitar sobre ele. Jongin se recostou contra o banco do carro e agarrou as pernas dele para colocá-las em cada lado do volante, abrindo-o pela frente.
Então ele pega o maior lentamente, seu pau lubrificado trabalhando lentamente enquanto Chanyeol parecia chorar em seu peito, com a cabeça pendendo em seu ombro.
Chanyeol arqueou as costas enquanto sentia intensamente a sensação de ser preenchido por completo por aquele pau, não deixando nenhum som sair de sua boca ao fazê-lo. Jongin sabia exatamente o motivo daquela reação, completamente treiando em descrever cada tremor.
“Você está gozando, amor?”
Ele não esperou respostas. Jongin sentou-se ereto, continuando a foder o mais alto até o fundo. Chanyeol trouxe ambos os braços para trás para apertar a camisa do moreno.
Chanyeol revirou os olhos para trás e inclinou a cabeça para o lado. Jongin moveu seus quadris em movimentos lentos, fazendo o mais alto sentir o quão fundo estava indo dentro dele.
“Olhe aqui”, Jongin virou o rosto de Chanyeol para ele. O rosto do maior estava vermelho e seus olhos semicerrados, fazendo com que seus cílios parecessem ainda mais longos do que o normal. Jongin não segurou a vontade, com a mesma mão que usou para apertar as bochechas vermelhas, desferiu um tapa forte nela. “Gostoso do caralho.”
Chanyeol sentiu seu próprio pau estremecer depois de sentir a leve ardência sobre a própria bochecha. Era completamente viciado em qualquer coisa que ele fizesse. Jongin, então, brincou com seus mamilos, fazendo movimentos de círculo ao redor deles antes de beliscá-los com os dedos. Chanyeol olhou para o teto, seus olhos lacrimejando pela imensa quantidade de prazer que estava recebendo.
Jongin usou uma de suas mãos para abrir as pernas do garoto. Loey não estava olhando, é claro. Ele estava muito envergonhado para isso, mas, ao mesmo tempo, não sabia onde seus olhos estavam focando. Chanyeol suspirou pesadamente. Kai estava transando com ele tão rápido e tão profundamente que ele podia se sentir perdido contra aquele homem. Cada movimento que fazia dentro dele. Com a mão trêmula, ele acariciava o próprio pau lentamente, tentando ter seu segundo orgasmo.
“Eu quero te beijar”, Chanyeol sussurrou. Jongin agarrou seu pau inteiro com uma mão só, e acariciou-o duas vezes. Os dedos dos pés de Chanyeol se curvaram e em apenas uma fração de segundo ele gozou pela segunda vez naquela noite.
O carro já se encontrava desligado a um certo tempo, parado de qualquer maneira no meio da rua, pelo lado de fora era possível ver a movimentação forte vinda do interior. Chanyeol queria poder beijar seu homem, suas pernas já não aguentavam mais ficar naquela posição.
“Pula para o banco de trás. Quero te foder direito”, disse Jongin dando um leve tapinha nas pernas do garoto para ele levantar.
Sem muitas dificuldades ele foi parar no banco de trás, deitado de costas com as pernas bem abertas. Chanyeol estava uma bagunça deliciosa, a camisa rosada estava embolada em sua cintura, suas tatuagens pareciam brilhar em sua pele levemente rosada.
Chanyeol arqueou a coluna ao sentir as mãos pesadas apertarem suas coxas, fazendo com que as mesmas se encostassem em seu peito. Jongin estava sobre si e entre suas pernas. Se afastou um pouco para que pudesse observar um pouco o corpo embaixo do seu, sentiu a garganta ficar seca ao se deparar com os pequenos olhos castanhos marejados praticamente implorando por um toque, e brilhando pelo desejo, enquanto as mãos fortes o apalparam de todas as formas possíveis. Fazendo questão de segurar as próprias pernas contra o peito em um pedido sem palavras para que continuasse.
“Jongin…”, choramingou ao sentir os lábios cheinhos do corredor rodearem seu pau. Com as costas arqueadas e as pernas suspensas pelos próprios braços, Chanyeol se sentia cada vez mais eufórico. Era tudo tão sensível que se sentia levemente envergonhado por aquilo. Suas pernas tremiam com força e pareciam ter apenas começado. Jongin deixou um leve beijinho sobre seu pau molhado, se afastando lentamente.
“Continue segurando as pernas desse jeito, quero te foder direito agora.”
Antes mesmo que Chanyeol pudesse processar a situação, os dedos grandes do Kim tomavam caminho por entre suas bandas. Ele não tinha dó, metia três dedos com força no garoto o deixando à beira das lágrimas.
Jongin se meteu com tudo dentro do garoto, esperou que ele se acostumasse e voltou a meter com força. Chanyeol se sentia sem fôlego, gemia alto abraçando as próprias pernas sentindo as próprias unhas arranharem suas próprias coxas. Kai o olhava diretamente nos olhos, ao mesmo tempo, em que tocava em sua próstata sem nenhuma piedade.
Os vidros estavam embaçados, e o carro balançava explicitamente. Jongin metia de forma frenética, estava o olhando bem nos olhos, aguardando o momento em que ele chegaria ao orgasmo. Observou uma das mãos de Chanyeol soltar sua coxa e ir em direção às suas mãos. Ele a agarrou, trêmulo, levando ao próprio pescoço. Jongin não conseguiu deixar de sorrir, apertou com uma força moderada o pescoço frágil do garoto, vendo os olhinhos marejados se arregalaram e as pernas tremerem mais do que já estavam.
“Você me surpreende mais a cada minuto, gracinha. Solta suas pernas que eu seguro para você”, sussurrou no ouvido dele, vendo a dificuldade que o outro tinha em se manter segurando as próprias pernas.
“Tira…”, com a voz fraquinha Chanyeol se referia a camisa branca do mais velho. Queria ver o corpo dele, queria arranhar suas costas e descontar todo o prazer que sentia ali.
Chanyeol sentiu a boca secar, Jongin, em si, já era grande, mas sem as roupas parecia ser ainda maior.
“Me bate, por favor…”, pediu chorando. Chanyeol se sentia fora de si. O pau do seu rival socava sua próstata sem dó, as mãos pesadas seguravam suas coxas contra seu próprio peito o deixando totalmente aberto, da forma mais exposta possível. Chorava sem qualquer constrangimento. Já havia perdido a conta de quantas vezes tinha gozado e se sentia cada vez mais próximo do limite.
A mão de Jongin se alternava entre dar tapas na bunda do garoto e em seu rosto. Em outra situação até poderia se sentir receoso em fazer isso, mas sentia a entrada do garoto se apertando a cada tapa que era dado em seu rosto.
Em uma última socada, Jongin gozou dentro do preservativo. Gemeu alto ao sentir a entrada do garoto o apertar, e pode ver que o mesmo gozava mais uma vez.
Os dois se encararam com intensidade, as bochechas levemente vermelhas de Chanyeol por causa dos tapas estavam ardendo assim como sua bunda. Suas pernas tremiam mais do que tudo e se sentia incapaz de fazer qualquer movimento mais brusco. Jongin o beijou de forma carinhosa, se retirando de sua entrada e acariciando suas coxas que estavam marcadas.
“Você está bem?”, Kai perguntou, notando o quão acabado ele parecia estar. “Quer alguma coisa?”
“Por enquanto não, só preciso respirar ar fresco.”
Kai levantou o próprio corpo não perdendo tempo ao abrir todas as janelas do carro, fez questão de vestir precariamente a cueca no outro, se deitando sobre suas pernas em seguida. Eles estavam em um silêncio confortável, Kai vez ou outra beijava uma de suas coxas carinhosamente, deixando o garoto levemente afetado.
“Pensando aqui, o que você quer em troca por aquele Mustang Fastback?”, Chanyeol perguntou, rindo alto com o olhar indignado do outro.
Ele sabia que estava brincando, a situação toda era estranhamente cômica para que não fizesse nenhuma piada sobre aquilo.
“Sabe o que eu quero?”, Kai perguntou, subindo lentamente sobre o corpo do outro. Se aproximou lentamente, se colocando em frente aos seus lábios, por pouco não os beijando. “Quero um encontro, sai comigo?”
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