Eu estava me sentido como se eu fosse minha própria cama de tanto que eu fiquei deitado nela, vez ou outra eu deixava o ar sair pela minha boca de tédio.
-Rye.-Meu pai me chama.-Por que você não sai com seus novos amigos? Conhecer a cidade, fazer coisas que adolescentes fazem.
-Pai.-me sento na cama.-São 10 horas da noite, você deveria ficar feliz de eu não sair de casa. Sabe, coisas que os pais fazem. E eles não são meus amigos.
-Você parecia entusiasmado quando falou deles mais cedo.-Ele faz uma pausa e fala devagar-Você se enteressou por um deles?
-PAI.-Grito.-NÃO. Eles só foram legais comigo. E eu não quero ter essa conversa com você, é tipo falar de sexo.
-Você quer fala sobre isso? Sexo?-Ele fala em um tom diverdido-Você sabe que é diferente com dois homens.
-PAI.- Grito mais uma vez, e sinto meu rosto esquentar, taco meu traviseiro nele, ele sai e fecha a porta. Posso ouvir sua risada.
Meus pais nunca tiveram problemas em eu ser gay. Na verdade eles desconfiavam disso antes de eu saber que eu era gay. Eu nunca tinha levado nenhuma garota para casa, ou falado de uma garota. Então, meus pais chamaram a mim e aminha irmã na sala, e falaram o seguinte.
-Nós queríamos que vocês soubessem que não temos preconceito nenhum, queremos que vocês se sintam confortáveis de falar qualquer coisa para nós-começou meu pai.
-Não julgariamos se vocês fossem homossexuais ou bissexuais, continuariamos amando vocês -terminou minha mãe.
Eu sabia que isso tinha sido para mim, porque a minha irmã já tinha falado de garotos.
-Eu não sou gay- Eu disse um pouco alterado.
-Meu amor-disse minha mãe-Não estamos sinuando que você seja gay, só queremos que se sintam a vontade falando sobre qualquer coisa.
-Estão sim-digo ainda alterado-A Samantha já trouxe caras aqui, e vive falando de outros, e eu nunca falei de garotas ou trouxe alguém aqui.
Depois disso eu subi pro meu quarto e me tranquei durante horas. Eu tinha 15 anos nessa época. Eu nunca fui daqueles adolescentes que ficam se gabando de quantas pessoas pegou, eu nunca tinha beijado na boca. Depois dessa conversa eu tentei ficar com garotas, mas eu me sentia estranho, até que eu fiquei com um garoto e eu gostei.
Eu tinha ido em uma boate qualquer e tinha esse garoto que ficou me olhando durante um tempo, ele se aproximou e ficamos conversando durante um tempo, até ele se aproximar mais e mais, e sua boca encostar na minha. Eu não tive reação no início, deixei ele fazer tudo depois fui o acompanhando. Então falei para meus pais e pedi desculpas por aquele dia. E essa foi a minha primeira e única experiência com garotos.
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No dia seguinte eu estava exausto, porque depois de ficar entediado eu fiz uma maratona de séries. Eu estava em um humor terrível. Vou para a cozinha e encontro minha família.
-Bom dia Rye.-Diz Samantha.
-Não sei pra quem.-digo me sentando, pego o leite e o cereal e começo a comer.
-Parece que alguém acordou de mau humor.-Diz minha mãe.-Sua irmã me contou que você fez amigos. Eles sabem da sua opção sexual?
-Eles não são meus amigos.-digo com aboca cheia.-Eu não contei. Vocês não disseram que era para eu manter isso em segredo durante um tempo?
-Sim. Mas nós pesquisamos bem as escolas antes de te matricular, e essa é uma escola que aceita bem todas as pessoas. Queremos que você se senta bem em se assumir para as pessoas, e que não aconteça o que aconteceu na outra escola.
-Ok.-digo apenas isso, a verdade é que eu tenho certo medo de me assumir agoara. Apesar de sempre dizer que eu não me importava com que as pessoas faziam, que eram só machucados, que iriam sarar um dia. Eu não sinto vergonha de ser gay, mas parte de mim me pergunta como é ser heterossexual. Não ficar com aquela ansiedade de saber se vou ser aceito ou não, não ser julgado, não ter que me assumir.
Meu pai me deixou na porta da escola de novo, eu realmente preciso de um carro, é muito chato chegar com seus pais na escola. Eu avisto o Mikey, e vou até ele.
-Ei Mikey.-digo.
-Ei Rye. Vai ter uma festa hoje na casa do Alex, e você vai com a gente, você não tem opção.-nós estávamos andando pelo corredor.
-Estou sendo obrigado a ir em uma festa? Ok. Acho que preciso me divertir. -chegamos na sala do Mikey, e eu vou para a minha, ainda seguindo o mapa.
Tive algumas aulas junto com os meninos hoje, e eles são realmente legais. Talvez seja o começo de uma amizade. Tive um horário vago depois da minha aula de espanhol, então eu aproveitei e fui para o campo. O time de futebol estava treinando, e aquele garoto estava lá. Ele estava conversando com alguns caras e estava sorrindo, e mesmo de longe eu podia ver o quão bonito era. Não era um sorriso normal, era aquele Sorriso ,um em um milhão. E teve uma hora que ele olhou na minha direção, eu desviei o olhar e fingi que estava mexendo no celular. Voltei a olhar para o campo e fiquei vendo o treino, e o Andrew leva jeito com isso, em nunca fui bom em futebol, até já tentei, mas toda vez que a bola vinha em minha direção eu ficava paralisado com medo de fazer algo errado, eu ficava mais no banco do que na quadra.
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Meus pais trabalham em casa, então eles ficam aqui quase o tempo todo.
-Uma festa Rye? Isso é otimo-Diz a minha mãe. Estávamos na cozinha, e minha mãe estava preparando o jantar.-Que horas é a festa?
-Daqui a pouco. O Mikey me convidou.
-Vê se bebe alguma coisa, mas não muito. Se diverte, e não se preocupe com a hora.-Diz minha mãe.
-Depois diz que não são amigos.-fala meu pai.
-Não somos amigos, ainda.- digo enquanto subo para me arrumar.-E agem como pais. Quem que fala para os filhos beberem?
Depois de subir para meu quarto e me arrumar com a ajuda de Samantha, sigo a pé para o endereço que o Brooklyn me enviou por mensagem, não ficava muito longe da minha casa.
Quando chego lá percebo que todos estão com fantasias. Brooklyn de Harry Potter, Jack de homem aranha, Harvey de vampiro e Mikey de caçador de fantasma.
-Cara, cadê a sua fantasia?-Harvey me pergunta.
Me viro para Mikey e digo.
-Você não disse que era uma festa a fantasia.
-Foi mal Rye, eu esqueci.-Diz Mikey constrangido.
-Ok.-Eu não estava me importando com aquilo, daria muito trabalho arranjar uma fantasia encima da hora.
Nós entramos na festa e Brooklyn nos chama pra dança, e como eu não queria fiquei no canto olhando meus amigos/talvez não amigos dançando.
-Você não está fantasiado.-ouço uma voz do meu lado, me viro e vejo o Andrew.
-Eu não sabia que era uma festa a fantasia.-percebo que ele também não está com fantasia-Você tambem não está fantasiado.
-Estou fantasiado de mim mesmo.-Ele olha para onde estou olhando e diz.- Eu não sei se pode chamar aquilo de dança.
-Acho que não- solto uma risada, Brooklyn estava totalmente desengonçado, fazendo uns movimentos estanhos com os braços, enquanto Mikey, Jack e Harvey tentavam acompanhar ele, mas eles não chegavam nem perto da estranheza do Brooklyn.
-Eu sou o Andrew, mas prefiro que me chamem de Andy.
-É, eu sei.- Ele parece não achar estranho que eu diga isso.
-Vamos lá fora.- Andy fala. Eu o sigo até o Jardim, e ele se deita lá. Eu o acompanho. Olho para Andy que está olhando para o céu, e eu faço o mesmo.
-Eu costumava ficar deitado assim na grama, quando era criança. Eu nunca me cansava. As estrelas nunca foram entediantes. Fazia isso todos os dias, e eu odiava os dias de chuva. Elas sempre estavam lá. Eu sempre gostei disso. As pessoas vão embora, mas as estrelas não.- Ele me olha-Me conte algo sobre você Ryan.
-Me chame de Rye.
-Ok. Me conte algo sobre você Rye pie.
-Rye pie?
-Sim.
-Por que eu contaria algo para alguém que eu conheci agora.
-Bom, você disse o seu nome eu disse o meu, eu te contei algo sobre mim e você conta algo sobre você.
-Talvez eu te conte amanhã.-Falo isso em tom de brincadeira me referindo a ele ter demorado tanto para me dizer seu nome.
-Nada mais justo Rye pie.
-Por que me trouxe aqui fora? Seus amigos estão aqui. Por que eu? Uma pessoa que você não conhece.
-Não sei. Alguma coisa em você me chamou atenção.
Ficamos em silêncio, com o barulho da festa rolando atrás da gente. Pessoas gritando, cantando barulho de piscina.
-Eu não entendo porque gostar tanto de estrelas. São só esferas. Elas parecem mortas para mim. E estão tão distante. Não gosto de coisas distantes.
-Você é a primeira pessoa que diz isso, os outro sempre falam como amam as estrelas só para impressionar, como se soubessem algo sobre elas.-Ele se levanta e diz-Foi bom conversar com você Rye, espero que possamos ser amigos. Agora eu tenho que fazer meu papel de integrante de time do futebol, beber alguma coisa
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