Capítulo 9 - Sisters
- ELSAAA! - A ruiva gritou emocionada enquanto corria na direção do palco do outro lado do estabelecimento. As lágrimas já rolavam pelo seu rosto antes mesmo de poder tocar a mulher e ter certeza de que aquela era realmente a sua irmã.
A platinada também chorava, feliz, enquanto descia do palco com pressa e encontrava os braços receptivos da sua irmã mais nova, que a acolheu em um abraço caloroso, cheio de emoção e saudade.
Algumas pessoas ao redor encaravam o reencontro sem saber o que significava, mas estavam emocionadas mesmo assim, outros sequer haviam reparado, estando mais entretidos na música ou suas conversas. Poucos souberam reconhecer a mulher ruiva como a irmã que Elsa havia deixado para trás em Detroit, e esses se sentiram tão felizes quanto as duas que se abraçavam fortemente, sem querer deixar a outra escapar de seus braços novamente.
Naquele momento parecia que o mundo havia parado, que tudo estava em silêncio e que só existiam elas duas ali. Ambas pareceram se esquecer do contexto que servia de cenário para o seu reencontro, e não se importaram com isso. Quando finalmente se separaram, elas não se soltaram, mas encararam profundamente nos olhos azuis uma da outra e analisaram cada mínimo detalhe de seus rostos agora mais velhos. Para Elsa, Anna parecia uma mulher jovem muito bonita, mas a aura infantil ainda lhe rodeava como uma característica sua que a platinada jamais quis esquecer. Para Anna, Elsa parecia mais madura e experiente, com um ar responsável, mas com resquícios do que ela acreditou ser ousadia, uma característica marcante que ela tinha quando mais nova.
A platinada acariciou o rosto da irmã delicadamente, limpando suas lágrimas enquanto ela mesma as deixava caírem de seus olhos molhados.
- E-eu senti tanto a sua falta, E-elsa - Anna admitiu depois de algum tempo delas se encarando sem dizer nada.
- Eu também sentia a sua, Anna - Dizer o nome da ruiva em voz alta parecia um alívio para Elsa.
Só quando o homem grande e loiro se mexeu discretamente para perto das irmãs é que a platinada se lembrou da sua presença. Kristoff estava diferente do que se lembrava - na verdade, os dois mais novos estavam -, com uma barba por fazer cobrindo-lhe a face e músculos mais definidos por baixo da camisa de frio, mas o seu sorriso e o ar bobo que carregava consigo permaneciam os mesmos, o que fez a mulher se emocionar de novo e sorrir.
- Kristoff! - O abraçou fortemente.
- E aí, cunhadinha? - Ele a abraçou também, tirando uma risada gostosa e nostálgica da platinada, que se afastou para encarar o casal na sua frente.
De repente Elsa voltou para a Terra, e se lembrou de onde estava e o que estava fazendo. Seu olhar um pouco assustado foi imediatamente para Oaken, que já estava ao seu lado com o sorriso simpático e compreensivo que ela tanto conhecia.
- Está dispensada por hoje. Por que não se senta e deixa a sua irmã ficar a vontade. É uma festa afinal, todos estamos felizes! - Sugeriu, fazendo a platinada sorrir agradecida e se sentar em uma mesa mais reservada junto do casal.
Ela viu os seus amigos se aproximarem e se levantou, animada para apresentá-los à sua irmã e Kristoff. O grupo trocou sorrisos sinceros e algumas palavras, todos sendo bem receptivos enquanto cumprimentavam o casal. Quando se sentaram, Elsa finalmente pôde fazer a pergunta que ocupava a sua cabeça naquele momento.
- Como? - Perguntou em um fio de voz - Como conseguiu me encontrar? -
- Ah, isso com certeza não foi fácil - Anna respondeu rindo sarcástica - Nós estamos te procurando há dois anos e meio, Elsa - Acrescentou, desta vez séria. Suas palavras assustaram a mais velha.
- Dois anos e meio? - Perguntou incrédula.
Anna respirou fundo e encarou o loiro ao seu lado, entrelaçando sua mão na dele, que era grande se em comparação com a sua. Kristoff a encorajou a contar tudo com um olhar firme.
- Quando eu recebi aquela mensagem que você me enviou, eu não entendi o que quis dizer, mas fiquei o dia inteiro com uma sensação ruim me esmagando o peito e voltei pra casa o mais rápido que pude. Quando eu cheguei, a casa estava vazia e porta da frente estava aberta, aí eu fui até o seu quarto e… - Dizer aquele nome parecia acabar com qualquer momento de felicidade, e Anna preferiu não estragar tudo aquilo por causa disso - ele estava lá - Completou, fazendo a irmã ficar um tanto apreensiva - Ele ameaçou te matar Elsa - Acrescentou com a voz embargada.
A platinada ficou nervosa com o que tinha acabado de ouvir, mas uma ação como essa vinda de Hans não lhe surpreenderia. Jack ao seu lado percebeu o seu nervosismo e segurou sua mão trêmula, o que a reconfortou de certo modo.
- Eu bati nele por isso. Se não fosse por Kristoff eu teria o matado - Anna resmungou a última parte - Mas nunca mais tivemos notícias dele - Acrescentou - Mas enfim! Nós rodamos o país inteiro atrás de você, Elsa. Fomos até Los Angeles e até fomos parar no Canadá - Relatou animada, fazendo Elsa rir - Aí depois percebemos que você poderia nunca ter saído do Michigan e passamos por várias cidades até encontrarmos uma pista em Clare. Quando eu ouvi sobre uma bailarina albina, eu enfiei na cabeça que era você e só ia relaxar quando a encontrasse, e olha só! Era você! - Sorriu largamente, ainda emocionada. Elsa riu.
- Você não sabe como eu fico feliz em ouvir isso - Disse - E o pessoal como estão? Astrid, Tia Yelana, seus pais? - Sorriu para Kristoff após a última menção.
- A Astrid foi estudar em Nova York, nunca mais falei com ela - Anna respondeu - E, bom … a tia Yelana faleceu tem algum tempo. Ela descobriu que estava com câncer logo que você foi embora e faleceu quase dois anos depois - Anna declarou com pesar, fazendo Elsa entristecer levemente.
- E como você se virou todos esses anos? - Perguntou preocupada.
- Ela me deixou a herança do marido e a mãe do Kristoff me acolheu na casa deles de bom grado - A ruiva sorriu - Ei, e nós estamos noivos! - Acrescentou empolgada, estendendo a mão e mostrando o anel no dedo.
- É sério? - Elsa arregalou os olhos surpresa, mas de certo modo já esperava por isso.
- É … foi um pedido de um jeito meio estranho. Eu estava surtando porque eu queria ir atrás de você e te encontrar, aí o Kristoff virou pra mim tão desesperado quanto eu e perguntou: "Você quer casar comigo?" - Anna imitou a voz de Kristoff - Aí eu fiquei olhando pra cara dele por meia hora e perguntei: "Que porra de momento é esse pra me pedir em casamento??". Mas depois eu gritei que sim e me joguei em cima dele - Riu - Aí nós dois concordamos em fazer o casamento só depois que te encontrássemos - Sorriu para o noivo novamente - Em um dia especial como esse, eu ia precisar de você ao meu lado, irmã -
Elsa sorriu com lágrimas nos olhos pela décima vez naquela noite.
- Pode contar comigo - Sussurrou - Eu senti tanto a sua falta -
- Eu também senti a sua, Elsa - Anna sussurrou de volta.
Elas sempre foram tão próximas que dava gosto. Mesmo quando Elsa entrou em depressão após a morte dos seus pais e se afastou de todos, Anna sempre esteve ao seu lado como a melhor irmã que platinada poderia ter. Elsa não a trocaria por nada, e assim como Anna era tudo para ela, a ruiva também pensava o mesmo quanto a mais velha. Mesmo amando Kristoff incondicionalmente, o amor que sentia pela sua irmã era maior que o mundo. Anna fazia questão de estar sempre ao lado dela, e de protegê-la, por mais que não pedisse.
Ambas as irmãs estavam muito felizes em se reencontraram, e achavam que agora não lhes faltava mais nada.
- Mamãe, eu “tô” com sede - Uma figura platinada se aproximou da mesa, ofegante de tanto correr atrás dos primos.
Elsa riu, de repente se lembrando da sua existência e que não era mais uma menina de 18 anos, e pegou a menina, sentando-a em seu colo
- Toma aqui - Encheu um copo com água para ela e lhe entregou - Sky, quero te apresentar uma pessoa - Disse, fazendo a menina a encarar depois de lhe dar o copo de vidro de volta, e o colocou em cima da mesa - Essa é a minha irmã. Lembra que eu falei dela? -
Anna encarava a menina no colo da irmã com lágrimas nos olhos e uma expressão que era a mistura de incredulidade e encanto. Ela não sabia o que pensar enquanto analisava cada detalhe daquela menina e não deixava de compará-la com a irmã. Elas eram idênticas. Kristoff ao seu lado parecia um tanto assustado com tamanha semelhança, e ambos agradeceram mentalmente por ela não se parecer nem um pouco com Hans.
- Oi - Anna tentou - Eu sou a sua tia Anna e … esse é o seu tio Kristoff - Se apresentou e apontou para o noivo ao seu lado.
Skyler apenas alternou o olhar entre os dois adultos. Estava um pouco tímida por estar suada e mal apresentada, mas não queria parecer mal educada.
- Eu sou a Skyler - Apresentou-se - Skyler Snow - Sorriu orgulhosamente enquanto falava o próprio nome.
- Você é muito parecida com a sua mãe - A mais velha disse - É muito bonita -
- Todo mundo fala isso - A menina respondeu, sorrindo timidamente - A senhora também é muito bonita. Tem os olhos iguais aos meus, e é ruiva igual a tia Merida - Elogiou, fazendo todos na mesa rirem divertidos com as comparações.
- É - Anna permaneceu a encarando, e a achou uma fofa enquanto tentava ser simpática - Eu … posso te dar um abraço? - Perguntou sem jeito.
- Eu “tô” um pouco suada - Skyler disse com receio.
- Não tem problema, vem cá - Anna sorriu, abrindo os braços.
A menina encarou a mãe como se pedisse por permissão, e Elsa a incentivou a ir até lá com um aceno da cabeça. Skyler sorriu e desceu do colo da mais velha, rodeando a mesa e indo até a ruiva.
Elsa não pôde deixar de se emocionar mais ainda ao ver Anna pegar Sky no colo e a abraçar, enquanto Kristoff acariciava os fios platinados carinhosamente. Ela encarou Jack ao seu lado, que lhe sorriu e envolveu a mão da mulher na sua novamente. Elsa retribuiu o sorriso e encarou os amigos, todos emocionados enquanto viam sua irmã ter o seu primeiro contato com a sua filha. Até teve a impressão de ver Merida chorar, mas achou que fosse algo da sua cabeça.
Após tanta emoção, Elinor apareceu com dois pedaços de bolo e ofereceu para Anna e Kristoff, e pediu para que ficassem a vontade. Rapunzel engatou em uma conversa descontraída com os dois novos amigos, feliz por ter mais um casal no grupo, o que foi o suficiente para os entrosar, que a princípio ficaram tímidos, mas logo se soltaram e começaram a compartilhar suas próprias histórias e a ouvir também.
- Viu Flynn, eles são mais novos que a gente e já estão até noivos - Rapunzel comentou.
- Mas Punzie, pelo o que eu entendi o Kristoff é rico e a Anna recebeu uma herança! - Flynn tentou se defender - Casar é caro, sabia? -
- Não quero saber, senhor Rider. Você trabalha, já deveria ter colocado um anel no meu dedo faz tempo - A loira rebateu, fazendo o namorado suspirar pesadamente.
Ambos já estavam um tanto alterados por causa do álcool, e Anna interveio a fim de evitar que aquilo se tornasse uma D.R.
- Mas é preciso ter muita certeza antes de resolverem se casar. Sabe como é, né? Passar a vida inteira ao lado de alguém que realmente amem - Disse a primeira coisa que veio na sua cabeça, mas que pareceu fazer sentido para Rapunzel e a tranquilizou um pouco.
- É, você está certa. Nem sei se quero mesmo casar com o Flynn - A loira deu de ombros.
- Pera, o quê?! Como assim? - O Rider engasgou e se virou para a namorada risonha ao seu lado.
- Eu tô brincando, seu bobo - Rapunzel riu e deu um selinho no moreno, que ficou com uma expressão emburrada, mas engraçada.
Anna riu. Estava se divertindo bastante, e depois de quase estragar e tentar salvar o relacionamento de Flynn e Rapunzel, ela se virou para a sobrinha e conversou um pouco ela. A menina, com o mesmo sorriso simpático e animado que sempre encantava a todos a fazia se dar bem com todo mundo, respondia suas perguntas prontamente e compartilhava com a mais velha suas próprias aventuras.
Elsa encarava a filha e a irmã se darem bem com um sorriso no rosto, mas imersa em pensamentos, e acabou se excluindo da conversa sem querer. Ter a sua irmã bem ali parecia um sonho, e que a qualquer momento ela poderia acordar e tudo iria acabar. Mas não, era real, e ela amava isso.
- Eu não disse que vocês iam se encontrar de novo? - Jack sussurrou, assustando-a levemente - Foi uma tremenda coincidência, mas eu tava certo - Brincou, fazendo-a rir discretamente
- Obrigada, Jack. Você é um ótimo amigo - Elsa lhe sorriu, apertando sua mão carinhosamente.
- Gostaria de ser bem mais do isso - Ele rebateu, e então se surpreendeu com os lábios macios e estranhamente gelados de Elsa encontrando a pele da sua bochecha direita.
- Parabéns, está começando a ganhar pontos comigo - Ela sorriu doce.
Jack ruborizou e acabou ficando extremamente constrangido e sem graça, sem nem saber o porquê. Ele desviou o olhar encarou o nada com um sorriso bobo no rosto. O que estava acontecendo com ele afinal? Nunca em toda a sua vida ele havia se sentido daquele jeito em relação a uma mulher. Era um sentimento completamente novo e, convenhamos, ele estava gostando. Estar apaixonado por Elsa foi com certeza a melhor coisa que lhe aconteceu e, naquele momento, enquanto a encarava se divertir na conversa animada com os amigos e a irmã, ele decidiu que queria passar o resto da vida ao lado de Elsa, como Anna e Kristoff decidiram, e que faria de tudo e mais um pouco para conquistá-la e fazê-la feliz.
Ele iria devagar, é claro, mas aquela platinada merecia o mundo, e Jack estava disposto a fazer de tudo por ela.
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