Guan Shan resmungou ao sentir os raios de sol tocarem seu rosto da forma mais gentil e desagradável ao mesmo tempo, o acordando contra sua vontade. Escondeu seu rosto em algo que lhe era firme ao toque, mas principalmente, confortável.
Um outro algo veio a lhe tocar a cabeça, só que de uma forma tranquilizadora— num contato que quase não lhe era sentido, até esse mesmo algo, — uma mão, ele veio a descobrir —, descer para a sua nuca e ficar por lá.
Guan Shan murmurou um som de contentamento, mas antes que pudesse voltar a dormir, foi alertado por uns fatos, no mínimo, estranhos.
Guan Shan arregalou os olhos, sua respiração prendendo na garganta— a realização lhe atingiu como um raio.
PUTA QUE PARIU.
EU ME ATRASEI PRA ESCOLA!!
Despertou — 100%, dessa vez — num pulo; mas antes que caísse de encontro ao chão devido ao cobertor ainda emaranhado às suas pernas, um braço o puxou de volta para onde estava, só que dessa vez, Guan Shan sabia o que era.
Um peitoral.
E as memórias da noite passada vieram à tona com toda força.
Guan Shan puxando He Tian para o seu quarto no primeiro gole da sopa.
Guan Shan beijando He Tian.
Guan Shan se aconchegando nos braços de He Tian na frente da sua mãe.
Seu rosto inteiro queimava, mas ele tinha coisas mais importantes para se preocupar naquele momento.
— Me solta, a gente tá atrasado pra escola!
— Shhh… — He Tian pôs o indicador sob os lábios de Guan Shan, que antes dando uma verificada rápida para ver qual mão era, prontamente o mordeu. — Ai!
Guan Shan fez uma careta de indignação, sabendo muito bem que He Tian estava fazendo showzinho, porque ele não aplicou força alguma.
(Ainda assim, sentiu seu coração palpitar, dando uma outra verificação rápida no dedo de He Tian para ver se realmente não o machucou.)
He Tian então lhe deu um olhar intenso, de pupilas dilatadas e olhos semiabertos, da mesma forma que o olhou ontem à noite antes de beijá-lo. Apenas que dessa vez, ele soltou um suspiro pelo nariz. Guan Shan sentiu sua respiração prender na garganta ao se encontrar quase que instigado a se aproximar de He Tian e se livrar da distância que os separava, mas acabando por se perguntar: por que esse idiota está se segurando?
— Não temos escola hoje — He Tian esclareceu, numa voz ligeiramente contida, e Guan Shan de repente se lembrou do real motivo pelo qual se encontravam naquela situação. — Ordens da Tia.
Guan Shan franziu o cenho, prestes a retrucar, quando uma voz feminina interrompeu seus planos:
— Hm, He Tian está certo, Filho.
Guan Shan ficou imóvel.
Por isso.
Ele estava pronto para assumir seu posto como pimentão, praguejando um milhão de obscenidades na sua cabeça.
Sua mãe deu uma risadinha.
— Eu sei que te pedi ontem para ir à escola hoje, mas… — ela pausou, seu olhar divagando no pescoço de Guan Shan. — Mas mudei de ideia. Pedi uma folga para passar o tempo com vocês dois hoje. Precisam se recuperar de ontem, e qualquer coisa, dar uma passada no médico.
— Ah… certo…
Ela terminou de abrir as cortinas e andou na direção da porta do quarto.
— Bom, eu já estou de saída~ — ela deu uma piscadela. — Podem aproveitar uns minutinhos a sós, mas depois vão tomar banho, que enquanto isso eu farei o almoço.
Ela encostou a porta, fazendo questão de olhar para os dois na cama uma última vez e deixar uma fresta grande o suficiente para que conseguisse ver os dois claramente, partindo então, sorridente.
Guan Shan se mexeu na cama para alcançar o travesseiro, mas quando ia acertar He Tian com ele, sentiu-se amolecer ao ver seu rosto.
As olheiras enfim mostravam sinais de que estavam sumindo depois da fatídica noite de sexta-feira que tiveram. Seu cabelo estava para todo lado, fios negros numa festa, e pela primeira vez na vida, Guan Shan entendeu a necessidade de retirar as madeixas do seu rosto, para que pudesse o ver melhor— para que tivesse uma desculpa para tocá-lo. Sua bochecha estava um pouco marcada, provavelmente pelo tecido de um dos cobertores, e de toda forma— toda sua instância denunciava a de alguém que dormira até uma horas, que dormira bem.
Guan Shan não pensou que existia cena mais doméstica do que essa.
He Tian sorriu de forma preguiçosa, descarada.
— O que você quer, Mor?
É verdade.
Guan Shan não precisava mais se preocupar com as circunstâncias, com o que realmente queria ou não, depois da última noite.
He Tian queria o mesmo que ele.
Foi por isso que Guan Shan se encontrou se aproximando de He Tian, seus lábios formando um beicinho quando He Tian não se moveu de onde estava.
He Tian mordeu o lábio, sua resolução parecendo cair por terra.
— Fofo do caralho—
Findou a distância entre os dois, aproveitando que estavam sentados na cama para puxar a cintura de Guan Shan para si, apertando-a docilmente enquanto beijava-o com gosto. Guan Shan não ficou muito para trás; seu peito esquentando ao tocar as bochechas de He Tian e sentir que estavam tão quentes quanto as suas.
Agora que já haviam se beijado uma, duas, sabe-se lá quantas vezes porque ontem ele perdeu as contas depois do terceiro beijo, Guan Shan deixou os selos se prolongarem— tremendo por antecipação. He Tian pareceu sentir o mesmo; já que Guan Shan sentiu sua língua pedir passagem ao acariciar seus lábios de forma tão delicada ainda que tão exigente, foi impossível negar.
Não que ele não fosse conceder de qualquer maneira.
E foi mais impossível ainda negar os arrepios que correram à solta pelo seu corpo quando sentiu a língua de He Tian explorar sua boca, livremente, lentamente, como se estivesse gravando cada detalhe de cada vez— mas a gota d’água foi quando He Tian o puxou sagazmente para seu colo, suas mãos subindo e descendo do seu quadril para seu peitoral.
Guan Shan findou o contato desviando a cabeça, só percebendo então o quanto buscava por ar, ofegante.
— Va-vamos?
He Tian comprimiu o olhar por uns momentos, porém, um sorriso satisfeito alargou seus lábios e pegou na mão de Guan Shan; dessa vez, o puxando para fora da cama.
— Seu pedido é uma ordem~
Os dois foram à cozinha para avisar a mãe de Guan Shan, que assentiu enquanto separava os alimentos das sacolas de mercado.
— Tudo bem. He Tian, querido, pode me fazer companhia enquanto isso? Shan não irá demorar muito, não se preocupe.
Guan Shan deu uma última olhada para He Tian, que deu seu sorriso mais charmoso, um pouco artificial, um pouco apreensivo.
— Claro, Tia~
— Inclusive, pode me passar o número dos seus pais? Ontem você dormiu aqui e hoje vai faltar na escola, eles devem estar preocupados, não quero que estranhem…
He Tian não vacilou; todavia, pareceu meio distante ao responder:
— Obrigado, Tia. Mas eu já expliquei tudo ontem.
— Bem, se você diz..
Guan Shan suspirou, desistindo de tentar entender o nervosismo persistente de He Tian sempre que interagia com sua mãe e entrando no banheiro já na pressa; tendo acordado com o pé direito e decidindo poupar He Tian ao tomar um banho rápido.
E em questão de minutos, Guan Shan terminara no banheiro e começara a passar pomada em alguns machucados e cobrir com esparadrapo outros, fazendo seu melhor para replicar a forma que He Tian lhe cuidara— decidindo não pedir ajuda para o mesmo por ter total ciência dos mais novos machucados que faziam-se presentes nas mãos do outro.
Agora os dois combinavam; ambos machucados pelas mãos da mesma pessoa.
Que desgraça.
Guan Shan balançou a cabeça para expulsar esses pensamentos, se relembrando que She Li nunca mais iria o perturbar novamente.
Nunca mais iria os perturbar novamente.
Pegando um conjunto de roupas qualquer que havia separado, seguiu em direção a cozinha, notando de imediato duas vozes conversando de forma entusiasmada:
— Se preocupa não, Tia, o Mozinho é brincalhão assim mesmo!
— Ahhh, eu sei, Querido!
Guan Shan ouviu a risada da sua mãe reverberar pela cozinha, e assim que entrou no cômodo, foi surpreendido ao ver sua mãe dando tapinhas nas costas de He Tian; que agora tinha um sorriso mais sincero, mais fácil em seu rosto, com direito a um vislumbre de seus dentes.
Ainda assim, vasculhou a feição dele em busca de algo, por algum indício de que ele não estava bem por qualquer coisa que pudesse ter acontecido enquanto não estava lá para remediar.
Exceto que Guan Shan não achou nada. Incrivelmente, He Tian parecia até mais… leve.
A instância relaxada de He Tian era difícil de ignorar: encostado no balcão ao lado da sua mãe com uma mão na cintura, sem contar seu tom de voz indicando que não estava pensando muito nas suas respostas.
Guan Shan sentiu sua respiração prender na garganta e um rubor agraciar suas orelhas.
— São 15 anos lidando com meu filhote! — ela olhou para He Tian, e ditou suas próximas palavras num tom falsamente sério. — Sei que ele pode extrapolar às vezes, então fico feliz que ele tenha alguém que nem você. Agora, te chamar atenção por umas fotinhas é exagero!
— Num é, Tia? — He Tian então abriu um sorriso diferente, seus olhos semi abertos na sua direção, num semblante quase que perigoso; e Guan Shan grunhiu internamente. — É um crime privar essa beleza toda. Inclusive, já que chegou, vem cá, Sol.
Sua mãe se virou para o mais novo integrante da conversa com a mesma expressão de sua companhia.
— É, vem cá, Mozinho. Precisa de vergonha não.
Guan Shan abriu a boca e fechou várias vezes, que nem fazia um peixe fora d’água. Por fim, pressionou os lábios juntos e desviou o olhar para o chão— que de repente parecia a coisa mais interessante.
Nossa, nunca reparei como é realmente um belo piso…
— E-eu não tô com vergonha… — terminou por murmurar, de bochechas queimando e um cenho franzido.
Ao notar os olhares colados a ele, Guan Shan cruzou os braços, resistindo contra a vontade de fazer beicinho.
Do que diabos He Tian e sua mãe falaram a seu respeito enquanto estava no banho?
Eles pareciam confortáveis demais para o seu gosto.
— Não é uma gracinha? — sua mãe sussurrou rápido para He Tian, que prontamente assentiu. — Mas, olha só, vou te liberar agora. Vai lá tomar um banho, para quando você sair a gente ter um almoço apropriado em família.
Ela piscou um olho, e assim, He Tian seguiu em direção ao banheiro…
… não sem antes imitar a piscadela para Guan Shan, que ficava mais e mais incrédulo a cada segundo.
Aguardando um momento para garantir que realmente estavam a sós, Guan Shan exclamou, se controlando para não explodir:
— O que acabou de acontecer!?
Sua mãe apenas cantarolou, voltando-se para os ingredientes.
— Ai, ai~ Solzinho, pode me ajudar aqui? Não deixei seu colega chegar perto, por mais que ele tenha pedido. Ele é um amor, mas falei que visita não deve se preocupar com esse tipo de coisa.
Guan Shan se juntou à ela no preparo.
— Pode falar a verdade, não deixou porque não quer lidar com o corpo de bombeiros depois, né?
— Pois fique quieto, rapaz.
Guan Shan riu baixinho, e enquanto se concentrava fazendo a comida, acabara esquecendo até da interação no mínimo estranha entre sua mãe e He Tian.
— Sabe… fui passar na banca para comprar minha revista do horóscopo e dizia que meu signo teria uma notícia maravilhosa hoje.
Guan Shan fez “hm”, sorrindo pequeno.
— Eita, que a senhora ganha no bingo hoje.
— Ai, quem me dera — sua mãe abanou o rosto. — Mas não acho que seja isso.
— Huum… Mas e pro meu signo?
Ela suspirou, como se Guan Shan tivesse feito a pergunta certa.
— Para virgem… bem, dizia que a chave para a felicidade era a honestidade. Que daqui em diante, a verdade será reconhecida com ar de aceitação, e viverá em paz com ela.
Guan Shan pausou, mas logo retomou.
— ’Tendi…
— Agora para escorpião, signo do seu caro colega, falava sobre dias de glória e extrema felicidade ao finalmente conseguir o que almeja há um tem—
Guan Shan limpou a garganta, e sua mãe deu uma risadinha.
Passado alguns minutos entre silêncio confortável, jogando conversa fora e a finalização da comida, He Tian anuncia sua volta sentando-se numa das cadeiras da mesa; cantarolando baixinho enquanto encarava Guan Shan. Esse que, por sua vez, sentia a vergonha que era combustível para sua raiva crescer a cada instante daquilo.
Sua mãe o expulsou para sentar junto com He Tian, e aproveitando a chance, sentou ao seu lado e proferiu:
— T-tá olhando tanto o quê, porra?! Quer uma foto?
He Tian suspirou e apoiou o rosto na mão, seu cotovelo na mesa: numa péssima imitação de inocência e pureza.
— Eu já tenho tantas, mas acho que mais uma para a coleção nunca é demais.
Sua mãe riu, e Guan Shan teve total certeza de que ela estava ouvindo a conversa deles quando disse:
— Eu tenho um álbum inteiro dele de quando era um bebêzinho, depois do almoço podemos ficar na sala de estar e dar uma olhada~
— NÃO!
— Então só eu e o He Tian olhamos! — ela sorriu satisfeita e pôs os pratos na mesa.
— TAMBÉM NÃO!!
— Estraga prazeres. O que há de tão errado com o bebê Mo? — He Tian correu os dedos da mão na bochecha de Guan Shan. — Deve ser uma gracinha bebê Mo com dois tomatinhos no lugar de bochechas~
Guan Shan estapeou levemente a mão e se concentrou em comer; comprimindo o olhar em ameaça ao ver He Tian o olhando de canto, Guan Shan escondendo sua bochecha com sua mão livre. O outro apenas sorriu, balançando a cabeça e se comportando.
Segundos depois da mãe de Guan Shan sentar-se e fazer igual, porém, foi que voltou a desandar.
— Meu filho disse que foi você quem o ajudou a tirar uma nota boa na escola…
Guan Shan continuou a comer.
— Ah, fico lisonjeado, mas todos os créditos vão para o Mozinho. Ele é muito esperto, um rápido aprendiz.
— É, é? Porque ele me disse que era você o “ótimo professor”…
— Ah, sério?
He Tian olhou atentamente para Guan Shan, que atentamente, em troca, olhou para a própria comida.
— Uhum~ sabe, sempre tive receio de que ele não tivesse muitos amigos verdadeiros de confiança, que o motivasse tanto assim… mas é que nem eu te falei antes. Desde que você entrou na vida dele, a mudança foi instantânea.
Guan Shan arriscou um olhar na direção de He Tian, e imediatamente se arrependeu/agradeceu: pois em seu rosto tinha uma rara expressão que só podia ser descrita como puro carinho.
Guan Shan engoliu seco, a vontade de arruinar outra hora de comer pesando.
— Pois sou eu quem deveria estar dizendo isso, Tia.
— Eu ainda estou aqui…
— Bem, e sabe, ele nunca falou de namoradinhas comigo — Guan Shan engoliu seco novamente, só que dessa vez, foi de olhos arregalados por evitar um engasgo. — Nenhum peguete, paquera, crush… nadica de nada.
— Ah, é? Nada?
Guan Shan não estava mais olhando para He Tian, mas era praticamente impossível não ouvir a satisfação transbordando até da voz dele.
Merdinha possessivo.
— Siiim… nada. Até uns tempos atrás, né? Mas isso já é entre nós dois.
Sério?
Guan Shan mastigava lentamente, não sabendo se ia mais rápido para escapar logo daquela conversa constrangedora ou se continuava lá para não correr o risco de deixar esses dois sem supervisão.
— Entendo…
— Mas… — sua voz então ficou séria, sua postura lentamente tornando-se rígida. — He Tian, me diga. Como é a sua vida?
Guan Shan ficou boquiaberto, e procurou desesperadamente por algum sinal na expressão de sua mãe que denunciava que ela estava de brincadeira com sua cara.
Para sua má sorte, ela não estava.
E Guan Shan se sentiu estremecer por inteiro ao lembrar de todas novelas, todos filmes clichês, bregas, onde uma conversa similar acontecia.
Como sua mãe costumava assistir com ele.
Ele tentou não acreditar que isso estava prestes a acontecer.
He Tian vacilou por uns segundos mas logo recuperou sua compostura, compartilhando da mesma seriedade que a mãe de Guan Shan.
— Eu moro sozinho, mas costumo encontrar com o Mo Guan Shan no meio do caminho até a escola. Chegando lá, eu passo mais um tempo com ele e vou para minha sala, já que, infelizmente, não estamos na mesma. Nas aulas, sempre procuro me esforçar muito, não deixo distrações tomarem conta porque almejo um futuro onde eu possa me sustentar sozinho e mais alguém…
— Ah, é, é? E além disso; o que mais você faz para fazer desse futuro uma realidade? Não pensa no que pode te impedir?
Guan Shan esfaqueou sua comida com o garfo.
— O tempo que eu desperdiçaria me preocupando com coisas fúteis como essa, eu gasto me dedicando nos estudos e planejando meus próximos passos.
Guan Shan revirou os olhos tão forte que ele quase pensou que nunca mais voltariam ao normal.
— Certo. Você tem uma boa reputação na escola? Ouço muito a seu respeito nas reuniões de pais, mas desejo ouvir de você.
— Eu sempre sigo as regras — Guan Shan teve que encher a boca para não soltar “MENTIRA”. — E sempre dou o meu melhor para responder as perguntas que os professores fazem. Todos na sala, e até os que não são da minha, ouvem falar a meu respeito e tendem a ficar ao meu lado. Mas sendo honesto, eu acho algo injusto— falho. Afinal, tem pessoas cuja fama é repleta de negatividade, só que algumas, realmente…
Guan Shan sentiu um olhar sobre si.
— … não merecem esse tipo de fama. Todos temos como mudar.
— Concordo. Quais são suas intenções com meu filho?
Guan Shan sentiu sua raiva borbulhar.
— Apenas as melhores, Dona.
— Deixe-me reformular minha frase: o que você viu no meu filho?
— O melhor em mim, e espero que ele veja o melhor dele em mim, também.
Merdinha que sempre tem uma resposta para tudo.
Guan Shan mastigou com raiva, sua orelha e bochecha queimando.
— Você estaria pronto se tivesse que passar o resto da sua vida ao lado do meu filho?
Guan Shan puxou os próprios cabelos, olhando de canto para He Tian e desviando imediatamente quando seus olhares se cruzaram. He Tian suspirou tenro.
— “Sim” é pouco. “Pronto”… não chega nem perto. Mas enquanto ainda não existem palavras para descrever; digo que eu estou.
— Você se casaria com você mes—
— JÁ CHEGA! CHEGA!
Sua mãe pôs as mãos na cintura.
— Que foi, Shan? Estou precavendo!
— Não estamos casados!
— Ainda… — He Tian suspirou baixinho, ao que só Guan Shan ouviu, mas ainda enrubesceu da cabeça aos pés.
Sua mãe comprimiu o olhar e sorriu ladino, suspeita.
Após a explosão de Guan Shan, incrivelmente os dois obedeceram: terminando de comer num silêncio confortável. O dito cujo se permitiu soltar um “hm” de contentamento, e pegou um guardanapo para limpar sua boca.
… Até sentir seus lábios formigarem de forma agradável, pensando no quão bem cairia um selinho naquele instante. Guan Shan não queria parecer carente, muito menos desesperado, mas…
Mordeu os lábios, pensando no quanto ia demorar até que pudessem se beijar de novo, talvez, quem sabe…
He Tian segurou sua mão embaixo da mesa, e Guan Shan não conseguiu esconder o sorrisinho que lhe veio ao rosto.
— … Última pergunta — sua mãe retomou, sua voz suave. — Qual sua relação com meu filho?
Guan Shan sentiu o polegar de He Tian acariciar sua mão num padrão. Ele podia ver as engrenagens na cabeça de He Tian lentamente parando de funcionar, sua postura denunciando uma incerteza que só Guan Shan conseguia enxergar, e antes que He Tian pudesse abrir a boca e falar qualquer coisa, apertou sua mão.
He Tian olhou para ele.
“O que é que você quer?”
Você.
Guan Shan se aproximou de He Tian, o olhando no olho.
Eu não vou voltar atrás.
He Tian fechou a distância com um selo casto.
A mãe de Guan Shan cobriu a boca, de olhos arregalados.
— Isso te responde? — Guan Shan murmurou vermelhinho, e decidiu desviar o foco de sua vergonha ao pegar os pratos que já estavam vazios para a louça.
He Tian demorou alguns segundos para se pronunciar, parecendo estar com a cabeça nas nuvens.
— Namorados — ele enfim esclareceu, sorrindo grande, de dentes a mostra e tudo.
Sua mãe comemorou batendo palminhas, e chamou Guan Shan de volta para a mesa.
— Venha aqui! Vai limpar nada agora não!
Guan Shan sentou em seu lugar, suspirando leve ao sentir o braço de He Tian repousar na sua cintura.
— Você não sabe o tanto que ele já me falou sobre você! Eu tenho tantas histórias para te contar! Mas primeiro eu vou querer uma fotinha dos dois! Ahh, meu filho… — ela estava sonhadora. — E seu primeiro namoradinho…
— Primeiro e último! Mas é só fachada mesmo porque estamos casados.
— Ah, que bom que estamos na mesma página. Já pensou em onde vai ser?
— Eu já pensei em onde, como e quando vai ser.
— Ainda bem, porque eu mesma já estava considerando os trajes e podemos bolar algo juntos. Ah, e se precisar de um celebrante…
Guan Shan (ainda) não diria em voz alta, mas na presença das suas pessoas favoritas se dando tão bem, após oficializar algo que ele mesmo tentou negar por tanto tempo…
… ele nunca se sentiu tão feliz quanto agora.
[Bônus]
Jian Yi (escapou do zoológico)
[13:07]
< HE TIAN ]
< HE TIAN ]
[13:10]
< HE TIANN NNNN ]
[13:11]
| Chamada de voz recebida, mas não foi possível conectar |
< Chamada cancelada pelo autor da ligação ]
[13:14]
| Chamada de voz recebida, mas não foi possível conectar |
< Chamada cancelada pelo autor da ligação ]
< me ignorando né BELEZA! ]
[13:16]
< eu também nem queria dizer nada mesmo ]
[13:19]
< fica aí ]
[13:21]
< na dúvida.. ]
[13:23]
| Chamada de voz recebida, mas não foi possível conectar |
< Chamada cancelada pelo autor da ligação ]
[13:24]
< AI CHEGA DE SUSPENSE A MINHA MÃE ACABOU DE ME DIZER COMO CONHECEU MEU PAI VEM LOGO AQUI PORQUE EU PRECISO TIRAR ISSO DO PEITO LOGO PELO AMOR DE DEUS ]
[ Jian Yi. >
< olha só quem resolve aparecer ]
< ELA CONTOU HE TIAN ELA CONTOUUUU ]
[ Não posso falar agora. >
[ O Mo me beijou. >
[ No momento estou conseguindo a benção da mãe dele pro casamento. >
[ Você já está convidado. >
[ Te vejo lá. >
< O QUE??????? ]
< COMO ASSIM VOCÊ ]
< VOCÊ ]
< EU QUASE MORRI POR ISSO?? CADÊ MEU OBRIGADO????? ]
< NÃO É JUSTO EU CONHEÇO O ZHAN XI XI HÁ MUITO MAIS TEMPO E ATÉ HOJE NÃO DEU EM NADAAAAAA!!!!!!!!!!!! ]
[ a mãe dele disse que conhece um celebrante >
< HE TIAAAAAANNNNNN ]
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