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História (Saga Nascer da Noite - Livro 1) Antes do Final Feliz - VII - A Primeira Caçada - História escrita por Evvy - Spirit Fanfics e Histórias
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História (Saga Nascer da Noite - Livro 1) Antes do Final Feliz - VII - A Primeira Caçada


Escrita por: Evvy e Laricullen

Capítulo 7 - VII - A Primeira Caçada


Edward POV

- Edward – Alice disse entrando no quarto.
- O que? – eu gritei assim que ouvi o que ela estava pensando.
- Você precisa ficar calmo...
- Calmo?... eles me fizeram... transformá-la desse jeito, sem preparação, e isso era só um jogo. Ok, Alice, melhor ser um jogo do que ter uma guerra.
- Eu vou descer, cuide dela.
- Ok, Alice.
Ela rapidamente desapareceu. Eu ainda não me conformei com a idéia de que tinha transformado Bella por causa desse jogo. Apesar de que eles também nos trouxeram aqui para acompanhar a transformação dela não precisavam nos dar uma lição. Nos estávamos prontos para transformá-la ainda essa semana. Mas é melhor um do que uma guerra.



PASSARAM-SE 2 DIAS 23 HORAS E 30 MINUTOS


Bella POV


Eu não sabia o que estava acontecendo.
- Bella? Está me ouvindo?
- Calma, Edward, ela já vai acordar – Carlisle disse. – Eu vou descer.
Eu simplesmente acordei, estava vendo tudo diferente. Tudo tinha mudado. Minha garganta estava ardendo.
- Edward – eu falei
- Bella? Como você está? – ele perguntou
- Eu estou bem, mas minha garganta esta ardendo – eu lhe respondi colocando a mão no meu pescoço.
- Vamos caçar, todos estão cientes do fim da sua transformação.
- Ok.
Ele me puxou em direção a janela.
- Vamos ter que pular daqui?
- Sim, é fácil vem – ele disse pulando. Ele levitou até o chão.
Eu fechei os olhos e pulei levitando igual a ele até chão.
- Vamos - ele disse.
Ele pegou na minha mão e nos corremos até o rio. A sensação de correr era ótima, a velocidade...
Chegamos ao rio
- Vamos nadar? -
- E arruinar esse seu lindo vestido? Não. Vamos pular – ele disse. Eu nem tinha percebido que eu estava com um lindo vestido de cetim, coisa de Alice.
- Pular? – eu perguntei.

Eu apertei meus lábios, considerando. O rio tinha uns setenta metros de largura neste ponto.

- Você primeiro. - eu disse.

Ele tocou a minha bochecha, deu dois passos largos para trás e correu a distância destes dois passos se lançando de uma rocha achatada, firmemente enterrada na beira do rio. Eu estudei a rapidez do movimento enquanto ele arqueava sobre a água, finalmente virando uma cambalhota pouco antes de desaparecer nas árvores fechadas no outro lado do rio.

- Exibido - eu resmunguei, e escutei a sua risada invisível.

Eu recuei cinco passos, só para garantir, e respirei fundo.
De repente, eu estava ansiosa novamente. Eu não estava preocupada em cair ou me machucar —eu estava preocupada que a floresta fosse se machucar.
Eu havia começado devagar, mas eu podia sentir agora —a força crua e maciça que vibrava nos meus membros. De repente eu tive certeza que se eu quisesse fazer um túnel por baixo do rio, me agarrar ou abrir meu caminho à força pelas pedras, eu não demoraria muito. Os objetos a minha volta —as árvores, os arbustos, as pedras... a casa - todos começaram a me parecer muito frágeis. Esperando com muita fé que Esme não fosse particularmente fã de nenhuma árvore específica do outro lado do rio, eu dei meu primeiro passo largo. E então eu parei quando o cetim justo rasgou por dez centímetros coxa acima. Alice! Bom, Alice sempre pareceu tratar roupas como se elas fossem descartáveis e destinadas a apenas um uso, então ela não deveria se importar com isso. Eu me inclinei para, cuidadosamente segurar a bainha da costura do lado direito entre os meus dedos e, usando o mínimo possível de força, eu rasguei o vestido até o topo da minha cocha. Depois, eu fiz o mesmo com o outro lado para que ficasse igual.
Muito melhor.
Eu podia ouvir o riso abafado na casa, e até mesmo o som de alguém rangendo os dentes. A risada vinha tanto do andar de cima quanto do andar de baixo, e eu reconheci facilmente o riso muito diferente, rouco, gutural e cacarejado que vinha do primeiro andar.
Então Jacob também estava assistindo? Eu não podia imaginar o que ele estava pensando agora, ou o que ele ainda estava fazendo aqui.
Eu não me virei para olhar para ele agora, ciente das minhas
mudanças de humor. Não seria bom deixar qualquer emoção tomar
conta demais dos limites da minha mente. Os medos de Jasper
haviam me deixado no limite também. Eu precisava caçar antes que
eu pudesse lidar com qualquer outra coisa. Eu tentei esquecer tudo o
mais para poder me concentrar.
- Bella? - Edward chamou de dentro da floresta, sua voz se
aproximando - Você quer assistir novamente?
Mas eu lembrava de tudo perfeitamente, é claro, e eu não queria dar
a Emmett uma razão para achar mais humor na minha educação. Isto
era físico - deveria ser instintivo. Então eu respirei fundo e corri para
o rio.
Sem a limitação da minha saia, um salto foi suficiente para alcançar a
beira d’água. Apenas um octogésimo de quarto de segundo, e ainda
assim era tempo o suficiente —meus olhos e minha mente se moviam
tão rápido que um passo era suficiente. Era simples posicionar meu
pé direito na pedra plana e exercer a quantidade adequada de força
para mandar meu corpo deslizando para cima no ar. Eu estava
prestando mais atenção na minha mira do que na minha força, e eu
errei na quantidade de força necessária - mas pelo menos eu não
errei no lado que teria me deixado molhada. Os setenta metros de
largura eram uma distância levemente fácil demais…
Era uma coisa estranha, vertiginosa, elétrica, mas curta. Um segundo
inteiro ainda estava por passar e eu já estava do outro lado.
Eu estava esperando que as árvores compactadas fossem ser um
problema, mas elas eram surpreendentemente úteis. Era apenas uma
questão de esticar uma mão firme enquanto eu caia de volta para a
terra, profundamente dentro da floresta, e me segurar em um galho
conveniente. Eu balancei levemente no galho e aterrissei na ponta
dos meus pés, ainda à quatro metros de altura em um largo galho de
um Abeto Vermelho.
Foi fabuloso.
Por cima do ribombar da minha risada deliciada, eu pude ouvir
Edward correndo para me encontrar. O meu pulo havia sido duas
vezes mais longo que o dele. Quando ele alcançou a minha árvore,
seus olhos estavam arregalados. Eu pulei agilmente do galho para o
lado dele, pousando silenciosamente de novo no peito dos meus pés.
- Isso foi bom? - eu ponderei, minha respiração acelerada com a
excitação.
- Muito bom. - ele sorriu aprovando, mas o seu tom casual não
combinava com a expressão de surpresa nos seus olhos.
- Nós podemos fazer de novo?
- Fique focada, Bella —nós estamos em uma caçada.
- Ah, é. - eu concordei - Caçando.
- Siga-me... se você puder. - ele deu um largo sorriso, sua
expressão de repente debochada, e saiu correndo.
Ele era mais rápido que eu. Eu não podia imaginar como ele movia as
suas pernas com tamanha rapidez, isso estava além das minhas
forças. No entanto, eu era mais forte, e cada passo que eu dava
equivaliam a três dos dele. Então, eu voei com ele através do
emaranhado vivo verde, do seu lado, nunca o seguindo. Enquanto eu
corria, eu não conseguia evitar rir baixinho com a emoção daquilo, a
risada não me deixou mais lenta, nem atrapalhou o meu foco.
Eu finalmente pude entender porque Edward nunca batia nas árvores
quando ele corria -- uma questão que sempre tinha sido um mistério
para mim. Era uma sensação peculiar, o balanço entre a velocidade e
a clareza. Por causa disso, enquanto eu disparava por cima, por baixo
e através do labirinto verde e denso, em um grau de velocidade que
deveria ter reduzido tudo ao meu redor a um risco manchado de
verde, eu podia ver claramente cada pequena folha em todos os
pequenos galhos de todos os insignificantes arbustos pelos quais eu
passei.
O vento da minha velocidade soprava o meu cabelo e o meu vestido
rasgado para trás, e, apesar de eu saber que não deveria, eu o senti
quente na minha pele. Assim como o piso áspero da floresta não
deveria parecer como veludo embaixo dos meus pés descalços, e os
galhos que chicoteavam a minha pele não deveriam parecer como
penas carinhosas.
A floresta era muito mais viva do que eu jamais imaginei —pequenas
criaturas cuja existência eu jamais concebi fervilhavam nas folhas à
minha volta. Todos eles ficavam em silêncio depois que nós
passávamos, suas respirações se acelerando com o medo. Os animais
tinham uma reação muito mais sábia ao nosso cheiro do que os
humanos pareciam ter. Certamente havia tido o efeito contrário em
mim.
Eu fiquei esperando me sentir ofegante, mas minha respiração vinha
sem esforço. Eu esperei a queimação começar nos meus músculos,
mas a minha força só parecia aumentar enquanto eu ficava mais
acostumada com as minhas passadas largas. A extensão dos meus
saltos ficava mais longa e logo ele estava tentando me acompanhar.
Eu ri novamente, exultante, quando eu o escutei ficar para trás. Meus
pés nus tocavam o solo tão raramente agora que parecia que eu
estava voando e não correndo.
- Bella. - ele chamou secamente, sua voz nivelada, preguiçosa. Eu
não podia escutar mais nada; ele havia parado.
Por um momento, eu considerei me rebelar.
Mas, com um suspiro, eu girei e dei um leve salto para o seu lado, a
uns noventa metros atrás. Eu o olhei com expectativa. Ele estava
sorrindo, com uma sobrancelha erguida. Ele era tão bonito que eu só
podia ficar olhando.
- Você quer continuar no país? - ele perguntou, impressionado - Ou
você estava planejando continuar até o Canadá nesta tarde?
- Aqui está bom. - eu concordei, me concentrando menos no que ele
estava dizendo e mais no incrível modo como os seus lábios se
mexiam quando ele falava. Era difícil não sair dos trilhos com tudo
fresco nos meus olhos novos e fortes. - O que nós estamos caçando?
- Alce. Eu pensei em algo fácil para a sua primeira vez... - a voz dele
morreu quando meus olhos se apertaram com a palavra fácil.
Mas eu não ia discutir; eu estava com sede demais. Assim que eu
começava a pensar na queimação seca na minha garganta, isso era
tudo o que eu conseguia pensar. Definitivamente ficando pior. A
minha boca parecia com às quatro da tarde numa tarde de verão no
Vale da Morte.
- Onde? - eu perguntei, escaneando as árvores impacientemente.
Agora que havia dado a devida atenção à minha sede, ela parecia
manchar todos os outros pensamentos na minha cabeça, se
infiltrando nos pensamentos mais prazerosos como correr, como os
lábios de Edward, como beijar, e ... sede chamuscante. Eu não
conseguia fugir dela.
- Fique imóvel por um momento. - ele disse, colocando suas mãos
levemente nos meus ombros. A urgência da minha sede retrocedeu
momentaneamente com o seu toque - Agora feche os seus olhos. -
ele murmurou. Quando eu obedeci, ele levantou suas mãos e
acariciou as minhas bochechas. Eu senti minha respiração se acelerar
e esperei um momento pelo rubor que não viria - Escute. - Edward
instruiu - O que você ouve?
Tudo, eu podia ter dito; a sua voz perfeita, a sua respiração, seus
lábios se esfregando enquanto ele falava, o sussurro dos pássaros
passando o bico nas suas penas no topo das árvores, a palpitação dos
seus batimentos cardíacos, as folhas de bordo se batendo, as
pancadinhas fracas das formigas seguindo umas às outras em uma
longa linha que subia a casca da árvore mais próxima. Mas eu sabia
que ele não se referia a nada específico, então deixei que os meus
ouvidos se abrissem, procurando por algo diferente do pequeno
murmúrio da vida que me cercava. Havia um espaço aberto perto de
nós —o vento tinha um som diferente sobre a grama exposta— e um
pequeno riacho com um fundo pedregoso. E lá, perto do barulho da
água, havia o chapinhar das línguas que lambiam, o alto batido de
corações fortes, pulsando grossas correntes de sangue...
Eu senti como se os lados da minha garganta tivessem se fechado.
- Perto do riacho, no nordeste? - eu perguntei, meus olhos ainda
fechados.
- Sim, - o seu tom era de aprovação - agora... Espere pela brisa
novamente e ... que cheiro você sente?
Na grande maioria, o dele —o seu estranho perfume de mel-lavandae-
sol. Mas também o rico, e terroso cheiro de musgo e
decomposição, a resina nas sempre-vivas, o cheiro quente, quase
com sabor de nozes dos pequenos roedores escondidos debaixo das
raízes das árvores. E então, se fazendo sentir de novo, o cheiro limpo
da água, que surpreendentemente, não me era atrativo apesar da
minha sede. Eu me foquei na direção da água e encontrei o cheiro
que devia acompanhar o som das lambidas e do coração palpitante.
Outro cheiro quente, rico e tangente, mais forte que os demais.
Mesmo assim, tão pouco atrativo quanto o córrego. Eu enruguei o
meu nariz.
Ele riu.
- Eu sei —demora um pouco para a gente se acostumar.
- Três? - eu adivinhei.
- Cinco. Tem mais dois nas árvores atrás deles.
- O que eu faço agora?
A sua voz soou como se ele estivesse sorrindo.
- O que você tem vontade de fazer?
Eu pensei sobre isso, meus olhos ainda fechados enquanto eu
escutava e respirava o cheiro. Outra luta com a sede escaldante
invadiu a minha consciência, e de repente o cheiro quente e pungente
não era tão sujeito a objeções. Pelo menos seria algo quente e
molhado na minha boca seca. Meu olhos se abriram num estalo.
- Não pense sobre isso. - ele sugeriu enquanto tirava as mãos do
meu rosto e dava um passo para trás - Apenas siga os seus instintos.
Eu me deixei levar pelo cheiro, mal percebendo os meus movimentos
enquanto eu descia como um fantasma a encosta até a clareira
estreita onde a correnteza passava. O meu corpo se inclinou
automaticamente para frente em um agachado baixo enquanto eu
hesitava na margem de samambaias junto às árvores. Eu podia ver
um grande macho na beira do riacho, com duas dúzias de chifres
coroando a sua cabeça, e os borrões sombreados de outros quatro
indo para o leste da floresta a passos preguiçosos.
Eu me concentrei no cheiro do macho, o seu ponto mais quente era o
seu pescoço peludo, onde o calor pulsava mais forte. Apenas vinte e
sete metros - dois ou três passos largos —entre nós. Eu me retesei
para o primeiro salto. Mas enquanto os meus músculos se agrupavam em preparação, o
vento mudou, soprando mais forte agora, vindo do norte. Eu não
parei para pensar, me lançando para fora das árvores em um
caminho perpendicular ao do meu plano original, assustando o cervo
para dentro da floresta, correndo atrás da nova fragrância tão
atraente que não havia escolha. Era compulsório.
O cheiro reinava absoluto. Eu estava irredutível enquanto o seguia,
ciente apenas da sede e do cheiro que prometia satisfazê-la. A sede
ficou pior, tão dolorosa agora que confundia todos os meus outros
sentidos e começava a me lembrar do fogo do veneno nas minhas
veias.
Havia apenas uma coisa que teria chance de penetrar no meu foco
agora, um instinto mais forte, mais básico do que a necessidade de
apagar o fogo —era o instinto de me proteger do perigo. Autopreservação.
De repente eu estava ciente de que estava sendo seguida. O
chamado do cheiro irresistível lutava com o impulso de me virar e
defender a minha caça. Uma bolha de som cresceu no meu peito,
meus lábios se contraíram por si só para expor meus dentes em
alerta. Meus pés diminuíram a velocidade, a necessidade de me
proteger lutando contra o desejo de matar a minha sede.
E então eu podia escutar o meu perseguidor ganhando terreno, e a
defesa ganhou. Enquanto eu me virava, o som emergente rasgou o
seu caminho até a minha garganta e saiu.
O rugido selvagem saindo da minha própria boca foi tão inesperado
que me tirou do transe por um momento. Ele me inquietou, e clareou
a minha mente por um segundo —a neblina orientada pela sede
retrocedeu, apesar da sede continuar queimando.
O vento mudou, soprando o cheiro de terra molhada e aviso de chuva
no meu rosto, me livrando ainda mais do poder furioso do outro
cheiro —um cheiro tão delicioso que só podia ser humano.
Edward hesitou a alguns passos de distância, seus braços levantados
como para me abraçar —ou me restringir. O seu rosto estava
concentrado e cauteloso enquanto eu congelei, horrorizada.
Eu me dei conta de que eu estava prestes a atacá-lo. Com um forte
puxão eu me endireitei do meu agachado defensivo. Eu prendi a
minha respiração enquanto eu me focava novamente, com medo da
fragrância que rodopiava vindo do sul.
Ele podia ver a razão retornar ao meu rosto, ele deu um passo para
perto de mim, baixando os seus braços.
- Eu tenho que sair daqui. - eu cuspi através dos meus dentes,
usando o ar que eu tinha.
O choque cruzou o seu rosto.
- Você consegue sair daqui?
Eu não tive tempo para perguntar a ele o que ele queria dizer com
aquilo. Eu sabia que a habilidade de pensar claramente duraria
somente enquanto eu fosse capaz de parar de pensar em...
Eu me atirei a correr de novo, uma disparada direta para o norte, me
concentrando tão somente no sentimento desconfortável da privação
sensorial, que parecia ser a única resposta do meu corpo à falta de
ar. Meu único objetivo era correr para tão longe quanto fosse
possível, de forma que o cheiro atrás de mim ficasse completamente
perdido. Impossível de encontrar, até mesmo se eu mudasse de
idéia...
Outra vez, eu estava ciente de que estava sendo seguida, mas eu
estava sã desta vez. Eu lutei contra o instinto de respirar —de usar os
sabores do ar para ter certeza de que era Edward. Eu não precisava
lutar por muito tempo: apesar de eu estar correndo mais rápido do
que eu jamais havia corrido, disparando como um cometa pelo
caminho mais reto que eu podia encontrar nas árvores, Edward me
alcançou depois de um curto minuto.
Um novo pensamento me ocorreu, e eu parei dura, meus pés
plantados no chão. Eu tinha certeza que devia ser seguro aqui, mas
eu prendi minha respiração só para garantir.
Edward passou como um sopro por mim, surpreso com a minha
súbita parada. Ele deu a volta e estava ao meu lado em um segundo.
Ele colocou as mãos nos meus ombros e olhou fundo nos meus olhos,
o choque ainda era a emoção dominante no seu rosto.
- Como você fez isso? - ele demandou.
- Você me deixou ganhar antes, não foi? - eu demandei de volta,
ignorando a sua pergunta. E eu que pensava que estava indo tão
bem!
Quando eu abri a minha boca, eu pude sentir o gosto do ar —estava
despoluído agora, sem traços do perfume que me compelia e que
atormentava a minha sede. Eu dei uma inspirada cautelosa.
Ele encolheu os ombros e sacudiu a cabeça, se recusando a deixar
passar.
- Bella, como você fez aquilo?
- Fugir? Eu prendi a minha respiração.
- Mas como você parou de caçar?
- Quando você veio atrás de mim... Me desculpe por aquilo.
- Por que você está pedindo desculpas para mim? Fui eu que fui
horrivelmente descuidado. Eu presumi que ninguém estaria tão
distante das trilhas, mas eu devia ter checado antes. Um erro tão
estúpido! Você não tem nada do que se desculpar.
- Mas eu rugi para você! - eu ainda estava horrorizada que eu fosse
fisicamente capaz de tamanha blasfêmia.
- É claro que você rugiu. Isso é apenas natural. Mas eu não consigo
entender como você fugiu.
- O que mais eu podia fazer? - eu perguntei. A atitude dele me
confundia —o que ele queria que tivesse acontecido? - Podia ser
alguém que eu conheço.
Ele me soltou, de repente se atirando em um espasmo de riso alto,
jogando sua cabeça para trás deixando o som ecoar pelas árvores.
- Porque você está rindo de mim?
Ele parou de imediato, e eu pude ver que ele estava cauteloso
novamente.
Se controle, eu pensei comigo mesma. Eu precisava ter cuidado com
o meu temperamento. Como se eu fosse uma jovem lobisomem em
vez de uma vampira.
- Eu não estou rindo de você, Bella. Eu estou rindo porque eu estou
em choque. E eu estou em choque porque eu estou completamente
pasmo.
- Por que?
- Você não deveria conseguir fazer nada disso. Você não deveria ser
tão... tão racional. Você não deveria ser capaz de ficar parada aqui,
discutindo comigo, calma e em controle. E, muito mais do que tudo
isso, você não deveria ser capaz de parar no meio de uma caçada
com o cheiro de sangue humano no ar. Até mesmo vampiros
maduros têm dificuldade com isso —nós somos sempre muito
cuidadosos com os locais onde caçamos para não nos colocarmos
diante de tentações. Bella você está se comportando como se tivesse
décadas de idade em vez de dias.
- Ah. - mas eu sabia que seria difícil. Foi for isso que eu estava tão
atenta. Eu estava esperando que fosse difícil.
Ele colocou suas mãos no meu rosto novamente, e seus olhos
estavam cheios de curiosidade.
- O que eu não daria para poder ver dentro da sua mente só por
esse momento.
Emoções tão poderosas. Eu estava preparada para a parte da sede,
mas não para isso. Eu estava tão certa de que não seria a mesma
coisa quando ele me tocasse. Bom, na verdade, não era o mesmo.
Era mais forte.
Eu me estiquei para traçar as linhas do seu rosto; meus dedos
demoraram-se nos seus lábios.
- Eu pensei que eu não me sentiria assim por muito tempo? - minha
incerteza fez das palavras uma pergunta - Mas eu ainda te quero.
Ele piscou em choque.
- Como você consegue se concentrar nisso? Você não está
descontrolada de sede?
É claro que agora eu estava, agora que ele havia levantado a questão
novamente!
Eu tentei engolir e depois suspirei, fechando os meus olhos como eu
havia feito antes, para me ajudar a me concentrar. Eu deixei que os
meus sentidos se estendessem à minha volta, tensa desta vez, com
medo de outro ataque violento do cheiro delicioso e proibido.
Edward deixou suas mãos caírem, sem respirar enquanto eu escutava
mais e mais longe na teia de vida verde, peneirando os cheiros e
sons por algo que não fosse totalmente repelente à minha sede.
Havia uma pista de algo diferente, um rastro fraco para o leste...
Meus olhos se abriram num flash, mas o meu foco ainda estava em
sentidos mais apurados enquanto eu me virava e disparava
silenciosamente para o leste. O terreno inclinou abruptamente para
cima, e eu corri em um agachado de caça, perto do chão, me
esgueirando pelas árvores quando isso era mais fácil. Eu senti
Edward comigo em vez de ouvi-lo, flutuando quieto pela floresta, me
deixando conduzir.
A vegetação ficava mais esparsa conforme nós escalávamos mais
alto; o cheiro de piche e resina ficava mais poderoso, assim como o
rastro que eu seguia - era um cheiro quente, mais agudo que o cheiro
do alce e mais atraente. Poucos segundos depois e eu pude ouvir as
pegadas abafadas dos pés imensos, muito mais sutis do que o bater
dos cascos. O som vinha de cima - nos galhos em vez de no solo.
Automaticamente eu disparei para os galhos das árvores também,
ganhando a posição estratégica mais alta, subindo até a metade de
um pinheiro prateado muito alto.
As pegadas suaves continuavam furtivas abaixo de mim agora, o
cheiro rico estava muito perto. Meus olhos perceberam o movimento
que acompanhava o som, e eu vi a pele amarelo-tostado do grande
gato esquivando-se pelo galho largo de um abeto diretamente abaixo
e à esquerda do meu poleiro. Ele era grande - facilmente quatro
vezes o meu tamanho. Os seus olhos focavam o chão abaixo; o gato
estava caçando também. Eu senti o cheiro de algo menor, misturado
com o cheiro da minha presa, escondendo-se em uma moita abaixo
da árvore. O rabo do leão se retorcia espasmodicamente enquanto
ele se preparava para dar o bote.
Com um salto leve, eu deslizei pelo ar e pousei no galho do leão. Ele
sentiu o estremecer da madeira e se virou, guinchando surpresa e
desafio. Ele andou se agarrando pelo espaço entre nós, seus olhos
brilhando de fúria. Meio enlouquecida com a sede, eu ignorei as
presas expostas e as garras de gancho e me atirei sobre ele,
derrubando a nós dois no chão da floresta.
Não foi uma grande luta.
As suas garras de foice podiam ser dedos carinhosos no que dizia
respeito ao impacto que elas fizeram na minha pele. Os seus dentes
não conseguiram de firmar no meu ombro ou na minha garganta. O
seu peso não era nada. Os meus dentes cerraram infalivelmente a
sua garganta, e a sua resistência instintiva foi lamentavelmente
medíocre contra a minha força. Minhas mandíbulas travaram
facilmente no ponto preciso onde o fluxo quente se concentrava.
Era tão fácil quanto morder manteiga. Meus dentes eram navalhas de
aço; eles cortavam através da pele, da gordura e dos tendões como
se eles não existissem.
O sabor era errado, mas o sangue era quente e molhado e acalmava
a sede louca que pinicava enquanto eu bebia apressada e
ansiosamente. A resistência do gato foi ficando mais e mais fraca, e
os seus gritos acabaram-se com um murmúrio. O calor do sangue
irradiou por todo o meu corpo, aquecendo até mesmo a ponta dos
meus dedos.
O leão havia se acabado antes de mim. A sede se alargou novamente
quando ele ficou seco, e eu afastei sua carcaça do meu corpo
enojada. Como eu ainda podia estar com sede depois de tudo isso?
Eu me pus ereta em um movimento rápido. De pé, eu percebi que eu
estava uma bagunça. Eu limpei meu rosto na parte de trás do meu
braço e tentei arrumar o vestido. As garras que haviam sido tão
ineficientes contra a minha pele haviam tido mais sucesso com o
cetim fino.
- Hmmm. - Edward disse. Eu ergui meus olhos para vê-lo encostado
casualmente no tronco de uma árvore, me observando com um olhar
pensativo em seu rosto.
- Eu acho que podia ter feito isso melhor. - eu estava coberta de
sujeira, meu cabelo cheio de nós, meu vestido manchado de sangue
e em fiapos. Edward não voltava para casa de viagens de caça deste
jeito.
- Você se saiu perfeitamente bem. - ele me assegurou - É só que...
foi muito mais difícil para mim observar do que deveria ter sido.
Eu ergui minhas sobrancelhas, confusa.
- Vai contra a minha natureza, - ele explicou - deixar você lutar com
leões. Eu estava tendo ataques de ansiedade o tempo todo.
- Bobagem.
- Eu sei. Velhos hábitos são difíceis de superar. Mas eu gosto das
melhorias no vestido.
Se eu pudesse corar, eu o teria feito. Eu mudei de assunto.
- Porque eu ainda estou com sede?
- Porque você é jovem.
Eu suspirei.
- E eu não acho que hajam outros leões da montanha por perto.
- Mas há muitos veados.
Eu fiz uma careta.
- O cheiro deles não é tão bom.
- Herbívoros. Os comedores de carne tem um cheiro mais parecido
com os humanos - ele explicou.
- Não tão parecido assim com os humanos. - eu discordei tentando
não lembrar.
- Nós podemos voltar. - ele disse solenemente, mas havia uma luz
de provocação no seu olhar - Quem quer que fosse por lá, se fossem
homens, eles provavelmente nem se importariam com a morte se
fosse você a entregá-la. - o olhar dele percorreu o meu vestido
rasgado novamente - De fato, eles iriam pensar que já deviam ter
morrido e ido para o céu no momento em que te visse.
Eu rolei os meus olhos e bufei.
- Vamos caçar alguns herbívoros fedidos.
Nós encontramos um grande bando de veados enquanto voltávamos
para casa. Ele caçou comigo desta vez, agora que eu havia pegado o
jeito da coisa. Eu derrubei um grande macho, fazendo uma bagunça
tão grande quanto a que eu havia feito com o leão. Ele havia
terminado com dois antes que eu terminasse o primeiro, nem um fio
de cabelo fora do lugar, nem uma mancha na sua camisa branca. Nós
perseguimos o bando amedrontado e horrorizado, mas em vez de me
alimentar, desta vez eu observei cuidadosamente para ver como ele
conseguia caçar de forma tão asseada.
Pensando em todas as vezes que eu desejei que Edward não tivesse
que me deixar para trás quando ele fosse caçar, me deixou
secretamente aliviada. Pois eu tinha certeza que ver isso seria
assustador. Amedrontador. Que vê-lo caçar iria fazer com que eu
finalmente o visse como um vampiro.
É claro que era muito diferente desta perspectiva, agora sendo uma
vampira eu mesma. Mas eu duvido que até mesmo os meus olhos
humanos tivessem perdido a beleza aqui.
Era uma experiência surpreendentemente sensual observar Edward
caçar. O seu disparo suave era como o bote sinuoso de uma cobra;
as suas mãos eram tão assertivas, tão fortes, tão completamente
inescapáveis, os seus lábios cheios eram perfeitos enquanto se
separavam sobre seus dentes brilhantes. Ele era glorioso. Eu senti
um choque repentino de orgulho e desejo. Ele era meu. Nada jamais
poderia separá-lo de mim agora. Eu era forte demais para ser
arrancada do lado dele.
Ele era muito rápido. Ele se virou para mim e me encarou curioso
com a minha expressão exultante.
- Não está mais com sede? - ele perguntou.
Eu dei de ombros.
- Você me distrai. Você é muito melhor nisso que eu.
- Séculos de prática. - ele sorriu. Os seus olhos eram
desconcertantemente adoráveis num tom de mel dourado agora.
- Apenas um. - eu o corrigi.
Ele riu.
- Você está satisfeita por hoje? Ou você quer continuar?
- Satisfeita, eu acho. - eu me sentia muito cheia, meio como se
estivesse com o estômago cheio d’água. Eu não tinha certeza quanto
mais líquido caberia dentro do meu corpo. Mas o fogo na minha
garganta estava apenas atenuado. Mas então, eu já sabia que essa
sede era apenas uma parte inescapável desta vida.
E valia a pena.
Eu me sentia no controle. Talvez o meu senso de segurança fosse
falso, mas eu estava bem convencida de que não iria matar ninguém
hoje.

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