Akali engoliu em seco. Suas mãos estavam suando. Como ela poderia se explicar? Talvez Irelia pudesse ajudar, mas… por que diabos ela faria isso? A Lito é a primeira da fila das pessoas que detestam Akali. Mas ela estava lá, eu viu tudo e poderia ser uma boa testemunha… São nessas horas que ela odeia Kai'Sa por ser uma péssima amiga.
~flashback on~
~ontem~
Akali pediu licença à professora Lissandra e explicou tudo antes que ela começasse o sermão. Ela escapou, dessa vez. Ela pediu licença mais uma vez e foi até sua carteira. Irelia já a olhava com um brilho intenso nos olhos e Kai'Sa tinha os braços cruzados. Claramente esperando por um tipo de explicação. A japonesa sentou em seu lugar e automaticamente estendeu a advertência para a melhor – pior – amiga.
— O que é isso? Advertência?
— Mandaram trazer assinado até amanhã de manhã por um responsável. - explicou e começou a tirar o material necessário da bolsa.
— Você ganhou uma advertência?!
A alma de Akali saiu por alguns instantes e retornou lentamente ao seu corpo. Por que Irelia estava sempre tão atenta ao que acontecia com ela? Ela a odeia, não é? Então, por que parece que ela está sempre espreitando atrás dela?
— Eu acordei tarde de novo e acabei me atrasando. Eu pensei que se corresse, eu chegaria a tempo, mas acabei derrubando a professora de história e ela me deu uma advertência. - explicou rapidamente e abriu seu caderno para fazer anotações.
— Atrasada de novo, Akali?! Qual é o seu-
As duas ouviram o som de algo rasgar e olharam para a fonte. Kai'Sa tinha acabado de rasgar a advertência com um sorriso travesso.
— Oops! Acho que usei força demais para segurar.
Akali poderia jurar que Irelia estava tendo treco e só depois de processar o que Kai'Sa fez, ela arregalou os olhos e gritou no meio da aula:
— SUA FILHA DA-
Enfim, não foi um dia legal para Akali.
~flashback off~
A garota de boné se perguntava como iria explicar que seu "responsável" rasgou a advertência. Talvez ela devesse dizer que sua cachorra comeu, na intenção de humilhar Kai'Sa, mas essa desculpa já é ultrapassada e ela seria vista como mentirosa. Talvez ela devesse apenas fingir que nada aconteceu e ir embora. Ninguém iria vê-la mesmo. No dia seguinte, ela chegaria mais cedo que a professora e a evitaria. Mas ainda há as aulas… urgh, por que é tão difícil burlar uma advertência?!
Ela estava ao lado da coordenação, andando de um lado ao outro e estava muito ocupada para perceber a aproximação da terceirista. Ela acabou esbarrando com a cara entre dois montes macios e ali ela se viu morta.
— Confortável? - a voz soou áspera e Akali pulou após perceber que tinha paralisado naquela posição.
Katarina a encarava com seriedade. Ela vai me matar, Kai'Sa eu te odeio tanto. Se eu morrer, eu volto pra te assombrar lamentou mentalmente e deu alguns passos pra trás com um riso nervoso.
— Mil desculpas, senpai. Eu não estava olhando para onde estava indo.
— Depois eu que sou a cega. - retrucou e se inclinou sobre Akali - o que você tá fazendo aqui? Você não é da turma da Cass?
— Cass…?
— Cassiopeia. - esclareceu com um rolar de olhos e Akali sentiu-se idiota. - então há delinquentes na mesma turma que minha irmã? Oh, isso é inaceitável.
— O que? Não, não, não, não! Eu não sou nenhuma delinquente, só estou procurando por algo que perdi - riu nervosa - isso aí, eu perdi uma coisa - encontrou os polegares freneticamente.
Katarina levantou a sobrancelha dividida pela cicatriz e Akali engoliu em seco.
— Du Couteau. Já está intimidando os primários?
Salva pelo gongo. Sivir estava ali e veio em seu resgate. Katarina rolou os olhos verdes - e por mais que ela estivesse a intimidando segundos atrás, Akali não pôde deixar de achar extremamente sexy – e desdenhou da egípcia.
— Oh não. A justa Sivir veio em defesa dos fracos.
— Olha, eu não acho que-
— Oh não, a valentona Katarina estava intimidando alunos mais novos. O que? Não consegue assustar os da sua classe e prefere os molengas?
— Sério, podem parar de falar de mim como se-
Akali sabia que Sivir estava tentando ajudar, mas chamá-la de molenga não é muito encorajador. A discussão das duas teria durado mais tempo se a professora Sona não tivesse aparecido – com Seraphine a reboco – e todos tinham um profundo respeito pela profissional e sua paciência quase infinita. As duas lançaram olhares de promessas raivosas e se dissiparam. Cada uma para um lado.
— Oi Akali! Você é a Akali, não é? Eu sou a Seraphine da turma ao lado! - a garota de cabelo rosa chiclete era deveras animada para não chamar de hiperatividade - tudo isso é tão incrível! A professora Sona estava me contando sobre a história do etwahl dela e foi tão incrível! Você quer ouvir? Eu posso contar pra você! Tem tantos detalhes magníficos que eu me animo só de lembrar. - deu pulinhos em seu lugar.
— É, claro. Seria incrível, mas eu tenho, um, err, prometi que faria uma coisa pra alguém… em algum lugar daqui a pouco.
Seraphine estreitou o olhar para Akali, examinando o sorriso nervoso da outra.
— Tudo bem! Vamos, professora Sona!
A musicista pareceu choramingar e continuou sendo arrastada pela aluna. Akali suspirou em alívio antes de ser empurrada bruscamente por alguém.
— Sai do meio, pirralha. Quer ser atropelada? – Leona, último ano.
— N-Não, mil desculpas. Eu que estava atrapalhando, senpai.
A ruiva sequer ficou para ouvir as desculpas. A japonesa espiou dentro da coordenação e notou um fluxo incomum naquela manhã. Por que tantos alunos dos últimos anos – tirando Seraphine – estavam perambulando por ali? Miss Fortune parecia entediada enquanto atendia Zyra. Todos os professores pareciam bastante ocupados. Exceto os que não davam aulas para os últimos anos, entre eles, Evelynn. Ela tomava uma xícara de café, imperturbável, considerando a situação do lugar em que estava. Ela estava tão tranquila que Akali não pôde evitar ficar no mesmo estado. Porém, sua tranquilidade foi pelos ares quando notou a professora lhe olhando. Atrapalhou-se com os próprios pés e quase caiu. Teria sido um vexame.
O grande problema agora é que a docente já tinha a visto. Não tinha como ela fingir que não viu nada e simplesmente ir embora. Era ridículo. Ela teria que ficar e encarar as consequências do que Kai'Sa fez com ela – maldita seja Kai'Sa, que ela morra amanhã, amém. Em passos curtos, ela ia em direção a professora e ficava mais nervosa a cada segundo porque ela não tirou os olhos dela. O olhar âmbar era tão desconcertante…
— E então?
Evelynn questionou após esperar Akali se acomodar na cadeira.
— Professora, eu… - desviou o olhar para o colo - como eu posso explicar…
— Akali?
— Hein?
Se virou ao ter seu nome chamado. Ela encontrou Irelia em todo o seu esplendor. Uniforme perfeitamente passado e aquela bolsa transversal de couro, o cabelo bicolor preso em um rabo de cavalo - que realçou o rosto lindamente simétrico da Lito - e uma expressão séria.
— Você esqueceu sua advertência na sala de aula. - estendeu o papel para ela.
— O que?
O que? Kai'Sa rasgou o papel, eu vi… Então como…? Akali arregalou os olhos. Não, ela não faria isso, faria…? Para não parecer suspeita, segurou a advertência e agradeceu a Irelia. A presidente do conselho reverenciou a professora e deu um aceno tímido para Akali. Perplexa, ela encara o papel perfeitamente falsificado. Não fazia sentido. Nada disso faz sentido.
— Eu posso ver…?
— Claro, sim, à vontade.
Entregou o folheto e esperou ansiosamente enquanto a professora examinava a assinatura de seu "responsável". O que durou dois minutos pareceram em câmera lenta para Akali. E quando a professora devolveu o papel, seus dedos se tocaram e esse foi o fim da picada. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Muitos sentimentos de estranheza. Akali tinha certeza de que Evelynn estava falando algo, mas não conseguia prestar atenção.
— Professora, eu sinto muito. Eu tenho que ir - agarrou a alça da mochila.
— Mas eu nem-
Porém já era tarde. Akali já tinha atravessado a porta da coordenação. Evelynn expirou confusa e olhou para Ahri.
— Ah, Akali fugiu de novo? - Syndra comentou e sentou onde a aluna estava - o que você fez?
— Eu não sei, exatamente. - respondeu sincera e Syndra estreitou os olhos - o que aconteceu com ela?
— Ninguém sabe o que é, ou se tem um termo científico – meu palpite é TDAH –, mas Akali é emocionalmente sensível e pode ser facilmente sobrecarregada. Novas sensações, sentimentos, mudanças em geral. Tudo pode influenciar. Mas não se preocupe, ela só precisa de um tempinho para processar tudo.
— Tem certeza que está tudo bem em deixá-la sozinha lidando com tanta coisa?
— Sozinha? Ah não, ela tem Kai'Sa. Quer dizer, ela não é exatamente a melhor companhia para um consolo, mas ela se importa com a garota. Estão juntas desde que entraram aqui.
— Kai'Sa?
— Você ainda não a conheceu? Que estranho. Geralmente, ela é destacada do resto da turma. Mas acho que ela não tem ido às aulas por conta da natação. Ela é a capitã da equipe de natação, sabe? Em breve você deve conhecê-la.
Syndra esclarece, mas isso ainda não confortou a Evelynn.
— Fofocando invés de trabalhar, não é, velhaca?
— Ora, sua…!
— Evie, se você quer uma dica, não se envolva muito no pessoal dos alunos. Sabe? Um dia eles vão se formar e esquecer de você. E se criar laços será muito difícil se despedir deles.
— Olha só quem fala.
— Cala a boca, Syndra.
— Uau, ela sabe o meu nome. Impressionante.
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