Depois de ser barrado algumas vezes por pessoas que o reconheciam na praia, Luffy finalmente estava próximo de chegar ao local onde iria se encontrar com seus amigos. Por mais gentil e carismático que fosse, ele não conseguia negar o quanto achava irritante ser abordado por pessoas pedindo fotos ou meninas eufóricas causando algum tipo de constrangimento. Ele nunca quis ser aclamado por ninguém, só queria ser livre para fazer o que lhe desse na telha. Passar por essas situações se torna bem pior considerando o seu estado mental.
O moreno não conseguia parar de pensar na sua amiga. Ele honestamente não entendia por que exatamente Nami ficou tão irritada com o seu ato. Na sua cabeça, era ela quem estava errada em querer controlar suas atitudes, isso não lhe dá o direito de se irritar um pouco? Era o que ele queria saber, mas o peso da culpa não o permitia chegar a uma conclusão. O rapaz não suportava a ideia de estar brigado com a ruiva. Mal conseguia pensar na possibilidade de magoá-la, Nami é muito preciosa para ele. E foi com essas preocupações que ele continuou caminhando até chegar no seu destino, onde encontrou o tão familiar grupo de colegas. Os simples sorrisos e acenos foram suficientes para recarregar minimamente suas energias.
De prontidão, foi recebido por abraços eufóricos de Shirahoshi e Rebecca, e sem tempo de reagir, acabou derrubando sua prancha na areia. Era cômico para os demais presentes ver que as duas não escondiam que gostavam dele — menos para Sanji, esse sentia raiva.
Depois de retribuir os abraços, pegou sua prancha e seguiu em direção ao restante do grupo. De prontidão indagou-se internamente a ausência de Vivi e Nami, mas preferiu relevar por hora.
— Achei que o idiota não ia chegar nunca. — disse Sanji. Seu tom de voz carregava um certo descontentamento.
— É, tive uns imprevistos no caminho, hehe. — respondeu coçando a cabeça.
— Esses imprevistos de alguma forma envolvem minha Nami-chan? — o loiro perguntou sério.
Nesse momento, até Robin se sentiu tensa. Sanji e Luffy encararam-se seriamente por um curto tempo, até o moreno virar o rosto e dizer:
— Bom, um pouco… — respondeu sem jeito.
— Bem que eu imaginei. Não importa o que tenha acontecido, Nami chegou aqui chateada, então seja homem e peça desculpas quando ela voltar.
Para Sanji, sua atitude parecia correta. Ele estava defendendo sua “amada”, afinal de contas. Todavia, Luffy já estava confuso demais com toda a situação, então tais palavras não o deixaram feliz.
— Sanji… — o moreno falou sério. Seu olhar chegava a ser intimidador. — Isso não é da sua conta.
Não era comum ver o menino feliz e abobado agindo daquela forma, então era de se esperar que algo havia acontecido. Todos ali presentes engoliram seco.
Todos, menos o Sanji.
— Não me venha com esse papo de merda! — o loiro falou, dessa vez um pouco mais agressivo. — Você acha mesmo que eu não sei que você irritou a Nami?! Todos perceberam que ela chegou irritada, e coincidentemente você não estava junto a ela e o Marimo!
Luffy sentiu uma pontada no coração ao constatarem que Nami estava mesmo irritada. Começou a apertar os punhos como quem segura uma grande raiva.
Percebendo o clima quente, Usopp resolveu intervir:
— Oe, Sanji! Se acalma, não podemos assumir nada já que não estávamos lá para ver o que aconteceu. — tentou acalmar.
— Eu não quero saber! Uma mulher magoada nunca está errada, entendeu? — é claro que Sanji não deixaria de expressar seu romantismo exagerado. — Ei, Marimo! Desembucha, o que rolou antes de vocês chegarem?! — disse apontando para Zoro, exigindo uma resposta.
Zoro, que estava deitado de olhos fechados desde que chegou simplesmente respondeu:
— Não é da minha conta. — disse tranquilamente.
— Ora, seu… — praguejou o loiro, frustrado com a resposta.
Não era justo que Sanji tratasse Luffy com ultraje já que ele não era responsável pela forma como Nami reagia, ainda por cima, seu amigo de sobrancelhas exóticas criou um baita clima. O moreno já não aguentava a tensão no ar e sentiu que não havia opção a não ser responder à rispidez de Sanji no mesmo tom. Por mais que odiasse agir dessa forma, estava disposto a isso.
Antes que o Monkey o fizesse, uma voz não tão familiar a maioria dos presentes surgiu, o que chamou a atenção de todos:
— Ora ora, mas que confusão é essa? — era uma voz feminina. — Maninho, não me diga que você está brigando com seus amigos.
Era Vinsmoke Reiju em pessoa. Colocando de outra perspectiva, a responsável por desencadear toda a situação conturbada que a mesma constatou, mas é claro que ela não iria admitir.
Sanji levou alguns segundos para analisar cada característica da presença feminina e chegar a conclusão de que era sua irmã.
— REIJU?! — falou surpreso. — O que faz aqui?!
— Ué, isso é forma de cumprimentar sua irmã? — disse a rosada. Cruzou os braços fingindo estar desapontada. — Bem, não me surpreende. Você ama todas as mulheres, menos a sua irmã que te cuida com tanto carinho. — enxugou uma lágrima falsa de seu olho.
— Não seja dramática! — o mais novo respondeu, o que arrancou uma risada de sua irmã.
Robin, que estava quieta até então, não pôde deixar de indagar-se a si mesma a respeito de Reiju.
“Minha intuição me diz que Reiju é uma peça chave nessa situação toda”, pensou a morena.
Sanando a dúvida de seu irmão, a rosada disse:
— Bem, eu vim aqui porque me encontrei com o Luffy mais cedo. — falou enquanto se aproximava do moreno. Chegando perto, enlaçou seus braços em seu tronco, envolvendo-o transversalmente. — Né, Luffy? — disse em um tom meigo, apertando mais o abraço.
O outro por sua vez se afastou da moça um tanto sem jeito, parecia desconfortável com o ato. Para ele, aquela proximidade não lhe caiu bem, inevitavelmente o sentimento de culpa relacionado a Nami lhe invadiu.
— Oe, Reiju! Que intimidade é essa com o Luffy? — perguntou o irmão mais novo. Sanji ama todas as mulheres, mas quando a mulher em questão é sua irmã, ele pode ser um tanto ciumento.
— Oras, eu só abracei ele, o que tem demais? — ela fez um biquinho. — Eu gosto dele, é o seu querido amigo que sempre cuidou de você, maninho!
— Humf! — o loiro bufou. — Nós é que cuidamos desse doido.
E todos concordaram com a cabeça.
Todos que observavam a cena estranharam a atitude de Reiju, ninguém sabia que ela era próxima o suficiente do rapaz para agir daquela forma tão grudenta — se é que é próxima mesmo. Foi só isso que Robin precisou para ligar os pontos.
Primeiramente, Luffy, Nami e Zoro supostamente chegariam juntos. Depois, os dois últimos de fato chegaram, porém sem o moreno e com uma ruiva de muito mau humor. Se Luffy não chegou junto e Nami estava com raiva, ver uma mulher agindo de forma suspeita com o rapaz fazia Robin imaginar toda a situação. Só lhe restava confirmar para ter certeza.
Em meio a toda cena que ali se desenrolava, Vivi estava chegando no local carregando as bebidas compradas em uma bolsa de praia. Seus amigos começaram a acenar quando avistaram-na. A Nefertari não pôde deixar o olhar de surpresa de lado quando avistou no meio de seus amigos a pessoa que estava discutindo com Nami minutos antes.
“Eu demorei tanto assim? A Reiju conseguiu chegar antes de mim! Mas o que ela faz aqui afinal?”, pensou. Mas foi só perceber que ela estava ao lado de Luffy para entender que aquele dia seria bem complicado.
Reiju ficou séria ao vê-la. Vivi não sabia, mas a mulher percebeu que ela estava escondida na hora da discussão com Nami e tinha uma pergunta em aberto na sua cabeça. As duas cruzaram os olhares sem conseguir saber muito bem o que se passava na cabeça uma da outra, mas coisas boas não eram.
Obviamente, ninguém conseguiu ignorar o fato de que Nami não estava com a azulada, o que era estranho sabendo que as duas saíram juntas. Esse fato só fez com que Robin pudesse fundamentar ainda mais as suas suspeitas, dessa forma, perguntou:
— Vivi, onde a Nami se meteu?
Vivi precisou conter a expressão de nervosismo sabendo o havia acontecido, sabia que mesmo que escondesse a verdade, a morena não seria convencida por qualquer resposta. Não havia muita opção a não ser omitir.
— Ah, ela me falou que precisava passar em algum lugar e que depois aparecia por aqui. — explicou.
A resposta não deixava de ser verdade, foi exatamente o que Nami havia dito. Mas claro, Vivi sabia muito bem o que tinha acontecido e Robin sabia que a história estava mal contada, mas se fingiu por convencida.
Sabendo que não iria conseguir sustentar nenhuma pergunta sobre o assunto, Vivi direcionou sua atenção a quem realmente lhe importava.
— Luffy! — ela falou animada, indo em direção ao rapaz em seguida. Chegando bem perto, o abraçou e beijou-o na bochecha. — Como você está? — perguntou com um sorriso.
— Tô bem! — ele respondeu, embora sem a mesma energia de sempre, o que fez a garota estranhá-lo.
— Fico feliz por saber. — afastou-se e direcionou seu olhar aos demais, erguendo sua bolsa com as bebidas. — Então pessoal, aqui estão as bebidas de vocês. — ergueu a bolsa enquanto alguns se aproximavam para pegar seus pedidos. — Já que a maioria está aqui, o que vamos fazer agora?
— Que tal a gente jogar um pouco de Vôlei? — sugeriu Rebecca com uma bola em mãos.
— Acho uma boa! — Luffy respondeu e os demais concordaram. Todos começaram a se organizar em seguida.
Durante todo esse tempo, Reiju não deixava de encarar Vivi com seriedade, o que não passou despercebido pela mesma. A azulada sentia que uma situação não tão confortável estava por vir.
(...)
Um pouco distante do grupo de amigos, uma certa ruiva vagava sem rumo pelo deck da praia de Foosha. Nami sentia-se fragilizada. Sua conversa com Reiju não a fez nem um pouco bem. Com o corpo fraco e uma sensação gélida em seu tronco, a garota se forçava a ficar de pé enquanto tentava alcançar um banco de madeira próximo a uma galeria de lojas. Após finalmente chegar em frente ao objeto, sentou-se de prontidão. Foi um alívio para suas pernas trêmulas. Curvou seu corpo para frente e ao apoiar seus cotovelos em suas coxas, apoiou seu rosto em suas mãos. Seu coração estava a mil, tão acelerado quanto sua cabeça rodeada de pensamentos.
“Será que eu sou um estorvo mesmo?”, pensou.
“Não, eu não sou.”
“Mas pode ser que eu seja!”
“Sem chance!”
“Pode ser sim, deve ser por isso que o Luffy não me obedeceu naquela hora!”
“Já chega, apenas pare!”
“Pare!’
“Pare!”
“PARE!”
“Eu não queria ser assim.”
Em meio a sua turbulência de pensamentos, se permitiu derramar lágrimas de angústia.
— Uma pessoa horrível como eu só presta pra estragar tudo à sua volta mesmo. Talvez o Luffy comece a me odiar, afinal, olha só como eu trato ele. Eu mereço isso. — falou baixo o suficiente para que só ela se escutasse. — Era isso que você queria, né, velho de merda. — a silhueta de seu “pai” surgiu em sua cabeça.
— Nami-ya?
Uma voz rouca a tirou de dentro de si, quase como alguém a puxando de um buraco.
Ao afastar as mãos encostadas em seu rosto, lentamente ia levantando a cabeça para tentar reconhecer a pessoa que lhe chamou. As lágrimas lhe atrapalharam a vista, então tratou de enxugá-las, revelando a imagem de um moreno tatuado em seguida.
— Law? — sua voz saiu baixa devido a dor na garganta oriunda do choro.
O rapaz sorriu sem jeito.
Se tratava de Trafalgar Law, um jovem de cabelo preto e cavanhaque. A região de seus olhos era levemente escurecida por olheiras. Usava uma camiseta regata branca, o que deixava à mostra suas tatuagens tribais que cobrem seu tronco e braços.
— Você está bem? — ele a perguntou, recebendo silêncio em resposta. Percebeu pelo rosto da outra que sua pergunta fora um tanto irrelevante considerando o estado da menina. — Tudo bem, eu entendi. Você precisa de algo? Quer que eu te leve para algum lugar mais tranquilo?
Ela acenou positivamente.
— Certo. — ele respondeu. — O estúdio da sua irmã é aqui perto, estou indo lá agora. Vamos? — estendeu sua mão para a garota.
Ainda fragilizada, Nami não conseguia falar muito, então só estendeu sua mão de volta e permitiu que Law a guiasse até o local mencionado.
Após caminharem de mãos dadas por poucos minutos, chegaram no estúdio de tatuagens de Nojiko. O lugar era pequeno e tinha uma estética minimalista. No lado esquerdo, havia algumas cadeiras acolchoadas que acompanhavam uma mesa de centro com algumas esculturas artesanais. Na parede oposta à entrada, situava-se um balcão. A parede do lado direito era cheia de quadros com flashes das mais diversas estéticas. Ao entrarem no estabelecimento vazio, os dois se dirigiram a um dos cômodos onde ficavam os gabinetes de tatuagem.
— Bem, não é como se você não conhecesse o lugar, então fique à vontade, não temos clientes hoje. — disse Law. — Eu vou pegar água pra você.
Nami só assentiu com a cabeça e sentou em uma das duas poltronas ali presentes.
Voltando a atenção para a pergunta em aberto: Sim, Law trabalha no estúdio de Nojiko, a irmã de Nami, desde que se formou no ensino médio, dois anos atrás. O moreno é dois anos mais velho que Nami e a conhece há um bom tempo.
Enquanto a garota esperava, se olhava no espelho ao lado da poltrona. Seus olhos estavam levemente inchados e parecia um pouco pálida. Sentia-se patética, se tem uma coisa que ela não gosta é de expressar vulnerabilidade.
Dois minutos após sua saída, Law voltou ao recinto com uma garrafa d’água e alguns papéis toalha.
— Aqui. — disse enquanto lhe entregava a água. — Imaginei que você fosse querer enxugar o rosto, era o que tinha. — dessa vez lhe entregou os papéis.
— Agradeço a gentileza. — ela falou, seguido de um fraco sorriso.
— Não tem de quê. — respondeu.
Nami bebia a água aos poucos enquanto alternava o olhar entre o homem diante dela e a parede. Um clima de constrangimento pairava no ar, mesmo que se conhecessem, nunca foram muito próximos.
Na tentativa de quebrar o gelo, Law perguntou:
— Então, quer falar sobre o que aconteceu?
Nami permaneceu em silêncio encarando a garrafa em sua mão.
Uma tentativa falha.
— Desculpe, não quis ser invasivo. — justificou-se o outro.
“Droga, o clima já estava ruim, agora piorou”, pensou ele. Permaneceu ali pensando no que poderia falar.
Os dois ficaram cerca de um minuto calados, trocando e desviando olhares. Quando finalmente se sentiu minimamente bem, Nami decidiu quebrar o silêncio.
— Onde está a Nojiko? Confesso que eu pensei em vir para cá quando eu me sentisse um pouco melhor, mas não sabia que ela não estava aqui. — falou enquanto fechava a tampa da garrafinha de plástico. Repousou a mesma em seu colo e usou um dos papéis para secar os resquícios de lágrimas dos olhos.
— Ah, ela falou que tinha um compromisso com alguém e me deixou cuidando da loja.
— Hum, entendi. Me pergunto quem seria essa pessoa. — perguntou-se. Intuitivamente, a imagem de Ace lhe veio à mente.
Os dois sorriam.
— E então, Nami-ya, soube que você se formou. — falou Law, puxando um novo assunto.
— É isso mesmo, agora estou aproveitando minha vida de vagabunda. — riu.
— E já tem algum plano para o próximo ano?
— Bem, o resultado do vestibular sai no fim do próximo mês. Acredito que vou conseguir entrar no curso de Relações Internacionais já no ano que vem, caso contrário, não tenho um plano B definido. — batia as unhas na tampa da garrafa, pensativa a respeito de seu futuro.
— Entendi. Espero que consiga, mas de qualquer forma você tem uma vaga garantida aqui no estúdio. — ele falou sorrindo.
— Eh? Eu como tatuadora? Não acho que daria muito certo, minha habilidade pra desenho não é boa pra essas coisas. — explicou divertida, abanando a mão.
— Ué, mas não falei que era pra ser tatuadora. — pontuou, percebendo a interrogação que surgiu na cabeça da garota. — O nosso balcão está vazio, sabia? Você poderia nos poupar bastante trabalho recebendo os clientes! — disse em meio aos risos.
Nami cerrou os olhos percebendo o pouco caso que o rapaz fez dela, mas não podia negar que a quebra de expectativa a fez rir, sentia-se melhor conversando com ele.
— E você Law, por quanto tempo pretende ser funcionário da minha irmã? — perguntou convencida, respondendo à brincadeira no mesmo nível.
— Hum, na mesma moeda, não é? — riu. — Bem, tudo indica que com mais alguns meses de trabalho eu tenho grana o suficiente para meter o pé daqui de East Blue e tentar o vestibular para medicina.
— Uau, sério? — envolveu seu rosto com as mãos enquanto seus olhos brilhavam depois de ouvir a palavra medicina. De fato, é uma profissão valorizada, o que para nami significa dinheiro. — Pois então, se tiver interesse em uma esposa troféu depois de se formar, estarei à disposição! — piscou o olho em tom de brincadeira, arrancando uma risada do outro.
— Tá certo, vou me lembrar disso. — ele riu.
— Afinal, pra onde pretende ir?
— Para North Blue Island. É lá que estão as melhores faculdades de medicina. — explicou. — Na verdade eu nasci lá, então pode ser que eu acabe ficando mesmo depois de me formar.
— Nossa, não sabia que você era de lá. — falou surpresa. — Como veio parar aqui então, logo num lugar quente desses?
Law fitou o teto, lembrando de alguns episódios de sua vida e pensando em como poderia resumi-los.
— É uma longa história. — ele respondeu enquanto encostava suas costas na cadeira. — Bom, tive uns problemas com minha família quando eu era criança. Resumindo a história, meu tio Rosinante me trouxe para morar com ele. Desde então, ele é minha família.
Nami sorriu ao ouvir a — curta e sucinta — história de vida do rapaz. Assim como em sua infância, ela se sentiu reconfortada ao saber que Luffy também tinha uma estrutura familiar diferente do usual, um sentimento parecido surgiu ao conversar com o jovem tatuador. Ela estava começando a gostar mais de Law.
— Pôxa, é legal saber que existem outras famílias diferentes por aí! — ela falou contente, seu coração ficou aquecido.
— Pois é, já conversei sobre esse assunto com sua irmã antes, sinto o mesmo. — deu um sorriso meigo.
Os dois permaneceram sorrindo enquanto encaravam um ao outro. Aparentemente, ambos sentiram uma ótima sintonia no desenrolar da conversa e até então, Nami havia deixado suas angústias de escanteio. Passar tempo com Law estava sendo muito mais agradável do que qualquer outro momento daquele dia até então. Talvez ter aceitado ir à praia não tenha sido uma ideia ruim, no fim das contas.
Depois de um tempo de troca de olhares, Law começou a sentir seu rosto corar, o que o fez direcionar seu olhar para um ponto qualquer. A ruiva percebeu o ato repentino do outro sem entender o que havia acontecido.
— Tá tudo bem? — ela indagou, se aproximando bastante do rapaz.
Isso só piorou a situação para ele, o rosto próximo da ruiva o deixou mais nervoso, sua resposta imediata foi olhar para baixo, dessa vez o seu azar foi ter se deparado diretamente com o decote do vestido da garota, o que o fez corar mais ainda.
“Merda! O que eu tô pensando? Ela é a irmã mais nova da Nojiko!”, gritou internamente. Demorou a se dar conta que seu batimento cardíaco havia aumentado.
— Law, responde! — Nami insistiu, chegando mais próximo. Esse movimento definitivamente não ajudou o coração de Trafalgar.
Ele não conseguia negar. Nami é extremamente atraente, no nível de tirar o fôlego. Desde o momento que entrou no estúdio, não conseguiu parar de reparar nisso. Chegou a se sentir mal em dado momento por pensar tal coisa sabendo que a garota estava em um momento de fragilidade. Mas sabendo que agora ela se sentia melhor, perguntou a si mesmo se era de algum mal tomar uma atitude.
Em um ato de coragem regado a muito medo, dirigiu lentamente sua mão esquerda à bochecha da ruiva. Nami sentiu seu corpo formigar por completo, estática. Sua única reação foi ficar boquiaberta, seu corpo não parecia querer tomar alguma atitude. Law estava disposto a avançar, mas antes que o fizesse, escutou um grito interno:
“Pare!”
E de forma brusca, se afastou da garota, se levantando em seguida. Nami, por sua vez, permanecia exatamente do mesmo jeito, mas com a adição de um olhar de confusão, indicando que aguardava uma resposta.
— N-Nami… — foi só isso que o moreno conseguiu falar, a desorganização mental lhe cortou a língua por um instante.
— Oi… — a outra respondeu, voltando a se sentar em seguida.
— Nojiko me disse que podíamos fechar mais cedo hoje. Eu vou me encontrar com uns amigos na praia, quer vir? — embora estivesse mais calmo, seu coração ainda trabalhava para recuperar o ritmo. Nem ele sabia se queria que o convite fosse aceito, talvez fosse melhor só fingir que nada aconteceu e evitar encontrá-la nos próximos dias.
— Pode ser… — ela disse sem jeito. Após ponderar sobre a proposta, Nami decidiu aceitar. E se era para sorte ou azar de Law, ele não sabia dizer.
— Tudo bem. Eu vou arrumar minhas coisas, certo? Daqui a pouco saímos. — se retirou da sala em seguida.
Nami ainda tentava processar a situação. Tudo fora tão rápido que não sabia o que sentir. Levou uma de suas mãos à bochecha que Law havia tocado há pouco, relembrando do leve calor de sua mão.
“Eu não sei o que pensar sobre o Law. Gosto dele, mas achei essa atitude bem inusitada. Ainda que eu não queira que aconteça de novo, não consigo dizer que foi ruim”, e corou com o pensamento.
De tudo que ela vivenciou hoje, essa foi de fato a coisa que menos esperou.
(...)
Voltando para o grupo de Luffy, ele e os demais improvisaram uma quadra de Vôlei com marcações na areia e estavam jogando em duplas. No momento, os times são Vivi e Rebecca contra Luffy e Reiju. Vivi até queria ter feito dupla com Luffy — assim como Rebecca —, mas Reiju foi mais rápida na hora de agarrá-lo, definindo-o como seu colega de jogo.
E é claro que a garota de cabelos azuis não ficou contente. Toda vez que a dupla adversária marcava um ponto, a mulher fazia questão de pular em cima de Luffy, sem contar com o fato de que sempre fazia questão de lançar um olhar de vitória para as garotas. Não se faz necessário mencionar que Vivi e Rebecca já estavam fartas de presenciarem os comportamentos provocativos, o que forçou-as a pensar em um contra-ataque efetivo — literalmente.
— Queremos uma pausa, vai ser rápido! — avisou Rebecca, recebendo um sinal positivo da outra dupla. Chegou mais perto de Vivi para que pudessem conversar melhor. — Você tá vendo a forma como essa mulher olha pra nós? — perguntou bem revoltada.
— Nem me fale. Eu não sei o que ela tá querendo provar, mas tá me irritando. — “Embora eu saiba que ela está dando em cima do Luffy. Talvez queira esfregar na nossa cara, mas como ela sabia que eu iria me incomodar?”, questionou-se Vivi.
— Amiga, vamos mudar um pouco nossa posição. Me deixa ficar atrás pra receber a bola e atacar, você levanta pra mim e saca. — sugeriu.
— Tá bom, conto com você!
As duas bateram os punhos e se posicionaram, esperando o saque de Reiju. E então a bola veio. Rebecca a recebeu de prontidão com uma manchete, passando para Vivi que deu o toque perfeito. Após um belo salto e muita força em seu braço, Rebecca ataca a bola, sem nem deixar a dupla adversária reagir.
— Uau! — Luffy falou, sem conter a empolgação com a jogada das garotas.
Aa duas trocaram sorrisos e logo em seguida, Reiju passou a bola para elas com raiva. Vivi não pôde evitar a sensação de dever cumprido, imensurável era o prazer de ver sua adversária surpresa e sem reação com a jogada.
Com a bola em mãos, a azulada preparou o saque jogando a bola para cima e seguindo o exemplo de sua colega de time, usou o máximo de força ao bater na bola. Assim como desejara, mais um ponto para elas, a bola acertou a linha, sem tempo de resposta da dupla adversária. Rebecca pulou de alegria, gritando um “isso!” cheio de euforia.
Com a bola em mãos mais uma vez, preparava outro saque cheio de confiança. Todavia, dessa vez percebeu que Luffy e Reiju recuaram bastante, deixando bastante espaço em aberto.
“Eles querem deixar a gente ganhar por acaso?”, perguntou-se. Notou que a expressão de Reiju era bem concentrada, e sua boca dava vazão a um sorriso travesso. Mas sem pensar demais, juntou força e realizou o saque, mirando na área aberta do lado adversário. O susto chegou ao ver que Luffy era muito ágil, e conseguiu manchetar a bola perfeitamente, mesmo tendo que se jogar no chão. Reiju foi esperta, normalmente é de se esperar que o time toque na bola duas vezes antes de atacar, mas a manchete de Luffy foi boa o suficiente para que ela adiantasse o ataque na segunda jogada, garantindo o ponto. E claro, não pôde deixar de concluir com um sorriso vitorioso. Rebecca e Vivi se entreolharam. Talvez tivessem subestimado os dois por um momento, esqueceram que na realidade ambos são ótimos em esportes.
A partir de então, o jogo foi uma sequência de rallys intermináveis. No fim das contas, mesmo com seus esforços, as duas “princesas” perderam de dois sets a zero. Cansada da partida e totalmente derrotada pelo comportamento provocativo de Reiju, Vivi queria urgentemente descansar e beber alguma coisa refrescante, indo em direção ao guarda-sol onde Robin se encontrava serenamente. Sentou-se de prontidão e puxou o cooler de bebidas à procura da garrafa mais gelada que pudesse encontrar.
Durante todo o trajeto, Reiju a observava. Ela tinha uma pergunta para fazer a mais nova.
— Ei, Luffy. — ela chamou o garoto. — Eu quero dar uma pausa. Se importa em jogar com outra pessoa?
— Sem problemas. — respondeu tranquilamente. — Oe Usopp, você vai ser minha dupla agora.
— De boa! Sanji, Zoro, só restou vocês dois pra formarem dupla. — o narigudo avisou enquanto caminhava para “quadra”.
Os dois rapazes se encararam com desdém e sem um pingo de vontade de formarem dupla um com o outro. Não demorou para que uma sequência de “marimo idiota” e “cozinheiro tarado” começasse a ser proferida, o que tomou muito do tempo que poderia ter sido utilizado para comçarem a partida.
Ao se retirar do grupo de garotos idiotas, Reiju foi ao encontro de Vivi e sem nenhuma cerimônia, sentou ao seu lado, fazendo a garota encará-la com muita surpresa. A mais velha então apoiou seu braço em seu joelho, e levando sua mão para dar apoio ao seu rosto, encarou a mais nova de forma simpática.
Vivi e Robin permaneciam sem entender o que estava acontecendo, no aguardo de qualquer palavra que a rosada pudesse proferir.
— Então, Vivi-chan… — ela começou a falar, mantendo a simpatia na voz. — Não tem algo que você gostaria de falar?
Nefertari estava seriamente confusa. Não fazia ideia do que a outra estava falando. Robin permaneceu em silêncio, atenta a ao desenrolar da conversa.
— Do que você está falando? — Vivi perguntou, piscando os olhos repetidamente por conta do nervosismo.
— Ora, não se faça de boba! — Reiju sorriu e mudou seu semblante para um mais sério em seguida. — Você acha que eu não te vi quando eu e a Nami estávamos conversando mais cedo?
E o coração da outra gelou. Em nenhum momento chegou a cogitar que alguém a havia visto ali escondida. Seu rosto assustado a entregou, não existia possibilidade de criar uma história para se esconder.
— Vivi, do que ela está falando? — finalmente Robin se pronunciou, mas sua amiga permanecia em choque, não sabia o que responder.
— Deixa que eu te explico, Robin. — ainda com seriedade, Reiju tomou a palavra. — Você já deve saber que suas duas amigas estão gostando daquele rapazinho ali. — apontou para Luffy, que ainda estava esperando Zoro e Sanji pararem de brigar. — Pois então, se não sabia, eu também estou. — Robin arregalou os olhos de leve, embora a surpresa não fosse tão grande. — Hoje cedo, Nami e Vivi estavam juntas. Aparentemente, Nami se separou dela e veio ao meu encontro para falar umas poucas e boas. Digamos que a situação não terminou bem, acabei exagerando nas palavras e sua amiga saiu de lá bem desamparada. A questão é que durante todo esse tempo, a princesinha aí estava escondida nos observando, e mesmo vendo a amiga naquele estado, não foi atrás de ajudá-la. — concluiu.
Robin não queria acreditar no que ouviu. Ver Vivi fitar o chão sem parar, como se tentasse achar uma forma de justificar tudo que Reiju havia dito foi preocupante. Ela nem se deu o trabalho de questionar uma palavra sequer.
— Vivi, isso é verdade? — a morena perguntou séria, recebendo um leve aceno positivo de resposta. — Vivi… — falou preocupada.
A azulada respirou fundo e juntou forças para conseguir falar. Embora tudo fosse verdade, havia um pequeno detalhe que ela não entendeu ainda.
— Pois é, você está certa. — a garota falou grosseira, encarando a mais velha nos olhos. — Mas qual o seu intuito com essa conversa? Eu posso ter agido de forma egoísta sim, mas e quanto a você? Foram suas palavras que feriram a Nami! — tentou rebater.
Reiju apenas suspirou com o comentário. Chegava a ser impressionante como a menina não percebia a posição em que se encontrava.
— Sim, minhas palavras a feriram. — confirmou a rosada. — Não quero me justificar, reconheço que fui péssima com ela, mas não estou aqui pra falar de mim. A questão é que nessa vida, é de se esperar que as pessoas nos machuquem. Da mesma forma, nós esperamos que aqueles que nos amam nos acolham quando estivermos feridos, não?
Se tem uma coisa que Reiju sabe fazer é encurralar pessoas com suas palavras.
A imagem que Vivi tinha da Vinsmoke não condizia com a que estava presenciando. Até pouco tempo atrás, ela agia feito vilã. Primeiro, desde o momento em que as duas cruzaram olhares, a rosada encontrou todas as formas possíveis de provocá-la com suas atitudes travessas. Ademais, foi capaz de deixar Nami insegura o suficiente para que ela se desestabilizasse por completo. Agora o seu papel inverteu e como se fosse uma paladina, a mulher se colocou na posição de lhe dar uma lição de moral, sem contar que agora Vivi é quem se sente a vilã.
— Vivi. — Robin chamou a atenção da amiga. Levou sua mão até o rosto da azulada para que seu olhar não fugisse. — Me desculpe por não ficar do seu lado dessa vez, mas ela tem toda a razão. — aproveitou que sua mão já estava repousando no rosto alvo da amiga e usou seu polegar para secar a lágrima que descia lentamente. — Sabe o Luffy, o cara que você gosta? Então, ele nunca agiria dessa forma.
Foi o suficiente para a garota se desmanchar em lágrimas. Tapou sua boca para abafar os soluços oriundos do choro. De fato, Luffy nunca viraria as costas para um amigo, ele preferiria tomar a dor daqueles que ama para si, se conseguisse.
— Então… — Reiju falou, direcionado a atenção das outras duas para si. — Eu já falei o suficiente. Não quero bancar a heroína, eu sei que fiz algo péssimo. Mas queria que as amigas da Nami ficassem cientes da situação, é o mínimo que posso fazer. — após concluir, levantou-se e tratou de limpar a areia de suas pernas. — O estúdio da Nojiko não era muito longe de onde eu a vi pela última vez, imagino que ela tenha ido pra lá. — sem cerimônia, afastou-se dali e foi em direção dos demais para assistir a partida de Vôlei de perto.
Logo em seguida, a Nefertari também pôs-se de pé enquanto arrumava seus pertences em sua bolsa. Vestiu seu vestido de praia e calçou as sandálias, indicando que estava de saída.
— Aonde você vai? — Robin lhe perguntou, curiosa com o ato repentino.
— Pra casa. Não tô me sentindo muito bem no momento, prefiro não ficar aqui. — respondeu de forma objetiva.
— Precisa de algo? Quer que eu te acompanhe?
— Obrigado, mas não precisa. — respondeu enquanto colocava seus óculos de sol. — Mas se quiser fazer algo, vê se consegue conversar com a Nami, tá bom? Não sei se sou capaz de fazer isso hoje. — falou enquanto se retirava, tentando não chamar a atenção dos outros amigos. — E por favor, inventa alguma desculpa caso alguém pergunte por mim. — recebeu uma confirmação com a cabeça em resposta.
“Você realmente quer enfrentar a situação da pior forma, não é?”, pensou Robin, enquanto via a garota se distanciar.
(...)
Cerca de uma hora havia se passado e o grupo de amigos sentiam uma atmosfera estranha no ar. Já haviam notado a ausência de Vivi, sem considerar todo o clima estranho que vinha se construindo, já que Nami também estava sumida e Luffy aparentemente tinha um conflito em aberto com a mesma. Definitivamente o clima de praia acabou mais cedo do que o esperado, o que fez com que Rebecca e Shirahoshi se despedissem não muito tempo depois da saída de Vivi. O que era para ser um dia divertido de praia, acabou sendo um encontro de monotonia.
— Cara, que dia estranho. — constatou Usopp, enquanto tomava uma latinha de energético.
— De fato, é um dia incomum. — concordou Robin, bebericando sua garrafa de chá gelado.
Os dois estavam sentados na sombra do guarda-sol, acompanhados de Sanji e Reiju, que observavam o mar junto a eles, e também de Zoro, que tirava um cochilo. O detalhe interessante é que seu corpo estava coberto de areia da praia, uma espécie de escultura de sereia — claro, obra de Sanji e com uma mãozinha das habilidades artísticas de Usopp.
Luffy se encontrava mais afastado, próximo a água do mar, contemplando-o sozinho. Seus colegas de longe o observaram, tentando imaginar quaisquer pensamentos que se passavam em sua cabeça. O moreno estava quieto, o que contribuia para que o dia se tornasse mais estranho que o comum. Por mais que não quisessem perguntar, todos ali sabiam que algo aconteceu entre ele e Nami, embora Robin fosse a única além de Reiju que tinha noção da situação.
— Aquele idiota. — Sanji falou irritado por não ter as respostas que ele queria. Mexia os pés sem parar, impaciente. — Bem, não sei vocês, mas acho que também vou indo. — avisou ao se levantar.
— Se é assim, acho que também irei. — falou Usopp, acompanhando o amigo.
— Nossa, como vocês são sem graça. — foi a vez de Reiju falar.
— Reiju, é fácil dizer, mas o clima de praia acabou cedo pra nós hoje. — seu irmão respondeu.
— Hum, entendo. — disse ela. Ergueu sua mão para o loiro para que a desse uma força para levantar. Agora de pé, foi caminhando em direção a Luffy. — Eu vou ver se ele tá afim de pegar uma onda agora. Te vejo em casa, Sanji. — se despediu enquanto se afastava.
O grupo de amigos ficou lá organizando seus pertences para que pudessem ir embora. Robin em específico, pensava em uma forma de acordar Zoro sem que ele ficasse uma fera por conta da obra de arte que os garotos fizeram.
Um pouco mais adiante, Reiju se aproximou de Luffy, esse ainda não percebera sua presença. Deu dois toques em seu ombro e o rapaz se virou de prontidão.
— Então, seus amigos já estão indo. — ela o avisou.
— Ué, mas já? — disse ele. Procurou seus colegas com os olhos e confirmou o Reiju lhe disse ao vê-los se organizando.
— É, acho que eles não estão mais no clima. — explicou. — Queria saber se a gente não poderia surfar agora, se você quiser, claro. — sugeriu.
— Ah, quero sim! — deu um sorriso de orelha a orelha. — Deixa eu só pegar minha prancha ali e me despedir do pessoal que a gente vai. — e o foi atrás de o fazer logo em seguida.
Reiju sorriu em resposta e acompanhou o garoto com olhar enquanto ele ia em direção aos demais. Soltou um suspiro longo de desânimo. Sentia lá no fundo que toda sua tentativa de se aproximar do rapaz poderia não dar em nada e honestamente, depois do episódio com Nami, era melhor que fosse assim. A Vinsmoke tinha sim interesse no rapaz, mas não era para tanto, só queria se livrar da seca que estava vivendo e achou que o moreno do chapéu de palha era uma boa opção. Porém, suas atitudes até então culminaram em um desconforto coletivo e tinha noção de que não era justo interferir naquele ciclo de amizades.
“Eu vou dar minha última investida. Se eu não tiver retorno, paro por aqui mesmo”, ela pensou. Talvez se dar por vencida fosse a melhor opção.
Agora com sua prancha em mãos, Luffy e Reiju caminhavam pela praia em direção ao centro de salva-vidas para que ela trocasse seu maiô do trabalho por um biquíni. O moreno também carregava consigo a bolsa de Nami, ficou encarregado de devolvê-la já que os dois são vizinhos. No decorrer do trajeto, conversavam animadamente. Cerca de dez minutos depois, eles chegaram próximo ao destino.
Na escada para o deck, desciam juntos um rapaz moreno de tatuagens e uma moça ruiva. Os dois pareciam estar tendo um papo bem descontraído. Luffy então reconheceu a típica cabeleira laranja de Nami, sendo então tomado por um grande sentimento de alegria.
— NAMI! — ele a chamou repleto de energia.
A garota, acompanhada de Law, virou o rosto de imediato para a pessoa que lhe chamou. Luffy se aproximava alegre, erguendo a mão que segurava a bolsa que ela havia deixado para trás. A ruiva deixou escapar uma palavra de desânimo qualquer, sem esconder que não estava muito contente por vê-lo, ainda mais ao perceber a presença da mulher que se aproximava junto a ele.
— Finalmente te encontrei! — Luffy falou contente, esboçando seu típico sorriso animado.
— Hum, que bom… — ela falou sem dar muita bola. Lançou um olhar de julgamento para Reiju, que por sua vez preferiu só virar o seu rosto.
— Aqui, sua bolsa. Fiquei de te entregar. — disse ainda com ânimo.
— Sim, Robin me avisou por mensagem. — respondeu ao receber o objeto, ainda sem vontade. Buscou expressar que não estava com vontade de conversar.
Luffy reconheceu de prontidão o homem que andava junto à Nami, cumprimentando-o cheio de entusiasmo.
— Uau, você é o Torao, né? Lembro que você era calouro dos meus irmãos lá na escola!
— Mugiwara-ya, quanto tempo. — Law o cumprimentou de volta, embora um pouco incomodado pelo nome que fora chamado. — E meu nome é Trafalgar Law, mas me chame de Law. — corrigiu.
— Ah, que nada, Torao é um nome muito mais legal, shishishi! — falou divertido.
Nami já estava enjoada daquela conversa. Sua raiva de Luffy, por mais infantil que fosse, ainda não passou. Olhar para a cara de Reiju também não contribuiu de forma positiva.
— Bem, se era só isso, nós vamos indo. — Nami disse impaciente, puxando a mão de Law.
Esse ato foi muito bem observado por Luffy, que sentiu uma leve pontada no peito. Ele se viu naquela cena porque, tipicamente, é ele quem é puxado pela mão de sua querida amiga. Em um ato instintivo, agarrou a mão da garota, impedindo que ela fosse embora.
— O que é isso? — ela perguntou impaciente.
— Para onde você vai? — Luffy perguntou, expressando um semblante levemente entristecido.
A cereja do bolo na cena foi quando Nami notou o rapaz dando um olhar desconfiado para Law, que permanecia ali esperando por ela. Estaria Monkey D. Luffy enciumado? Ela precisava urgentemente descobrir.
Puxou sua mão, fazendo o Monkey soltá-la. Fez questão de se aproximar bastante de Law, deixando o garoto visivelmente incomodado.
Bingo!
É, nossa ruiva acabara de fazer uma baita descoberta.
“Eu vou fazer muito bom uso disso”, pensou ela, com um sorriso travesso interno.
— Oe, Nami! — o tom de voz de Luffy era de raiva. Ele não conseguiu esconder nem um pouco algo ali que o desagradou profundamente. — Nós viemos à praia juntos, não é justo você ir pra outro lugar do nada! — reclamou.
— Sim, mas até onde eu sei, todo mundo já foi e você já está acompanhado, né? — apontou para Reiju, encarando-a com seriedade.
— Sim, mas por que vocês não vêm com a gente então?
— Oras, porque não queremos. Temos um lugar para irmos juntos. — enfatizou a última palavra, e o garoto com certeza a sentiu.
A cada reação de desconforto de Luffy, Nami dava um sorriso interno. Estava amando saber que encontrou uma forma de chamar a atenção dele.
— Então deixa a gente ir também! — ele implorou.
— Para de ser infantil, Luffy! — Nami o repreendeu. Luffy, por sua vez, ficou estático com a rejeição da garota. — Eu quero estar com o Law agora, tá legal? Você não pode agir pensando só em você. — usou a mesma frase que seu amigo disse para ela anteriormente.
Luffy permaneceu sem reação e permaneceu ali vendo ela sair de mãos dadas com Law.
“Será que a Nami me odeia agora?”, a simples possibilidade lhe esmagava o coração.
— Luffy… — Reiju o chamou. — Posso te falar uma coisa?
O moreno voltou sua atenção para ela, mas com o semblante cheio de tristeza. Era de partir o coração e a rosada se sentia culpada, ainda que não pudesse se responsabilizar pela forma como os dois jovens lidavam com a situação que causou.
— Eu tenho que te pedir desculpas. — curvou seu corpo em uma expressão de vergonha. — Eu agi de forma bem invasiva hoje porque queria que você sentisse desejo por mim. — admitiu. — Acho que meus atos acabaram deixando sua amiga irritada, ela é bem apegada a você, afinal. Enfim, se não fosse por isso, acho que você e seus amigos estariam aproveitando a praia agora.
Mesmo triste, Luffy ainda assim deu uma baita gargalhada com a confissão, deixando a mulher confusa.
— Reiju, eu percebi todas as vezes que você deu em cima de mim hoje. Me perguntei até onde você iria.
— Eh?! — seu espanto fez o mais novo rir mais ainda. — Poxa, e eu pensando que você não tava nem aí. — falou surpresa.
— Bem, não deixa de ser verdade. — deu um sorriso simpático, embora a falta de papas na língua chegasse à rosada como uma facada no coração. — Foi mal, mas eu realmente não tenho interesse em você. — coçou a nuca sem jeito.
— É, acho que percebi isso ao longo do dia. Não tem problema, no fundo eu já esperava. — sorriu. — Me desculpe de novo pela situação que eu causei.
— Não se preocupe. Na verdade, hoje percebi algumas coisas.
— E o que seriam? — perguntou com curiosidade.
— Bem… — levou seu dedo à boca, fazendo sinal de silêncio. — É segredo!
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