~~ Sea Of Wars ~~
{Kiss Of Death}
Orihime foi até o salão principal, hoje era seu dia de limpar os moveis, Nelliel fazia-lhe companhia, enquanto isso. Ela contava à ruiva, suas aventuras românticas, e a ensinava alguns truques na cama. Orihime na maioria das vezes ficava com as bochechas ruborizadas ou caia na gargalhada, as duas estavam ficando cada vez mais próximas.
Nelliel teve sua fala interrompida por uma crise de tosse, tossiu até o ar lhe faltar. Aquilo deixou Orihime preocupada, ela foi até onde à garota estava e lhe deu um copo com água.
— Quer que eu faça um chá pra você? — Orihime questionou apreensiva. Nelliel estava sentada numa cadeira, tentando se recuperar.
— Não, tudo bem. É esse clima horrível, acabo sempre ficando assim no período de chuvas – Nelliel respondeu de forma branda, porem fez uma cara de repulsa ao falar da chuva.
— Entendo — Orihime respondeu neutra, ambas ficaram em silencio e puderam ouvir a tempestade que caia lá fora. — Realmente, o clima está difícil esses dias. Tem dias que são ensolarados, em outros é de chuva intensa. Espero não adoecer também! — concluiu em alerta.
— Tome cuidado! A Isane está tão adoentada que está de cama — Nelliel a advertiu.
Ouviram alguém bater no portão principal, Orihime foi atender, e deu de cara com Ulquiorra, completamente ensopado. A ruiva paralisou ao encara-lo nos olhos. O rapaz tremia de frio, porém não disse nada.
— Ulquiorra... — Orihime sussurrou impressionada, nunca imaginou vê-lo naquele estado — Entre logo!
O moreno nada disse, adentrou no recinto e foi em direção ao seu antigo quarto. Orihime o acompanhou.
— Vou trazer água quente pra você tomar banho — ela falou dando às costas a ele, porém foi surpreendida com ele segurando seu pulso.
— Não se preocupe, eu mesmo esquento minha água. Não quero vê-la fazendo esforços demasiados. Será que não pretende se recuperar nunca, mulher? — o rapaz questionou-a de forma séria, sem deixar de encara-la nos olhos, deixando Orihime totalmente desconcertada.
— Tudo bem...Irei deixa-lo só então — a ruiva falou desconfiada.
— Quando eu terminar, irei vê-la, precisamos conversar — Ulquiorra falou frio e fechou a porta em seguida. Orihime permaneceu parada por alguns segundos, totalmente confusa.
— Estupido! — falou irritada e saiu.
.....
Orihime sentia várias sensações estranhas, estava alegre com o retorno de Ulquiorra. Apesar do rapaz não ser um dos mais falantes, gostava das poucas palavras que trocava com ele. Pensava se o que Nelliel havia dito seria verdade, e se ele estivesse gostando dela? Aquilo a deixou inquieta, não poderia retribuir os sentimentos dele. Seria uma ofensa se em tão pouco tempo após a morte de Ichigo, já se envolver com outro, além disso seu corpo ainda não estava em perfeitas condições para isso. “Mas por que pensar sobre isso agora? Orihime se repreendeu em pensamentos. “Talvez ele nem goste de mim, estou sofrendo por antecedência” concluiu amarga. Também tinha receio da proximidade dos dois, Ulquiorra apesar de gentil, não tinha deixado de ser o general que liderava o ataque em sua cidade. Resolveu que agiria com cautela, e conversaria com ele, mas estava muito curiosa em saber o que ele tinha a lhe dizer.
Ela estava em seu próprio quarto, organizando algumas coisas. Ouviu alguém bater na porta e correu para atender, como ela imaginava, era Ulquiorra.
— Não acha melhor irmos para um dos salões? Como você disse no outro dia, não é bom que me vejam no seu quarto. Podem imaginar “coisas” — Ulquiorra falou sério, porém Orihime notou uma certa malicia na última fala.
— Não me importo mais com isso, entre! — respondeu-o de forma firme, o que acabou arrancando um pequeno sorriso do rapaz.
— Eu acho seu quarto muito organizado — ele falou de forma sutil e deixou Orihime com o rosto ruborizado.
— Obrigada! — o agradeceu de forma branda. Observava curiosa os passos do rapaz em seu quarto. Agora ele estava vestido com roupas enxutas na cor preta, deixando ainda mais destacada à sua pele clara. Ele focou o olhar no dela – Então...o que tem a dizer? – questionou levemente irritada – Por quê sumiu por tantos dias? Fiz algo que lhe desagradou? – a ruiva estava tão nervosa que acabou fazendo perguntas intimas demais.
— Hum.
— Isso não é uma resposta – retrucou arrisca.
— Precisava resolver algumas coisas na cidade, colocar alguns rebeldes no lugar deles, por ordem! – Ulquiorra ficou frente a frente com ela, enquanto falava de forma fria – A única coisa que me desagrada em você, é o fato de você ser inimiga.
Orihime gargalhou.
— Você não vai conseguir me intimidar com isso, Ulquiorra! – retrucou com desdém – Se você quisesse me matar já teria o feito. Teria me matado no dia que me encontrou na carruagem, não dando nenhuma chance aos seus amigos de me salvar.
— Não fique tão convencida – ele respondeu indiferente – Assim que a chuva passar, iremos ter um breve duelo, quero ver o que você sabe fazer – depois de falar deixou o quarto.
— Eu não aguento mais a bipolaridade desse homem – Orihime resmungou para si e em seguida se jogou na cama. Estava muito cansada e acabou dormindo.
.....
Passaram-se três longos dias de chuva. No quarto dia, amanheceu ensolarado, porém com um clima agradável. Ulquiorra evitou ver à ruiva durante esse período, optou por passar a maior parte do tempo, escrevendo ou bebendo no próprio quarto. Fazia tudo isso para deixar a mente ocupada e não acabar pensando em Orihime, tudo em vão; não conseguia esquece-la num só segundo. Estava ficando insuportável ficar debaixo do mesmo teto que o dela e não lhe dizer nada.
“Como me tornei tão fraco?” O moreno pensou amargurado. Sempre criticou e julgou seus companheiros por agirem como idiotas quando se tratava de mulher, e lá estava ele: deixando o dever de lado para ficar perto de uma. “Lixo” pensou sobre si mesmo.
Naquela manhã ele optou por comer dentro do próprio quarto. Depois que se alimentou, tomou banho e se vestiu. Usava calças e botas na cor preta, e uma blusa cinza. Pegou à espada e foi até o quarto de Orihime, bateu algumas vezes na porta, porém não falou nada, e ela o mandou entrar.
A Visão que teve à sua frente o deixou mais conturbado ainda, Orihime estava dentro do ofurô tomando banho, e parecia não se incomodar com a presença dele.
— Iria adorar se você esfregasse minhas costas, Nelliel – Orihime falou entusiasmada. Estava de costas e não percebeu que era Ulquiorra.
O rapaz deu um pequeno sorriso travesso, aproximou-se dela e pegou uma bucha, fazendo o que ela o mandou. Orihime parecia estar bem relaxada.
— Obrigada! Essa água quente está ótima! – falou de forma empolgada e Ulquiorra apenas sorriu para si mesmo – Agora que o clima melhorou, espero que você melhore da gripe – ao dizer isso Orihime virou-se para encarar a amiga, pois estava achando-a muito calada, e o que não era comum de Nelliel.
Quando se virou não teve à visão que esperava. Ela deu um grito e em seguida esbofeteou a cara de Ulquiorra.
— Saia daqui seu tarado! – ordenou irritada, enquanto cobria os seios com as mãos.
— Desculpe, apenas quis ajudar – o rapaz falou de forma amena e partiu em direção à porta.
— Espere! – Orihime falou intrigada e o questionou – Por que veio aqui? – Ulquiorra parou à caminhada, mas não a encarou.
— Como o dia está ensolarado, deveríamos treinar. Vim chama-la para darmos uma volta e encontrar um bom lugar para isso – respondeu de forma firme. Orihime ficou pensativa por alguns segundos.
— Tudo bem, nós iremos – falou branda – Me espere no estabulo, lhe encontrarei lá.
Ulquiorra assentiu com a cabeça e deixou o quarto. Orihime mesmo irritada, acabou rindo da situação.
— Tenho que ensina-lo a ter bons modos – pensou afoita.
.....
Ulquiorra estava encostado na parede do estabulo encarando o chão, completamente perdido. A visão das belas costas da ruiva, tinha o deixado ainda mais encantado por ela, tornando seu problema ainda maior. Agora era quase impossível, parar de pensar nela, e o pior: agora tinha pensamentos maliciosos com a mesma, e isso era inaceitável. Balançou a cabeça para si mesmo em reprovação.
Viu Orihime vindo em sua direção e sentiu o coração acelerar. Ela trajava uma calça cinza e uma blusa branca, acompanhadas de um par de botas pretas. Não estava vestida com o vestida branco como o de costume, mas não deixava de estar bela.
Orihime ficou frente a frente com ele e lhe desferiu outro tapa no rosto, dessa vez Ulquiorra se irritou.
— Por que me bateu de novo? – questionou com raiva.
— Nunca mais faça o que você fez hoje, nunca mais! – Orihime falou de forma séria e fria, Ulquiorra quase não a reconhecia – Eu não sou uma prostituta, Ulquiorra. Eu sou uma mulher viúva, e não faz nem um mês que meu marido morreu. Não ache que só porque somos amigos lhe dei brecha pra agir assim comigo, eu quero respeito. Se isso acontecer de novo, eu nunca mais falo com você – encerrou o discurso com raiva e Ulquiorra ficou sem ação.
— Eu sinto muito mesmo, isso nunca mais vai acontecer – Ele falou cabisbaixo. Sabia que tinha agido como idiota e se repreendia por isso, porém sentia que seria muito mais complicado conseguir algo com a ruiva depois disso.
— Tudo bem, agora vamos – Orihime falou isso e subiu em outro cavalo.
— Achei que iria comigo...e não imaginava que você soubesse cavalgar sozinha – Ulquiorra falou impressionado.
— Eu sei, não acho sensato ficarmos tão próximos – Orihime falou um tanto arrisca.
— Certo. Eu peguei duas espadas de madeira, pois acredito que com uma de aço, você seria capaz de arrancar minha cabeça hoje – Ulquiorra falou de forma debochada e subiu no cavalo.
— Você foi muito esperto, pois era exatamente nisso que eu estava pensando – Orihime falou arrisca e deu um sorriso forçado pra ele, em seguida saiu na frente.
Ulquiorra soltou um pesado suspiro e a seguiu.
.....
— Tenho certeza que Ulquiorra gosta dela! – Nelliel falou animada. Ela e Grimmjow estavam deitados na cama dela, apenas cobertos pelos lençóis. Ambos possuíam a respiração ofegante e o corpo suado.
— Inacreditável, mas realmente ele está muito estranho. Simplesmente saiu e não disse nada, o coitado do Stark é que está se virando para pôr ordem nas coisas – Grimmjow falou intrigado, estava muito surpreso com as informações novas. Puxou Nelliel para seus braços, e a garota soltou um gemido sapeca – Eu amo você, Nelliel. Casa comigo? – questionou-a de forma sedutora.
— Eu não posso, Grimmjow – falou desanimada – Não posso deixar o Nnoitra.
— Pode sim, basta querer – ele insistiu.
— Ele me ama e tenho uma dívida com ele – ela respondeu séria.
— Você o ama? – o azulado perguntou inconformado.
— Não sei...– Nelliel tinha a expressão confusa.
— E você me ama?
— Sim, com todo meu coração – respondeu apaixonada e colou os lábios com os dele – Está na hora de você ir embora, se Unohana descobrir que eu me deitei com você, sem você ter um tostão, ela arranca minha cabeça – Nelliel falou inquieta e empurrou Grimmjow da cama dela com um chute – Preciso me ajeitar e atender outros clientes.
— Um dia eu tiro você do cabaré! – Grimmjow falou determinado, enquanto se vestia.
— E vamos viver de quê? Você gasta tudo com bebidas e jogo, e você só sabe perder! – Nelliel falou arrisca, o azulado fez uma carinha triste. Grimmjow ajoelhou-se a começou a beijar os pés e pernas dela.
— Um dia vou ser general e você vai ser só minha! – Nelliel ficou animada quando ouviu isso, o puxou e deu um beijo apaixonado nele, mas depois o empurrou com o pé. Ela se levantou da cama e abriu a janela pra ele.
— Certo, mas agora se manda – falou desconfiada e Grimmjow desceu a janela com um sorriso bobo no rosto.
Nelliel jogou-se na cama e cheirou os lençóis, tinha o mesmo sorriso bobo no rosto.
“Muito bonito seu sonho, pena que ele é quase impossível de se realizar” pensou amargurada. Em seguida Nelliel foi se ajeitar para atender um cliente.
.....
— Aqui é um bom lugar – Ulquiorra falou de forma neutra. O local onde eles estavam tinha muitas arvores, o que deixava o lugar com várias sombras e bem ventilado. Orihime assentiu com a cabeça e ambos desceram do cavalo e os amarraram numa arvore.
Ele e a ruiva estavam bem distantes do bordel, completamente sozinhos na floresta. Ele guardou sua espada de aço e pegou uma de madeira e Orihime fez o mesmo. Ela ainda tinha a cara não muito amigável, e ele apesar de não demonstrar, estava triste.
Ambos ficaram em posição de luta, Ulquiorra observava atento os passos da ruiva, e a viu partindo em sua direção. Ele desviou de alguns ataques dela e defendeu outros, ela parecia bem brava e atacava-o diversas vezes. Ele começou a ficar preocupado, ela estava se esforçando demais, e por conta disso ela acabou o acertando na barriga. Ulquiorra grunhiu baixinho, não queria demonstrar fraqueza. Começou a dar investidas contra ela e Orihime se defendia de todas.
“Tirem essa mulher da cozinha e a deem uma espada” pensou impressionado, Orihime lutava perfeitamente bem. Ela era feroz e precisa, se ele não fosse tão bom, já teria “morrido” pra ela. Atacou-a rapidamente na lateral e acabou acertando o braço dela, porém Orihime não se absteve, continuou a contra-ataca-lo. Ulquiorra também a atacou-a, dessa vez usou mais força e conseguiu desarma-la e encurrala-la numa arvore. Orihime ficou surpresa, e o encarou cansada, ambos estavam suados.
— Eu não sou um general à toa – falou apontando a espada na garganta dela – Você luta muito bem, muito melhor que alguns soldados meus, porem você ainda é muito imprudente, deveria melhorar isso – a alertou de forma gentil.
Orihime bateu na espada e a afastou, Ulquiorra abriu os olhos em espanto. Ela puxou a adaga que trazia consigo e pressionou contra o pescoço dele. Ele encarava-a intrigado, será que morreria pelas mãos dela? O “suposto amor” iria ser a causa de sua morte.
— Eu não sou tão frágil quanto você pensa – o ameaçou de forma maliciosa, mas em seguida guardou a adaga, deixando Ulquiorra respirar.
Mas aquilo o deixou mais curioso, e admirado; aquela mulher era muito peculiar. Num ato sem pensar ele a encurralou contra a arvore novamente, Orihime soltou um leve suspiro de dor e o olhou assustada.
“Ela vai me matar por isso, mas eu não me importo” pensou conformado, em seguida num ato insano colou os lábios com os dela.
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