Medo: uma resposta de defesa do seu corpo. A ordem para recuar de algo que oferece perigo. Era isso que meu avô me dizia.
Eu não recordo de uma época de minha vida que não sentisse medo. Às vezes mais, por vezes menos, mas era algo tão constante que havia me acostumado ao sentimento. Medo do barulho dos tiros na floresta, da lâmina da faca tirando a pele da caça. Medo do rio atrás da cabana. Do fogo na lareira.
Eu podia sentir, por vezes, como uma dor fantasma que representava cada uma delas: eu sabia como era a dor de um tiro me atravessando, como era a sensação da faca no meu corpo e como era me afogar. Pior que tudo, eu sabia como era ser queimado vivo. Estava tudo lá, nos meus pesadelos.
Meu avô não achava que eu era louco, mas ele sabia que se continuasse daquela forma, eu não conseguiria nunca enfrentar o mundo lá fora novamente. Por isso ele me acordava de manhã e me jogava no rio. Ele me ensinou como atirar. Aos 11 anos eu sabia lutar com uma faca melhor que meu próprio pai. Ele me obrigara a montar a fogueira tantas vezes, mesmo quando eu chorava e gritava com ele. Mesmo quando eu me queimava no processo, ainda criança demais para fazer algo como aquilo.
Parecia cruel, e por vezes eu o odiava. Mesmo que toda noite ainda me encolhesse perto dele na poltrona, lambendo minhas feridas e ouvindo suas histórias.
Apenas quando percebi que o medo estava lá, mas não me paralisava mais, entendi o que ele tinha feito comigo. Como ele me ensinara a enfrentar meu pavor e meu trauma.
O meu maior medo, no entanto, nem meu avô conseguiu me ajudar a enfrentar: o medo de mim mesmo.
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CASTIEL ERA SÓ UM MENINO QUANDO CRUZOU O OCEANO PARA A INGLATERRA. Antes tudo o que conhecia eram as ruas geladas de Moscou e a disciplina ainda mais fria de seu pai. Até que um dia eles não voltaram para casa depois de uma viagem e Stephen veio o buscar. Até então um desconhecido a ele, que o tirou de tudo o que conhecia e o jogou em um mundo novo.
Não era como se ele não fosse grato a Stephen. O homem o tratava bem, não lhe faltava nada. Ainda assim havia algo nele que o fazia o temer, ser cauteloso ao seu redor. Talvez fosse a forma quase possessiva com que o tratava no decorrer do tempo. As únicas pessoas aos quais tinha acesso era Nina, a governanta, seu tutor John e o mordomo Hiro, quando ainda era vivo.
Ainda assim dificilmente Stephen não estava por perto. Logo quando chegara conhecera primos, parentes dele, mas hoje em dia sempre que havia alguma ocasião era trancado no quarto.
Castiel sentia-se em uma jaula de ouro. Não sabia o que havia acontecido a todos os seus bens, a fortuna da família. Ainda haveria dois anos até alcançar a idade em que poderia ter algum poder sobre eles, mas até lá, estava no escuro.
Não era um idiota. Havia ouvido sussurros, visto reuniões com pessoas estranhas o bastante para entender que Stephen havia perdido grande parte de sua fortuna, e eram os bens da sua família que estavam sendo usados. Havia muito que não sabia. E muito do que desconfiava. Observava. E se estivesse certo, se realmente estivesse certo em Stephen estar traindo a rainha...ele sabia bem quais eram as punições a isso.
Por isso se sentia ansioso quando foi chamado até o escritório de seu guardião naquela manhã. Fitara a grande porta de mogno como se fosse enfrentar um monstro do outro lado. Cada dia se sentia menos confortável perto de Stephen, e aprendera a acreditar em seus instintos. Eram os mesmos que o faziam não confiar totalmente em John, que o impediam de contar sobre tudo o que desconfiava que estivesse acontecendo dentro daquela casa. Sentia-se ligado a John de alguma forma — fora o primeiro rosto que conhecera quando Stephen o trouxera —, mas havia algo nele que o repelia também.
Talvez fosse sobre o novo mordomo? Stephen havia dito que o filho do antigo mordomo iria assumir o lugar do velho Hiro. Masaru, era o nome dele. Castiel não sabia o que pensar sobre isso.
Ao entrar no escritório, após bater e receber permissão, percebeu de imediato que seu guardião não estava sozinho. Sentado em uma das poltronas estava um homem, de costas a si enquanto entrava.
—Requisitou a mim, Stephen?
—Ah, Castiel. Sim. Quero lhe apresentar alguém. Esse é Victor Smith. Esse cavalheiro é um inspetor da rainha
—Da rainha? — Perguntou confuso. Antes que pudesse elaborar alguma coisa, no entanto, o estranho havia se erguido e seus olhos se encontraram. Era um homem mais velho, devia ser quase da idade de Stephen, alguns cabelos brancos já se faziam presentes, e utilizava as roupas da guarda da rainha.
E ao o fitar, Castiel teve o sentimento mais estranho possível: absoluta aversão e medo. Deu um passo para trás, seu rosto empalidecendo terrivelmente.
—Castiel?
Quando o estranho tocou seu ombro o firmando, os olhos o fitaram de uma forma que nunca fora fitado antes.
Como se fosse uma presa.
Nesse momento, tudo escureceu.
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Naruto acordou com um arfar, olhando ao redor confuso. Dessa vez, os detalhes do sonho eram nítidos. Sentou-se na cama, olhando para o lado e vendo que mais uma vez acordara antes de Sai. Abraçou as pernas e fechou os olhos, recompondo os fatos, como vinha fazendo com todas as cenas que vira até então, tentando buscar algum sentido nelas.
—Victor Smith. — Murmurou, vendo o olhar daquele homem, exatamente igual a Obito, com algumas poucas diferenças no rosto que o tornavam menos asiático. O medo era igual também. Aversão absurda. Não era a primeira vez que Obito estava em alguma visão sua. Talvez fosse todo o pavor que ele estivesse o causando no momento?
Se fosse fácil assim
— O que quer me dizer?
Silêncio. Bufou exasperado. Estava mesmo surtando, ouvindo vozes, e tentando conversar com elas.
Pelo menos não acordara gritando dessa vez. Foi o sonho mais tranquilo que teve desde que havia chegado naquele lugar. No entanto, tinha a sensação de que não ficaria assim por muito tempo.
Ergueu-se da cama, se estava acordado cedo ia ao menos se aprontar.
........
Naruto e Sai caminhavam para o refeitório, depois de muita insistência do Shimura. Naruto não tinha certeza se Sai estava lhe zoando quando disse que se ele não comesse iria chamar Sasuke para lhe “corrigir” devidamente. Ele nunca tinha certeza com Sai. Seu colega de quarto tinha uma estranha forma de demonstrar que se importava, geralmente envolvendo algo que deixava Naruto puto e querendo estrangulá-lo.
Naruto, irritado, lhe seguiu apesar de não ter nenhum apetite. Não pela ameaça ou por se sentir estranhamente tocado com a preocupação, mas sim por vontade própria, convenceu-se.
Ao chegarem na porta do refeitório, se depararam com uma algazarra incomum ali. Na área dos guichês, era onde estava localizado a bagunça, o som de conversas e risadas espalhados pelo local. Naruto, por um momento, se perguntou se eles haviam finalmente virado adolescentes normais.
Surpreso pela mudança de atmosfera do local sempre fúnebre; se dirigiu ao Shimura.
— O que está acontecendo? — Sai lhe olhou de soslaio, caminhando até a muvuca, Naruto o seguindo, ardendo de curiosidade com toda a situação.
— Deve ser aniversário de algum vencedor. Geralmente eles pagam um almoço para o colégio inteiro, então isso é normal nesses dias. Então hoje tem... — Pararam um pouco afastados, Sai observava curioso para saber qual seria o cardápio. Até um rapaz sair dali com um sorriso e uma bandeja cheia de... — Pizza!
Naruto nem soube como Sai entrou ali no meio, somente que ele desapareceu em segundos empurrando quem estivesse a sua frente. Arqueou as sobrancelhas, descrente.
Ah quanto tempo esse povo não come isso? Caramba é só pizza! A cada dia eu me sinto mais dentro de um hospício.
Havia perdido mais ainda a vontade de comer ao ver o caos ao redor, que o deixava estranhamente ansioso. Estava tão cansado, com sono e preocupado, que não lhe restava muito espaço para comer. Era geralmente pior quando tinha um sonho particularmente... explícito, pelo menos dessa vez não sentia enjoo só de ouvir o cheiro de comida.
Olhou ao redor, a procura de Itachi, ou até Sasuke. Não havia visto Itachi desde a reunião na noite passada, o que era estranho, já que geralmente ele estava o esperando na saída do seu quarto para o acompanhar ao refeitório, café na mão. Sasuke também já devia estar ali, ele era um tipo de adolescente estranho que gostava de acordar cedo e ser produtivo.
Desde quando eu comecei a saber tanto sobre esses dois?
Naruto teve a atenção tomada por uma Ino saltitante, que lhe acenava loucamente de uma das mesas mais afastadas das filas. Ao seu lado estava Gaara e Shikamaru, este último a dormir, um prato de pizza esfriando na frente dele.
Naruto acenou de volta, sorrindo de lado, mas ainda não desistindo de procurar os Uchihas. Não que ele quisesse vê-los, mas Sasuke tinha a tendência de aprontar algo quando o tinha fora de vista, preferia não ser surpreendido.
Sei.
Calado.
Por fim localizou um deles: Itachi. Na mesa dos vencedores, sentado ao lado de um ruivo estranho. O único lugar do refeitório que o continuava com o clima mortífero, apesar do que Sai lhe falara, ali não pareciam estar felizes com o suposto aniversário. Itachi tinha as mãos cruzadas frente ao rosto, olhando fixamente o tampo da mesa, parecia concentrado, mas em algo muito além do que Naruto poderia supor.
Sem chance de ir até lá, até imaginava os olhares hostis que receberia. Iria se sentar com Ino e os outros, sem dúvidas.
Um dos adolescentes em êxtase, se virou, Naruto teve de desviar para não ser atingido pela bandeja. Ao fazer isso, esbarrou em alguém que passava atrás de si, o copo de suco da pessoa caindo no chão e sujando os sapatos de ambos.
— Desculpe! — Exclamou, se virando, olhando para o estrago no chão e tênis. O copo térmico havia se aberto. — Eu não queria...
— Sem problemas... — A voz feminina, suave e delicada, fez o garoto travar no lugar. Um sentimento de nostalgia lhe atingindo. Levantou o olhar devagar, para fitar a face da baixa garota que estava a sua frente e lhe fitava com a mesma intensidade. Ela parecia também estar surpresa com algo. — A-ah...
— Adoro o som do mar, tão calmo...
— Tens razão, eu também adoro. Gosto mais ainda de tua companhia...
As vozes retumbaram por sua mente por segundos, até desaparecem. Naruto engoliu a saliva que havia se acumulado em sua boca e piscou.
— Desculpe novamente, irei pegar outro para você. — Disse, tentando disfarçar o desconforto. Chutou de leve o copo que estava entre ambos, olhando novamente discretamente para a garota, que lhe olhava também, só que de maneira abobalhada.
Aproveitando isso, observou-a. Tinha longos e lisos cabelos negros, com um brilho azulado incomum, cortado reto com uma franja. Tinha grandes olhos de um tom estranho, um acinzentado quase lilás, mas que a deixava ainda mais linda. O rosto em formato oval, as bochechas rosadas, a pele pálida e os lábios finos e avermelhados. Ela era simplesmente lindíssima.
Nem sabia como não havia a notado antes naquele lugar.
Ah sim. Estava preocupado demais com salvar a vida da minha família que esqueci de paquerar as garotas.
Oh, esqueceu que também estava ocupado demais gemendo como uma puta pelos cantos com o Uchiha. Normal.
Ca la do.
— E-eu... Ah não precisa! — A garota abaixou o rosto ruborizado, passando a mão pelos cabelos, colocando uma mecha atrás da orelha. Ela estava envergonhada, e Naruto notou isso de primeira. Era meio adorável. — A culpa foi minha...
— Não, eu vou lá, sem problemas. — Coçou a nuca, olhando a zona sem vontade alguma de entrar ali. — Eu derrubei, eu pego, não deixaria uma moça tão bonita ter de voltar naquele tumulto.
Naruto pensou que a garota desmaiaria naquele momento, pela cor que ficou, e o jeito que ela o olhou. Parecia perplexa, e lhe encarava com os grandes e perolados olhos arregalados.
Falei algo errado?
Não. Foi muito sutil, pequeno.
Vai à merda.
— Ah, você ainda está aqui, bom. Peguei uma fatia para você, se quiser mais vai ter de ir lá. Não vou entrar lá de novo, nem que me paguem. — Sai se aproximou com uma bandeja, parando ao lado dele, o fitando. Logo, ao notar que não tinha a atenção dele, olhou para a garota, analítico e cético. — O que foi com vocês?
Naruto por fim se virou para ele, seu olhar parando no copo de suco que estava sobre a bandeja. E tão rápido quanto olhou, o pegou oferecendo a garota.
— Aqui, fique com este. — Sorriu, tentando disfarçar o incomodo de ainda estar sendo encarado. Foi aí que ela pareceu acordar e Sai se manifestou.
— Ei! Nem pensar! Me devolve meu suco, exterminador! — Sai arguiu, mas Naruto o ignorou. — Olha aqui baixinho...
— Não me chama de baixinho, cacete! — Naruto sibilou alto, se virando para o outro. As sobrancelhas loiras arqueadas em irritação. A garota estava assistindo a tudo com curiosidade e incerteza. — Eu estou dando o suco para a moça, me deixa em paz por um minuto, seu lesado!
— Lesado? Assim que me agradece por te prover comida? Não há gratidão, Ino disse que tenho que ajudar mais as pessoas e recebo isso.
Sai estava andando demais com Ino, Naruto tinha certeza. Aquele nível de drama não era algo que havia visto até então.
Mas ele havia o trazido comida.
— Obrigado. Ino vai ficar orgulhosa. — Naruto falou, com sinceridade. — Eu pego uma soda para você de uma das maquinas.
Sai olhou de Naruto para a moça, os olhos indo para seu suco na mão de Naruto.
— Não tenho nada a ver com suas fo...
— Sai! — Naruto o cortou, horrorizado. — Lê o ambiente.
Fez um trejeito com a boca e se virou para o outro lado. Olhou novamente para a menina, que agora parecia sem graça.
— Eu não queria incomodar, pode deixar...
— Eu insisto, pegue este, não fique com medo dele, ele é socialmente inepto.
— Estou ouvindo!
— E ele não se importa...
— Claro que me importo!
— Pegue, olha, venha se sentar conosco. — Por algum motivo, havia gostado do jeito calado dela, até do jeito que ela parecia permanentemente corada desde as primeiras palavras que trocaram. Na verdade, ela de algum modo, somente com a voz, já havia o deixado completamente desarmado.
Ela pareceu incrédula com o convite, um olhar esperançoso indo até a mesa. Naruto se perguntou se ela se sentava sozinha sempre e sua determinação aumentou. Ele sabia como era estar sozinho em uma escola, ninguém merecia isso.
E de algum modo, queria ficar perto dela.
— Sou Naruto Uzumaki. — Estendeu a mão para um aperto, que foi aceito devagar.
— Hinata Hyuuga. — Ambos se arrepiaram com o aperto de mãos. Naruto notando o quanto a mão dela era pequena, bem menor que a sua. E achou... Fofo o modo em que ela desviou o olhar do seu com um pequeno sorriso.
— Então Hinata... — Ainda sem a livrar do aperto, colocou o suco na bandeja e a tomou da garota, e com o braço que lhe segurara a mão a puxou, passando o braço por seus ombros. — Vou te apresentar a meus amigos!
— Ei! Minha soda!
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— Você quer morrer, não é? Porque se for, já comprou sua passagem vip para o além! — Sai dizia pela centésima vez. O loiro já não aguentava a tagarelice do outro. — Ela é uma Hyuuga cara! Se manca! Não se pode tocar neles, não pode falar com eles, não pode olhar para eles!
— E quem disse tudo isso? — Perguntou, ajeitando o nó da corda que teria de escalar, mesmo ainda sentindo algumas pontadas na panturrilha. — Você é um medroso, viu? Ela até que é legal.
— Ela até que é legal? Você vai ver o que é legal quando o primo dela vier te espancar. Primeiro os Uchihas, agora os Hyuugas. Qual é o seu problema? Cara, o pai dela comanda o FBI, ela é a elite da elite...
Eu também sou e daí? Isso nunca impediu ninguém de falar comigo. Pensou divertido.
Já sim, e você sabe disso
Não enche.
— Olha Sai, se ele vier conversar comigo, eu converso numa boa, deixa de ser frouxo...
— Então tá bom. Mas vou te avisando, ele não vai chegar agora, ele vem de mansinho. Quando você já estiver esquecido, ele dá o bote!
Naruto se virou para Sai e o encarou com um olhar indiferente. Sai jogou as mãos para o ar, um gesto que sabia ser bem Ino, e saiu do ginásio.
Pelo menos ele está aprendendo a se expressar melhor. Ino é uma ótima influência.
Naruto não segurou um pequeno sorriso ao começar a subir.
Ele nunca admitiria em voz alta, mas o Shimura havia crescido nele.
Tipo um fungo.
A risada de Naruto ecoou no ginásio com o pensamento.
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Naruto não fazia a mínima ideia de para onde estavam os levando. Seguiu as instruções da carta e foi guiado da sala do castelo por um vencedor que o esperava até um furgão no estacionamento do subterrâneo, que nem sabia que existia até então.
Naruto se viu dentro daquele cubículo fechado com mais um participante, o cara de lontra, seguindo em silêncio para o que lhe pareceu uma eternidade madrugada adentro. Prevenindo a total escuridão, havia apenas uma luz avermelhada como das câmaras escuras. As roupas haviam mudado, usava as novas mudas que recebera com a carta: Calças escuras e blusa de manga comprida também negra. Sapatos de soldado e luvas de couro da mesma cor. Não havia a capa pesada, mas agora a máscara era ligada a um capuz que lhe cobria o rosto ao mesmo tempo que cobria os cabelos. Itachi havia lhe explicado que aquilo impedia os alunos de reconhecerem uns aos outros.
Quando o carro finalmente parou estavam em outro estacionamento deserto, dessa vez de terra batida e enlameada, o que o fez pensar que talvez ainda estivessem na península chuvosa. Foram ordenados a sair do carro e lá viu que havia mais três idênticos estacionados, onde os outros participantes saiam guiados pelos vencedores. Viu Itachi no terceiro, e a seu lado o cara de leão que tinha certeza agora que era uma menina. As roupas entregavam. Apesar de serem frouxas, ele reconhecia uma curva feminina em qualquer lugar.
Pena que agora elas não te atraem.
Péssima hora para se manifestar, fique quieto até eu sair vivo dessa.
Foi nada gentilmente empurrado pelo sujeito atrás de si e guiado até os outros em silêncio, onde ficaram amontoados até assumirem uma fila braço a braço, Naruto ficando entre a cara de leão e o cobra. Luzes começaram a se acender de holofotes fracos e baixos ao redor da antes total escuridão e viu que se encontravam em um grande terreno baldio, ou mesmo uma clareira, já que tudo o que via além do que os rodeava era floresta.
No entanto, em meio ao terreno agora havia uma grande construção de muros altos, e Naruto teve vontade de se bater e de beijar Itachi.
Um labirinto.
A primeira prova era a merda de um labirinto. E claro que aquele Uchiha sabia.
Controlou-se para não olhar para ele atrás de Obito, que agora parava com uma lanterna a frente deles. Roupas escuras, touca na cabeça e um olhar divertido.
— Muito bem, queridos amantes de mitologia, hora de enfrentar o Minotauro!
Era para ser engraçado? Queria que ele pudesse ver meus olhos revirando agora.
— Vamos dar início a primeira prova. Como podem ver, isso é um labirinto. Temos um limite de meia-hora para que cheguem à ala no meio dele e retornem. Lá vocês encontrarão armas, diferentes armas. Peguem apenas uma e escolham com inteligência. Irão precisar.
Ele os pontuou com um olhar sério.
— A cada dez minutos vocês ouvirão um sinal de tempo, para que se apressem. Nos últimos dez minutos o sinal irá aparecer a cada dois minutos. Nem preciso dizer que o último que sair de lá estará classificado em último lugar e sem nenhum ponto logo de início. Os que saírem depois do sinal serão punidos com menos vinte pontos para a próxima prova. E aconselho vocês, se agarrem a cada ponto, vão precisar disso mais tarde.
Ele brincou com a lanterna, os olhos caindo nos participantes e se mantendo na máscara de raposa por mais tempo. Em aviso.
Ele nem mesmo disfarça.
— Monitoraremos todos os passos que derem lá dentro, o que nos permitirá julgar seu desempenho e atribuir os pontos...
Nós. Naruto pensou, olhando para um dos furgões onde um vencedor montava vigília. Então não é apenas Obito, há outros, como ele disse.
—Que os jogos comecem.
O Uchiha falou a última frase de um jeito sério e sombrio olhando para o relógio de pulso sem voltar a encarar Naruto a não ser por poucos segundos, seus lábios se movendo em um mudo: não esqueça.
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Cada um deles foi guiado para uma entrada diferente. Quando o sinal ensurdecedor foi soado, Sasuke caminhou para dentro, atento.
Um labirinto.
Chegava a ser uma piada para si, ele e Itachi cresceram brincando dentro do labirinto que havia no terreno deles. Foi lá que seu irmão lhe explicou sobre a regra Treumax, quando eles eram unidos e Itachi era seu ídolo, e não aquele que tinha que superar. E que agora tentava roubar Naruto de si.
Péssima hora para pensar nisso.
Uma mão foi para a parede, se guiando, mesmo que tivesse certeza de que eles não facilitariam a vida deles fazendo um labirinto que seria burlado tão facilmente com essa manobra. Apesar de tudo, ele conseguiu chegar à sala ampla antes do sinal dos dez minutos soar e pelo jeito ninguém mais havia conseguido ainda.
No centro da sala havia uma mesa disposta com diferentes armas. Ele não sabia o que eles enfrentariam no caminho de volta, mas desconfiava que não seria agradável.
Pegou a melhor arma para si, uma semiautomática. Sasuke era muito mais de estratégias do que de ação, mas com uma arma de fogo nas mãos ele fazia um estrago, já que combinava com seu perfil de luta a longa distância.
Quando se preparava para seguir voltando por onde veio o primeiro sinal tocou e outra pessoa chegou na sala. Máscara de leão olhou em sua direção por um instante, antes de passar por ele para a mesa.
Sasuke tinha certeza de que era uma garota por sua silhueta. A julgar pelo seu tempo, apenas um minuto após o seu, também era alguém para se ficar de olho e cauteloso ao redor. Sasuke olhou rapidamente para arma que ela estava escolhendo. Também de fogo, mas notou a atenção dela em um arco por um longo momento antes de escolher. Estilo de luta a distância, sem dúvida.
Tinha que conhecer o estilo dos outros competidores, por questão de sobrevivência, mas era melhor tomar seu rumo e sair dali. Ele saberia muita coisa a partir da classificação daquela prova.
Era genial, tinha que admitir. Eles julgavam a capacidade deles de pensar rápido, pois tinha um limite de tempo, de estabelecer estratégias, pois o labirinto em si já era um problema, e lidar com situações das quais não tinham certeza a natureza, pois não sabiam o que os esperava no caminho de volta, com o que lutariam.
Só podia esperar para ver.
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Naruto encontrou a sala quando o primeiro sinal já havia soado há algum tempo, talvez perto do segundo. Não podia mais perder tempo. Definitivamente aquilo não era para ele, e se não fosse Itachi com suas dicas, ele com certeza nunca encontraria seu caminho ali. Agora entendia o que o Uchiha dizia em ajudá-lo, ele começara a fazer isso antes mesmo de ele concordar que queria sua ajuda.
Não sabia quantos competidores já haviam saído dali, ou mesmo se algum já havia saído do labirinto. Olhou a mesa, não havia mais armas de fogo, o que significava que os competidores de longa distância já haviam passado por ali. Agora havia apenas armas de curta distância e um arco. Arco, nem pensar. Seus olhos caíram entre um machado, um bastão de ferro longo e uma faca.
Machado, péssima ideia. Podia apenas arremessar e ainda assim ficaria sem arma.
Faca seria uma boa ideia, mas não sabia o tamanho do alvo ou se teria chances de chegar perto o bastante. E novamente, em um caso de longa distância, era arremessar e ficar desprotegido.
A melhor coisa que faria ali, devido ao tempo em um caso de confronto, seria a fuga. Não havia tempo para luta e acreditava que muitos competidores haviam percebido isso. O caso ali era fugir no mínimo tempo que conseguissem.
Pegou o bastão entre as mãos o rodando e testando. Observou um pequeno botão do lado e o apertou. Para sua surpresa, um ponta afiada de metal surgiu na extremidade. Não era um bastão: eram uma lança. Algo que só se perceberia se o manuseassem, algo que pouco se interessariam em fazer por ele parecer menos apelativo do que as outras armas mais destrutivas.
Naruto testou a arma em sua mão, uma sensação estranha de familiaridade o tomando de forma tão repentina que quase o deixou zonzo. A arma era perfeita em sua mão, mas tinha certeza de que nunca havia usado uma lança antes.
Balançou a cabeça, se concentrado.
Longo o bastante para me defender a distância e poder a puxar de volta. Cabo de metal, defesa a curta distância caso necessário.
Correu de volta de onde havia vindo ao mesmo tempo que o cara de lontra passava para a sala e o segundo sinal soava. Não ficou para trás para olhar mais nada, apenas começou a tomar o rumo de onde veio, se felicitando novamente por aparentemente estar conseguido usar a regra que Itachi havia pacientemente lhe explicado.
Claro que isso foi apenas até ouvir os rosnados.
Sua mente entrou em alerta máximo e parou onde estava olhando ao redor de si mesmo, virando no momento exato em que o que parecia um lobo muito grande rosnava para si, vindo em sua direção.
— Foc! — Xingou.
Eles haviam jogado lobos, lobos, dentro do labirinto para eles lutarem. Lobos!
Olhou ao redor de forma analítica. Nem pensar que ele lutaria com lobos, lança ou não. Ele estava certo, o negócio era fugir dali. Deu alguns passos para trás devagar e engoliu em seco ao ouvir outro rosnado. O lobo a sua frente continuava avançado devagar, o vendo como uma presa.
Se Naruto atacasse esse, os outros estariam logo atrás.
Ele precisava passar por eles.
Naruto parou vendo que se aproximava da parede do fim daquele corredor. Ele tinha que pegar a bifurcação ao lado, mas qualquer movimento brusco e o animal avançaria.
— Eu não quero te atacar.
Sua voz soou com uma calma que não sentia, a mão com a lança ao seu lado, não erguida.
Ele crescera na casa do avô, rodeado por uma floresta montanhosa cheia de lobos, aprendera a respeitá-los. Sabia que eram animais nobres e fiéis a matilha, que não matavam levianamente. Mais de uma vez eles haviam passado por algum na floresta e saído ileso. Se ele mostrasse que não era uma ameaça, ele não atacaria.
E ainda assim haviam os colocado dentro de um labirinto em estresse para serem mortos, sem motivo algum a não ser puro entretenimento. Naruto sentiu a raiva que já sentia sobre aquele jogo aumentar ainda mais.
— Eu quero estar aqui tanto quanto você.
Sua voz saiu em um tom de fúria contida com a situação ao notar os rosnados ainda mais próximos vindo das outras duas bifurcações. Estava cercado. Naruto sabia que eles estavam vendo aquilo, que eles deviam estar guiando os animais até ele.
O lobo deu mais um passo na sua direção e Naruto ponderou as chances de conseguir saltar por cima dele. Eles queriam que Naruto atacasse o lobo na sua frente para sair dali e isso lhe dava ainda mais determinação de não fazer isso.
Você precisa fazer alguma coisa. Eles estão quase aqui.
Eu sei, merda!
— Você tem que se acalmar.
Para sua surpresa, o lobo parou o avanço repentinamente, o rosnando morrendo.
Eu não esperava que isso fosse funcionar.
Os olhos deles se encontraram. Naruto não percebeu, não havia como, mas naquele momento, aquela aura ofuscante que sempre o tomava estava ainda mais poderosa e envolvente.
— Vai ficar tudo bem. — Naruto sussurrou. — Eu não quero te fazer mal. Eu não quero lutar também.
O animal soltou um som, quase um ganido. Naruto olhou surpreso ele recuar, o pescoço virando em submissão. Ele estava reconhecendo Naruto como o predador mais perigoso?
O que diabos...
Naruto não ponderou muito isso, o animal havia lhe dado passagem, a cabeça abaixada e os pelos eriçados, olhos nos seus. Não iria perder essa oportunidade.
Avançou ao redor dele, e teria conseguido se não fossem os tiros repentinos, seguido de gritos e mais rosnados, terem assustado o animal.
No mesmo instante o contato visual se desfez e o animal atordoado avançou contra Naruto. Só teve tempo de colocar o bastão a sua frente impedindo o total impacto e foram ao chão. Sua coluna absorvendo todo o impacto dolorosamente. O lobo cravou as presas no bastão tentando alcançar seu rosto. Usou os pés e o chutou para longe o tirando de si, se erguendo e correndo para uma das bifurcações.
Rosnados seguiram em seu encalço, se juntando a outros durante a perseguição.
Virou uma bifurcação, só para sua mente lhe alertar do perigo. Tomou impulso com o bastão na parede e saltou do caminho no mesmo momento em que um lobo pulou onde estava segundo antes, batendo no muro com um ganido.
Naruto caiu agachado no chão, ofegante, ainda com o bastão em mãos. Viu outro se virar em sua direção e xingou em irlandês, passando a lança em arco em instinto, ferindo o animal no rosto.
O ganido doloroso o deixou trêmulo, o sangue escorrendo do olho cortado o deixando nauseado. Aquele animal não queria estar ali, ele não tinha chance ou escolha, como ele mesmo.
Me desculpe, eu sinto muito, eu sinto muito.
Levantou-se, vendo o animal começar a caminhar para si, o ferimento o deixando ainda mais desesperado. Tomou impulso no chão, pulando sobre ele e escapando de uma garra quase tocando seu braço. Voltou a correr e ouviu sons de pessoas. Devia estar perto da saída, no meio da ação conseguiu reconhecer um caminho.
Perto, mais um pouco.
Já havia tocado o terceiro sinal e mais um. O que dizia que estava no limite de dez minutos. Avançava quando desviou de outro ataque, jogando um animal para longe com o bastão. Se viu em um beco sem saída.
— Cac...
Tentou retornar, apenas para se ver encurralado. Não teve tempo para pensar antes de ter o animal sobre si. Um arranhão doloroso foi direto em sua perna e teve certeza de que lhe arrancou sangue. O lobo mastigava o bastão enquanto lutava para empurrá-lo. Virou-lhe, escapando por milímetros das presas em seu rosto.
Mais tarde Naruto iria ponderar de onde veio a força acima do normal ou seu instinto animalesco no momento, que o fez rosnar em direção ao animal. Desconhecido dele, seus olhos estavam brilhando em uma cor acinzentada.
Os rosnados do lobo silenciaram.
Cuidado!
Foi reflexo, puro e simples reflexo.
Virou novamente, colocando o lobo por cima dele, ao mesmo tempo que ouviu o estampido. A criatura ganiu e caiu sobre o seu corpo em agonia. Atordoado, viu no fim do corredor um dos participantes com uma arma na mão. Não conseguiu ver a máscara antes de ele virar e sair correndo.
Naruto não soube se ele atirou no lobo para ajudá-lo, ou o alvo era ele mesmo e seu reflexo o salvou.
Naruto removeu o corpo do lobo lentamente de cima dele, seu coração acelerado e corpo trêmulo. Ficou deitado ali, recuperando o fôlego. Sentiu lágrimas em seus olhos ao sentir o sangue do animal escorrendo nele.
Outro sinal tocou, já havia perdido a conta. Talvez fosse o último. Se sentou e finalmente tomou coragem e olhou o corpo do lobo. Deveria de sair dali antes que mais coisas surgissem, talvez já estivesse em último lugar, mas não conseguia apenas deixá-lo ali. Seu avô não deixaria.
Puxou o animal para seu colo e alisou a pelugem escura, murmurando um ritual irlandês que seu avô lhe ensinou quando eles caçavam. Um agradecimento por lhe prover fonte de alimento, um pedido de perdão e permissão. Naquela situação, um pedido de desculpas, nada daquilo deveria ter acontecido. E ainda assim Naruto estava vivo porque aquele lobo havia morrido no lugar dele.
Quando terminou, o largou, sentindo o coração apertado. Levantou-se com um gemido baixo, sentindo a perna arder pelo ferimento, se apoiando no bastão. Estancou quando viu mais quatro lobos na sua saída. Os animais estavam parados, o fitando nos olhos, intensamente. Naruto se retesou e se preparou para lutar, apesar da exaustão que sentia.
Está tudo bem.
A voz, quietamente em sua cabeça, o surpreendeu.
O que quer dizer?
Eles reconhecem o que você é agora. Eles entendem seu respeito a eles.
Naruto continuava confuso, mas não teve tempo de falar mais nada. Naquele momento, para sua surpresa, os animais apenas se viraram e saíram de seu caminho na bifurcação, deixando sua passagem livre. Passou por eles, sentindo os olhos sobre si enquanto mancava. Só olhou para trás quando virava no entroncamento. Os lobos estavam lá, velando o companheiro, ainda o olhando partir.
— Obrigado...Go raibh maith agat. — Falou baixo, mancando para longe daquele maldito lugar.
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Faltavam dois minutos e três participantes ainda estavam lá dentro. Sasuke fora o primeiro a sair, seguido do leão com minutos de diferença, o que provava que não estava errado quanto a ela. Depois, com minutos, saiu a lontra e quase ao mesmo o tempo o Javali, que parecia machucado.
Faltavam o cobra, raposa e tigre.
O primeiro que saiu foi o cobra dos três. Vinha calmo, sem ferimentos, e se juntou a eles suavemente. Sasuke sentiu algo ruim ao vê-lo, um pressentimento que não devia ficar no caminho daquele sujeito.
Segundos antes do sinal tocar, todos olhavam paras as saídas, quando alguém passou mancando. Era a raposa. Ele parecia estar igualmente ferido, sua calça estava rasgada na perna onde se via sangue pelo ferimento aberto. A equipe médica foi ajudá-lo, ao que ele apenas dispensou com um aceno e foi se juntar a eles que estavam de pé em fila braço a braço, olhando o labirinto.
Três minutos após o sinal tocar, tigre saiu de lá, desmaiando em seguida. A equipe correu a socorrer ele ou ela. Havia muitos ferimentos de garra pelo corpo, e um enorme no peito onde formava uma poça ao seu redor.
Ele havia saído antes de se deparar com o que quer que tivesse no labirinto, escapando do pior por ter sido rápido o bastante. A sua rapidez, ao que parece, havia sido a sua sorte de escapar disso.
Sasuke abaixou a cabeça, desviando os olhos da cena.
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O caminho de volta foi silencioso. A equipe médica havia cuidado de seu ferimento pouco grave em vista do ferimento do tigre, ou dela, pois Naruto novamente tinha certeza de que era uma garota. Tentou não pensar nisso, ou mesmo no alívio que sentiu a não ser o último, ou mesmo no quanto esse pensamento era errado.
Além da dúvida se um participante o tentara ajudar ou matar. Sentira muitos olhares sobre si enquanto ainda estavam na clareia ao sair do labirinto e sentia que alguns eram hostis. Obito, por outro lado, olhara seus ferimentos de forma preocupada, e quando a equipe médica o tratou ainda lá no furgão aberto, Itachi dera um jeito de ficar por perto, mesmo que ninguém mais houvesse percebido. Apenas uma dessas reações era bem vinda.
Fechou os olhos e se deixou dormir até o carro parar no estacionamento do castelo. Diferente da vinda, os três pararam juntos e ao saírem, Obito ordenou outra vez a fila braço a braço, a exceção do tigre, que ainda estava com a equipe médica se cuidando.
O diretor passou os olhos pelos alunos, parando na raposa por mais tempo que deveria novamente. Naruto se perguntava quantos já haviam percebido essa ação contínua dele.
— Tenho comigo a primeira classificação da primeira prova. Assistimos o desempenho de vocês, e tenho alguns pontos a ressaltar, já que não apenas o tempo foi considerado, mas o desempenho dentro do labirinto e suas escolhas. — Ele parou um pouco. — Em primeiro em classificação, com 50 pontos, temos o candidato cinco, o falcão. Segundo, número 6, leão, com 45 pontos. Terceiro, candidato 1, cobra, com 40 pontos.
Isso surpreendeu Sasuke e o deixou alerta. Afinal, o sujeito havia chegado quase em último. Ele devia ter feito algo grande lá dentro para receber essa pontuação. O fato de ter vindo sem um arranhão devia ter ajudado, mas deveria haver algo mais.
— Também em terceiro, candidato 7, raposa, com também 40 pontos.
Isso surpreendeu não apenas Sasuke, mas o próprio Naruto. Ele havia chegado em penúltimo e todo fodido. Ele devia mesmo ter impressionado os jurados de alguma forma.
— Quarto lugar, candidato 2, lontra, com 36 pontos. Quinto, candidato 4, javali, 25 pontos. E último, candidato 3, tigre, com menos 25 pontos. E essa é a primeira pontuação de vocês. Vocês receberão instruções para a segunda prova no dia anterior a ela, fiquem atentos, e aos que necessitarem, recuperem os pontos que necessitam, é o que aconselho. Dispensados.
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Gaara olhava o amigo quase dormindo na cadeira de forma preocupada. Se não fosse o ruivo, o projeto deles de química teria explodido há muito tempo, em vista que o loiro parecia mais morto do que vivo. Durante a manhã inteira Naruto mais dormiu nas aulas do que assistiu.
Gaara lhe deu um cutucão e ele despertou bem em tempo, salvo pelo gongo no exato instante em que o professor de química passava para conferir o que eles faziam. Era um homem desagradável e a sorte de ambos era que ele passava mais tempo dando em cima do Uchiha do que prestando atenção nos demais alunos. No entanto, quando prestava era para dizer que nada do que eles estavam fazendo era certo.
Para o bem de Naruto, Gaara era muito bom no que fazia, então o cara de cobra, como o loiro o chamava pelas costas, apenas procurou algum defeito e ao não o ver fez uma cara de desgosto e pegou a prancheta.
— Muito bem, parece... Aceitável. E você, Uzumaki. — Isso alertou Naruto, que o olhou se escondendo um pouco atrás do amigo.
Ultimamente Naruto estava se tornando o novo brinquedinho de atenção indesejada do professor, o que deixava Gaara incrédulo e Sasuke furioso. Enquanto Sasuke apenas ignorava o professor estranho, Naruto quase nunca entendia as piadas de duplo sentido, distraído como era, o que deixava o homem ainda mais divertido.
Isso até Gaara lhe explicar uma vez que não, aquilo não era uma explicação sobre bases e ácidos apenas. Naruto, no fim, preferia ficar fora do radar do professor maníaco e não tinha pudor algum de usar o corpo de Gaara como escudo, olhos grandes fitando o professor de forma desconfiada por cima do ombro de sua dupla de laboratório.
Ele também não sentia culpa alguma em jogar a bola para Sasuke sempre que possível. Ele havia dito a Gaara, o citando: “Que sobreviva quem puder, cada um por si e Deus por todos, Gaa. Sasuke aguenta.”
Naruto com certeza era alguma coisa. Se não soubesse que Orochimaru era só latido e não mordida poderia ficar preocupado com a forma como sentia aquelas mãos pequenas como garras nas suas costas.
Isso vai deixar marcas.
— Senhor? — Naruto falou, um tom terrivelmente desconfiado, apesar de sonolento.
O professor olhou os dois de forma divertida, vendo apenas olhos azuis o observando por trás do outro aluno.
— Da próxima não passe até tarde da noite miando nos telhados, talvez se encontre mais apresentável pela manhã. Se for para ficar a noite acordado. — O homem sorriu por entre a máscara, ainda escrevendo. — Eu tenho dicas de coisas melhores para se fazer.
Naruto fez um som escandalizado e Gaara revirou os olhos. Sasuke do outro lado na outra mesa, ouvindo tudo sem dúvidas, quase derrubou um dos tubos que segurava, xingando baixo.
Isso chamou a atenção para ele.
— Ora ora Uchiha, temos outro distraído hoje, vamos ver o que você tem para me "dar" hoje. — Ele frisou a palavra dar, e Naruto suspirou aliviado ao ver que o problema estava com Sasuke agora.
— Esse cara é um lunático. — Naruto sussurrou, a voz ainda escandalizada. — Ele é tipo aqueles vilões que fazem testes ilegais com crianças e ficam obcecados em ter o corpo de alguém.
Aquilo havia sido terrivelmente específico. Gaara balançou a cabeça e olhou por cima do ombro, o rosto sério.
— Você tem que dar um jeito nesse sono, Naruto. Eu já não tenho mais ideias para tirar o seu da reta todo o dia. Você tem que...
Será que é porque eu passei a noite fugindo de lobos famintos em um labirinto de merda? Pensou sarcasticamente, largando o outro com um bico pela bronca.
Ainda assim ficou calado, coçando a nuca e esperando o outro terminar o sermão. Quando Gaara começava era difícil o parar, e o tom monótono era tão assustador quanto seu olhar de “Estou decepcionado com você Naruto. Sem sobremesa por uma semana, está de castigo.”
— ... E Sai me disse que você faltou quase todas as aulas que têm com ele essa semana, e os testes estão chegando. Eu pensei que você queria uma admissão... Você anda com a cabeça nas nuvens.
Isso é porque eu estou com um esclerosado no meu encalço me chantageando ameaçando matar minha família, você e Sasuke ainda por cima. Ah é, e tem o jogo que se eu perder eu morro... Esqueci algo?
Você tem tido visões do além e está ouvindo uma voz misteriosa. Além de que descobriu que não é hetero alfa que pensava que era.
Era retórica a pergunta, voz da insanidade chata.
— ... Como agora que não está me ouvindo. Naruto!
— Ai! — Virou com o soco do outro em seu braço. — Eu sei! Eu sinto muito, olha, hoje mesmo vou resolver isso tudo bem? Relaxa!
O outro suspirou e balançou a cabeça em negativa voltando a seu trabalho e o ignorando.
Naruto fez um som baixo de estresse com isso, como um animal ferido. Não queria que Gaara o ignorasse.
— Gaara... — Naruto chamou, o cutucando.
O outro resmungou e Naruto suspirou, olhos azuis tristes tentando segurar contato com o outro, virando o pescoço e se abaixando de forma ridícula.
Gaara empurrou sua cara com a mão.
— Espaço pessoal, Naruto! E estou apenas tentando ajudar você.
A voz dura fez Naruto coçar a cabeça, sem saber o que fazer. Ele sabia que Gaara queria ajudá-lo. Ele o queria contar tudo, mas sabia que isso seria condenar o amigo mais do que já condenara por associação.
— Eu sei e eu sinto muito por estar tão estranho. — A voz triste atraiu a atenção de Gaara. Naruto mexia com um dos tubos vazios de maneira melancólica.
Gaara suspirou, vencido.
— Tudo bem, só dê um jeito nisso, e me peça ajuda. Eu estou aqui. — Falou mais brando.
Para surpresa de Garra, o loirinho virou e o abraçou animado.
Gaara deu uma batidinha em suas costas, sabendo que era inútil tentar o deslocar no momento. Já havia aprendido. Um sorriso quebrou por deixado da sua máscara. Como havia feito amizade com alguém tão efusivo?
— Sem demonstrações de amor na sala, Uzumaki, Sabaku. Deixem para de noite e assim justifiquem o cansaço na minha aula.
Naruto largou o amigo, encabulado e xingando o professor baixo, enquanto Gaara apenas lançou um olhar assassino para quem ameaçou rir da piada, logo os fazendo voltar a seus afazeres.
Sasuke apenas sentia vontade de arrastar aquele loirinho idiota para fora daquela sala de uma vez. Não bastasse a inocência nas brincadeiras do professor, ainda saia abraçando o Sabaku. Sem falar que tomara o café da manhã grudado com Itachi, que parecia superconfortável o ouvindo conversar sem parar, além de ficar o guiando entre as aulas como um cão de caça. Enquanto dele, ele apenas fugia desde a noite do baile.
Ah, mas Naruto iria lhe pagar. E já sabia até como.
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Passou a mão pelos cabelos, numa tentativa de manter a franja longe dos olhos azuis. Estava, desde o fim da manhã, a tentar colocar as matérias em dia. Iria cumprir o que prometera a Gaara, pelo menos isso, afinal, o amigo estava certo mesmo. Tinha faltado muito e consequentemente, perdido a maioria das matérias, não queria ficar com notas ruins, mesmo estando passando por tantos problemas. Já que se fosse realmente vencer aquele jogo, e sair vivo daquele colégio, gostaria de pelo menos ter boas notas.
Havia pego emprestado o caderno de Sai e, depois de ter ouvido várias piadas de mau gosto sobre suas faltas, por fim pôde ir para a sala de recreação. Sala esta que era ampla, as paredes pintadas de vermelho e azul. A sala tinha uma mesa de bilhar num canto pouco iluminado sobre uma pequena elevação, as mesas duplas de metal espalhadas pelo local, e uma decoração que lembrava bares antigos. Samambaias estavam penduradas rente as paredes, luminárias pendiam por todo o teto de forma graciosa espalhando sua luz.
Se via uma máquina de petiscos e uma de refrigerantes e sucos na entrada, ao seu lado, um conjunto de sofás de couro bege estava ocupado por um grupo de adolescentes barulhentos. A parede norte coberta por janelas, de onde entrava parte de iluminação daquela tarde de temperatura fria, sua mesa ficava ao lado de uma dessas janelas.
Havia a escolhido por querer mais espaço para poder espalhar o caderno e seus livros por ali. A mesa era maior, parecida com as do refeitório, já que podiam acomodar mais pessoas. Era de metal assim como as cadeiras e, como as outras, coberta por um forro xadrez de vermelho, preto e azul.
Suspirou, estudando o caderno de Sai, achando a atividade que faltava em seu caderno e começando a copiá-la. Ao menos Sai tinha a letra legível e organizada. Abaixou-se mais inconscientemente, copiando com mais rapidez, sua concentração focada.
Até ouvir aquela voz estridente.
— Então vai comigo, Sasuke?!
Não se conteve a olhar para a porta de entrada ao ouvir aquele nome, onde estava parado Sasuke com sua indiferença habitual, vestindo seu uniforme e, para surpresa do loiro, agarrada ao seu braço estava uma garota de cabelos cor-de-rosa.
Samara? Sarah? Sakura!
Naruto não sabia muito sobre ela, além de que era amiga de Ino, suas notas rivalizavam as de Shikamaru e que vivia atrás de Sasuke onde quer que ele fosse. Sasuke geralmente a ignorava
Naruto então não soube o que pensar ao vê-los juntos. A garota sorria enquanto Sasuke a olhava algumas vezes, respondendo rapidamente. Ele parecia estar à procura de alguém, seu olhar ziguezagueando por todo o local. Naruto sentiu vontade de se esconder, mas não teve tempo, seus olhos sendo capturados pelos escuros do Uchiha, que sorriu de forma predatória ao o avistar.
E, para maior desespero, começou a ir em sua direção, arrastando junto a garota de olhos verdes que não parava de falar.
Em momento algum desviaram os olhos. Naruto tentava esconder seu incomodo, tanto pelo olhar, quanto por vê-los juntos. Isso aumentou o sorriso de Sasuke, que sem cerimônias sentou-se à frente do loiro.
Sakura fez o mesmo, mesmo que ela tenha parecido demorar para o notar ali, completamente enamorada com o Uchiha sorrindo.
— Naruto. — Sasuke falou, o sorriso ainda mais predatório.
Só então ela pareceu notar que não estavam sozinhos na mesa imensa, apesar de todos os livros espalhados ali.
— Ah, olá Naruto. — Ela o cumprimentou de forma quase indiferente.
— Oi. — Respondeu seco. Viu-a fazer uma carranca pelo seu tom. Naruto virou-se para Sasuke, vendo a face satisfeita do maldito com a situação. — A que devo a ilustre presença de ambos?
A infeliz presença na verdade, porra, o que ele pensa que está fazendo junto com essa...essazinha!?
Alguém parece com ciúmes?
Até suas vozes da cabeça pareciam estar contra ele. Essa era sua vida?
— Somente passar o tempo Uzumaki... — respondeu se virando agora para a garota. — Sakura, a que horas devo ir ao seu quarto?
Definitivamente, aquele tom era tão explícito que Naruto sentiu o estômago se revirar. Abaixou o rosto, sentindo uma pontada no peito, recomeçando a copiar da melhor maneira possível. Estava ignorando Sasuke desde o baile, por bons motivos, a frisar, mas ainda assim...
Maldito! Maldito! Maldito! Filho da mãe! Sotalach!
— Lá pelas nove da noite...
Naruto tentou se desligar de toda aquela conversa nojenta entre o casal, nem tendo ideia da cara de desgosto que fazia.
Já Sasuke se deleitava com a expressão azeda do Uzumaki. As sobrancelhas loiras unidas, os lábios em um bico. Tudo naquele garoto transmita toda a sua raiva pelo o que ocorria. E Sasuke amava ver aquilo, amava suas reações, sempre tão espontâneas.
Naruto estava com ciúmes. Ele tinha certeza. Isso significava que ele estava afetado tanto quanto Sasuke, que não estava o ignorando por não gostar dele, por não o querer como ele o queria.
Aquilo também era sua vingança e Sasuke iria se deleitar com ela. A cena de mais cedo o tinha irritado muito. Ver Naruto agarrado de tal forma com Gaara o havia feito perder o terceiro horário inteiro pois não conseguia olhar na cara do Sabaku sem sentir um ódio assassino.
Passou o braço pelos ombros da moça, que corou murmurando seu nome de maneira débil. Às vezes até que era bom ter fãs.
— Sabe Sakura, eu gosto tanto do teu perfume... — Aproximou o rosto do pescoço da garota, aspirando o perfume adocicado, passando a ponta do nariz arrebitado de cima a baixo, sem tirar os olhos do garoto, que apertava com mais força a caneta, abaixando o rosto ainda mais. — Me deixa excitado... — sussurrou.
Foi a gota d’água.
Naruto mordeu o lábio inferior antes que soltasse um xingamento e saísse dali para fora. Não iria perder, sabia bem que Sasuke fazia aquilo de propósito, tinha de ser de propósito, afinal nunca havia se mostrado interessado naquela garota.
Eu poderia enfiar esse lápis bem no... Isso!
Iria mostrar aquele bastardo.
Ele acha que fazendo gracinha com essazinha na minha frente vai provocar ciúmes em mim.
E ele não está errado, pequeno, você está com...
Calado. Já sei até o que fazer.
Essa eu quero ver.
Sua voz da insanidade soar tão divertida era um sinal que devia ser uma péssima ideia.
Foda-se.
Esbarrou propositalmente em um dos lápis que estavam sobre a mesa e este caiu no chão, rolando para debaixo da mesa. Naruto olhou para Sasuke que dava leves beijos no pescoço da garota que corava e suspirava, mas sem para de fitar o loiro de soslaio.
Sakura estava alheia a toda a cena que se desenrolava na sua frente, completamente derretida nos braços do Uchiha.
— Ops! — Naruto sibilou, se abaixando. — Vou pegar meu lápis. — Avisou.
Sakura sequer parecia ter o ouvido.
Naruto entrou por debaixo da mesa facilmente, que era tampado pelo forro, mas ainda deixando parte de suas pernas visíveis. Agarrou facilmente o lápis o colocando no bolso. Aquela mesa parecia ser feita para caber perfeitamente seu pequeno corpo ali.
Sua intenção, no entanto, não era só pegar o objeto e sim ensinar o Uchiha onde era seu devido lugar.
Ele achou mesmo que eu iria ficar na minha.
Viu as pernas descobertas da garota que usava uma saia deveras curta, mas desviou o olhar para o local que lhe interessava. As pernas que Sasuke estavam abertas na pose usual, o que facilitou seu trabalho. Deslizou até ficar entre elas e agarrou com cada uma das mãos as coxas grossas do mais novo as separando mais, lhe dando espaço, sentindo os músculos retesarem de imediato. Surpreso, com certeza.
Deslizou a mão direita por toda a coxa a arranhando, e com a esquerda apalpou a parte interna delas. Sasuke se remexeu incomodado, com certeza nervoso e com receio de alguém os ver. Naruto não se importava com nada mais, se estava na chuva era para se molhar. E se ele o tinha provocado, que agora assumisse os riscos.
Com a mão esquerda fez o mesmo, arranhando com as unhas curtas a coxa, e com a direita, levando um dedo até entre meio das pernas cutucando o membro por cima do tecido.
Ele já está animadinho com tão pouco. Não conseguiu evitar que um sorriso travesso adornasse sua face. Ouviu um suspiro da garota que mexeu com as pernas, Sasuke devia estar a distraindo para que não notasse a demora de Naruto. Isso piorou tudo, de certa forma. Vamos ver agora, Sotalach, quem provoca quem.
Sem mais delongas, desabotoou a calça de Sasuke e desceu o zíper rapidamente. Naruto fitou a boxer, lamentando que ela não tinha nenhuma estampa idiota que pudesse usar contra o outro depois. Era som de um tom azulado e chato, pelo o que via pela leve penumbra por debaixo da mesa. Boxer essa que já continha um volume bem significante.
Sensível. Pensou, não contendo um sorriso traquina, lembrando-se das palavras de Sasuke no dia da festa.
Levou a mão direita até o volume o apalpando delicadamente, logo começando uma lenta masturbação, enquanto a mão esquerda seguia com as caricias pela parte interna da coxa. Hesitou por um instante. Nunca havia feito isso, tinha receio de não gostar, ou de fazer errado, mas sabia o que gostaria que fizessem em si, então faria o mesmo em Sasuke.
Engoliu em seco e abaixou a peça, o membro ficou ereto a sua frente, e arregalou os olhos. Era grande, a pele clara tinha veias bem visíveis e salientes em sua extensão, a cabeça se destacava em um tom rosado e acumulava o pré-gozo. Duvidou que aquilo coubesse todo em sua boca.
Sasuke não conteve um leve gemido ao sentir a respiração quente em seu membro. Não negaria que ficou completamente pasmo com o rumo que aquilo tomava. E ainda mais por Naruto estar a fazer aquilo no meio de todos, correndo o perigo de alguém notar, ou que o próprio Uchiha dê evidências do que acontecia.
Sakura, para sua sorte estava ocupada demais tentando fazer um bom trabalho em seu pescoço, ficando satisfeita ao ouvir o gemido.
Que não sabia ter sido causado por outra pessoa.
Naruto debaixo da mesa por fim agarrou o pênis do mais novo e começou novamente a masturbá-lo. Sasuke mexia com as pernas nervosamente. Logo sentiu a mão dele achar seu ombro e pousar ali, o apertando.
Naruto fechou os olhos, aproximou o rosto da ereção que endurecia em suas mãos e lambeu do começo até a ponta, onde o pré-gozo já escorria. Ouviu um gemido mais alto vindo de Sasuke que se contorceu mais ainda, sua mão passando para os cabelos de Naruto, sem impor pressão alguma.
Naruto fez uma cara ruim com o gosto, era azedo e salgado, estranho, mas suportável. Tão suportável que voltou a lambê-lo, agora, rodeando a língua pela glande rosada, a passando pela fenda que tinha ali, tentando ignorar o gosto. Então por fim, colocando-o todo dentro da boca, sendo obrigado a fechar os olhos.
— OH MEU DEUS! — Ouviu Sasuke ofegar e começou o vai e vem, até onde conseguia engolir, o que restava sua mão masturbava.
Sakura se afastou, assustada pelo grunhido de Sasuke. E sorriu.
—Você gosta quando eu faço isso? — Ela perguntou voltando a lamber seu pescoço.
Sasuke mordeu o lábio, completamente entregue na boca do Uzumaki, tentado se conter a qualquer custo, pedindo aos deuses que não corasse. Aquela maldita boca era quente, muito quente e acolhedora, a língua macia parecia trabalhar em si com tanto empenho e maestria que por um momento imaginou se Naruto já tinha feito isso em alguém. Esse pensamento se tornando incomodo, mas se dissipando totalmente quando sentiu ser sugado. Não conteve uma exclamação.
— Eu não ACREDITO! — Naruto o tirou da boca e refez o caminho de cima para baixo — Sakura o que é aquilo?
Sua voz saiu pouco trêmula, na tentativa de distrair a garota para que não notasse o quanto estava nervoso. Suor começando a acumular em sua testa. Ela olhou na direção indicada, procurando o alvo da surpresa do rapaz.
Naruto aumentou a velocidade ainda o sentindo crescer dentro de sua boca, pulsando, hora ou outra seus dentes roçavam-no, causando um atrito que para Sasuke era maravilhoso. Ele se contorcia levemente, a mão puxando seus cabelos e o empurrando, tentando criar um ritmo mais rápido. Naruto franziu as sobrancelhas, ao sentir o pênis tocar sua garganta sentiu ânsias de vômito, mas se conteve, sendo obrigado a continuar na velocidade que lhe era imposta.
Tentava a todo custo não fazer aqueles sons estalados com a boca, mas era difícil, sugar aquele membro lambuzado sem fazer som algum.
— O que, Sasuke? — Sakura olhou confusa na direção que lhe era apontada, não vendo nada. — Sasuke?
Sasuke tentou da melhor maneira possível parecer indiferente, mas seus lábios pareciam sempre querer contorcer-se quando Naruto lhe sugava com força.
Ao ter os olhos verdes em seu rosto, confusos e desconfiados, suspirou, engolindo em seco.
— Como está aquela sua amiga? Hum... Ino. ISSO MESMO! ISSO! — Se controlou enquanto a garota quase pulou com o susto quando sua voz aumentou de volume bruscamente. — Ino...
Sakura desconfiou do quase gemido que ele soltou ao falar o nome de sua amiga, ainda mais da mudança brusca de assunto.
Sasuke é estranho. Como nunca reparei? Mas ele também é tão...lindo.
Por fim deu de ombros, iniciando mais uma tagarelice e ignorando toda a estranheza da situação. Antes que terminasse a primeira frase o viu corar. Se virou para onde Naruto deveria estar e viu a cadeira ainda vazia.
— Mas para onde foi o Naruto? — Perguntou, desconfiada.
Naruto tirou-o da boca, limpando a saliva que havia escorrido pelos cantos para falar, mas ainda mantendo pouca distância da glande. Franziu o cenho irritado ao sentir seus cabelos serem puxados para que não parasse.
Sasuke ficou agoniado, procurando algo para dizer, embaraçado demais com todo o tesão e prazer que sentia. Naruto foi mais rápido
— Estou aqui! — A voz saiu abafada por debaixo da mesa. — Meu lápis. Vim pegar meu lá...
Sasuke forçou a cabeça do loiro contra seu membro, tentando o calar antes que a garota resolvesse ver o que acontecia lá embaixo.
— Mas o que...
— SAKURA VOCÊ É LINDA! — Quase gritou novamente, fechando os olhos rapidamente. Agora por Naruto ter apertado seus testículos enquanto continuava o boquete. Ainda mais quando ele gemeu com o pênis ainda dentro da boca, espalhando uma maravilhosa vibração por todo o membro excessivamente sensível.
A garota corou, esquecendo completamente de qualquer outro assunto que tivesse anteriormente, seus olhos verdes brilhando de felicidade. Praticamente pulando sobre ele em um abraço que rodeou seu pescoço.
Sasuke já não tinha mais sentidos além do prazer que espalhava por seu corpo em choques elétricos. Fechou os olhos suspirando em deleite, sua face entre indiferença e agonia. Sentiu o coração ficar ainda mais frenético quando os espasmos começaram. Iria gozar, finalmente. Tentaria ser o mais discreto possível. Se arrepiou por completo, sentindo a cavidade quente, molhada e pequena o sugar com mais força. Seus testículos sendo massageados delicadamente.
Naruto deixou algumas lágrimas escaparem, não era algo muito bom de se fazer, já que a todo momento a glande batia na parede de sua garganta e tinha de reprimir sua vontade de vomitar com todas as forças. Porém, saber que estava se vingando, que o maldito estava se sentindo tão bem a ponto de gemer, já era um grande estímulo para que continuasse.
Quando o viu se mexer ainda mais inquieto, sentindo que o membro pulsava mais ainda, Naruto entendeu que era a hora de dar a cartada final.
— Sasuke eu sempre soube que você gostava de mim... — Ouviu a garota dizer, com um ar sonhador e autoconfiante.
Sasuke soltou um suspiro longo já se preparando para o que vinha a seguir, quando então...
Ele parou, simplesmente tirou o membro de sua boca, o colocando de volta na boxer e fechando o zíper devagar e sem mais nem menos saiu de debaixo da mesa, se sentando em seu lugar. Com sua face avermelhada, os lábios do mesmo tom molhados e os olhos grandes e divertidos que o fitavam em desafio.
Sasuke o fitou boquiaberto, completamente estático com o que Naruto havia acabado de fazer. Ele tinha lhe feito um boquete delicioso daqueles e na melhor hora o deixou na mão, literalmente, claro.
A garota o soltou e começou a falar sobre “almas-gêmeas” completamente entusiasmada.
Naruto sorriu travesso, tirando o lápis do bolso o pousando sobre a mesa. Sakura se virou para ele, olhando-o curiosa.
— Naruto? Você demorou...
— Ele estava debaixo da cadeira do Sasuke, foi trabalhoso me contorcer até lá. Oh, mas quebrou a ponta, tsc. — Sorriu de canto — Esses objetos hoje em dia são muito "sensíveis". — Controlou o riso com falso pesar. Claro que o Uchiha notou o sentido duplo da frase, mas a garota parecia completamente ignorante a esse fato.
— Ah sim. Sasuke como eu dizia...
Ela não conseguiu terminar a frase, pois Sasuke se mexeu rapidamente e se levantou, ajeitando as calças. A face vermelha e indignada, os olhos negros irritados dirigidos ao garoto em um claro aviso: “Você me paga!”
E saiu dali, seu andar rápido e meio torto, chamando atenção de todos. Sakura se levantou de supetão, confusa, se despediu de Naruto sem ao menos o olhar e saiu correndo, chamando por Sasuke.
Naruto não conteve a gargalhada que lhe rompeu pela garganta levemente dolorida. No fim, ponto para ele.
Naruto um, Sasuke zero.
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