História Seacht - Díoltas

 

Minha mãe costumava brincar dizendo que eu era o menininho do papai.

Não havia ciúmes, apenas divertimento e resignação em sua voz. Não que eu não amasse minha mam, eu a amava e a respeitava com todo o meu coração, mas eu era completamente louco por daidí desde que me entendia por gente.

Eu sofria mais quando ele estava longe, sempre tinha uma noção estranha quando ele estava perto de chegar em casa. Eu sentia quando ele estava triste, ou com problemas, de uma forma diferente.

Eu queria bem a todos, de verdade, mas quando era daidí, eu queria sempre ter certeza de que ele estava ali. Ficar longe dele havia sido a pior parte de ir morar com o meu avô. E pelo o olhar dele quando vinha me ver, a forma quase desesperada com que ele me abraçava, era algo mútuo.

Eu sempre tinha um medo quase irracional que ele um dia não ia retornar. Mentir pra daidí nos últimos anos havia sido a coisa mais difícil que eu já havia feito, mas a necessidade de o proteger dos meus problemas sempre ganhava.

Às vezes, eu tinha a noção estranha que na minha cabeça as relações se invertiam. Daidí não era mais meu daídí, mas alguém tão ou mais precioso.

Às vezes, quando eu olhava para daidí, eu via um sonho distante e estranho, de um menininho correndo uma colina enquanto eu observava de longe, escondido na floresta. Os cabelos ruivos ao vento, uma mulher o esperando na porta, olhando na minha direção com um olhar triste.

Eu via esse menininho crescendo de longe, e então...um corpo enrolado em um lençol, um anel ensanguentado no chão.

Essa visão sempre me fazia chorar.

  ............

INO NÃO QUERIA RIR. De verdade.

Sakura havia saído da cantina com Sasuke com uma cara tão esperançosa e Ino apenas sabia no que aquilo ia dar. E quando ela retornou ao quarto das duas com a expressão frustrada e confusa Ino apenas tentou não rir de imediato.

Sakura nunca aprendia a lição dela. Para alguém dita como genial, ela podia ser bem boba.

Ino segurou a risada enquanto fingia praticar sua meditação diária, mas ia ficando cada vez mais difícil a medida que a colega de quarto caia na cama e grunhia daquela forma, virando, parecendo querer perguntar algo, ou apenas descontar a frustração em algum saco de areia.

As duas eram amigas. Mais ou menos. Era complicado.

A verdade: Ino tinha uma queda em fazer amizade por pessoas com sérios problemas na cabeça. Talvez fosse um complexo seu de querer analisar e tentar consertar as pessoas que herdara do seu pai, um psiquiatra de primeira.

No começou havia ignorado isso, até perceber que havia se interessado pela complexidade de Sasuke Uchiha — o que havia gerado a briga com Sakura — até conhecer Sai, que era um ser mais complexo e problemático ainda.

Perto de Sai e — Deus o abençoe — Naruto, Sasuke Uchiha era completamente normal. São até.

Enfim, voltando a Sakura. Sua amiga-rival, colega de quarto, gênio por trás daquela testa e bipolar — clinicamente diagnosticada —, que estava perigosamente perto de ter um episódio naquele momento se não intervisse.

Sakura maníaca era um grande oh ho. Melhor evitar.

Por fim suspirou, tentando aparentar indiferença: —O que foi, Sakura?

Foi o que bastou.

—Eu nunca pensei que diria isso na vida, mas Sasuke é tão estranho.

Oh. Interessante.

—O que aconteceu?

—Ele estava claramente caído por mim...

Duvidava isso.

—...me chamou para sair, marcou para se encontrar a noite, mas então encontramos Naruto...

Ino, não ria, se controle.

— E tudo ficou muito estranho.

—Detalhes.

Sakura não precisou ser perguntada outra vez. E quando terminou sua pequena anedota Ino queria rir muito, ou bater a cabeça na parede, porque Sakura era um gênio, mas um gênio bem estúpido. Como todos os gênios que ela conhecia, pelo jeito.

—Sakura. — Ela interrompeu a amiga, que andava de um lado para o outro no quarto. — Você realmente não tem ideia de o que Naru estava fazendo debaixo da mesa?

—Como assim?

—Sasuke saiu caminhando torto?

—Como sabe?

Argh. Gênio estúpido.

—Sakura...

As duas se encararam por minutos. E Ino realmente não queria ter que ser explicita, mas...okay, ela totalmente queria.

—Ele estava chupando ele, Sakura.

Silêncio.

—Não.

—Yep.

—Não.

—Isso aí.

—Sasuke é...

—Gay pelo Naruto. Tipo, super gay por ele.

—O quê!?

.................

Hinata observou Naruto cutucar sua comida com ar distraído. Estava tão acostumada com o ar alegre dele, sempre conversando, lhe incluindo nos assuntos entre os amigos, que vê-lo calado lhe deixava preocupada. Os outros pareciam não perceber o quanto o garoto mais velho às vezes parecia entregue a certa tristeza, o quanto eram diferentes os sorrisos sinceros dele e aqueles que ele parecia dar apenas como fingimento.

Ela percebia. Havia notado Naruto desde que ele chegara ao colégio, mas nunca imaginara que poderiam ficar amigos. Ela nem mesmo conseguia olhar para ele sem ficar envergonhada, quanto mais ficar sentada a seu lado.

Já se sentava com ele e os outros há três dias, no refeitório e nas aulas em que estavam na mesma sala também. Naruto sempre dava um jeito de ficar perto dos amigos e, aparentemente, ela era incluída nessa categoria agora.

Em apenas três dias.

Era um pouco inacreditável perceber que alguém assim existia, de verdade.

Ou que Hinata tinha amigos.

 Não era acostumada a ter amigos, os alunos não se aproximavam muito por seu pai ser quem era. O que eles não sabiam é que seu pai nem mesmo gostava dela, a achava indigna de ser da família. Ela não queria nem mesmo entrar para o FBI, fazia tudo, treinava desde criança, apenas para agradar o pai, mas nunca estava à altura. Ela queria ser médica, como sua mãe fora antes de morrer, mas não podia.

E então havia Neji. Ela e o primo um dia foram amigos quando crianças, mas desde que ele ganhara aquele jogo havia se afastado abruptamente. Neji se transformara. Ele não era mais o garoto que a protegia. Ele não era mais o mesmo. E detestava admitir, que tinha tanto medo dele quanto tinha do pai, que passaria por cima de tudo pelo trabalho, inclusive das filhas.

Naruto foi o único que a enxergou desde Neji. Havia algo nele que a deixava em completa paz, que a fazia se sentir forte. Desde que o vira sentia que o conhecia. E quando ouvira sua voz, fora... Estranho. Para completar, por mais tempo que passasse perto dele, por mais que ele tentasse a deixar à vontade, às vezes se pegava o encarando de modo abobalhado, como muitos faziam.

Ele era simplesmente...alguma coisa diferente. Algo que se encontraria em um quadro, não parecia de verdade. Ela sempre achava que era um exagero das outras garotas, que ele devia ter um defeito, mas... Não. Ele não tinha. Ele nem mesmo ligava para a beleza que possuía: andava desarrumado, os cabelos bagunçados, o uniforme nunca parecia alinhado como deveria. Enquanto os garotos morriam na musculação, ele parecia totalmente despreocupado. E ainda assim, exceto por Sasuke Uchiha, não havia ninguém tão bonito quanto ele no colégio.

Hinata tinha que se obrigar a respirar às vezes perto dele quando ele lhe sorria, ou lhe abraçava de modo efusivo. Naruto era gentil, engraçado, e mesmo que um tanto distraído e atrapalhado, era inteligente, pensava rápido. Ele tentava deixar sempre todos à vontade, ser bondoso com todos. Nobre, lindo, e tão humano... Parecia um anjo, um lindo anjo...

— Você se acostuma. — Ino falou ao seu lado e piscou, notando que encarava o outro, que olhava para algum ponto do refeitório com ar melancólico.

— E-eu... — Gaguejou, desviando os olhos para o copo de suco, vermelha.

A garota riu da sua expressão baixinho.

— Relaxa. Com o tempo passa. Eu demorei uma semana para parar de ficar encarando. E como um bom cavalheiro, ele fingia que não via, apesar de odiar a atenção. Você se acostuma.

Hinata assentiu envergonhada e Ino riu mais, a achando fofa, voltando-se para seu shake. Seus olhos varreram ao redor, procurando por Sakura que ainda parecia bem revoltada essa manhã. Aparentemente os dois garotos mais bonitos do colégio serem gays um pelo o outro havia tirado o chão debaixo dos pés dela.

Ino não devia se divertir tanto com a situação, mas...okay. Era hilário.

E pensar que já havia tido um crush em Sasuke. Vendo a forma como ele fitava Naruto de um jeito bobalhão era doce e patético ao mesmo tempo. A fazia perceber que Sasuke Uchiha era na verdade mais socialmente inapto do que se acreditava.

Encontrou a amiga na fila, conversando com Rock Lee. Sakura sempre comentava irritada em como o melhor lutador do colégio — melhor até mesmo que Naruto, o único que já tinha o vencido — vivia a chamando para sair. Aparentemente ela estava revendo suas opções depois da decepção de ontem.

Olhando a forma como Rock Lee falava com Sakura, mas fitava Gaara na fila ao lado, que parecia não notar os olhares do seu colega de quarto, Ino queria bater sua cabeça na mesa.

Aparentemente, Sakura tinha um tipo específico de cara. Caras que gostavam de outros caras.

—Do que está rindo, sua estranha.

A voz preguiçosa e desinteressada a fez olhar para o lado. Shikamaru parecia que ainda estava dormindo. Em algum momento ele o Chouji haviam a seguido para a mesa do Naruto. Na verdade, parando para pensar, não sabia quem tinha seguido quem.

Talvez Shikamaru tenha entrado no esquadrão de proteção ao Naruto — como gostava de chamar na sua cabeça às vezes — antes dela. Gaara, claro, havia sido o primeiro membro. E pensando bem na primeira briga de Naruto com Sasuke, Shikamaru e Sai — embora do jeito dele — também foram membros originais. Ela havia se aproximado depois, por causa de Sai, e por Naruto ter aquele ar inocente de que precisa ser protegido a todo custo. Chouji viera no pacote com Shikamaru. Depois viera Hinata Hyuuga. Sasuke e Itachi Uchiha com certeza tinha a carteira do esquadrão também.

Estavam expandindo, pelo jeito.

—Ino.

Ah sim.

—Só observando.

—Você tem aquele olhar...argh, quer saber? Não quero saber, deve ser problemático.

O ignorou e continuou.

—Já tinha percebido que Rock Lee tem um crush em Gaara?

—Não quero ouvir.

—Deve ser por isso que ele elogia os olhos da Sakura, é o tom de verde.

—Ino.

Alheio a isso, Naruto procurava com os olhos a cabeça negra de Sasuke, pronto para bater retirada se ele aparecesse. Sua vingança teve um efeito bem contrário na sua opinião, pois era ele que não conseguia mais olhar o outro, ainda atordoado com o que fizera.

E temos um puritano.

Foda-se!

Ouviu a risada na sua cabeça, tentando não pensar que estava ficando cada vez mais louco. Ao menos Sasuke também o estava ignorando, o que o preocupava. Esse silêncio todo só significava que o Uchiha aprontaria alguma.

Detestava quando estava certo.

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— Não leve a mal, mas...Pensei que seria meu tutor apenas por uma semana.

Naruto falou de modo descontraído, guardando sua mochila no armário enquanto o Uchiha mais velho olhava para seus movimentos, sentado no banco de madeira do vestiário, distraído.

Às vezes Itachi parecia totalmente alheio. Estava pronto para repetir o que dissera quando ele suspirou, encarando Naruto que o olhava por cima do ombro, de sunga e com uma toalha nos ombros.

— Eu recebi permissão para acompanhá-lo durante mais tempo. — Falou com um sorriso de lado, se erguendo e fechando o aparelho eletrônico do tamanho de um Ipad que praticamente não largava ultimamente, para zanga de Naruto que não gostava de ser ignorado por ele.

— Permissão ou missão? — Perguntou baixo, batendo a porta do armário e se virando com uma cara séria. — Não sei a razão de obedecer a aquele filho da puta.

— Não é a Obito que me reporto, Naruto. — Respondeu também baixo. — Não foi ele que me designou para te vigiar. Obito não passa de um peão, e vamos parar por aqui.

— Mas...

— Vou contar a você quando for a hora. Basta saber que existem pessoas mais perigosas nisso.

Naruto ficou emburrado. Sabia que não adiantava insistir. Itachi suportava sua insistência, bem sabia que não falaria nada.

Levantou a cabeça quando ouvia uma risada do mais velho. Nem mesmo notara que Itachi estava tão perto, curioso demais com a risada. Itachi quase nunca ria. Nem Sasuke. Devia ser coisa de Uchiha, o que o fazia pensar que Obito era mesmo lunático.

— O quê? — Perguntou com a sobrancelha loira arqueada e cruzando os braços. — Seu estranho.

— É só que você fica muito engraçado fazendo beicinho. — O outro falou com um pequeno sorriso que o fez ficar vermelho e indignado, desviando os olhos azuis.

— Seu demente! Não ria de mim!

— Não sabe nem xingar. — Sentiu uma mão bagunçando seus cabelos loiros e olhou o outro, incrédulo com a ousadia de ser tratado como um filhote. — Que bonitinho.

Itachi observou o garoto corado com divertimento. Ele agia totalmente diferente com Naruto. Os únicos que conseguiam o tirar de seu humor estoico eram esse garoto excêntrico, Shisui e o irmãozinho. A diferença é que Naruto conseguiu esse efeito bem rápido. Ele nunca resistia a ele, em nenhuma vida, e nessa não seria diferente. Porém, tinha algo dessa vez que o tornava ainda mais único.

A cena foi atrapalhada por uma tossida. Se viraram e encontraram os olhos curiosos de Sai, que nunca vira o Uchiha daquela maneira. Na mesma hora Itachi se fechou, o rosto se tornando impassível, se afastando de Naruto rapidamente.

— Nos vemos depois. — Falou baixo para Naruto, que assentiu ainda corado.

 As pessoas não poderiam saber como Itachi era, imaginava, ou ele perderia o respeito. Ia tratar de zoar o outro com isso depois, por vingança.

Adorava se vingar dos Uchihas.  

Naruto virou de volta ao armário, tentando ignorar Sai, quem sabe ele iria embora.

Já disse que ignorar os problemas não funciona.

Que ótimo, um psicólogo na minha cabeça. Vai se ferrar.

— Estou curioso.

Suspirou.

Avisei.

— Não me diga, Shimura.

Virou encostando seu armário e saindo com o outro em seu encalço, o rosto realmente curioso, com as roupas da aula de luta já colocadas e na mochila e com as luvas penduradas de lado.

— Não devia estar na aula?

— Deveria. Afinal, com qual deles você está? Com o vencedor ou o metidão?

Naruto se virou indignado.

— Não estou com ninguém, seu energúmeno!

Sai lhe sorriu de modo falso, fechando os olhos.

— Ah...Então...com a Hyuuga?

Naruto abriu a boca, chocado.

— Hinata é minha amiga! Onde você está com a cabeça?

— Você às vezes não tira o olho da bunda dela. — O shimura bateu no queixo pensativo, enquanto pegava a bolsa de volta que pusera no chão. — E não te culpo, mas... Fica se agarrando com o metidão, e todo vermelho com o vencedor. Acho que está em dúvidas com sua sexualidade, eu li isso em um livro... Talvez você devesse experimentar, quem sabe até todos juntos... Ou pode ser bissexual?

— Sai! — Naruto se engasgou com cuspe, olhando para o outro chocado.

Sai colocou as mãos na frente do corpo.

— Tudo bem, tudo bem. Não estou julgando. Ser seu colega de quarto não é fácil, eu só não virei de lado por que gosto muito de peitos e tudo mais, mas Ino me falou que o índice de garotos com dúvidas sobre sua sexualidade aumentou bastante desde que você pisou aqui, então não se sinta mal. Apenas abrace isso e curta novas experiências! Eu tenho um colega que iria adorar se você...

— SAI! CALA A PORRA DESSA BOCA! — Naruto levantou o punho, recuperado do choque. Sai agilmente correu para fora do vestiário, rindo da sua cara.

Naruto passou alguns segundos parado, sem acreditar que essa cena havia acontecido. Conhecendo Sai, ele provavelmente até pensou que estava lhe ajudando.

Tenho que pegar esses livros dele e queimar.

Sai tinha sérios problemas na cabeça, mas todos ali tinham. Até ele tinha pirado. Devia ser algo no lugar, a água ou algo assim.  Já havia de certa forma se acostumado as provocações do colega de quarto, mas isso não queria dizer que isso havia deixado de ser irritante.

Saiu do vestiário na direção da piscina, iria treinar pelo menos um pouco naquela tarde que estava suspenso das aulas de luta. Havia resolvido nadar na piscina coberta logo após descobrir que existia uma delas perto do campo de treinamento de tiro. O tempo lá fora não era um dos melhores para praticar natação, mas com uma piscina coberta e aquecida podia finalmente deixar seus instintos e seu corpo soltos.

A piscina olímpica de vinte e cinco metros era separada pelas seis raias coloridas, e se estendia por todo o salão amplo. No canto direito ficavam alguns armários onde eram guardados os equipamentos flutuantes. No lado oposto algumas cadeiras de plástico e mesas em pilhas organizadas. As paredes azuis, o teto alto onde várias lapadas fluorescentes estavam fixadas. Havia mais duas portas ali, estas que Naruto nem se importava em saber onde dariam.  Ao lado da piscina estava um amontoado de plásticos azul escuro, que obviamente eram utilizados para a tapar. Olhou para a piscina, sentindo uma felicidade sem propósitos somente em pensar que logo poderia estar dentro dela.

Seu amor por nadar havia sido algo adquirido com o tempo. Quando era bem pequeno, ele tinha pavor de água, mas seu avô havia o ajudado a superar isso da forma menos convencional possível: o jogando dentro do rio até que aprendesse a nadar. Depois disso, nos finais de semana em que seu pai vinha para a cabana, os três passavam a tarde mergulhando no riacho perto, se secando ao sol apenas para mergulhar novamente.

As cenas de medo em sua mente, de horror inimagináveis arrastados por seus pesadelos, foram substituídas por se sentir seguro nos braços do seu pai na água, de ser jogado entre os dois no ar, com a certeza de que enquanto eles estivessem lá nada de ruim iria lhe acontecer.

Era esse sentimento que tinha quando nadava até então: de retornar para aquele riacho, de se sentir seguro nos braços dos dois homens em que mais confiava no mundo.

Retirou a toalha que tinha pendurada ao pescoço a jogando no chão ao lado da raia da piscina onde pretendia nadar. Logo, tomou distância. E com um sorriso nos lábios correu até a piscina onde deu um salto de ponta.

Era extasiante, a água morna o rodeando por completo, seus ouvidos ali quase inúteis, enquanto dava braçadas leves abaixo da água. Quase encostando ao fundo ladrilhado da piscina límpida. Movendo-se instintivamente. Ficou ali por alguns momentos, até sentir o fôlego começar a ficar escasso, e nadou para cima.

Alcançando a superfície, respirou fundo pela boca enquanto tentava retirar os cabelos loiros da frente dos olhos. Riu satisfeito começando a nadar em estilo crawl até o fim da piscina. Finalmente podia extravasar toda sua carga excessiva de raiva em seus movimentos ritmados, podia enfim descontar sua raiva em algo que não feriria alguém. Como fizera no tatame.

E ali se passou quase meia-hora. Havia parado algumas vezes para recuperar o fôlego e depois recomeçando novamente. Sabia que teria cãibras depois pelo esforço, mas não se importava, havia feito os alongamentos perfeitamente e os faria após terminar os exercícios.

Estava tão absorto em seu nado que nem notara a presença de Sasuke.

Sasuke havia visto Sai voltar por aquele caminho e, curioso, resolveu verificar o que sua cópia mal feita estava fazendo ali. Nem podia falar nada de ruim, já que o outro rapaz sempre era uma boa maneira de encontrar Naruto. E ao ver que o ele estava na piscina, passou no vestiário, olhando o armário do outro encostado, sua mochila ali. Vulnerável.

Hn...

O plano se desenhou depressa na sua cabeça e sorriu maliciosamente.

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          Cruzou os braços, observando as braçadas brutas e as pernadas fortes que mais espirravam água do que o moviam do lugar. Sasuke balançou a cabeça, se abaixando para pegar a toalha e a pendurar no ombro.  Viu-o mergulhar quando chegava na beira da piscina e tomar impulso na parede para fazer o sentido reverso. Ficou a olhá-lo até que chegasse onde ele estava.

Naruto parou se apoiando na beirada da piscina, ofegante, enquanto tentava insistentemente retirar os cabelos molhados do rosto. Piscando algumas vezes, por causa do cloro, que deixava seus olhos secos e vermelhos.

— Você nada bem. Só acho que devia evitar de tirar a perna tanto do nível da água, assim vai ter mais impulso.

Naruto se assustou com a voz repentina, se virando para a pessoa que o olhava de cima com um sorriso muito suspeito no rosto.

— Sasuke? O que está fazendo aqui? — Se apressou para sair da piscina, subindo os degraus rapidamente até sentir o choque térmico da água quente e o ar frio, se arrepiando.

Engoliu em seco ao ter o olhar afiado percorrendo seu corpo seminu de cima a baixo. Indo em sua direção, Sasuke lhe jogou a toalha para se enxugar, ainda silencioso.

Naruto sentiu seus sentidos em alerta, pegando a toalha hesitante.

 — Deveria estar na aula...

— Você também, se não tivesse feito o Inuzuka chorar aquele dia. — Seu ar debochado fez com que Naruto franzisse as sobrancelhas, se enrolando na toalha. — Não que eu tenha achado ruim... O que é isso na sua perna?

Ele perguntou de forma repentina, seu tom de voz ficando sério. Apontou para o curativo branco e agora molhado na panturrilha de Naruto, esquecendo por um instante o que viera fazer. Havia mesmo notado que Naruto ainda estava mancando, mas imaginou que ainda seria a mesma causa de semanas atrás, quando ele havia aparecido naquela situação. Como não eram amigos na época, não havia podido perguntar a causa, mesmo com a curiosidade.

 Porém, aquele curativo era recente.

— Me machuquei na trilha da aula de campo de biologia. — Naruto falou, depressa demais. Antes que Sasuke pudesse retorquir, o outro havia estreitados os olhos, o analisando. — Isso não é da sua conta também. O que quer aqui? Ou melhor, por que está me seguindo, Sotalach?

Naruto parou na sua frente, os azul-céu o avaliando. Sasuke sentiu vontade de rir ao vê-lo semicerrar os olhos assim, completamente desconfiado.

— Primeiro... — Sasuke se aproximou de Naruto, que recuou ao ver a expressão que tomava seu rosto. Era a expressão de um caçador, encurralando sua presa. — Você fez uma coisa muito errada há dois dias, Dobe.

Sasuke deu outro passo enquanto Naruto dava dois, bem, daria dois se não tivesse um amontoado de plásticos protetores no chão. Naruto viu-se sem escolha, cercado, e logo o Uchiha já estava a sua frente a três palmos de distância. O olhar felino, o sorriso debochado.

— Segundo... — Sasuke espalmou ambas as mãos no peito dele, o empurrando. Naruto caiu facilmente sobre os plásticos macios, se erguendo pelos antebraços, o coração acelerado o deixando estático demais para responder a tudo aquilo. Se sentindo preso nos olhos negros que o perfuravam. — Eu nunca deixo algo que me fazem impune.

Sasuke se agachou a frente do outro, que ofegava de olhos arregalados, a boca pequena e carnuda entreaberta, as maçãs coradas. Sasuke pausou por alguns segundos muito longos com isso. Se encontrou se perguntando qual expressão Naruto faria durante um orgasmo.

Ele nunca havia pensado em algo assim sobre ninguém antes.

Eu realmente estou fodido.

— Nunca... — Retornou ao fio da meada, se aproximando mais, engatinhando suavemente por cima do garoto paralisado. Sasuke deslizou a mão direita pela perna grossa, ainda um pouco molhada, sentindo a textura. Logo, separando-a para que pudesse ficar entre suas pernas. Abaixou o rosto, ainda sem tirar os olhos da face do outro garoto, e beijou a parte interna de suas coxas, deslizando a língua por ali, capturando algumas gotas de água que ainda escorriam. — Por isso vou te fazer gritar de prazer, tanto que vai implorar para que eu te chupe mais for... — Teria continuado com suas provocações se não tivesse sido agarrado pela nuca e puxado para um beijo arrebatador.

Surpreso, não teve tempo de sequer de tentar dominar, e já tinha sido afastado pelas mãos pequenas. Foi obrigado a fitar as duas belas safiras brilhantes a sua frente.

Sasuke não esperava por essa reação.

E desde quando ele faz o que eu espero?

— Não se banca muito, amaid. Quem fala demais pouco faz. — O sorriso travesso de Naruto se fez presente, instigando-o, completamente diferente de momentos atrás em que ele parecia acuado demais. — Tô pagando pra ver.

Ele não devia ter dito isso.

Antes que Naruto pudesse assimilar a expressão de Sasuke, o viu se abaixar e capturar um de seus mamilos rosados com a boca, os sugando com avidez. Naruto tentou conter o longo gemido de susto, tendo pouco êxito. Sasuke levantou os olhos para fitar outro, que se apoiava debilmente nos antebraços.

De olhos fechados, sobrancelhas unidas e a boca entreaberta por onde suspiros escapavam, a imagem o deixou satisfeito consigo mesmo mais do que poderia admitir.

Rodeou o mamilo com a língua, sentindo eriçar em sua boca, logo o sugando novamente. Naruto resmungou algo e Sasuke o soltou, levantando o rosto, desafiador para o garoto que ofegava.

— Pagando pra ver né? — Sorriu, abaixando o rosto novamente.

Recomeçou a lambê-lo, sua língua descendo pelo peitoral, traçando um caminho imaginário, que realmente sempre imaginou fazer, curiosamente observando as reações que recebia;

— Sasuke... — Ouviu um sussurro, seguido de um grunhindo que nem se deu ao trabalho de entender quando abaixou a cabeça e lambeu o membro já rijo por debaixo da sunga preta molhada.

Levantou a mão esquerda e apalpando aquele volume que parecia aumentar. Pousou a mão direita na coxa grossa, deslizando por ela, dando alguns beliscões por sua extensão.

Olhou Naruto, vendo-o conter um gemido ao ser novamente lambido por cima da sunga. Seu lindo rosto mostrando todo o êxtase que sentia somente com aqueles toques singelos. O Uchiha, satisfeito com as reações, resolveu que era hora de ver mais delas, afinal. Gostava de ser sempre direto ao ponto.

              E melhor agir rápido antes que Naruto percebesse que era a primeira vez que Sasuke estava fazendo aquilo. Aquela havia sido uma pesquisa estranha que esperava nunca ter que repetir.

Sem delongas, abaixou a sunga molhada, deixando livre ereção de Naruto. Passou alguns segundos apenas a encarando.

Bem Sasuke, sem voltar atrás agora. É por uma boa causa.

Puxou a sunga até que esta estivesse em sua mão, deixando o garoto mais velho completamente nu à sua frente.

Afastou-se mais para vislumbrá-lo melhor, tentando marcar em sua mente a bela imagem de Naruto completamente nu. O corpo era esbelto, mas detalhado. A cintura pouco afinada, os quadris magros e coxas grossas, a marca evidente de um bronzeamento fazendo o torneado de uma sunga, marcando uma parte levemente mais clara.

Evitou olhar em seu membro, erguendo o olhar para a barriga meramente detalhada, que ondulava conforme sua respiração mais avantajada acelerava, os olhos azuis arregalados, o tom carmim nas bochechas marcadas, os lábios vermelhos e entre abertos, e os cabelos loiros molhados jogados para trás. Tudo isso amparado pelos cotovelos que ameaçavam ceder a sua ansiedade e vergonha, enquanto se encolhia.

Inconscientemente Sasuke umedeceu os lábios com a língua, engolindo em seco com a cena. Fitou-o nos olhos, vendo os azuis indecisos com a situação, incertos sobre suas intenções.

 Aproximou-se, observando a boca carnuda tremer levemente enquanto pronunciava: — Sasuke acho que...

 Não conseguiu terminar, pois como havia feito antes, foi calado por um beijo. Sasuke o empurrou suavemente, o fazendo deitar sobre o amontoado de plásticos. Ficando sobre ele, deslizou a mão esquerda pelo abdômen até o membro rijo e negligenciado de Naruto, o envolvendo com a mão iniciando uma masturbação lenta.

No primeiro toque Naruto já gemeu contra a boca de Sasuke, que sugou sua língua a prendendo entre os dentes, o soltando devagar enquanto fazia o mesmo com a mão que descia lentamente no mesmo ritmo pelo membro. Logo, subindo rapidamente.

Naruto não sabia o que fazer com as mãos, então, somente se enrolou no pescoço de Sasuke, o puxando para mais perto, se fosse possível.

Sasuke soltou a boca de Naruto a procura de ar, ouvindo um gemido escapar pelos lábios inchados do outro. Fitou a expressão deliciosa que ele fazia, a forma como as pálpebras dele tremiam, em como a respiração saia acelerada dos lábios entreabertos. Lábios esses que Sasuke não se conteve e os lambeu, fazendo com que Naruto os entreabrisse e iniciasse mais um beijo faminto.

O ritmo da masturbação aumentou, conforme via o outro garoto se contorcer abaixo de si, sua língua o incitando. Sentiu-o novamente gemer entre o beijo, um gemido mais longo, que denunciava o que vinha a seguir. Então sua mão parou de se movimentar e quebrou o beijo.

Naruto o encarou ofegante, corado e irritado. Tanto por ter quebrado o beijo tão repentinamente, quanto por ter parado no momento que estava chegando em seu limite.  Sasuke sorria maliciosamente enquanto deslizava para baixo. Ficando de frente a ereção dura e inchada, com algumas veias proeminentes, já molhado pelo pré-gozo. Nem precisou umedecer os lábios, e já o lambeu da base até a glande.

Naruto soltou uma exclamação surpresa, mal acreditando no que Sasuke fazia. Por um momento acreditou que Sasuke iria se erguer e ir embora, como havia feito no dia anterior, mas ele o surpreendeu.

Se apoio nos cotovelos precariamente para o fitar, sendo atingido pelos olhos negros fixos em sua face enquanto deslizava com a língua pelo membro de forma quase clínica, a expressão adoravelmente determinada.

Dois pensamentos vieram a cabeça de Naruto em sucessão: Primeiro, Sasuke não tinha muita ideia do que estava fazendo. Naruto deveria ser o primeiro cara com que fazia isso e desconfiava que ele nem mesmo tivesse recebido um boquete na vida pelo jeito como estava fazendo. Isso não o incomodou nenhum pouco.

Segundo, Sasuke não precisava de experiência enquanto o olhava daquela forma. Devia ser ilegal ser atraente assim.

Foc.

— Até que não é tão ruim como sempre imaginei... — Sasuke murmurou, a expressão curiosa. Seu hálito quente bateu em sua ereção e Naruto perdeu um pouco mais de sua sanidade, ainda mais quando ele ergueu os olhos e o fitou de forma maliciosa. — Gosto de coisas salgadas.

Antes que Naruto pudesse assimilar o que ele falou, um gemido rouco e alto rompeu por sua garganta. Jogou a cabeça para trás, ao ser chupado por completo. Sasuke começando um vai e vem com a cabeça, sempre olhando-o para ver cada expressão. 

Por que o maldito tem que ser bom em tudo assim?

— Mais... Ma-mais...

Sasuke arranhou-o com os dentes ao descer, logo subindo novamente, com a língua o acariciando. E assim como ele antes havia feito consigo, levou a mão direita os testículos os apertando.

Naruto gemeu longamente, finalmente abrindo os olhos para fitar o Uchiha que riu ainda com ele na boca. A vibração deliciosa se espalhou junto das ondas de prazer.

— Ah, puta merda... Sasuke!

Sasuke sentiu-o acertar sua garganta, causando um arrepio misturado com uma ânsia de vômito. Retrocedeu, mantendo o ritmo. Naruto recostou a mão na sua cabeça, guiando o ritmo de cada estocada.

 Os gemidos se tornaram constantes e por sorte que não havia ninguém por perto, porque claro que Naruto era do tipo vocal. E claro que ele esquecia como falar em inglês como estava com tesão, pela constante de palavras desconhecidas que estavam saindo daquela boca.

Ouviu-o gemer mais alto, sofregamente, enquanto sua respiração ficava cada vez mais descompassada e falha. Aumentou a velocidade, ignorando o incomodo para que terminasse logo.

— Aah, Sasu...ke — Naruto soltou um gemido em aviso, mas foi tarde demais.

Não teve tempo de o empurrar ou se afastar, sentindo os jatos mornos e forte em sua garganta na última enterrada. Sasuke franziu o cenho em desgosto ao sentir a boca cheia de sêmen, que também escorria de forma involuntária por sua garganta e nos cantos de seus lábios.

Naquele momento toda sua pose se fora. Tentou ignorar o gosto ruim, engolindo tudo, e junto seu orgulho. Ele ainda não tinha certeza se havia gostado daquilo. Ergueu o olhar para Naruto, vendo-o ofegar. O rosto corado, e numa expressão tão relaxada e bela que denotava bem o êxtase que sentia.

Mas gosto dessa expressão.

E principalmente, Sasuke gostava de vingança.

E aquela era a hora da sua.

Ergueu-se, limpando a boca. Sentiu uma pontada de hesitação ao vê-lo melhor: Ofegante, corado, os olhos azuis límpidos brilhando, ainda tomado pelo torpor pós-orgasmo.

Sentiu sua ereção, que nem havia notado, latejar dolorosamente. Assim como seu interior, que dizia para se abaixar e beijar o loiro e ficar ali com ele, outra parte sua o lembrava que ele o havia feito.

Sasuke Uchiha estava dividido entre o tesão e o ressentimento.

Talvez somente um sustinho o faça entender.

— Então Dobe, acho que está satisfeito, não? — Debochou sorrindo, mesmo com a voz rouca e a garganta dolorida.

Naruto fez o mesmo, sorrindo de canto, o desarmando por completo com sua beleza.

— Quem sabe, Sotalach.  

Riu. acenando negativamente enquanto se virava e caminhava para a saída.

— Divirta-se. — disse mais alto, enquanto saia, deixando o eco de sua voz pelo grande salão.

Foram precisos alguns minutos para que Naruto recuperasse o fôlego e sua visão e mente, antes nubladas, voltassem ao normal. Foi aí que Naruto procurou por sua sunga e sua toalha, para se arrumar e sair logo dali.

— Mas... Onde estão?!

Olhou desesperado ao redor, se erguendo nu sentindo o frio que o tomava apesar do aquecedor do ginásio.

Foi nu até os armários ali onde deixara aberto e sua mochila com suas roupas havia sumido também.

E então seus olhos azuis foram para a direção em que Sasuke havia tomado.

— Não, ele não fez isso. — Respirou fundo tentando manter a calma.

Te fazer um boquete e fugir com suas roupas? Oh, ele fez sim.

Naruto olhou incrédulo ao redor. Ele tinha meia-hora para estar na aula de reforço do Asuma por suas faltas, ou então estaria em uma segunda detenção, e pior, possivelmente para ajudar a limpar o laboratório de química.

Com Orochimaru.

Sozinho com Orochimaru!

Entrou em pânico.

— Ok, só preciso pensar. Vou encontrar uma solução, e depois Sotalach me paga.

Você não é bom em pensar.

— Se não for ajudar, não atrapalha!

Agarrou os cabelos e respirou. Tudo havia solução. Era estratégia. Olhou ao redor, a única coisa que tinha ali eram as boias de plástico onde fora jogado pelo Uchiha, que não lhe cobriam nada além da parte da frente. O ginásio ficava na ala sul, bem longe do seu dormitório. E para piorar seu celular estava na mochila, nem pedir socorro a Gaara ou Itachi podia, porque nem pensar que pediria a Sai, ele nunca o deixaria esquecer disso. Ino iria mais rir do que ajudar. E se corresse para Hinata... Ela desmaiaria e teria que carregá-la.

Tinha que atravessar quase toda a ala sul pelado. Aquele horário, ao menos, todos estariam em aula, tinha uma chance. Se ele chegasse à tapeçaria que ficava perto da biblioteca de ciências, poderia então entrar em uma das passagens que Itachi lhe mostrara, uma delas saia em seu corredor de dormitório. Isso lhe dava apenas três corredores para atravessar.

— Isso é um bom plano.

Tentou se convencer. Tinha que sair dali antes que algum aluno entrasse.

Pegou uma das boias azuis e se encaminhou a saída cautelosa, olhando para os lados como se fosse ser atacado a cada instante, o que bem podia. Nada podia fazer em relação as câmeras, que se divertissem. Era sua sobrevivência afinal.

Ele só esperava que o maldito diretor não estivesse as vendo.

Andou rapidamente pelo primeiro corredor vazio sentindo o frio lhe tomar no corpo molhado, os cabelos grudados no rosto. Passou apenas por uma aluna Júnior, que vinha com um livro, o qual derrubou no chão ao avistar, paralisada no lugar.

Tentou manter o jogo de cintura com um sorriso.

— Boa tarde, Miss. — Cumprimentou ao que a garota acenou, ainda chocada — Sasuke, você ta fodido na minha mão. — Resmungou, tremendo de frio.

Dois corredores. Só mais um e estava salvo.

Foi aí que tudo desandou. Estava quase alcançando quando ouviu alguém lhe chamar, mas mesmo sabendo que simplesmente deveria ignorar, se virou. Dando de cara com a última pessoa que queria ver naquele estado.

Kiba sorria de forma boba, mas que se tornou maliciosa ao o olhar de cima a baixo. Naruto sentiu-se tremular ao ser olhado daquela maneira tão desavergonhada, apertando mais ainda a boia.

— Uau, que imagem inusitada... —Naruto corou dando um passo para trás enquanto o rapaz avançava. — A que devo a honra?

— Vai pro inferno, Inuzuka, eu... Eu só tenho de ir rápido para meu quarto antes que o sinal toque. Não me atrase! — se virou, lembrando que deveria agir naturalmente, mas não pode, pois foi seguro pelas mãos do outro em seu braço.

 Sentiu a raiva borbulhar em seu peito.

Esse olhar...

 — Seu merdinha... — Se virou rapidamente, pegando o outro a lhe olhar as nádegas, vendo-o desviar o olhar para os seus sem vergonha. — Vou contar até três, e se você continuar a segurar meu braço e olhar a minha bunda, vou te dar um chute que você nunca poderá ter filhos. Entendeu ou terei de desenhar?

Kiba apenas sorriu, mesmo quando Naruto o fez soltá-lo com brusquidão.

Naruto começou a quase correr até o último pavilhão. Seus pés descalços escorregando no piso liso de mármore, ambas as mãos segurando a boia que tapava precariamente seus países baixos.

Ótimo, o ignore, vai dar tempo.

Daria tempo, se não tivesse o braço novamente seguro e fosse empurrado, tropeçando, até a parede ao lado da escadaria que lhe daria sua liberdade, onde chocou as costas dolorosamente. Um corpo lhe prensou ali com força, a boia caindo no chão o deixando como veio ao mundo. Quase gemeu de desconforto e no mesmo instante que sentiu a respiração quente em seu rosto, uma mão subindo por sua coxa.

— Eu posso te convencer, raio de sol.

Esse maldito fez mesmo isso?

Sabe o que fazer.

Naruto, pela primeira fez, não discordou da sua voz da insanidade.

Naruto afastou a cabeça para trás e a jogou em direção a testa de Kiba, que estava perto demais do seu rosto, falando alguma baboseira que não queria saber. Ouviu o som quando o nariz do outro garoto quebrou, mas não se sentiu mal por isso.

O corpo do Inuzuka cambaleou, o soltando.

De pé sobre as próprias pernas, pegou a boia novamente, mas não a colocando novamente, avançando sobre o outro.

— Eu avisei!

Com seu corpo em posição de luta foi fácil girar sobre seu eixo, para acertar um chute no outro, o jogando no chão. Pulou por cima do corpo caído, pronto para correr, e escorregando no chão liso, caindo no de costas de forma dolorida. Mal teve tempo de respirar e Kiba estava em cima dele.

Inverteu a posição com facilidade, fervendo de raiva e se sentou na cintura do outro, agarrando seu colarinho e erguendo o punho para o desacordar de tanto apanhar.

Foi aí que tudo desandou, outra vez.

O sinal tocou, uma sirena ensurdecedora que anunciava o fim das aulas. Estavam bem no meio do salão que levava a biblioteca, ao pé da escada, onde todos os alunos desaguavam no fim das aulas da tarde. Não teve tempo de correr, paralisado. Ouviu o barulho das vozes dos alunos e apenas fechou os olhos com força.

— UZUMAKI!

Estava ferrado.

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  Sasuke estava incomodado com a própria vingança. Estava começando a duvidar se deixar Naruto sozinho e pelado havia sido uma boa ideia.

Acho que o susto já bastou, tenho que ir lá deixar as roupas dele antes que ele faça merda

Queria dar um susto e Naruto apenas. A julgar pelo o que conhecia dele, ele devia ter dado um escândalo quando deu falta da mochila. Sem falar que o celular do outro vibrava sem parar, estava o incomodando. O pegara só para conferir, não que estivesse curioso, só para ver... E viu com desgosto que era o ruivo estranho ligando para Naruto. Quase se aproveitara para fuçar mais as mensagens dos dois, estava pensando se conseguiria adivinhar a senha e nem notara que todo o burburinho de alunos tinha parado.

 Isso até quando ouviu o grito.

— UZUMAKI!

Virou o rosto para frente e a cena que viu o fez gelar, juntamente com os olhares de não uma, mas três classes em cima.

Naruto.

Pelado.

Ele não acreditava que aquele dobe estúpido havia saído do ginásio pelado!

E não era apenas isso, mas lá estava ele sentado em cima do Inuzuka, ao que parecia pronto para espancá-lo, que mesmo dali se via que estava... Animadinho apesar da surra eminente.

Naruto havia fechado os olhos ao ouvir o grito por seu nome, abrindo os azuis devagar e olhando ao redor, os arregalando. No mesmo instante saiu de cima do Inuzuka, que nem mesmo parecia notar todos os olhando, sorrindo de modo bobo enquanto tentava segurar sua cintura. Recebeu um pisão na cara.

Naruto escorregou tentando alcançar uma boia do chão depressa, atrapalhado.

— Naruto! — Uma voz gritou na multidão de alunos e um objeto voou para ele, que o pegou. Uma mochila, com que cobriu a frente do corpo.

Viu o Sabaku, que fora quem jogara o objeto, correr empurrando os alunos para se postar entre eles. Naquela hora Sasuke agradeceu o ruivo ser mais rápido do que ele.

Foi naquele momento também que sua antipatia por ele diminuiu consideravelmente. Uma parte sua quase sentiu pena dele, se ser amigo do Naruto era ter que lidar com isso.

Alguns alunos gravavam a cena, tiravam fotos enquanto o professor Kakashi tentava tomar os celulares e acabar com o burburinho para ajudar o garoto desamparado.

— Essa é uma cena que não se vê todo dia. — Sai riu por perto.

De onde haviam parado conseguia ver a bunda nua do outro, redonda e com as marcas da sunga que contrastavam com o corpo bronzeado, as costas largas com as tatuagens, onde ele podia ver agora que desciam até a curva para aquele traseiro bonito...

 E que ninguém além dele deveria ver!

— Gostei da tatuagem. Acho que vou lá ver se é de verdade. — Um garoto falou de forma maliciosa ao seu lado.

Acordou do choque furioso, virando e dando um soco no garoto que abrira a maldita boca.

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Naruto mantinha os olhos fechados, apenas o burburinho que se espalhava como pólvora. Era acostumado a passar por coisas como aquelas, sempre aconteciam consigo, mas admitia que aquela havia sido a cena mais inusitada que já fizera parte em termos de vergonhas da sua vida.

Seu pai dizia que ele tinha o dom de fazer as pessoas se sentirem encabuladas quando quem deveria seria ele. Era só agir com naturalidade. Aquilo não era nada demais.

Você só está nu diante de quase toda a escola. Nada demais.

A escola inteira é exagero, só parte dela.

Obrigado, isso me faz me sentir melhor.

— Naruto! — reconheceu a voz de Gaara e pegou o objeto que voou para si, a mochila do outro, se cobrindo.

Respirou fundo e cumprimentou o amigo com sorriso nervoso, encontrando o olhar chocado do ruivo que vinha empurrando alunos que o olhavam babando, os olhos verdes incrédulos.

— Oi Gaara, deveriam melhorar o aquecedor daqui, é muito frio. — Coçou a cabeça com uma mão livre e o outro o olhou reprovador se metendo a sua frente tapando a visão para lá de privilegiada dos alunos que vinham pela escada.

— Depois conversamos, tenho que te tirar daqui antes que te ataquem.

Naruto não sabia se Gaara havia acabado de fazer uma piada ou não.

Havia alunos gravando com o celular.  

— Quero cachê depois! — falou alto e as garotas desligaram os aparelhos, culpadas com o olhar que ele as lançou. — Estão olhando o quê? Nunca me viram?

— Não nesses trajes!

Naruto lançou um olhar venenoso a um menino loiro que sorria de modo malicioso.

— É, e você pode apenas ver, não tocar. —  Resmungou tentando ver uma rota de fuga ali, antes que toda a escola aparecesse, que era o que estava acontecendo.

— Isso mesmo. — Kiba falou se levantando, recuperado do golpe. — Ele é meu raio de sol, saiam de perto e parem de olhar ou eu...

Não teve tempo de terminar até um soco o atingir em cheio, o levando de volta ao chão com um gemido.

Naruto viu Sasuke que olhava ao redor furioso, vendo que ao menos outros três ou quatro garotos pareciam ter apanhado no meio dos alunos.

— Alguém mais que soltar uma piada?!

Naruto estreitou os olhos para o Uchiha e soltou a mochila para lhe apontar o dedo, algumas alunas gritaram ao ver o garoto totalmente nu, mas ele parecia não se importar.

— Não fale nada! A culpa é sua! Você me deixou pelado!

Mal falou isso, teve noção do que dissera ao escutar o silêncio chocado de todos ao redor, incluindo dos professores. Gaara o olhou de forma curiosa.

— Quer dizer... Você tirou minhas roupas de mim...

— Piorou Naruto. — Gaara sussurrou e Sasuke vermelho bateu na testa com a indiscrição do outro.

— Sotalach! — Naruto colocou a mãos nos cabelos. — Eu vou te matar!

Naruto foi seguro por uma mão e virou e encontrou Itachi que vinha da escada.

Só escutara o burburinho e os alunos correndo e viera conferir, mal conseguindo passar pela multidão que se formava. Mais do que depressa cobriu Naruto com o casaco que usava.

— Tira ele daqui, antes que toda a escola apareça. — Falou a Gaara, que assentiu puxando o garoto pelo braço que ia gritando para Sasuke coisas como "Você me paga!", "Eu te mato!"

— Vocês estão olhando o que? Quem olhar vai ter o mesmo fim do Inuzuka! Você aí! Eu vou quebrar sua cara! — Sasuke ameaçava "cobrindo" Naruto, pouco se importando com seus xingamentos contra si, lançando olhares frios para todos os alunos que ainda seguiam o Uzumaki com os olhares.

Nunca ninguém havia visto Sasuke Uchiha, sempre tão estoico, tão descontrolado e violento.

Antes que ele avançasse em alguém Itachi o agarrou pelo colarinho e saiu o puxando para longe, resignado, enquanto o outro ameaçava Deus e a terra.

No chão, Kiba parecia meio consciente, murmurando coisas como "Meu pequeno raio de sol".

Kakashi suspirou.

Realmente, as coisas não estavam sendo as mesmas naquele colégio desde a chegada do Uzumaki.

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— Alguém pode me explicar o que foi isso?

Itachi andava de um lado a outro dentro do quarto. Naruto, já vestido com uma calça jeans clara e uma camiseta turquesa, estava sentado em sua cama olhando para o chão parecendo envergonhado. Enquanto na outra cama, também sentado, Sasuke parecia mais agitado, o rosto corado de raiva enquanto olhava para o loiro.

 Encostado a porta estava Gaara, que parecia se divertir assistindo à interação silenciosa dos três.

Itachi se mantinha de pé, seu olhar vagueando de um a outro, esperando uma resposta. Semente recebeu um bufo de Sasuke e a indiferença de Naruto. Ações essas que achou ter sido trocadas, já que esperava que Sasuke ficasse indiferente e Naruto irritado com as perguntas.

— Naruto, pode me explicar? — o loirinho levantou o rosto, carrancudo, e tomou fôlego, fechando os olhos e começando a falar.

— Seu irmão pegou minhas roupas no vestiário da piscina. — Abriu os olhos de tom céu. — E sumiu até com a minha sunga... E eu tinha aula ainda e se chegasse atrasado teria outra detenção e então resolvi sair dali pelado mesmo então pareceu o Kiba e tentou me agarrar e depois aquele povo com as câmeras o Gaara me defendeu e o Sasuke dando soco em tudo e você me ajudou! — Naruto terminou o que tinha dito num fôlego só, apontando para o jovem de pé, ofegou e abaixou o rosto corado pela sua explosão. Gaara engoliu o riso, Sasuke se manteve estranho no mesmo lugar e Itachi continuou com o rosto com a expressão cansada. — Foi basicamente isso...

— Então chegamos ao ponto A. Sasuke, por que você pegou as roupas dele e... a sunga? — Itachi juntou as sobrancelhas ao dizer a última parte, um tanto estranha, mas que já tinha uma pequena ideia.

— Você não leva jeito para detetive Itachi, busque outra profissão. — Ralhou o mais novo, passando nervosamente as mãos pelos cabelos, erguendo o rosto e encarando Naruto que tinha um olhar mortal em sua direção. — Afinal, por que não me esperou lá Naruto? Surtou de vez? Loucura sair pelado pelo colégio porra!

— Cala a boca! Foi você quem tirou minhas roupas! Queria o que? Que eu pegasse minha varinha mágica e fizesse novas roupas? Ah! Vai pra puta que pariu! — Naruto se levantou, apontando acusadoramente para Sasuke, já pronto para avançar sobre ele, quando foi empurrado de volta para cama onde caiu sentado.

— Eu te perguntei Sasuke, então quero uma resposta, não sua opinião sobre minhas aspirações. E Naruto, se comporte porque não estou com saco para DR de vocês.

Naruto iria falar algo, irritado pela insinuação quando Sasuke começou.

— Eu fiz porque ele tinha zoado com a minha cara dias atrás. Iria ser só uma brincadeira e eu ia voltar lá no fim daquela aula. Mas então ele teve a ideia brilhante de sair por aí mostrando o...

— Já entendi. — Cortou o mais velho, suspirando pesadamente. — Ou melhor, não entendi, nem sei mais se quero entender. Não façam mais.  Sasuke, sou seu irmão mais velho e responsável por você, ainda posso te colocar de castigo. Pode fazer essa cara. Não ligo. Agora, vou embora antes que enlouqueça.

O vencedor se virou, fitou brevemente o ruivo que saiu do caminho, mas o seguiu para sair do quarto, antes olhando para trás, direcionando um olhar para Naruto.

 Naruto entendeu e acenou positivamente. Gaara se virou e seguiu para fora.

Ele também queria ficar bem longe da loucura daqueles dois, se possível.

Contagem de dias calmas desde que conheci Naruto voltando para 0.

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Sasuke se viu como alvo de grandes olhos azuis acusatórios e fechou a cara, cruzando os braços na mesma posição do outro.

— Você começou, Dobe. — Disse cortante.

Os olhos azuis se estreitaram.

— Uma ova que fui eu! Você que resolveu fazer aquela ceninha ridícula ontem, tentando me fazer ciúmes, seu cretino! —  Explodiu se jogando na cama lhe virando as costas.

— E pelo jeito funcionou. — Sasuke sorriu de lado, se erguendo devagar de forma felina até a outra cama, já totalmente esquecido da raiva que sentia.

— Ah, vai se foder, Sotalach! Você me deixou pelado... — Acrescentou com a voz com um claro tom magoado, e Sasuke sentiu-se culpado, se sentando na cama ao lado do outro. Tentou virar o outro de frente, mas esse resistiu afundando o rosto no travesseiro. — Vai embora! — A voz saiu abafada no mesmo tom e Sasuke suspirou.

— Eu posso ter... Me precipitado um pouco. — Disse com esforço. Nunca pediria desculpas, afinal, na sua cabeça, não importava o que Naruto dissesse, ele que começara.

— A escola inteira... Eles ficaram lá, olhando para minha bunda... Eu nunca esperava isso de você, Sotalach. — Naruto continuou lamentando, pronto para deixar o outro cada vez mais culpado. O que estava funcionando. — Você fez o que quis e depois saiu e me deixou indefeso.

Sasuke franziu a testa. Agora Naruto estava exagerado. Ele era o quê? A rainha do drama?

— Eu quase fui molestado por sua causa... E vou ficar resfriado, acho que já estou até com febre e vou acabar morrendo de...

— Chega! — Uma veia saltou da sua testa. — Tudo bem, me desculpe. Agora cala a porra da boca.

Naruto se virou indignado, os olhos azuis em fendas.

— Você está no meu quarto, cala a boca você! — Naruto se sentou, batendo no outro com um travesseiro, irritado. Sasuke o segurou e ficaram puxando como duas crianças birrentas.

— Cala você!

— Quero ver me fazer calar!

— Que seja! — Sasuke não perdeu tempo, puxando o travesseiro junto com o loiro surpreso e colou as bocas mais que rapidamente, aproveitando o protesto para aprofundar o beijo.

Em pouco tempo a blusa de Naruto havia sido jogada em algum canto do quarto e Sasuke o amassava sobre o colchão, uma mão nos cabelos loiros e a outra deslizando da cintura até a bunda do mais velho, enquanto se beijavam com uma gana absurda. As mãos menores se agarraram nos cabelos negros os puxando sem dó, e Sasuke tinha certeza que se Naruto continuasse com aquilo ia perder cabelos bem rapidamente.

Pararam sem fôlego.

Largou os lábios avermelhados se apoiando nos cotovelos ao lado da cabeça do mais velho sentindo a respiração em seu rosto. Enquanto se recuperava, deixou seus olhos escuros decorarem aquele rosto tão perfeito, os olhos muito azuis, os cílios longos, o cabelo loiro amassado ao redor do rosto. Não notou que olhava Naruto como um abobalhado e o outro franziu a testa.

— O que foi, Sotalach? — Perguntou curioso, sussurrando, as mãos na cintura do outro acima de si. Sasuke o olhava de forma engraçada, e quando falou ele piscou rapidamente, para então sorrir de lado e beijar sua testa, outra coisa engraçada, Sasuke sendo... Tão terno.

Naruto tinha até medo dessas coisas.

— Nada. — Sasuke murmurou. — Só que reparei que o cachorro tem razão, você é mesmo um pequeno raio de sol.

Naruto estreitou os olhos achando que o outro zombava de si e o empurrou com força. Sasuke caiu para trás na cama surpreso e sentiu um travesseiro em seu rosto enquanto Naruto se sentava na sua cintura e tentava sufocá-lo.

E foi nessa hora que a porta se abriu. Naruto parou e olhou, ainda com o travesseiro no rosto do outro que tentava se desvencilhar, abanando os braços loucamente.

Encontrou dois pares de olhos curiosos.

— N-Naruto. — Uma voz suave se manifestou surpresa, falando depressa. — E-eu vim ver como você está depois do que aconteceu... Mas...

Um Sai divertido e uma Hinata quase desmaiando.

— Você vai matar ele, não que me importe. — Sai sorriu apontando para cama.

Naruto estava tão atordoado que se esqueceu de Sasuke sufocando. Soltou o travesseiro e o empurrou da cama depressa, fazendo com que caísse no chão com um xingamento.

Os outros dois olhavam a cena, de um Naruto ofegante, sem camisa, o cabelo amassado, e Sasuke no chão, não em melhor estado.

Mais claro que isso, impossível.  A voz zombou na cabeça de Naruto e escondeu o rosto no travesseiro.

Eu odeio minha vida.