Depois da morte do vovô, eu não lembro de muita coisa dos dias que se seguiram. Era como se tudo acontecesse por trás de um vidro fosco em minha mente; O hospital, interrogatório, o enterro.
Eu lembro de daídi falar sobre as cinzas do vovô, sobre como um dia a levaríamos para a Irlanda como ele desejava, mas tudo era como um sonho sem sentido. Eu não chorei durante o enterro, eu não chorei nos dias que se seguiram. Eu não lembro de ter chorado nenhuma vez desde que daídi me encontrara.
Havia o sangue em minhas mãos, havia os gritos no meio da noite, e a sensação até então desconhecida de perda e negação. Aquele sentimento estranho de ter perdido algum pedaço do meu corpo que deveria me matar, mas que eu era obrigado a viver sem mesmo assim. E tudo era tão estranho e sem sentido, por isso eu passei tanto tempo o esperando, mesmo de forma inconsciente. Quando o telefone tocava na sala eu pensava que era ele, por meses que seguiram eu ainda arrumava minha mochila para o final de semana com ele. Às vezes eu me pegava ligando para o número dele ao acordar, falando sobre ele no presente, porque usar um verbo no passado referente a ele me parecia tão errado. Eu via a mesma confusão nos olhos de daídi, quando percebíamos o que estávamos fazendo.
No entanto, um dia, veio uma saudade boa. Eu não havia percebido a princípio, quando o verde passou a ser menos odioso, quando o cheiro da mata e da terra voltou a me firmar depois de anos solto no espaço. Falar sobre a Irlanda, cantar sua música, voltou a ser um conforto. Foi naquele dia, na torre com Sasuke dormindo nos meus braços que eu percebi isso, com as frases da música que eu não cantava desde que havia o perdido flutuando ao redor de nós dois.
Eu sempre ia o esperar voltar, mas eu finalmente aprendi a seguir em frente enquanto isso.
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MINATO LEMBRAVA BEM DA PRIMEIRA VEZ EM QUE FORA CHAMADO POR UMA DIREÇÃO DE ESCOLA POR CAUSA DE NARUTO. Lembrava do olho machucado, o lábio partido e o olhar raivoso do filho sentado o esperando no corredor. Da esquiva, de toda a raiva que havia substituído a apatia logo após a morte do avô. Havia sido uma briga por um livro na biblioteca, que havia envolvido mais três alunos, e um deles havia ido parar no hospital com uma concussão e um braço quebrado.
Minato olhara o filho naquele dia com um olhar diferente. Os olhos azuis quentes que fitavam para todo lugar menos para os olhos do pai. A raiva quando pediu uma explicação, e a única que teve foi que o filho havia reagido sem pensar.
Seu filho tinha treze anos então, e aquela havia sido a primeira de muitas brigas que o fizeram ser expulso dois meses depois. E de mais cinco escolas depois destas. Claro que havia tentando terapia, mas todos os profissionais acabavam desistindo do garoto com as mesmas reclamações de que ele não falava nada durante as sessões, e quando falava era apenas para tentar manipulá-los.
O consenso, no entanto, de todos os professores e conselheiros era geral: Naruto era perigoso. Cheio de raiva, instável, antissocial, mentiroso. Ele saíra do estado inerte da morte traumática da figura que era sua âncora por muito tempo, como um vulcão, destruindo tudo pela frente.
Manda-lo para o internato não havia sido uma decisão fácil. O garoto não se abria com ninguém, a única pessoa com quem conversava era a prima, e estavam brigados há meses. Até mesmo seu casamento estava sendo afetado pela explosão emocional que era Naruto, e eles não sabiam mais o que fazer. Não conseguiam entender a necessidade do filho de explodir sem pensar
Seu Naruto não era assim. Mesmo com o todo o inferno que havia acontecido quando menino, ele era doce e compreensivo. Um pouco esquentado como a mãe, mas nunca machucava ninguém gratuitamente, sem razão. Seu Naruto não usava o que tinha aprendido com eles contra os outros daquela forma, contra crianças. Não contra o que seu avô tanto pedira quando lhe ensinara.
Minato deveria saber. Ele deveria ter percebido que havia algo de muito errado naquilo tudo. E agora ele entendia, lendo as fichas na tenda entregues pela mão de um jovem Uchiha, sobrinho de Fugaku. O garoto o olhava de forma solene, mas os olhos estavam piedosos.
—Tobirama sabia disso?
— O nome dele estava nos contatos de emergência das matrículas.
Minato sabia. Ele mesmo havia colocado. Era um idiota. Algumas das ocorrências listada ele nem mesmo havia sido avisado.
— Todo esse tempo...Naruto devia pensar que eu sabia disso também, e ainda assim estava o punindo...
—Ou ele apenas não queria preocupá-los, senhor Namikaze.
Minato balançou a cabeça, negando. Mas podia bem ser verdade. Naruto faria isso. Tobirama bem podia ter manipulado seu filho a não falar também, e com o complexo de culpa que Naruto tinha, seria fácil demais o convencer a ficar em silêncio e ser punido. Por todo aquele tempo seu filho sofria ostracismo por ser quem era. Dois professores acusados de assédio moral, um deles sexual. Havia uma razão, para todos eles. Uma razão seria o bastante para envolver a polícia em todos eles.
E ainda assim Minato e Kushina não faziam ideia. Tudo porque haviam confiado seu filho em quem não deveria. Não duvidava que o dedo de Tobirama estivesse em todas as expulsões, porque o homem queria seu filho exatamente ali, onde estava no momento.
—Shisui. — O jovem adulto o olhou curioso, com mais expressões do que já havia visto em todos os Uchihas que conhecia juntos. — Essa missão de Itachi...me explique. E a razão de estar me mostrando essas fichas, o que Naruto tem a ver com isso exatamente.
Claro que Minato já sabia. Os pontos já estavam se ligando. Mas queria ouvir alto e em bom tom. Por que aquelas fichas estavam nos arquivos sobre Seacht?
……………………………
Seria naquela noite.
Naruto olhou de soslaio Shikamaru, que parecia entediado como sempre. Calmo. Quase sorriu com isso. Contassem com um Nara para planejar uma fuga arriscada daquelas e nem mesmo parecer nervoso.
Não podia dizer o mesmo dos outros alunos. Naquele momento, todos que deveriam estar cientes do que aconteceria naquela noite haviam sido informados. Nem mesmo o melhor treinamento do mundo disfarçava a ansiedade que escapava no refeitório. A sorte é que tudo poderia ser passar pela situação em que estavam no momento.
Kakashi parecia tranquilo também. Asuma e Kurenai não. Mas ao menos os dois não estavam lançando olhares para a sua mesa. Ninguém estava. Tudo estava indo bem, como haviam planejado. As passagens estavam mapeadas. Havia estoque na torre, por onde todos passariam e pegariam mantimentos. Seriam três grupos, um passaria por cada passagem mais próxima da ala em que estavam. Cada um guiado por um professor e alguém que sabia das entradas, ou seja, Naruto, Shikamaru e Sasuke.
Esse era o único problema. Sentia que se separar de Sasuke talvez não fosse uma boa ideia, mas...não havia outro jeito. O Uchiha era o único que podia guiar um grupo além dele e do Nara. Itachi estaria com as mãos cheias. Precisavam de uma distração, e os vencedores do lado deles fariam isso. Se desse tudo certo, todos estariam bem longe dali ao amanhecer.
Se ao menos esse sentimento ruim de que algo iria acontecer fosse embora.
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Estavam em fila, em duplas enquanto os guardas os escoltavam de volta para os quartos, trazendo alunos das salas de recreação e da biblioteca. Os olhos azuis passavam pelos rostos dos outros, enquanto a contagem dos alunos ocorria mais na frente juntamente com a checagem dos números.
Tinha um pressentimento ruim. Shikamaru estava três duplas a sua frente e por isso viu as costas do outro tensas de forma repentina. Ficou mais alerta, tentando entender o que o outro havia reparado. Olhou de forma mais frenética, quase amaldiçoando ao perceber que era muito baixo para entender o que se passava muito a frente.
Sasuke apertou sua mão e retribuiu o gesto. Eles não olharam um para o outro, mas ouviu a voz suave dançar por sua, mente.
Vai dar tudo certo.
Queria concordar, mas de imediato na memória lhe veio a mulher de costas no riacho. Sentiu a mão na sua ficar tensa. No mesmo momento o expulsou da sua cabeça e o sentiu tremer. Ele o olhou com a pergunta clara no rosto. Balançou a cabeça e foi salvo do olhar quase magoado por um som de passos pesados. Cochichos. Olhou para frente no mesmo momento e se deparou com Tobirama caminhando ladeado por dois guardas.
Sasuke tencionou. E naquele momento Naruto sabia que algo daria errado. Cinco metros, quatro metros. Não havia engano.
—Naruto! Quem eu procurava!
Tentou deixar seu rosto apático, mas a raiva devia ser bem clara em seus olhos. E talvez o receio claro. Mesmo assim não respondeu.
—Veja bem, seu amigo Obito disse umas coisas interessantes durante uma conversinha que tivemos.
Seu corpo tremeu ao ouvir o nome do Obito. Imaginou que nesse ponto o homem já deveria estar morto. Parece que não era o caso. Quando o resto da frase foi entendida sentiu Sasuke o puxar levemente para longe do outro que erguia a mão para colocar em seu ombro.
Naruto quase não percebeu o gesto. Estava muito ocupado ao perceber o que um dos guardas carregava.
Uma corrente.
Corra daí! A voz de Aeron foi frenética. O homem sorriu ao notar seu rosto pálido.
Tudo aconteceu rápido demais nesse momento. Tobirama tentou agarrar seu braço e rapidamente deu vários passos para trás trazendo Sasuke junto, saindo da fila. O guarda sacou uma arma, alguém na frente da fila gritou, uma voz conhecida.
Ouviu Tobirama praguejar quando várias pessoas foram empurradas para trás, e o perdeu em meio aos alunos. Ouviu gritos. Alguém deu um tiro para cima silenciando a todos. Tobirama o olhou por entre o mar de alunos e parecia querer vir em sua direção novamente, onde estava espremido na parede entre Sasuke e Shikamaru, que surgira do nada.
Um dos guardas que estava na frente veio falar algo em seu ouvido que o fez parar. E então os olhos encontraram os seus e para seu horror, o homem sorriu.
—Ora ora, parece que um dos alunos está faltando.
Arregalou os olhos, quem...Não. Olhou Shikamaru que assentiu levemente.
Kabuto. Aquela cobra. Sabia que ele iria aprontar alguma. Por esse motivo não haviam falado nada sobre a fuga. O colega de quarto dele havia sido avisado a trazê-lo, não o deixariam para trás apesar de tudo, mas a não dizer nada até o último momento.
Claro que o maldito fugiria, mesmo sabendo o que aconteceria com os outros que ficassem.
—E sabem do nosso trato.
Naruto finalmente entendeu de onde ouvira o grito conhecido. Ino. Ino gritava enquanto um dos guardas a arrastava, outros empurravam os alunos para o canto da parede. Sai era seguro por outro guarda enquanto tentava avançar e puxar a garota para longe, a mão na dela. E por um momento os olhos dele e de Naruto se encontraram. Ambos aterrorizados. Um pedido claro de ajuda nos olhos do outro, para não deixar Ino morrer.
Antes que pudesse se mover um puxão deslocou a mão dos dois e Ino foi arrastada até Tobirama. Sai gritou e conseguiu se desvencilhar dos outros guardas, até ser derrubado no chão, os braços girados nas costas e imobilizado. Tobirama segurou Ino que tentava lutar, até ter uma arma em sua nuca. Ela parou com lágrimas nos olhos, fitando Sai no chão que se contorcia.
—Ino! — O grito de Naruto e Sai foi em uníssono. Sasuke agarrou seu braço o impedindo de avançar em direção a confusão. Mas não precisava. Estava paralisado naquele instante. O coração batendo forte.
Ino de joelhos no chão. O click da arma destravando, direcionada para sua nuca. Sai no chão imobilizado.
A cena era familiar demais. Era ele e seu avô ali. Era o sangue que estaria ali no chão em segundos. Era o mesmo sorriso do assassino. O mesmo sorriso que lembrava naquele homem antes de puxar o gatilho e levar uma das pessoas mais importantes da sua vida.
—Ela não! — Sai gritou, a rosto mais expressivo e verdadeiro que Naruto já havia visto na vida. — Eu tomo o lugar dela!
—Desculpe Shimura, mas acredito que seu pai não iria ficar tão feliz se eu metesse uma bala na sua cabeça. O velho tem instinto paternal, apesar de tudo. — Tobirama sorriu e então olhou para Naruto. O instigando. — Desculpe crianças, trato é trato.
“Seja forte Sionnach beag. Você tem que ser muito forte”
—Naruto! — o grito de Sai foi o que o tirou do torpor.
—Pare! —Gritou a voz cheia de comando.
Os outros alunos pareciam confusos, ficando rígidos onde estavam. Largou a mão de Sasuke que parecia estar preso na ordem e atravessou em meio aos alunos paralisados. Os guardas pareciam estátuas obedientes.
Tobirama no entanto estava rindo, a arma agora em sua direção: — Parece que enquanto estiver com isso — ele ergueu a mão esquerda, onde segurava a odiosa corrente. — Seus truques não funcionam em mim.
Ele está certo.
Arregalou os olhos. Querendo salvar Ino, e ao mesmo tempo seu corpo o comandando a sair de perto do perigo, daquela corrente maldita. Não conseguia dar nenhum passo em direção a ele. Os olhos guiados no metal. Estava desesperado, e ao seu redor pessoas pareciam começar a sair do torpor, confusas. Sua influência acabando.
Tobirama parecia satisfeito com sua situação, sua briga entre corpo e mente, virando a arma de volta a Ino.
Um click. Tremeu no lugar, apenas alguns passos. Apenas alguns passos...
Fuja!
Não!
Naruto! Fuja agora!
A arma disparou. Ergueu a mão e a bala parou no ar. Ouviu sons de surpresa e a risada maníaca de Tobirama. Todos saíram do torpor induzido ao mesmo tempo, com um arfar coletivo. Desviou a bala para o chão, pedaços de concreto se quebrando com estrondo, jogando Tobirama para trás. Um pedaço atingindo um dos guardas que segurava Sai, o bastante para o colocar em movimento derrubando os outros e puxando Ino que havia caído para frente com o susto.
—Se afastem! Fiquem atrás de mim! — gritou com poder bastante na voz que nem mesmo Sasuke conseguiu resistir, parando de onde vinha correndo em sua direção. Antes que eles se recuperassem Naruto abriu os braços, fazendo uma prece para que aquilo funcionasse e bateu as palmas com força. Os homens foram jogados como Tobirama contra a parede. Uma fissura se abrindo entre eles e o grupo. Um cano esguichou da fissura, perfurado pela força. As luzes piscando, apagando, concreto caindo da parede onde a abertura se abrira.
Ouvia gemidos dos guardas machucados, som de gritos de comando aos longe, de onde vinham mais. Alguns alunos haviam sido jogados no chão pelo impacto, e se recuperavam grogues.
Por um segundo todos ficaram em silêncio, olhando chocados. Com medo. Uma garota o fitou e deu passos para trás, as mãos na boca.
Merda.
—Mas ele...é...é...um monstro! — Fechou os olhos com força. Sentiu a mão de Sasuke em seus ombros. A testa dele estava sangrando, provavelmente de um pedaço de concreto.
Havia machucado Sasuke. Realmente havia...
—Não. — A mão foi para o seu rosto. — Naruto salvou todo mundo!
Riu sem humor, olhando ao redor para os alunos que se afastavam, os olhos arregalados. Para longe.
—O que diabos estão esperando? — Shikamaru quebrou o silêncio, pegando umas das armas no chão. — Nada mudou, sigam com o plano! Para as entradas!
Olhares receosos.
— Mas ele...
—Ele me salvou! — Ino gritou raivosa — Salvou todos vocês! Se querem ficar aqui, fiquem, eu vou para onde Naruto for!
Para sua surpresa a maioria assentiu, pegando armas no chão e o olhando com expectativa, parecendo ignorar que minutos atrás havia rendido todos eles apenas com uma palavra.
Ignorar que era perigoso.
Shikamaru o olhou de forma firme. Esperando. Os professores não estavam ali. Havia mais guardas a caminho, e não sabiam se seriam amigos ou inimigos.
Eles precisavam de alguém para assumir o controle.
—Certo. — Respirou fundo. — Shikamaru está certo, nada mudou. Quem sabe do plano guiem os outros. Sigam Shikamaru e Sasuke para o ponto de encontro e adiante, eles sabem o caminho. Teremos que ir em dois grupos, então alguns terão que esperar para ir, quem estiver machucado tem prioridade. As câmeras estão desestabilizadas pela queda de energia, mas estão voltando logo. Temos que ir nesse momento. — Quando ninguém se mexeu suspirou exasperado — Agora!
Isso fez o truque. Shikamaru, Ino e Sai logo assumiram a frente, ajudando feridos a se erguerem ganhando os corredores em direção oposta aos guardas ainda caídos e os outros que vinham. Naruto assentiu para os três, pegando ele mesmo uma das armas e olhando a munição. Seguiu pelo corredor, Sasuke a sua frente ajudando alunos feridos, o fitando a cada minuto, como se temesse que fosse sumir. Apenas quando chegaram na direção dos quartos parou, os alunos frenéticos entrando e pegando o que levariam. Pegou a foto que havia trazido, nela mostrava seu avô e ele sentados na sala, seus pais e sua avó no fundo. Nagato na porta da sala, pego em uma risada rara.
A guardou no bolso da calça, junto com o cartão-chave que Nagato havia deixado, acreditava que propositalmente no casaco que colocara em seus ombros dias atrás. Ouviu o barulho de Sasuke no banheiro pegando um kit de primeiros socorros. Mordeu o lábio, saindo do quarto.
Sabia que o outro não gostaria nada do que iria fazer agora. E que devia falar com ele antes, mas realmente não tinha tempo para a briga. Shikamaru estava na porta, o esperando. E vendo a direção para onde fitava, suspirou, praguejando baixo.
—Os leve para a torre. Encontro vocês lá. — Naruto ordenou. O outro o olhou incerto, abrindo a boca para dizer algo. — Nara, confio em você.
O outro suspirou novamente.
—Certo. Fique vivo.
Sorriu.
—O mesmo.
Começou a tomar outra direção, oposta do grupo, quando a mão segurou seu ombro.
—Para onde você... — Sasuke sibilou segurando seu braço e ajustando uma bolsa que trazia nas costas.
—Kakashi, Asuma e Kurenai ainda estão presos.
—Eu vou com você!
—Não, precisamos de dois líderes de grupo que saibam o caminho caso precisem se separar.
—Não!
—Não estou pedindo permissão, Sasuke! Itachi também está aqui ainda, talvez ele nem mesmo saiba o que está acontecendo. Preciso tirar todos daqui.
—Ele é meu irmão, mais um motivo para que eu vá com você!
—Vá com eles! — ordenou.
—Não! E não use essa voz de comando em mim! Ou eu juro que...
—Que o quê!?
Os dois se olharam raivosos.
—Você disse que faríamos isso juntos!
—Argh! — puxou os cabelos — Eu juro que você é a pessoa mais teimosa que eu já....
Se calou com um beijo raivoso. E admitia que aquilo quase valia a pena a briga. Mas nem tanto. Estreitou os olhos e mordeu os lábios do outro com força.
—Merda! — Sasuke praguejou o soltando. O puxou pela gola da camisa com força para baixo, os azuis assustadores.
—Não tente me calar com um beijo de novo Uchiha! Nunca mais!
O garoto mais novo assentiu, tentando não parecer assustado com a expressão do outro.
—Vamos então. — A voz era azeda, de quem não costuma ceder. Em outro momento Sasuke comemoraria a vitória. Naquele momento apenas segurou bem a arma que também havia pegado, nas costas a bolsa com o essencial, o que não poderia abandonar sem o risco de cair em mãos erradas ou ser destruído. O kit de primeiros socorros, uma carta que a mãe o havia dado antes de sair de casa naquele ano, e, escondido no fundo falso da bolsa, algo que fazia com que carregasse o peso do mundo naquele momento.
A adaga de Aeron.
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—Algo saiu errado. — Minato olhou em direção as luzes do colégio ao longe, que haviam se apagado por instantes, até se acenderem novamente, provavelmente os geradores. Olhou o relógio.
Aquela não era a hora planejada.
Algo havia acontecido. Sabia disso.
—Não consigo contato com Itachi. — Shisui murmurou a seu lado, a voz preocupada. — Ele disse que iria dar um sinal quando acontecesse.
—Mudança de planos. Reagrupar. — Os olhos azuis fitaram ao longe a estrutura de pedra, o coração apertado.
Não esperaria mais. Iria invadir aquele lugar e salvar seu filho.
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Anord-Caos
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