- Não brinca! – exclamei surpresa e boquiaberta, arregalando os olhos e colocando as mãos sobre a boca – Caralho Soo, esse é um Impala 67 preto! Igual aos do Winchester! – não pude evitar os gritos de felicidade.
- É só um carro, garota.
- Não é só um carro, respeite a série da minha vida!
- Então eu acho que gostou dele. – Charlie coçava a nuca e isso demonstrava seu nervosismo e eu abri o maior sorrisão em resposta.
- É claro que eu amei papai! Simplesmente incrível e lindo.
- Me surpreende você conhecer desse carro e não saber nada dos outros.
- Kyungsoo, meu querido gafanhoto, eu só conheço por causa da série. Foi meu sonho de consumo e você fez isso por mim, obrigada Appa. – respondi me virando para o Charlie no final.
- Uh, tudo bem. Acho melhor irem logo para não se atrasar. – ele se voltou para minha irmã – Bella, você pode tirar a caminhonete para nós?
- Claro pai.
Por um milagre da natureza – e grande esforço dos três – eu tinha acordado cedo e arrumado rápido para tomar logo o café e ir para a bendita escola, por fora eu tentava demonstrar que era uma pessoa normal e não um zumbi cheio de sono e cansaço como me sentia por dentro. Charlie por mais que estivesse atrasado para seu trabalho, já que saía mais cedo do que nós, ele ficou conosco todo o café e disse que não queria perder nossa reação quando nos mostrasse o presente de boas vindas.
A garagem até que não era tão pequena assim, cabiam os dois carros, a caminhonete da garota era imensa e ficava de fora, só que para nós dois sairmos, ela tinha que tirar aquele monstro velho da porta da bendita garagem, era engraçado ver que apesar do seu jeito desengonçado, dirigisse bem.
Consegui convencer o meu irmão de que eu deveria dirigir nosso bebê recém chegado – que já considerava mais meu do que dele -, por incrível que pareça ele não se importou nenhum um pouco e tirou um breve cochilo até chegarmos lá. Fui seguindo a Bella e fiquei surpresa quando ela parou numa construção que mais parecia um conjunto de casas de tijolos do que uma escola.
Ótimo, nós tínhamos chegado chamando a atenção dos outros e era incrível sua falta do que fazer porque nos encararam como se fôssemos super famosos ou alguma aberração da natureza. Quero dizer, eu sei que era bonita e tinha charme – bendita genética dos meus pais – estava acostumada com olhares em cima de mim, só que esses agora me faziam sentir que eu era um espécime no zoológico. Adolescentes!
- Ignore isso. – a voz grave do Soo me assustou e eu dei um pulinho – Acha que se por acaso eu arrumar um carro, dá pra ficar na casa?
- Que susto garoto, não faça isso! – resmunguei colocando a mão no coração – Não sei, talvez dê pra colocar no quintal, dá pra floresta e tem uma boa parte do nosso terreno até chegar lá. Sem falar que não deve ter um louco que tente roubar a casa do chefe Swan.
- Você tem um pouco.
- Eu estou sempre certa. Por que você quer um carro agora? O Appa já deu um para nós.
- Sei disso, só não quero ser um estorvo para nenhuma de vocês duas. Você amou o Impala e tenho certeza que adotou como seu.
- Aish, você me conhece muito bem.
- Sou seu gêmeo. – deu de ombros e sorriu com o canto da boca.
- Não preocupe com isso agora, vamos entrar porque nossa aula é aqui. – resmunguei o empurrando na minha frente, era Inglês no primeiro horário e eu já queria morrer.
Por sorte o professor não estava lá, o lado ruim era que todos pararam de conversar para nos encarar, não sei como a Bella lidava com isso – mesmo que pelo o que contou tinha ido só um dia antes de nós – eu já estava quase cometendo uma chacina ali e vendo no noticiário: "Massacre na Forks High School, adolescente filha do chefe de polícia atira em alunos.".
Como se pudesse ler pensamentos – ou talvez fosse nosso vínculo de gêmeos -, Kyungsoo me encarou feio e apontou para a cadeira onde podíamos nos sentar, era no canto da janela e no meio da fila. Na verdade até que era um bom lugar, aos poucos os outros voltaram a conversar entre si e pude ter um pouquinho de sossego.
Estava quase dormindo na carteira quando o bendito do professor apareceu e pediu para que nos apresentássemos para a turma, basicamente disse meu nome de onde vim – sendo imitada pelo garoto – ainda iria decidir qual sobrenome era mais famoso ali: Park, Bright ou Swan. Porque na mesma hora cochichos surgiram e eu roguei aos céus que me dessem paciência para aturar esses adolescentes babacas que adoravam uma fofoca.
Cidade pequena. Eu entendo. Todos cresceram juntos e se conhecem a vida inteira, qualquer novidade vira notícia e em pouco tempo toda Forks sabe da fofoca, o que me irritava mesmo era os olhares e sentir que todos me julgavam por uma coisa de que eu não tinha culpa. Porque éramos os filhos bastardos do Chefe Swan, um erro fora do casamento, minha mãe era uma destruidora de lares e nós o aviso eterno.
Resolvi prestar atenção na aula, até gostava da matéria, no entanto estava sem paciência para ouvir tudo como devia, não tinha conseguido dormir muito bem e nem descansar o corpo, por mais que o sofá fosse bem macio e confortável, nada substituiria meu amado colchão. Teve mais de uma vez que pensei em seriamente acordar minha irmã e pedir um espaço na cama dela.
O que seria bem estranho já que não tínhamos nenhuma intimidade para isso, na verdade nos vimos pouquíssimas vezes na infância e não nos dávamos bem porque eu era bem elétrica e queria brincar com minha irmã, enquanto a mesma só queria de ler livros em sua tranqüilidade.
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