Jisung soube que algo ia dar errado quando saiu de casa.
Desde que era um filhote, ele tinha arrepios esquisitos. E seu nariz sempre acordava escorrendo, como um mau presságio.
Infelizmente, justo naquele dia, ele tinha uma aula importante para assistir, e não podia faltar. Por isso, foi para a universidade.
Após assistir a aula. O ômega se afastou com passos rápidos, tentando chegar logo no campo de futebol americano, e se livrar daquelas sensação horrível. Félix tinha faltado, e o caçula dos Seo's se sentia perdido sem o melhor amigo.
Jisung tinha combinado de encontrar o irmão no campo, para assistir último treino antes do grande jogo contra Busan. O ômega suspirou, entrando no banheiro para lavar o rosto, espantar o sono, e quem sabe, parar de bocejar.
O ômega se aproximou da pia, abrindo a torneira e jogando a água gelada no rosto.
O banheiro estava vazio, por isso, o caçula dos Seo's, se assustou quando alguns aromas frutais começaram a preencher o local. Mas logo se acalmou, aquela era uma situação cotidiana, já que Jisung estava em um banheiro para ômegas.
Mas para o desespero do ômega, ele escutou a porta principal sendo trancada. E sons de passos se aproximando.
O ômega ergueu a cabeça alarmado. Encarando o trio recém chegado através do espelho, claramente eram ômegas. Mas ele não conhecia nenhum deles. Dois ômegas loiros e altos, e um com o cabelo preto.
– Você é o Seo Jisung?
O ômega ergueu a sobrancelha, se sentido amedrontado com aquela situação.
– Quem quer saber?
Para desespero do caçula dos Seo's. Os ômegas mais altos simplesmente se aproximaram dele, com passos rápidos.
Jisung gritou, tentando se afastar daquela dupla de ômegas, que mais pareciam barbies assassinas.
A dupla envolveu os braços de Jisung, imobilizando ele. O único ômega de cabelo preto, se aproximou com uma tesoura na mão.
Jisung gritou, assustado, tentando se livrar daquela prisão absurda.
– Me deixa em paz, eu não sei quem é você. Eu não fiz nada.
– Você se acha muito esperto quando está rodeado do seu amigo esquisito e do seu irmão, né? Vamos ver se você vai continuar sendo essa pessoa, ômega.
Jisung tentou se soltar dos braços, mas foi inútil. O ômega moreno se aproximou com a tesoura pontuda, começando a cortar o tecido da camiseta do ômega.
– Me deixa em paz!
Um dos agressores que segurava o ômega, simplesmente passou as unhas afiadas no braço descoberto, fazendo o ômega gemer de dor.
– Ei, sem agressões, porra – O aparente líder reclamou. – Isso é pra você aprender, ômega. A não se intrometer onde não é chamado.
Jisung fechou os olhos, apenas escutando o barulho de tecido sendo cortado. E aos poucos, o vento encontrar sua pele descoberta. Lentamente, as lágrimas invadiam a sua visão, e ele se sentia desesperado e assustado.
Após picotar a camiseta da vítima. A dupla de ômegas soltou a vítima, e Jisung caiu de joelhos no chão, assustado e chorando ainda mais.
O líder da pequena gangue se aproximou, segurando o rosto do ômega com as duas mãos. As unhas dele eram longas e afiadas, e o agressor fazia questão de apertar com força. Fazendo marcas no rosto bonito dele.
– E fique longe de Lee Minho, ômega. Garanto que se nós encontrarmos de novo, vai ser ainda pior.
A dupla de ômegas se agachou em frente a vítima. Um deles envolveu a mão no cabelo preto do ômega, puxando o suficiente para doer. O barulho de uma mecha sendo cortada invadiu o banheiro.
E a pequena gangue finamente saiu do banheiro, levando uma mecha do cabelo com eles.
Jisung apenas conseguia chorar.
Hyunjin se assustou ao ver os ômegas saindo do banheiro dos ômegas praticamente correndo. Como era uma pessoa curiosa, o alfa se aproximou da porta. Tentando descobrir alguma coisa.
Um chorando baixo soava lá dentro, o que alarmou o alfa, que simplesmente invadiu o sanitário. Pouco se importando com alguma punição.
O filho do presidente se assustou ao encontrar um ômega sentado no chão do banheiro.
Jisung chorava, agachado no cantinho do banheiro. Com vários retalhos de roupa envolta dele, e os braços descobertos repletos de arranhões.
Hyunjin correu até o ômega no chão, se agachado em frente a ele.
– Você tá bem? – O alfa colocou a mão no ombro do ômega, tentando chamar a atenção dele. – Ei, gatinho, você esta me escutando?
– Você está aqui para me humilhar também? Se for isso, me deixa em paz.
– Eu só quero te ajudar, ômega
Jisung suspirou alto, tentando se acalmar e formar uma frase com sentido
– Eu quero meu irmão, me leve até ele, por favor, eu tô com medo.
O alfa suspirou, se livrando da camiseta que usava, e da jaqueta do time que havia acabado de receber. Jisung arregalou os olhos ao ver o tronco nu do desconhecido.
– O que você tá fazendo? – Jisung se assustou ao ver o alfa despido.
Hyunjin sorriu de leve, entregando a camiseta grande ao ômega.
– Eu sinto muito, mas não tem como eu ficar sem calças aqui, e você tá praticamente pelado, ômega, deixa eu te ajudar – O alfa ajudou o mais baixo a ficar em pé. Evitando para a região sem roupa. O alfa se assustou ao ver a situação das roupas e braços do ômega.– Caralho, o que fizeram com você?
Jisung suspirou aceitando as peças de roupas, e se dirigindo
com passos lentos até uma cabine do banheiro.
[...]
– Caralho, cadê o Hyunjin?! – O quarterback berrou, procurando o novo runner. – Alguém vai procurar esse fodido.
O time de futebol americano estava aproveitando a sexta feira para treinar a última vez antes do jogo contra Busan.
Infelizmente, ninguém precisou ir procurar o novo jogador.
Minho arregalou os olhos ao ver a cena. Hyunjin invadiu o campo de futebol, com um ômega a tiracolo. O Lee sentiu o sangue gelar ao descobrir quem era o ômega. Jisung andava devagar, com o braço de Hyunjin envolta do pescoço, e o outro envolta da cintura fina.
A cena do ômega vestido com uma camiseta grande, e o casaco do time de Hyunjin. Fez o alfa sentir raiva, e vontade de socar o novato, mas isso logo passou ao visualizar a situação do namorado.
Changbin foi mais rápido, correndo até a dupla. O alfa abraçou de forma preocupada o irmão, segurando o rosto dele com as mãos, e procurando por mais algum machucado.
O alfa sentiu o coração doer ao ver o olhar quebrado do ômega. Os olhinhos inchados, os arranhões no braço, e rosto do irmão mais novo. Que porra era aquela?
– Que porra você fez, Hwang? – A mão de Changbin envolveu a mão no pescoço do alfa. Os olhos do alfa tinham as pupilas dilatadas, e o cheiro dele estava aumentando aos poucos. – Você mexeu com o meu irmão?
– Eu não fiz merda nenhuma, Changbin – O alfa mais alto empurrou o Seo. – Alguém armou uma emboscada para o seu irmão, e eu achei ele no banheiro.
–Jiji? – O wide receiver procurou o olhar do caçula. Tentando confirmar as informações.
– Alguns ômegas me prenderam no banheiro, não foi culpa dele – Jisung respondeu, com o olhar preso no gramado. Evitando os outros olhares que recebia. – Pode me levar pra casa, Bin? Eu quero ir embora.
Os outros jogadores observavam em silêncio. Jisung sempre pareceu o tipo de ômega que não se envolvia em confusões. Mas ver o pequeno ômega naquela situação, doeu em todos os jogadores.
Minho se aproximou, correndo em direção ao ômega, pouco se importando se iria ser muito suspeito, alguém tinha mexido com seu garoto, e isso não iria ficar assim.
O quarterback levantou a mão, tentando tocar em uma mecha do cabelo do namorado. Mas para a sua surpresa, o ômega deu passos para trás, se escondendo atrás do irmão.
– Jisung? O que aconteceu?
O ômega tinha o olhar preso no chão e não respondeu, com as mãos apertando o tecido da blusa do irmão entre os dedos, ele parecia apenas um pequeno filhote assustado.
– Desculpa, gente. Meu irmão é mais importante. Eu vou vazar. – O wide receiver envolveu o ombro do irmão com os braços, guiando ele para a saída daquele lugar.
Minho sentiu o coração quebrar. O quarterback observou de longe, a dupla de irmãos se afastar com passos lentos. Jisung mancava as vezes, e parecia quebrado.
Christopher colocou a mão no ombro do amigo, chamando-o para perto, e tentando consolar o alfa.
Infelizmente, o treino não tinha rendido nada, e os jogadores acabaram terminando mais cedo que o comum.
– Isso não vai ficar assim, porra – Minho bateu com força no volante do carro, o alfa se sentia a pessoa mais impotente do mundo. – Eu vou descobrir quem fez isso com ele, e eu vou matar.
Christopher cruzou os braços, se sentindo tão bravo quando o Lee. Jisung era uma criatura tão pequena e fofinha, quem diabos ia ter coragem de mexer com aquela fofura?
– E você pode apostar que eu vou te ajudar, Minho. Ninguém mexe com o Jisung – Christopher estalou os dedos da mão, sentindo vontade de bater em alguma coisa. – Você tem uma ideia de quem possa ter sido?
Lee Minho suspirou, apoiando a cabeça no volante do carro. Só havia uma pessoa que Jisung tinha se metido em confusão nos últimos dias.
– Se for quem eu tô pensando, ele vai se arrepender de ter nascido.
[...]
Félix suspirou, fechando a porta do quarto do amigo, e descendo as escadas de forma rápida, segurando o prato vazio de mingau que os irmãos tinham feito para o caçulinha.
Jisung tinha chorado até dormir.
E Félix tinha esperado o melhor amigo dormir, para poder chorar.
O ômega se sentia a pior pessoa do mundo, o único dia que
tinha faltado. As pessoas tinham feito aquilo com seu melhor amigo, e aquilo
nunca ia ficar daquele jeito. Felizmente, o ômega mais novo sabia exatamente
quem era o responsável sobre aquilo.
Wooyoung ia pagar com o próprio sangue.
– Como ele está?
A família Seo estava em pânico. Os pais de Jisung tinha entrado em contato com a reitoria. E os irmãos mais velhos tinham se transformado em cães de caça, pronto para matar o responsável daquilo. Todos os Seo's estavam dispostos a dar uma lição no causador daquilo.
Infelizmente, Jisung não abriu a boca.
– Ele chorou até dormir – Félix cruzou os braços, olhando para o alfa que estava sentado na mesa. Changbin podia ser um irmão briguento. Mas ele protegia demais o caçula, com unhas e dentes. Como um verdadeiro alfa. – Pelo menos, ele comeu um pouco do mingau.
Changbin suspirou, bebendo mais um gole do chá. Apesar de ser madrugada, o alfa não conseguia sentir sono, e tinha medo de ter pesadelos se fosse dormir. A cena do seu irmãozinho sofrendo uma emboscada, machucava seu coração.
– Eu não vou deixar isso impune, meus irmãos e eu, nós não vamos deixar isso impune.
– Pode ter certeza que isso não vai ficar assim, alfa. Ninguém mexe com meu Jiji – Félix colocou o prato dentro da Cuba da pia. – Você pode ter a certeza que eu não vou deixar isso impune, nem que eu tenha que espancar alguém.
Changbin concordou com a cabeça, e antes que se desse conta. Se aproximou do ômega, com passos lentos, sua intenção inicial era apenas colocar a xícara vazia na pia, mas seus planos mudaram quando viu a beleza de Félix.
Félix ergueu a sobrancelha, tentando entender o que estava acontecendo.
Changbin simplesmente envolveu o pescoço da ômega com a mão, puxando ele para um beijo.
O ômega arregalou os olhos, não entendendo nada da situação.
Changbin apertou a cintura do ômega, pressionando o corpo dele contra a pia. Félix suspirou, abrindo a boca e deixando a língua do alfa entrar. O beijo começou de forma lenta, apenas se conhecendo. O ômega gemeu quando o alfa envolveu sua língua com a boca chupando o músculos.
O wide receiver envolveu as mãos na bunda do ômega, puxando o para perto. Félix gemeu, sentindo a ereção contra a sua coxa. Se eles continuassem nesse ritmo, rapidamente iriam transformar a cozinha em um motel.
A voz baixinha chamou a atenção do casal.
– Eita, eu tô atrapalhando?
[...]
Wooyoung sorriu, abrindo o pequeno pedaço de papel higiênico.
Uma mecha de cabelo preto estava ali dentro.
O Jung não precisava de nenhuma prova para saber a quem pertencia aqueles fios de cabelo.
– Ah, que ótimo – O Jung sorriu ainda maior, entregando o pacote de dinheiro ao trio de ômegas. Tinha custado uma pequena fortuna aquela emboscada. Mas tinha valido a pena. – Obrigada, garotos.
San entrou na mansão. O alfa jurava que Wooyoung nunca ia ligar mais para si, mas foi uma surpresa ótima para o alfa, receber a ligação do líder de torcida. O jogador entrou na sala da mansão, no exato momento em que um trio de ômegas saía. A dupla de loiros sorriu para o alfa, antes de saírem da casa.
Wooyoung estava sentado no sofá da sala, fumando um cigarro comum, e bebendo uma taça enorme de vinho rose, enquanto sorria de uma forma esquisita.
Choi San cruzou os braços, observando o líder de torcida por alguns segundos. Assimilando o ataque a Jisung, e aquele trio que tinha acabado de sair da mansão.
– Wooyoung, foi você?
O Jung sorriu para o alfa, soltando a fumaça do cigarro antes de poder responder.
– E que diferença faz? Aquele Jisung já estava se achando demais.
– E você simplesmente pagou alguém para bater no Jisung?! Você tem merda na cabeça, porra?!
– Cala a boca, seu alfa de merda – O Jung se levantou do sofá, se aproximando do alfa mais velho. Apesar de ser um ômega, ele tinha uma presença esmagadora. – Ele tem que aprender que ninguém meche com um Jung. Ainda mais alguém da ralé, como ele.
– Você é um psicopata, caralho. O Jisung te jogou vinho, Wooyoung, ele não pagou ninguém para te bater – O Choi deu as costas ao líder de torcida, se preparando para ir embora. – Isso foi muito baixo, até mesmo para você, Wooyoung.
O Jung observou o alfa simplesmente virar as costas e se dirigir a saída da casa.
– Onde você pensa que vai?! Eu te chamei aqui, porra. Eu quero transar.
– Compre a porra de um vibrador, então. – O jogador abriu a
porta. Mas antes de sair, dirigiu um olhar cheio de dor ao líder de torcida. –
Você é sujo, Wooyoung, eu tenho nojo de você. Esquece que eu existo.
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