Nova York. Duas semanas antes.
Christian O’Brien pousou alguns dólares ao lado do copo de uísque vazio sobre a mesa do bar e se retirou do local. O homem pegou as chaves do carro de dentro do bolso de sua calça e em questão de segundos já estava percorrendo as ruas iluminadas de Manhattan. O prédio onde morava não ficava muito longe de onde estava, mas enfrentar o trânsito, mesmo que por pouco tempo, o estressou da mesma forma. Ele retirou um cigarro do bolso e o acendeu enquanto dirigia, mantendo os olhos fixos na avenida pela qual seguia. O efeito do álcool já o afetava e a dor de cabeça pareceu piorar ainda mais. Havia tido um dia estressante no trabalho e por isso fora ao bar, porém já estava se arrependendo amargamente de ter bebido tantas doses de uísque.
Quando esticou o braço para jogar a bituca de cigarro fora da janela, ele sentiu o revolver roçar em sua cintura. Muitas vezes ele se esquecia completamente da arma que carregava. Fazia tanto tempo que a tinha que a sensação de sempre tê-la presa ao cós da calça, sob o paletó de seus ternos geralmente comprados em brechós na Times Square, já não o causava incômodo algum. Christian nunca a usara de verdade, mas ela fora de extrema utilidade quando ele encontrou Isabella nas ruas de Nova York anos atrás, levando uma surra de um grupo de rapazes que a haviam estuprado em um beco pouco tempo antes de ele aparecer juntamente com o filho. Ele quase atirou neles, mas Thomas o impediu e os estupradores fugiram.
Depois daquela infeliz situação, os dois levaram Isabella para um hospital. Eles ficaram ao lado dela e descobriram que ela viera do Brasil para tentar uma vida melhor por ali, mas infelizmente o que encontrara fora apenas desgraça. Sem dinheiro e com um inglês precário, a jovem acabou parando nas ruas. Ela precisou se prostituir para ter o que comer e onde morar, e contou tudo a eles sem aparentar nenhum arrependimento do que tivera de fazer.
Depois de certo tempo, ela foi se curando dos ferimentos. Chris então percebeu que ela era uma jovem linda. Os cabelos ruivos cortados na altura dos ombros davam uma beleza ainda maior para o rosto anguloso marcado por olhos cor de esmeralda que pareciam perdidos no mundo, sem nenhum foco conciso. O homem era fotógrafo e trabalhava para uma revista onde precisava lidar com mulheres de belezas distintas todos os dias. Ele sabia que ela era linda, e isso ficou ainda mais evidente quando, dias depois, ele a apresentou para seus chefes e eles decidiram contratá-la como modelo. Chris a ofereceu um quarto vago em seu apartamento e ela relutantemente aceitou, alegando que quando conseguisse uma boa quantia de dinheiro iria arrumar um lugar para ficar.
Isso nunca aconteceu, é claro. Os dois começaram a se conhecer melhor e logo iniciaram um relacionamento. Chris a amava tanto, e saber que poderia tê-la ao seu lado essa noite era a única coisa que o acalmava. Ele havia se demitido após seus superiores dizerem que iriam romper o contrato com Isabella. Pelo menos, pensou, poderiam passar por aquela situação juntos.
Instantes depois de se desvencilhar de seus pensamentos, o homem chegou ao prédio onde morava. Após estacionar o carro na garagem, ele pegou o elevador e subiu para o andar onde vivia. Ele costumava caminhar um pouco pela noite antes de subir, mas seu corpo ansiava pela cama e por Isabella. Não devia ter bebido — ela odiava quando fazia tal coisa —, mas pelo menos em questão de segundos ele a teria ao seu lado e ela provavelmente ficaria feliz por ele ter chegado mais cedo do trabalho. No entanto, ele despedaçaria seu coração ao conta-la o motivo de tal acontecimento.
Chris pegou suas chaves e abriu a porta do apartamento. Ele estranhou ao ver a TV ligada na sala vazia, mas logo concluiu que Thomas havia ido dormir sem desliga-la. Ele fez o que o filho deixara de fazer e seguiu pelo corredor prestes a chamar por Isabella. Porém, algo o impediu. Suspiros abafados vinham do banheiro no final do corredor. Eram ruídos praticamente inaudíveis, mas ele os ouviu. Caminhando o mais silenciosamente possível, Chris foi até o local e abriu a porta. Em questão de segundos, seu mundo ruiu ao ver a cena à sua frente.
O vapor da água estava embaçando o vidro do box, mas ele conseguiu enxergar perfeitamente o que estava acontecendo: o corpo de Isabella fora prensado contra os azulejos por Thomas, que, de costas para o homem, mexia os quadris para frente e para trás, arfando enquanto a jovem gemia e roçava os lábios pelo pescoço do garoto, selando seu corpo ao dele. Os dois estavam tão perdidos em seus próprios momentos de prazer que nem notaram a presença de Chris.
Até que os olhos de Isabella se abriram.
Preenchida por pavor, ela empurrou Thomas para trás, que cambaleou até se recostar na parede ao lado dela. Quando viu o pai, o semblante confuso do garoto ganhou a mesma expressão do de Isabella. Os dois começaram a arfar palavras confusas aos ouvidos de Chris, que conseguia apenas pensar em uma única palavra: traição.
Os pensamentos do homem eram uma mistura confusa de ódio, rancor e dor. Seu corpo todo doía. A cabeça estava prestes a explodir e a mescla de sentimentos parecia rasgar o corpo do homem em pedaços. Ele não soube exatamente no que pensou quando pegou o revólver no cós da calça e disparou, não uma, mas três vezes. O barulho do vidro do box do banheiro se estilhaçando o trouxe de volta à realidade. Realidade essa marcada por sangue e cacos de vidro. Quando viu o corpo de Isabella largado ao chão, o homem apontou a arma para Thomas. Sabia quantas balas restavam, mas... O que ele havia feito?
Por um instante fugaz, seus olhos encontraram os do filho. Ele não chorava, mas o olhar que direcionou ao pai deixava o pavor que sentia transparecer nitidamente. Não, ele não iria fazer aquilo com Thomas. O seu eterno pequeno Thomas. Ele sempre tentara tirar da própria mente a ideia de que o filho era só uma criança, mas nunca conseguira. As lembranças de um garotinho sempre cruzavam sua mente quando pensava em Thomas.
Papai, papai, me pega no colo!
Com o coração caindo em um abismo negro, Christian O’Brien colocou o revólver contra a própria têmpora e puxou o gatilho.
***
Riverwood. Dias atuais.
Por mais que tentasse, Thomas não conseguia afastar de seus pensamentos tudo o que acontecera nos últimos dias: o sangue fresco de Isabella e de seu pai banhando seus pés no apartamento onde morava, os interrogatórios intermináveis, a chegada de Mary à Nova York, a sua ida para Riverwood e, principalmente, seu beijo com Newt na semana anterior. Desde a noite passada, ele não conseguia tirar o filho do xerife de sua mente. Newt havia praticamente o expulsado de casa quando Janson apareceu, mas Thomas não se importou. Agora, ele só se importava com o fato de que se o que sentia não estaria sendo egoísta de sua parte. Seu pai e Isabella estavam mortos por sua culpa, e lá estava ele, pensando em um garoto que mal conhecia. É claro que Newt o lembrava de Isabella: o rosto anguloso, o mesmo olhar perdido e aquele maldito sorriso. Mas eram essas, até onde sabia, as únicas semelhanças entre os dois. Newt era mais resistente do que ela, por mais que pudesse duvidar de sua própria força. No entanto...
Mãos frias tocaram o seu rosto carinhosamente e ele abriu os olhos, sentando-se na própria cama e ficando um pouco mais calmo ao perceber que era apenas a sua mãe, parada sobre o piso do quarto.
Mary, repreendeu a si mesmo.
— Aconteceu alguma coisa? — Thomas indagou confuso, observando o singelo sorriso triste que estampava a feição de Mary.
— Não. Não aconteceu nada. — A mais velha suspirou pesadamente. — Só queria te dizer que estou de saída. Quer que eu prepare alguma coisa para você comer mais tarde?
— Não, não precisa. Eu comprei alguns pães quando voltei da escola — esclareceu, sentindo-se surpreso com a estranha preocupação da mãe. — Tem certeza de que está tudo bem, Mary?
A mulher o encarou por um instante e, para a surpresa do garoto, sentou-se de frente para ele na cama e o abraçou. Não foi um abraço rápido. Mary realmente o estava abraçando como qualquer outra mãe faria com o filho, mas Thomas não recebia aquele aperto vindo dela há tanto tempo que a sensação estranha que o dominou custou para se tornar familiar.
— Me desculpa — sussurrou ela. — Eu sou uma péssima mãe. Pensei bastante e percebi que você é o garoto mais azarado do mundo por me ter como mãe. Você passou por tanta coisa, Thomas, e eu só o tratei mal nos últimos dias. Quero reparar isso, mas não sei como. Vivi afastada de você por tanto tempo que não sei o que devo fazer para me aproximar novamente.
Mary se desvencilhou do filho e Thomas percebeu, para a sua surpresa, que ela estava chorando. Ele olhou para as próprias mãos.
— É bem simples, na verdade — disse ao encará-la, fitando-a nos olhos da mesma forma que fazia quando era criança. — Me conte o que aconteceu quando papai foi embora daqui. E por que você trabalha naquele... naquele lugar?
Mary suspirou, enxugando as próprias lágrimas, mas sua voz estava firme quando ela retribuiu o seu olhar e começou a falar.
— Quando você era criança, seu pai tirava fotos para o jornal local, mas o que ele recebia não era suficiente para nos sustentar. — Thomas percebeu que olhar dela havia se tornado distante, como se estivesse se perdendo nas próprias lembranças. — Então, eu comecei a trabalhar como gerente do Motel California. O antigo dono, Aloysius, já estava bastante velho naquela época. Ele não tinha família, mas eu cuidei dele enquanto trabalhava lá. Ele não sabia, mas um grupo de garotas hospedadas no local estava se prostituindo com alguns hóspedes. Eu pedi para que parassem, mas não podia expulsá-las. Elas estavam pagando pelos quartos onde viviam e todo dinheiro era bem-vindo, já que, infelizmente, Aloysius estava com diversas dívidas relacionadas ao Motel para serem pagas. Enfim, as garotas não pararam, é claro.
Thomas olhou para a mãe, mas ela não retribuiu. Continuava perdida em seus próprios pensamentos.
— Bom, o Aloysius morreu pouco tempo depois e, para a minha surpresa, deixou o local para mim. Eu cuidei dele e transformei o grande salão de festas na salvação daquele lugar. Eu o reformei e depois disso costumava organizar eventos nos finais de semana para arrecadar dinheiro. As garotas das quais falei se ofereceram para me ajudar e, então, eu as contratei. Algumas dançavam e outras distribuíam bebidas, mas todas ajudavam na limpeza ao final dos eventos. Eu sabia que algumas delas continuavam se prostituindo quando conseguiam algum cliente, mas não falei nada. Temia que seu pai descobrisse que mulheres como elas trabalhavam comigo no Motel. Chris não era uma pessoa muito fácil de lidar e, além disso, o nosso casamento já estava em crise naquela época.
— E foi então que você o traiu — disse Thomas, interrompendo-a.
— Sim — murmurou. — Com Evan. Ele não era prefeito na época, mas já era uma figura importante na cidade. Nós nos conhecemos em uma das festas que organizei. Ele foi carinhoso comigo e nós nos apaixonamos. A esposa dele, Vivien, não sabia de nada. Nem o seu pai, mas eu não podia continuar escondendo aquilo dele. Eu contei para o Chris, mesmo sabendo que o Evan não faria o mesmo com Vivien. Nós decidimos nos divorciar quando você tinha sete anos e você foi embora com ele, Thomas. E eu concordei, dizendo a mim mesma que Nova York seria um lugar melhor para você crescer, mas, na verdade, foi porque eu sempre soube que era uma péssima mãe.
O garoto a encarou e dessa vez Mary retribuiu o olhar.
— Mas e todos os boatos sobre você e o Motel California que correm soltos pela cidade?
Ela deu um leve sorriso e passou as mãos sobre o lençol da cama.
— São apenas mentiras — disse. — Depois que seu pai foi embora, as pessoas começaram a dizer que eu estava me prostituindo, como as garotas do Motel, e que ele havia descoberto tudo. Mas isso nunca foi a verdade. Aquelas garotas foram embora depois de certo tempo trabalhando para mim e eu nunca mais as vi. No entanto, eu precisava de novos empregados. Obviamente, ninguém quis trabalhar por lá. Eu tentei cuidar de tudo sozinha, mas não conseguia. Então, quando ia até Nova York te visitar, eu aproveitava para ir atrás de garotas que viviam nas ruas. Eu as oferecia emprego e um local para morar. Algumas aceitaram, muitas recusaram. Mas eu consegui o que precisava com o passar dos anos. Eu trazia as que aceitavam a oferta para cá e elas dançavam nas festas e cuidavam do local, mas nunca, que eu saiba, se prostituíram. Elas são apenas as garotas que cuidam do Motel. Minhas empregadas que recebem um salário justo todo mês. São, inclusive, mais dignas de respeito do que todos nessa cidade que insistem em dizer que elas são apenas prostitutas.
— Isso é verdade? — Thomas tentou disfarçar sua confusão, mas não sabia se estava conseguindo fazer isso muito bem. — Eu sempre ouvi boatos sobre você quando vinha para cá te visitar. Escutava as pessoas murmurando sobre eu ser seu filho quando passava pelas ruas, mas, eu garanto, não escolhiam nomes muito bonitos para se referir à você.
A mulher o encarou por um instante, cabisbaixa.
— Não estou mentindo, Thomas. — As palavras pareceram sinceras apesar de tudo. — As pessoas espalham essas mentiras porque me odeiam. Um ano depois de você ir embora, Vivien cometeu suicídio. Naquela época, já haviam descoberto sobre o meu caso com Evan. Começaram a dizer que ela havia descoberto tudo sobre nós dois e feito o que fez por causa disso, apesar de Evan nunca ter confirmado nada para mim ou para qualquer outra pessoa. Depois disso, eu sofri muito nessa cidade nos últimos anos, mas nunca fui embora. Escolhi ficar aqui. Eu amo o Motel e os turistas, amo o Evan, mesmo que ele se recuse a tornar nosso relacionamento oficialmente público, e amo organizar grandes eventos e ver as minhas garotas dançando e se divertindo nos ensaios, sabendo que muitas pessoas iriam e que o salário delas estará garantido. Mas, acima de tudo, eu amo você, Thomas. Nunca demonstrei isso, mas é a verdade. Sinto muito se tenho só o decepcionado ultimamente. Não espero que você me perdoe agora, mas espero que possamos tornar a nossa relação um pouco melhor.
Mary lançou um singelo sorriso para Thomas e se levantou, indo em direção à porta aberta do quarto do garoto. Ele encarou a mãe por um instante e quis sentir raiva. Raiva pela mãe de Sonya ter se matado provavelmente por culpa dela, raiva por ela ter traído Chris e raiva por tê-lo tratado de maneira tão rude nos últimos dias. Mas ele não havia causado a morte de Isabella? Não havia traído o pai e provocado o seu suicídio? Não havia sido tão rude quanto pôde desde que saíra de Nova York?
— Eu te perdoo, mãe — ele murmurou e Mary paralisou onde estava, olhando-o de uma maneira que não fazia há muito tempo.
Ela sorriu mais uma vez e saiu do quarto.
***
Ben estava sentado em um dos bancos de concreto da praça quando Newt o avistou. Os cabelos dele pareciam ouro sob a luz do sol e o garoto se lembrou de quando acariciara aqueles mesmo fios dourados. Foram lembranças como essa que o deram coragem para fazer o que fez. Após sair da casa de Brenda depois de conversarem melhor e ela o perdoar por ter sido um babaca, ele enviou uma mensagem para Ben pedindo que ele o encontrasse na praça que ficava no centro da cidade. E lá estava ele, parecendo um anjo triste que saíra diretamente de alguma pintura renascentista.
— Belo olho roxo — o loiro murmurou quando Newt se sentou ao lado dele no banco, esticando as pernas.
— Foi um presentinho que ganhei do seu amigo Gally ontem — respondeu, tentando afastar a lembrança da manhã anterior. — Pelo menos ele recebeu alguns dias de suspensão.
Ben o encarou.
— Ele deve ter ficado feliz com isso — disse. — Mas ele teria perdido alguns dias de aula de qualquer maneira. O diretor da escola cancelou as aulas pelo resto dessa semana após a morte de tantos alunos. Devemos retornar apenas semana que vem.
— Sábia decisão — Newt murmurou enquanto o encarava nos olhos. — Mas não te chamei até aqui para me atualizar das novidades. Decidi lhe dar uma chance para se explicar. Como você está se sentindo?
— O quê? — Ao erguer as sobrancelhas, ele percebeu que Ben havia realmente se surpreendido com a pergunta que fizera. — Você descobre que transei com a Trina e que te traía com o Mark e pergunta como eu estou me sentindo?
— Sim. — O garoto o encarou novamente, suspirando. — Você foi um completo imbecil, e o que existiu entre a gente nunca mais vai voltar a acontecer, mas eu quero ouvir a sua versão da história.
Após alguns breves instantes de silêncio, Ben decidiu contar a sua versão dos fatos para Newt. Disse que havia começado a se envolver com Mark depois de já estar namorando ele e que manteve um relacionamento com os dois porque não podia terminar o que tinha com Newt. O garoto estava prestes a perguntar porque ele não podia quando Ben o interrompeu, dizendo que vivia trocando mensagens com Mark e não com Trina, como Newt desconfiava. Ele então revelou que brigou com Mark após se recusar a terminar com Newt e que depois disso Trina foi até ele e contou que havia abortado o filho de Zart e que eles haviam brigado por isso. Os dois beberam e transaram aquele dia, mas foi apenas isso. Eles não se relacionaram mais, mas Ben insistiu em manter sua relação com Mark, mesmo estando namorando com Newt. Por fim, ele revelou que Mark só havia descoberto sobre o caso que tivera com Trina quando Newt descobriu e os boatos se espalharam pela escola.
— Você me disse tantas coisas e eu só consigo pensar que acabou de me contar uma história envolvendo três pessoas mortas. — Newt suspirou e cerrou os olhos devido à luz do sol da tarde que transpassava as folhas das árvores. — Você o amava? Mark?
— Sim. — Para a surpresa de Newt, uma lágrima escapou dos olhos de Ben, mas ele logo se livrou dela. — Eu o amava. E ele sofreu por isso. Sofreu quando o pai descobriu sobre nós e o agrediu e continuou sofrendo por eu não ter terminado com você.
— Mas por que continuou comigo, Ben? — indagou Newt, lançando à ele um olhar inquisidor. — Já percebi que está escondendo algo de mim. Fale toda a verdade de uma vez.
Ben o observou por alguns instantes e depois desviou o olhar para a grama sob seus pés.
— Newtie, eu realmente preciso te contar mais uma coisa. — Ele ergueu a cabeça e fixou o olhar em algum ponto distante. — Uma coisa envolvendo a Trina, mas que com o tempo acabou atingindo Zart, Minho e eu também. Nós...
Um zumbido irritante cortou o ar. Newt demorou apenas um segundo para perceber que era o celular de Ben, vibrando no bolso da calça dele. O garoto o retirou e Newt viu o nome de Sonya estampado na tela antes de Ben atender. Após alguns momentos de conversa sem sentido algum para Newt, ele encerrou a ligação e olhou para o garoto sentado ao seu lado. Seu semblante era de puro pavor.
— O que aconteceu? — Newt sentiu sua postura ficar tensa, mas manteve o olhar fixo em Ben.
— Harriet — disse ele — está morta. Acabaram de encontrar o corpo dela e do irmão na casa onde eles moravam.
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