Eram 5h30 da tarde e Ochako caminhava apressadamente para a sala de troféus, onde cumpriria a primeira de suas detenções, cortesia de Katsuki. Por falar neste, a castanha sentia nervosa como nunca ao lembrar do acordo que haviam feito no dia anterior. Não sabia o que seria dela caso Bakugo estivesse apenas a caçoando e espalhasse o mesmo para alguém ao vê-la tão desesperada e submissa a seus ensinamentos. Uraraka suspirou ao adentrar o cômodo e ver o loiro sentado em frente ao professor Aizawa. Agora já era tarde demais, ela tinha que fazer isso.
— Está atrasada, Uraraka. — disse Aizawa.
A controladora de gravidade suspirou. Estava se metendo em encrencas demais e, por mais irônico que fosse, a razão de todas elas se sentava bem ao seu lado tentando controlar um sorriso sarcástico.
— Vocês já conhecem as regras. — desviou seu olhar ao garoto — Espero não encontrar a senhorita Ikari aqui novamente, Bakugo.
— Não tem por que se preocupar comigo. — o loiro sibilou.
— Suponho que não. Não imaginaria você se envolvendo com Uraraka. — disse sarcástico olhando a garota pelo canto dos olhos, que corou sem querer.
Alguns segundos depois, Aizawa se arrastou até a saída da sala de troféus e, por fim, os deixou a sós, o que fez o estômago de Ochako novamente revirar em nervosismo e ansiedade. Ela mal conseguia acreditar que ainda persistia nessa história. Aulas de sedução com o Bakugo? Simplesmente o maior inimigo de seu namorado. Era loucura. E se ele fizesse algo para sabotar a relação? E se Deku descobrisse? Ele nunca a perdoaria.
— Está tendo dúvidas, Cara Redonda? — disse Katsuki a olhando de maneira maliciosa. — Pensei que não quisesse perder seu namorado pra uma extra qualquer.
— V-você não sabe do que está falando. — fechou a expressão. — Tenho certeza da minha decisão.
— Se você diz…
— Ó-otimo. E então, vai ficar enchendo o meu saco o dia todo ou vai, de fato, me ensinar alguma coisa? — ralhou tentando mudar o assunto.
Pensar em Deku a deixando por Hatsume parecia extremamente palpável. Como se fosse, de fato, acontecer. E isso a deixava desesperadamente triste.
— Tá, tá. Vamos começar então. —sorriu de canto — Há cinco pilares importantíssimos para a arte da sedução.
— Você viu isso aonde, em um livro ou algo do tipo? — comentou, segurando o riso. Ele a lançou um olhar impaciente e a controladora de gravidade ergueu as mãos, em sinal de rendição. — Tá, foi mal, pode continuar.
— Como eu ia dizendo… O funcionamento dos cinco é de extrema importância, assim, se qualquer um desses pilares falhar, todo o jogo de sedução pode ser considerado como perdido e, então, poderá dar adeus ao seu namoradinho.
— E quais são esses pilares? — disse tentando ignorar o comentário idiota, o que fez Bakugo alargar mais ainda o sorriso.
— Você não precisa saber de todos agora. Iremos com calma, um por vez, até você estar dominando esse assunto.
— Tudo bem. — concordou.
— O primeiro pilar e também a nossa primeira aula é a Atitude. — esticou seus pés pela mesa. — A atitude é a primeira coisa que se destaca nos sedutores bem sucedidos. Eles são pessoas ativas e que sempre tomam a iniciativa. — completou.
— Assim como quando eu lhe procurei com a proposta de acordo? — questionou.
— Exatamente, você já tem atitude. O que nos leva ao nosso segundo pilar e, consequentemente, tema da aula: Confiança. Para alguém com tanta atitude você não exibe tanta confiança como deveria, Cara Redonda.
— E como posso simplesmente ser confiante?
— Seja uma pessoa destemida e que acredita no que tem a oferecer. Simples. — A castanha arqueeou a sobrancelha como se esperasse por uma resposta melhor - Para isso, vou te ensinar alguns truques básicos, mas que funcionam. Primeira coisa, vamos começar com o andar.
Ela assentiu, ainda desconcertada com a fala do loiro. Ele começou a andar pela sala, porém não como fazia habitualmente. Katsuki tinha o olhar cravado na frente, os ombros completamente encolhidos numa postura ereta, dava passos curtos e apressados, movimentando as mãos pra cima e para baixo em movimentos robóticos.
— Consegue compreender o que estou fazendo aqui? — disse enquanto dava mais uma volta pela sala.
— Está tentando imitar alguém? — questionou confusa. — Parece até o Iida-kun…
— Isso, Cara Redonda, exatamente! Estava imitando o otário do Quatro Olhos. — Katsuki sorriu, enquanto Uraraka o fuzilava com o olhar. Ele não ia falar mal do seu amigo na frente dela, ia? Visto que ele não se desculparia, ela rolou os olhos impaciente.
— Tá, mas como isso vai influenciar na minha relação com o Deku-kun?
— Acho que percebeu quando imitei o Quatro Olhos… O jeito de andar diz muito sobre as pessoas, Cara Redonda. — ele murmurou, era verdade. A controladora de gravidade para pra pensar o que seu andar dizia sobre si mesma, certamente não dizia coisas boas, se não obviamente não teria pedido a ajuda de Katsuki Bakugo. — Agora é sua vez, vá até o final da sala e volte. — ordenou.
Fez o que ele dissera, andando normalmente, mas logo Katsuki a pediu que parasse.
— Não sei como você não tem dor nas costas, ou é corcunda... — reclamou, se aproximando de Ochako.
Katsuki ergueu uma de suas mãos até as costas dela enquanto a outra repousou sobre seus seios, o susto com o contato inesperado foi inevitável, a castanha lançou um olhar enfurecido e constangido para o garoto das explosões, que deu de ombros.
— Se me pediu essas aulas terá que se acostumar com meu toque, Cara Redonda.
Uraraka prendeu a respiração assentindo e logo sentiu as mãos de Katsuki empurrando levemente seu ombro para trás com a mão que estava em seus seios e também levando suas costas para frente com a outra, ajeitando sua postura. Fez o mesmo com o quadril e, então, se colocou atrás dela.
— Não se assuste, eu só quero ajudar. — Ele sussurrou antes de dar um passo para frente e colar ambos os corpos. Novamente, a controladora de gravidade prendeu sua respiração, desconfortável — Eu vou empurrar com o meu joelho a sua perna, e você vai andar seguindo esse comando. Tudo bem?
Ela fez que sim com a cabeça, e então Bakugo pressionou com a própria perna direita a dela, que seguiu o comando dando um passo longo e certeiro. As mãos quentes novamente a auxiliaram na quebra do quadril e logo a controladora de gravidade estava andando por toda a sala rebolando na medida certa. Os murmúrios em aprovação de Katsuki a faziam acreditar que a lição estava sendo aprendida com êxito, ainda que a proximidade dos corpos fosse desconcertante para ambos. O leve rebolar que ela, inocentemente, provocava, acabava fazendo o loiro se animar sem querer e também com que ela perdesse o ar, isso somado as instruções murmuradas diretamente em seu ouvido não ajudavam. Algum tempo depois, Ochako tropeçou nos próprios pés de nervosismo e ele secou o suor que escorria por sua nuca, então, coincidentemente, acharam melhor se afastarem para que ela tentasse sozinha.
Depois da primeira lição, os dois gastaram a última hora limpando os troféus, pois, era graças as detenções que estavam ali e, infelizmente ainda estavam longe de se livrarem dela.
[...]
"A postura do seu andar diz muito sobre quem você é, Cara Redonda".
E, então, Ochako arrumou suas costas e caminhou graciosamente até Deku, não esquecendo-se de valorizar seus quadris a cada passo que dava, o que fez com que, pela primeira vez, os alunos que estavam ali notassem sua presença e a acompanhassem com o olhar.
Uraraka se sentia confiante.
A castanha se aproximou de Deku, tomando-lhe o ombro de maneira carinhosa, o que fez com que o esverdeado se virasse em sua direção, arrancando um sorriso apaixonado da garota.
— Ah. Oi, Ocha. — sorriu com os lábios fechados. — Como foi a detenção?
— Boa. — sorriu — Digo, péssima, é claro. Pelo menos Bakugo-kun não me encheu o saco. — suspirou ao ver o namorado balançar a cabeça concordando.
— Que bom então.
A garota, numa tentativa de praticar atitude e confiança com o esverdeado, avançou lentamente em sua direção, a fim de depositar um beijo carinhoso em seus lábios para mostrar que havia sentido falta do mesmo no período em que esteve fora, porém, ao perceber a aproximação da castanha, Deku deu um passo para o lado, afastando-se da mesma imediatamente.
— Uraraka-san, o que está fazendo? Estamos no meio do refeitório. — indagou — Todos podem nos ver.
A garota murchou instantaneamente. De repente, toda confiança que havia adquirido durante a aula pareceu fugir de seu corpo, como se nunca tivesse passado por ali. Frustrada e envergonhada, passou as mãos pelas suas vestes, alisando as mesmas.
— Oh, sim. Você está certo. — abaixou a cabeça — Me desculpe, Deku-kun. Não irá se repetir.
[...]
Suas mãos passeavam pelas costas nuas de Ochako com certa agressividade, era quase como se ele quisesse, de alguma forma, que seus corpos se tornassem um só apenas com aquele contato. Seus lábios — agora inchados pela urgência que tinha no beijo — passaram a deixar carícias molhadas pelo pescoço da castanha, fazendo com que ela vacilasse momentaneamente e deixasse um gemido escapar entre os lábios.
— Izuku…
— Shhh… Não quero que ninguém nos interrompa. — sussurrou — Hoje eu te farei minha.
Uraraka apertou mais ainda as pernas, que estavam entrelaçadas na cintura de Deku. Ela podia sentir o volume presente apertando as calças dele, o que gerava certo calor em sua intimidade, desproporcionalmente coberta, enquanto os lábios do garpto desciam para o seu colo. As mãos, que antes apertavam a cintura, se dirigiram até as coxas dela, ainda cobertas pela saia, deixando um aperto ali e, logo em seguida, trilhando seu caminho até a barra, descendo-a lentamente a mesma e invadindo o interior do tecido com a mão quente do esverdeado.
— Tão molhada. — arfou ele enquanto as pontas de seus dedos exploravam a intimidade por cima da calcinha.
Uraraka remexeu o corpo contra seus dedos, a fim de incentivar seu toque e, então, sentiu a ansiedade tomar conta quando eles finalmente adentraram sua calcinha de tecido fino. Era incrível como o mínimo contato com ele poderia a enlouquecer. Mas foi só quando Deku começou a massagear sua intimidade, que ela pode sentir a vontade de gemer alto presa na garganta. Afinal, não podiam chamar atenção.
Ochako estava tão imersa naquela atmosfera de prazer que mal pode perceber quando ele a deitou, ainda com sua atenção voltada em massagear seu clitóris.
— Quero tentar algo novo com você, Ura… — ele murmurou baixinho, depositando um beijo na intimidade da garota e logo em seguida sugando a região devagar. — O que acha?
Ela se conteve mordendo os lábios e acariciando a nuca do esverdeado, incentivando-o a continuar. Enquanto cada centímetro de sua parte íntima era explorado, seus dedos se enroscavam cada vez mais nos cabelos crespos, em uma forma de trazê-lo mais para perto, se é que aquilo era possível. Os gemidos baixos iam se intensificando na medida que a língua dele fazia seu trabalho. Hora ou outra Bakugo parava, com um sorriso malicioso murmurando um "shh", fazendo-a gemer em reprovação.
— Não precisa se preocupar, Cara Redonda… — sorriu malicioso — Vou te fazer minha de qualquer maneira, basta você pedir.
— Katsuki… Por favor. — arfou e pode observar o sorriso crescer no rosto do garoto das explosões.
Ela se sentia desejada, como nunca antes ao notar o olhar que o garoto lançava sobre seu corpo.
— Ochako…
— Katsuki. — gemeu.
— Ochako… — sussurrou — Acorda, Ochako.
A controladora de gravidade abriu os olhos assustada, seu pijama estava colado ao corpo devido ao suor e sua respiração era ofegante. Ela piscou algumas vezes até sua visão se adaptar a claridade antes desconhecida e só então pode notar dois pares de olhos curiosos a observando.
Eram Tsuyu e Mina.
— Ochako, o que… — Tsuyu a encarava encabulada e nitidamente assustada.
— E-eu tive um pesadelo.
— Um pesadelo intenso, eu diria… — sua amiga rosada tinha a voz carregada de escárnio.
Santo Vênus, será que ela havia verbalizado toda aquela agonia alto demais? E outra, porque derrepente Izuku era Bakugo?!
— Ande, se apresse, os meninos estão nos esperando para tomarmos café. — disse a esverdeada balançando a cabeça enquanto se virava para o espelho ajeitando sua gravata.
[...]
Em direção ao refeitório, Deku, estava com uma expressão serena — bem diferente daquela que tivera no sonho de Ochako naquela manhã — e caminhava silenciosamente, prestando atenção apenas quando algum dos amigos passava a falar.
— Ochako teve um… Pesadelo. — Tsuyu a encarou cúmplice.
— O subconsciente da gente é engraçado, né… Pareceu tão real. — murmurou a castanha, sorrindo fraco, com as bochechas ligeiramente coradas. — Bem que podia, aliás.
— Você quer que um pesadelo seja real? — Todoroki questionou, confuso.
— Às vezes até os pesadelos são melhores que a realidade. — deu de ombros, abaixando a cabeça. Mas nem aquilo parecia surtir efeito em seu namorado, pelo contrário, ele parecia completamente alheio a presença dela ali.
Ultimamente, era sempre assim: Deku a tratava de maneira fria na maior parte das vezes, não percebia e quando percebia, ainda assim, algo em Uraraka dizia que aquilo não partia dele. Às vezes um toque de Iida ou de Todoroki bastavam para que ele viesse pedir desculpas. E então, ele tentava dar mais atenção por um dia, mas no outro tudo voltava ao “normal.
O Deku squad caminhou pelo corredor, indo em direção ao refeitório, quando Mei Hatsume passou por eles, sorrindo em direção ao esverdeado. Céus, ela não tinha nem a decência de disfarçar?
— Bom dia, Midoriya. — acenou a garota do curso de suporte — Nos vemos mais tarde?
— Ahn, b-bom dia, Hatsume-san. — sorriu abertamente — Claro, espero por você.
Mei apenas retribuiu o sorriso e voltou a trilhar o caminho até o refeitório. Patético. Será mesmo que ela era cega ao ponto de só ver o Deku ali? Ou pior, será que ele realmente não percebia que Ochako estava vendo a forma com a qual eles se olhavam? Alheia em seus pensamentos, a castanha foi tirada de sua frustração apenas quando viu o dono dos cabelos loiros e espetados adentrando o refeitório, o que levou os pensamentos de Uraraka automaticamente para o compromisso que tínham pela tarde.
— É uma pena que não possa participar do treinamento hoje, Uraraka-san. — disse Iida.
— Ahn?
— Hoje é quinta-feira. — lembrou-a — Terá que passar a tarde com a besta do Bakugo, lembra?
— Ah, sim. Uma pena. — murmurou sem dar muita atenção.
O garoto seguiu seu caminho para a mesa do Bakusquad, enquanto era acompanhado pelo olhos grandes e castanhos. A postura de Bakugo demonstrava confiança e um certo ar de superioridade, como se ele soubesse que, enquanto estivesse ali, ninguém mais importava. Por um instante, Ochako acabou se perdendo nas memórias da aula passada, nas memórias do sonho e pôde jurar que em certa fração de segundos, sentiu seu corpo se arrepiar ao lembrar do toque de Katuki em suas costas e o calor de seu corpo próximo ao dela. A castanha chacoalhou a cabeça tentando se livrar dos pensamentos. O que diabos estava pensando? Ele era Katsuki Bakugo, um completo babaca. E ela tinha Deku que, apesar de distante agora, continuava sendo seu namorado e seu melhor amigo.
[...]
— A aula de hoje é sobre atração e provocação. — Bakugo dizia enquanto andava pela sala de troféus gesticulando com as mãos conforme falava, Ochako já tinha reparado que aquele era um hábito comum dele — É como se fosse uma sequência, Cara Redonda: a provocação leva a atração, que leva a sedução e então a foda… — pigarreou interrompendo-se — Agora me conta, como foi o processo com o Nerd até vocês começarem a namorar?
— Nós dois confessamos que gostávamos um do outro e bem… Começamos a namorar. — deu de ombros, Bakugo fez um sinal para que ela prosseguisse e a castanha o encarou confusa. — O que? Foi isso.
— Não teve uma troca de olhares, sorrisos… Mordidinha no lábio? — Katsuki arriscou.
— Até teve, eu acho, mas nós já éramos melhores amigos, então o que esperava?
— Tanto faz, vamos começar. — Bakugo deu de ombros. — A atração é parte vital da arte da sedução, Cara Redonda. Uma pessoa pode ser bonita, mas não ser atraente, entende?
— Não? — respondeu com uma pergunta o encarando de maneira óbvia. Uraraka quis completar que se soubesse, talvez não estaria ali, passando essa vergonha. Mas não podia arriscar irritá-lo, sua ajuda era praticamente sua única chance, então pigarreeou e deixou o tom de voz mais brando — Não entendo, Bakugo-kun.
— São coisas extremamente diferentes, Cara Redonda. Se pessoas bonitas não usam a atração ao seu favor elas são apenas um rostinho bonito... — Bakugo explicou com um sorriso no canto dos lábios e então completou — E sonso!
Ele puxou uma cadeira e se sentou perto da controladora de gravidade.
— Te digo com toda tranquilidade e segurança do mundo que, uma garota atraente consegue o homem que ela quiser. — seus olhos cor de rubi se encontraram com os castanhos e permaneceram ali por alguns segundos, assim como o silêncio instaurado do nada.
— E o que eu preciso fazer para ser atraente? — Ochako questionou, desconcertada.
— Primeiro de tudo, o olhar. — ele pareceu se lembrar do que fazia ali, se levantando em um pulo e voltando a caminhar pela sala. — Os olhos dizem muito Uraraka, arrisco dizer que são a parte principal. Manter o contato visual deixa explícito o interesse que você tem na pessoa. As garotas, no geral, têm a mania de olhar e desviar, mas se lembre da lição anterior, mantenha-se confiante sobre suas ações. Isso mostra que você é das que se mantém firme e estão determinadas a conseguirem o que querem.
— Certo… — murmurou meio incerta.
— Próximo passo, o sorriso. Sorrisos quebram qualquer barreira entre duas pessoas, inclusive o gelo. Mostra que você se sente confortável ali e que quer continuar na provocação. Quando se sentir segura o suficiente depois dos passos iniciais, pode piscar, mas só quando os anteriores não funcionarem, e uma vez só, para não parecer que levou um choque. — riram juntos, Uraraka nunca tinha visto Bakugo daquela forma leve e descontraída. — Mordidas leves e até umedecer os lábios com a língua também funcionam. Mas não passando a língua por toda a extensão dos lábios, a intenção é ser sutil e natural, como quando fazemos sem perceber, sabe?
A garota assentiu enquanto Bakugo dobrava as mangas da camisa branca que vestia até a altura dos cotovelos.
— E a última técnica antes que eu demonstre… — ergueu o indicador e se aproximou dela — Consiste em formar um triângulo invertido conforme você olha entre, olho direito, olho esquerdo e boca da pessoa. Só isso costuma bastar, mas se quiser morder os lábios e umedecê-los como eu disse anteriormente, também dá certo.
— Já fez isso com muitas, Bakugo-kun? — questionou séria, mantendo o contato visual e seu rosto tomou uma expressão debochada.
— Cale a boca e ouça a voz da experiência, Cara Redonda. — ele cravou seus olhos nos dela, de uma maneira muito mais intensa que quando fizera acidentalmente minutos atrás.
O garoto das explosões tinha um ar espontâneo, leve, sedutor e até mesmo um pouco brincalhão. Combinava com ele.
Ele tombou a cabeça levemente para o lado, ainda a observando, e passou a língua pelos lábios de maneira quase que espontânea, voltando a sorrir. Ochako engoliu em seco, enrijecendo a postura enquanto ele se aproximava mais de si.
— O que me diz, Uraraka? — direcionou seus olhos aos dela, primeiro o direito, depois o esquerdo e então fixou-os nos lábios rosados, mordendo os seus. A castanha sentiu uma pontada no baixo ventre e todos os seus pelos pareciam ter se arrepiado.
Uraraka não sabia quantos minutos ficaram absortos naquela atmosfera, a respiração de Katsuki batia em seu rosto e ela se sentia completamente desesperada por estar naquela situação, mas parte dela queria continuar ali e avançar alguns passos.
Mas então se lembrou de Deku e do principal motivo pelo qual estava ali.
— Eu… — levou a mão até o ombro de Bakugo, o afastando levemente — Acho que entendi.
— Certo. — pigarreou, arrumando a postura e se afastando mais ainda. — É basicamente isso, Cara Redonda. Creio que fizemos um ótimo avanço hoje, mas ainda precisamos, ahn, limpar os troféus.
[...]
Faltavam cinco minutos para que a reunião matinal começasse. Naquela manhã, em particular, Bakugo acabou caminhando sozinho para a sala e chegando apenas quando a maior parte dos lugares bons já haviam sido ocupados. Ele fez um lembrete mental para reclamar com Kirishima, Kaminari e Sero, eles eram inúteis até para colocar a porra de um livro na cadeira pra guardar lugar?
Mas quando o loiro se deu conta de que a única bancada vaga era ao lado de Uraraka e Deku quase gargalhou pela coincidência. Aquilo seria divertido.
Katsuki pôde observar a castanha acariciando a mão do namorado em cima da bancada, o garoto parecia completamente alheio e indiferente frente a demonstração de afeto. Mas não tirou a mão dali o que, provavelmente, foi o motivo que Uraraka precisava para se sentir mais segura em seguir com o que haviam aprendido.
E então ela sorriu, ainda fazendo carícias em movimentos circulares no dorso do garoto sardento e logo em seguida direcionou seu olhar com destreza aos olhos, seguido dos lábios e então deu um risinho baixo e piscou um dos olhos.
Uraraka aprendia rápido, aquilo fora de fato muito atraente. Katsuki se inclinou melhor sua postura, para que pudesse entender melhor o que se passava ao lado, mas tudo o que viu fora Midoriya, lerdo como um cágado, a encarando de maneira confusa.
Ochako havia, aparentemente se desesperado e aquilo jogou toda a pose que ela carregava por água abaixo, visto que ela piscava o olho repetidas vezes com uma expressão impaciente e os lábios cerrados formando uma linha fina.
— Ura-san, está tudo bem com seu olho? — perguntou Deku, estranhando o tique nervoso da pálpebra da namorada.
— Ahn… — engasgou-se — Como assim? — disse voltando a postura ereta e abrindo um de seus livros, começando a folhear o mesmo.
— Você só… — Midoriya tentou erguer o dedo em direção ao seu próprio olho, para sinalizar, mas desistiu no meio do caminho visto que a castanha passou a folha com mais força, ainda sem manter contato visual — Deixa pra lá.
Midoriya se ajeitou na carteira, enquanto Ochako insistia em fingir que seu livro estava realmente interessante, muito embora Bakugo soubesse que ela estava apenas tentando disfarçar todo o constrangimento que sentia naquele momento. O que fez o loiro gargalhar alto, chamando a atenção do casal.
Uraraka bufou audivelmente deixando para trás o livro que tinha em mãos e saindo da sala com passos fortes. Deku pareceu não dar a mínima, voltando a encarar o nada e pensar em qualquer que fosse seu problema extremamente mais importante para resolver.
Patético!
Katsuki levantou-se da cadeira devagar, tentando não chamar atenção de ninguém. Os professores não haviam chegado, então as conversas entre os alunos de todos os cursos foram suficientes para que ninguém reparasse que ele havia saído correndo da sala de aula.
O garoto das explosões procurou por alguns minutos pelos corredores, até que sentiu as mãos de Ochako o empurrando contra a parede numa velocidade e força tão grandes que ele pensaria ser impossível para alguém de seu tamanho.
— Você está me fazendo de palhaça, Bakugo! — berrou.
Seu corpo prensava o dele contra o hall do corredor e, com uma mão espalmada na parede em cada lado do seu peito, ela o deixava preso contra si. Bakugo podia ver fúria em seu olhar, suas pupilas estavam dilatadas e seus lábios comprimiam um ao outro o suficiente para que perdesse sua bela cor rosada, cor essa que, no entanto, dava tom as grandes bochechas. Ochako o olhou por muitos segundos em silêncio, que era quebrado somente pela sua respiração pesada — e frustrada — enquanto o loiro observava atentamente cada parte de seu rosto.
— EU TENHO FEITO TUDO QUE VOCÊ ME DISSE...
— Cara Redonda… — tentou começar, mas ela lançou um olhar que, se pudesse, teria o fatiado em dez pedaços.
— MAS NADA, NADA FUNCIONA!
— Uraraka...
— CALA A BOCA, BAKUGO. — suspirou — Você está brincan…
— OCHAKO! — exclamou, fazendo-a se assustar e ficar em silêncio — Desculpe, não quis te assustar. É só que você não me deixava falar e…
— Eu sou um fracasso. — fungou o interrompendo enquanto abaixava a cabeça — Nunca vou conseguir fazer com que o Deku-kun me olhe como ele olha pra ela.
O sangue de Bakugo ferveu. O loiro torceu o nariz em uma careta e suspirou fundo antes de, suavemente, descer os braços de Ochako de volta ao seu corpo e levar sua mão a bochecha grande e rosada, traçando um carinho com o polegar, o que fez com que a controladora de gravidade se surpreendesse, levantando seu olhar ao encontro dos olhos rubi.
— Faça comigo.
— O quê? — disse surpresa.
— Faça comigo. — reafirmou ainda acariciando o rostinho redondo.
Ochako o encarou de forma desafiadora, fechou os olhos respirando fundo e tornou a olhar, mantendo-se ali, como se prestasse atenção em cada parte do rosto de Bakugo. Então ela sorriu.
Não era nem de perto o sorriso mais sincero do mundo, mas ainda assim era lindo. Então ela se perdeu em sua pose forçada e voltou a sorrir, verdadeiramente dessa vez, e puta que pariu. Ela mordeu os lábios timidamente enquanto mantinha seus olhos fixos nos do loiro. Vagou seus olhos no olho direito, no esquerdo e então nos lábios.
Céus, ela havia aprendido! E como havia...
Katsuki desceu uma das mãos para a nuca da castanha, enquanto a outra ainda repousava sobre seu rosto. Os olhos de Uraraka agora estavam profundamente cravados nos dele e ele o retribuía com veemência. Aos poucos o garoto das explosões foi se aproximando lentamente, com medo de que qualquer movimento brusco demais fosse quebrar e acabar com aquele momento e isso era a última coisa que ele queria. Fechou os olhos quando finalmente pode sentir o hálito fresco da garota contra sua boca, fazendo com que a vontade crescente de a beijar se aflorasse ainda mais dentro de si.
E foi o que ele fez.
Um arrepio percorreu sua espinha quando sentiu os lábios macios de Ochako se chocarem com os seus, o beijo começou tímido — por ambos— mas, aos poucos, foram permitindo um ao outro que explorássem aquelas sensações desconhecidas até então. Uraraka, timidamente, subiu uma de suas mãos até o peito do loiro, repousando a mesma ali, fazendo com que o local que sua palma tocava queimasse como brasa. Suas línguas brincavam entre si e muito embora estivéssem quase sem fôlego, desejávam nunca acabar com aquele momento. Katsuki mordeu levemente os lábios rosados quando sentiu suas calças ficarem mais apertadas, declarando que aquele era o momento de se afastarem.
— Você tem feito tudo certo, Cara Redonda… Deku que é um idiota.
Por fim, depositou um selinho carinhoso por cima do lugar que havia deixado uma mordida e então a afastou, caminhando o mais rápido que podia para longe dali e deixando uma Ochako confusa e ofegante para trás.
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