Novamente, a luz se foi, deixando muitos curiosos para saber quem era a pessoa do futuro que veio se juntar a eles. Mas pela cara de Luna, Neville e Gina ao avistar o adolescente, deu para perceber que ia rolar muita confusão.
O garoto parecia bem confuso e irritado ao aparecer no salão principal derrepente, mas ninguém ligou para isso enquanto reparavam na sua aparência; cabelo loiro platinado, com olhos cinzas brilhantes, um Malfoy completo.
Todos ficaram em silêncio, sem falar nada, deixando assim o garoto loiro olhar para eles com um pouco de espanto, principalmente ao ver Narcisa, Lúcio e Snape. Ele ficou assim até avistar os outros três do futuro.
— Weasley fêmea, Longbottom e Loony Lovegood. — ele disse, com uma voz zombeteira, sem se importar que muitos ficaram surpresos por o mesmo ter falado o sobrenome de Luna, que era muito familiar para eles. — Vão me explicar o por que de estarmos no passado?
Gina gemeu aborrecida ao ouvir a voz familiar. — Se você fosse mais educado, Malfoy, eu poderia lhe falar! — ela retruca, se levantando e cruzando os braços.
— Sem briga. — Luna diz, também se levantando e colocando as mãos na cintura. — Por que não conversamos civilizadamente?
— Eu concordo com Luna. — se pronuncia Neville, temendo o pior.
— Eu só quero saber o que está acontecendo aqui! — exige Malfoy. — Vamos, andem, eu não tenho a noite toda.
— Na verdade, Malfoy Júnior, você meio que tem. — fala Sirius, ganhando olhares de quase todos no salão. — Eu só falei a verdade!
Luna suspira, antes de começar a abrir a boca. — Hécate, a deusa da magia, nos trouxe aqui para lermos com o pessoal do passado o futuro e estamos lendo as partes mais importantes dos sete anos de Harry. — explica ela, vendo como o loiro fez uma cara de desgosto.
— Claro, tinha que ser sobre o testa rachada. — zomba, ignorando os olhares de James e Lily para ele. — Então agora eu vou ter que ler com vocês, sério?
— Sim, e não tem como escapar. — diz Neville. — E você vai se sentar com a gente na mesa da Corvinal.
Malfoy ri. — Por favor, Longbottom. Eu posso fazer tudo, até beijar o Potter, mas se sentar com vocês, não! — ele recusa, cruzando os braços.
— Deixa de ser mimado e senta logo aqui, Draco Malfoy! — exige Luna, indo até até o loiro. — Você vai se sentar, ou acredite...
— Acredite no que? — Draco zomba. — Você vai fazer algo comigo? Oh, por Salazar! Loony vai me matar!
— Eu não! — nega Luna. — Mas se você se esqueceu, quem nos trouxe aqui foi Hécate, uma deusa, ela pode muito bem fazer coisas horríveis com você!
— Meu Merlin, nunca vi esse lado da Luna. — murmura Neville para Gina, que sorriu.
— Luna sempre foi uma grifinória em seu coração. — ela diz, sorrindo para a coragem da amiga por enfrentar Malfoy. Gina sabia que Luna só estava fazendo isso para salvar várias pessoas que morreram no futuro, inclusive sua mãe, que morreu tão jovem por causa de um acidente.
Dumbledore tosse, quando percebe que todo o salão estava olhando para onde Luna e Draco ainda estavam se encarando. — Sr.Malfoy, por favor, se sente na mesa da Corvinal para começarmos logo esse capítulo. — pede ele, recebendo um aceno hesitante do loiro, antes dele ir se sentar na mesa dos corvos, os alunos de lá abrindo espaço para o mesmo ficar de frente para o trio do futuro. — Srta.Lovegood?
Luna respirou fundo antes de assentir para si mesma e ir para seu lugar na mesa da Corvinal, ignorando o olhar de sua futura mãe, que agora que a tinha notado por causa do seu pequeno "show".
— Muito bem. — fala Dumbledore, antes de fazer um sinal para Sirius. — Comece a leitura, Sr.Black.
O grifinório assentiu.
— A Toca
— Nossa casa, mamãe! — grita Gui, fazendo muitas garotas suspirarem, o garoto era realmente muito fofo.
— Sim, Gui, nossa casa. — fala Molly, rindo um pouco.
— A Toca. — sussurra Gina, com uma saudade de casa.
— Rony! — murmurou Harry, deslizando furtivamente até a janela e abrindo-a de modo que pudessem conversar através das grades. — Rony, como foi que você... Que é...?
O queixo de Harry caiu quando o impacto do que via o atingiu por inteiro. Rony estava debruçado na janela traseira de um velho carro turquesa, estacionado no ar. Do banco dianteiro sorriam, para Harry, Fred e Jorge, os irmãos gêmeos de Rony, mais velhos que ele.
— Um carro voador, é claro. — murmura Lily, perplexa.
— Nossos futuros sobrinhos...
— São...
— Incríveis! — gritam Fabian e Gideon, sorrindo de felicidade.
— Eles vão arranjar muita confusão se atrairem atenção indesejada — comenta Remus, fazendo muitos concordarem.
— Oh, Merlin! — suspira Molly, antes de olhar para Arthur. — Por que eu acho que você é o dono do carro?
O marido só sorri, culpado.
— Tudo bem, Harry? — perguntou Jorge.
— Que é que está acontecendo? — perguntou Rony. — Por que é que você não tem respondido às minhas cartas? Convidei-o a nos visitar umas doze vezes e então papai chegou em casa e disse que você tinha recebido uma advertência oficial por usar mágica na frente de trouxas...
— Não fui eu... E como é que ele soube?
— Eu trabalho no ministério. — fala Arthur, simplesmente.
— Ele trabalha no Ministério. Você sabe que não temos permissão para usar mágica fora da escola...
— Olha quem fala — respondeu Harry olhando para o carro que flutuava.
— Ah, isto não conta — respondeu Rony. — É só emprestado. É do papai, não fomos nós que o enfeitiçamos...
Molly olhou para Arthur, com um olhar de "Eu sabia".
...Mas fazer mágica na frente desses trouxas com quem você mora...
— Eu já disse que não fiz... Mas vai levar muito tempo para contar agora. Olha, será que você pode avisar em Hogwarts? Os Dursley me trancaram e não vão me deixar voltar e, é claro, não posso sair usando mágica, porque o Ministério vai achar que é a segunda mágica que faço em três dias, e aí...
Malfoy zomba. — Lerdo como sempre. — ele diz, revirando os olhos. — Olha que isso não mudou muito...
— Se aquieta, Malfoy! — ordena Gina, quase perdendo a paciência.
— Pare de falar coisas sem sentido — disse Rony. — Viemos levá-lo para casa conosco.
— Mas vocês também não podem me tirar usando mágica...
— Não precisamos — disse Rony, indicando com a cabeça o banco dianteiro do carro e sorrindo. — Você esqueceu quem foi que eu trouxe comigo.
— Eles devem ser realmente bons. — fala James, sorrindo maroto, ganhando um olhar de Lily para calar a boca.
— Amarre isso nas grades — mandou Fred, atirando a ponta de uma corda para Harry.
— Se os Dursley acordarem, estou morto — comentou Harry enquanto amarrava a corda bem firme em volta da grade e Fred acelerava o carro.
— Não se preocupe — falou Fred —, e dê distância.
Harry recuou para as sombras próximas, a Edwiges, que parecia ter percebido como aquilo era importante, ficou parada e silenciosa. O carro roncou cada vez mais alto e, de repente, com um ruído de trituração, as grades foram totalmente arrancadas da janela, enquanto Fred continuava a subir no ar Harry correu à janela e viu as grades balançando a pouco mais de um metro do chão. Rony, ofegante, puxou-as para dentro do carro. Harry escutava ansioso, mas não vinha o menor ruído do quarto dos Dursley.
— Sono pesado. — comenta Marlene, recebendo um aceno de concordância de Dorcas e Alice.
Depois que as grades foram guardadas no banco traseiro do carro, ao lado de Rony, Fred deu marcha a ré até chegar o mais próximo possível da janela de Harry.
— Entre — convidou Rony.
— Mas todo o meu material de Hogwarts... Minha varinha... Minha vassoura...
— Onde está?
— Trancado no armário embaixo da escada, e não posso sair deste quarto...
— Não tem problema — disse Jorge do banco dianteiro do carro. — Saia da frente, Harry.
Fred e Jorge entraram no quarto de Harry pela janela, feito gatos. A pessoa tinha que tirar o chapéu para eles, pensava Harry, quando Jorge puxou um grampo do bolso e começou a arrombar a fechadura.
— Uau. — disseram muitos, impressionados.
— Parecem até a gente. — diz Sirius, se interrompendo e olhando para seus companheiros marotos, que assentiram rindo ao lembrar de suas inúmeras aventuras em Hogwarts.
— Tem muito bruxo que acha que é uma perda de tempo conhecer macetes de trouxas como esse — disse Fred —, mas nós achamos que vale a pena aprender essas habilidades, mesmo que sejam um pouco demoradas.
Os marotos assentiram, concordando, sem se importar com os olhares que estavam recebendo.
A porta fez um clique e se abriu.
— Então, vamos apanhar o seu malão, e você pega o que precisar do seu quarto e passa para o Rony – murmurou Jorge.
— Cuidado com o último degrau, ele range — murmurou Harry para os gêmeos que desapareceram no corredor escuro.
Harry correu pelo quarto reunindo seus pertences e passando-os a Rony pela janela. Então, foi ajudar Fred e Jorge a carregar o malão para cima. Harry ouviu o tio Válter tossir.
Finalmente, ofegantes, eles chegaram ao alto da escada e carregaram o malão pelo quarto de Harry até a janela aberta.
Fred pulou a janela de volta ao carro para puxar o malão com Rony, enquanto Harry e Jorge o empurravam pelo lado de dentro.
Pouco a pouco, o malão deslizou pela janela. Tio Válter tossiu outra vez.
— Oh, não. — disse Ted, trocando um olhar com Andrômeda.
— Mais um pouquinho — arfou Fred, que estava puxando o malão para dentro do carro. — Mais um bom empurrão...
Harry e Jorge jogaram os ombros contra o malão e ele deslizou da janela para o assento traseiro do carro.
— Muito bem, vamos — cochichou Jorge.
— Eles esqueceram de Edwiges! — murmurou Gina, batendo a mão a testa.
Mas quando Harry subia no parapeito da janela ouviu um guincho alto atrás dele, seguido imediatamente pela voz trovejante do tio Válter.
— ESSA CORUJA DESGRAÇADA!
Alice murmurou várias maldições ao homem trouxa.
— Eu esqueci a Edwiges! — Harry precipitou-se de volta ao quarto na hora em que a luz do corredor se acendeu, agarrou a gaiola, correu à janela e passou-a a Rony. E estava subindo de volta na cômoda quando o tio Válter socou a porta destrancada e ela se escancarou.
Por uma fração de segundo, o tio Válter parou emoldurado pelo portal, em seguida deixou escapar um urro como o de um touro enfurecido e atirou-se contra Harry prendendo-o pelo tornozelo.
Rony, Fred e Jorge agarraram os braços de Harry e o puxaram com toda a força que tinham.
— Petúnia! — berrou tio Válter. — Ele está fugindo! ELE ESTÁ FUGINDO!
— Eu realmente não entendo esses trouxas. — fala Barty, confuso. — Eles, obviamente, não querem o Potter Júnior lá, então por que não deixam ele ir?
Mas os Weasley deram um puxão gigantesco e a perna de Harry se soltou da garra do tio Válter — e Harry já estava no carro e batia a porta.
— Viva! — grita Ninfadora, fazendo muitos rirem da pequena.
— Pé na tábua, Fred! — gritou Rony, e o carro disparou de repente em direção à lua.
— Eu sempre quis dizer isso. — fala Sirius, se interrompendo.
Harry não conseguia acreditar, estava livre. Baixou a janela, o ar da noite chicoteou seus cabelos, e ele virou a cabeça para contemplar os telhados da Rua dos Alfeneiros que desapareciam ao longe. Tio Válter, tia Petúnia e Duda estavam todos debruçados, estupefatos, na janela de Harry.
— Vejo vocês no próximo verão! — gritou Harry.
Ninguém aguentou e todos começaram a rir.
— Eu amo esse meu futuro neto. — murmura Fleamont, sorrindo.
Os Weasley soltaram gargalhadas e Harry se acomodou no banco, sorrindo de orelha a orelha.
— Solte a Edwiges — pediu ele a Rony. — Ela pode voar atrás do carro. Há séculos que não tem uma chance de esticar as asas.
Jorge passou o grampo a Rony e, um momento depois, Edwiges voou feliz pela janela e ficou deslizando ao lado do carro como um fantasma.
— Então, qual é a história, Harry? — perguntou Rony impaciente. — Que aconteceu?
Harry contou tudo sobre Dobby...
Draco fez um barulho estranho ao ouvir o nome tão, tão familiar.
...O aviso que dera a Harry e o desastre com o pudim de violetas. Fez-se um silêncio longo e assombroso quando ele terminou.
— Muito esquisito — disse Fred finalmente.
— Decididamente suspeito – concordou Jorge. — E ele nem quis lhe dizer quem estaria tramando tudo isso?
— Ele deu dicas. — observa Lily. — Agora só falta Harry juntar todas as peças.
— Acho que ele não podia — respondeu Harry. — Eu lhe contei, todas as vezes que ele estava quase deixando escapar alguma coisa, começava a bater a cabeça na parede.
Harry viu Fred e Jorge se entreolharem.
— O quê, vocês acham que ele estava mentindo para mim? — perguntou Harry.
— Bom — respondeu Fred —, vamos colocar a coisa assim...
— Elfos domésticos têm poderes mágicos próprios, mas em geral não podem usá-los sem a permissão dos donos. Calculo que o velho Dobby foi mandado para impedir que você voltasse a Hogwarts. Deve ser a ideia que alguém faz de uma brincadeira. Você pode imaginar alguém na escola que tenha raiva de você?
Todos do passado imediatamente olharam para Draco, que revirou os olhos.
— Não fui eu. — ele fala, com uma carranca. — Mesmo que Dobby tenha sido o elfo doméstico da minha família...
— MALFOY! — grita Gina, ao ver a surpresa de todos com as palavras tenha sido. — Cala a boca, doninha!
O loiro zomba, mas fica quieto.
— Bem... — começa Remus, franzindo a testa. — Os Malfoy estão envolvidos nisso.
— Dobby morreu? — Alice pergunta, em choque, ignorando totalmente o que Remus disse.
— Não temos certeza. Se acalme, Alice. — pede Frank, abraçando a namorada. — Sirius, volte a ler.
— Claro — disseram Harry e Rony, juntos, na mesma hora.
— Draco Malfoy — explicou Harry. — Ele me odeia.
Draco revirou os olhos, mas não falou nada.
— Draco Malfoy? — perguntou Jorge, virando-se. — O filho de Lúcio Malfoy?
— Deve ser, não é um nome muito comum, é? — disse Harry.
— Com certeza não. — concorda Regulus.
— Por quê?
— Já ouvi papai falar nele. Era um grande seguidor de Você-Sabe-Quem.
Todos olham para Lúcio.
— E quando Você-Sabe-Quem desapareceu — acrescentou Fred, esticando-se para olhar para Harry —, Lúcio Malfoy voltou dizendo que nunca tivera intenção de fazer nada. Um monte de bosta... Papai acha que ele fazia parte do círculo intimo de Você-Sabe-Quem.
— Não duvidamos. — fala Marlene, zombando, sem perceber o tremor de Peter.
Harry já ouvira esses comentários sobre a família Malfoy antes e não se surpreendeu nem um pouco. Draco Malfoy fazia Duda Dursley parecer um menino bom, atencioso e sensível.
— Sério que ele me comparou a esse trouxa?! — grita Draco, indignado, causando risadas no salão pela cara em seu rosto.
— Não sei se os Malfoy têm um elfo doméstico... — disse Harry.
— Bom, seja quem for, os donos dele devem ter uma família de bruxos antiga e rica — disse Fred.
— É, mamãe sempre desejou que a gente tivesse um elfo doméstico para passar a roupa — comentou Jorge. — Mas só o que temos é um vampiro velho e incompetente no sótão e gnomos por todo o jardim. Elfos domésticos combinam com grandes casas senhoriais, castelos e lugares do gênero; você não toparia com um na nossa casa...
— Mesmo assim, sua casa é ótima Gina. — elogia Luna, sorrindo para a ruiva, que retribuiu.
Harry estava calado. A julgar pelo fato de que Draco Malfoy em geral tinha do bom e do melhor, a família devia rolar em dinheiro de bruxo; ele podia até imaginar Malfoy se pavoneando por uma grande casa senhorial. Mandar o criado da família impedir Harry de voltar a Hogwarts também parecia bem o tipo de coisa que Malfoy faria. Ele teria sido tão burro a ponto de levar Dobby a sério?
— Não. — discorda Lily. — Mas ficar alerta é sempre bom.
— Concordo com você, Lily-Flor. — afirma James, sorrindo para sua futura esposa.
— Em todo o caso, fico contente que a gente tenha vindo buscá-lo. Eu estava ficando realmente preocupado quando você, não respondeu minhas cartas. Primeiro pensei que tinha sido culpa de Errol...
— Quem é Errol?
— Nossa coruja. Ele é velhíssimo. Não seria a primeira vez que desmaia ao fazer uma entrega. Então tentei pedir o Hermes emprestado...
— Quem?
— Com certeza o nome de outra coruja. — fala uma Lufa-lufa.
— A coruja que mamãe e papai compraram para Percy quando ele foi nomeado monitor — explicou Fred do banco da frente.
Molly sorriu orgulhosa para o bebê nos braços do marido.
— Mas Percy não quis me emprestar. Disse que precisava dele.
— Percy anda se comportando de forma muito estranha este verão — disse Jorge franzindo a testa. — E tem despachado um bocado de cartas e passado um tempão trancado no quarto... Quero dizer, tem limite o número de vezes que a pessoa pode querer dar brilho num distintivo de monitor... Você está se afastando demais para oeste, Fred — acrescentou, apontando a bússola no painel do carro. Fred corrigiu o rumo girando o volante.
— Vai ver ele só arranjou uma namorada. — sugere Dorcas, encolhendo os ombros.
— E seu pai sabe que você está dirigindo o carro? — perguntou Harry, já adivinhando a resposta.
— Ah, não — disse Rony —, ele teve que trabalhar hoje à noite. Com sorte conseguiremos guardar o carro de volta na garagem antes que mamãe note que saímos com ele.
— Afinal, que é que seu pai faz no Ministério da Magia?
— Ele trabalha no departamento mais monótono de todos — disse Rony. — O do Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas.
— Oh, a ironia. — dizem entre risadas Fabian e Gideon.
— O quê?
— Tratam do feitiço lançado em objetos feitos pelos trouxas, sabe, no caso de acabarem indo parar numa loja ou numa casa de trouxas. Como no ano passado, uma velha bruxa morreu e o seu serviço de chá foi vendido a uma loja de antiguidades.
— Uma mulher trouxa comprou o serviço, levou para casa e tentou servir chá aos amigos. Foi um pesadelo, papai ficou trabalhando depois do expediente durante semanas.
— Que aconteceu?
— O bule de chá endoidou e espirrou chá fervendo para todo lado, e um homem foi parar no hospital com as pinças de açúcar presas no nariz. Papai quase ficou louco, só existe ele e um velho bruxo chamado Perkins no escritório, e os dois tiveram que usar feitiços para apagar lembranças e outros tipos de recursos para abafar o caso...
— Isso não é engraçado! — repreende a prof.McGonagall, sendo ignorada pelas risadas em todo o salão principal. — Inacreditável, você vê isso, Albus... Ah! Você também não!
O diretor não tinha como se defender, enquanto ria junto com o resto dos professores.
— É, papai é doido por tudo que os trouxas produzem; nosso barraco de ferramentas é cheio de coisas de trouxas. Ele desmonta um objeto, enfeitiça e torna a montá-lo. Se ele revistasse a nossa casa teria que se dar ordem de prisão. Mamãe fica danada.
— Aquela é a estrada principal — disse Jorge, espiando para baixo pelo para-brisa. — Estaremos lá em dez minutos... Antes assim, já está clareando...
Uma ligeira claridade rosada tornava-se visível na linha do horizonte a leste.
Fred fez o carro baixar um pouco, e Harry viu uma colcha de retalhos feita de campos e arvoredos.
— Moramos um pouquinho fora da cidade — disse Jorge. — Ottery St. Catchpole...
O carro voador continuava a descer. A auréola escarlate do sol agora brilhava por entre as árvores.
— Ainda não acredito que é realmente um carro voador. — se pronuncia uma Corvinal, pasma.
— Pousamos! — exclamou Fred quando, com um ligeiro solavanco, eles tocaram o chão.
Tinham pousado ao lado de garagem desmantelada num pequeno quintal, e Harry olhou pela primeira vez para a casa de Rony. Parecia ter sido no passado um grande chiqueiro de pedra, que foram acrescentando cômodos aqui e ali até ela atingir os andares e era tão torta que parecia ser sustentada por mágica (o que, Harry lembrou a si mesmo, era provável).
Quatro ou cinco chaminés estavam encarrapitadas no alto do teto vermelho. Em um letreiro torto enfiado no chão, próximo à entrada, lia-se A TOCA. Em volta da porta de entrada encontrava-se uma variedade de botas de borracha e um caldeirão muito enferrujado.
Várias galinhas castanhas e gordas ciscavam pelo quintal.
Gina corou um pouco, junto com o resto da família do passado, mas, ainda assim, levantaram a cabeça, orgulhosos.
— Não é muita coisa — disse Rony.
— É maravilhosa — comentou Harry feliz, pensando na Rua dos Alfeneiros.
— Harry ama a nossa casa. — declara Gina, muito feliz com isso, deixando um sorriso bobo surgir em seus lábios.
Luna e Neville riem enquanto Malfoy só zomba.
Eles desembarcaram do carro.
— Agora vamos subir muito quietinhos — recomendou Fred e esperar mamãe nos chamar para tomar o café da manhã.
Eles desembarcaram do carro.
— Então Rony, você desce correndo e diz: "Mamãe, olhe só quem apareceu durante a noite!" e ela vai ficar contente de ver o Harry e ninguém vai precisar saber que saímos voando no carro.
— Eu não vou cair nessa. — fala Molly, revirando os olhos. — Se eles aprontam direto, não tem como acreditar nisso.
— Certo — concordou Rony. — Vamos Harry, eu durmo no... No alto...
O rosto de Rony ganhou um tom verde esquisito, seus olhos se fixaram na casa. Os outros três se viraram.
— Molly. — disseram Arthur, Fabian e Gideon.
— Eu mesma.
A Sra. Weasley vinha atravessando o quintal, espantando galinhas, e para uma senhora baixa, gorducha, de rosto bondoso, era incrível como estava parecendo um tigre de dentes de sabre.
Molly riu um pouco com a comparação enquanto Lily pedia desculpas por Harry pensar nisso.
— Sua mãe as vezes é assim, Pontas. — aponta Sirius, para o amigo, o fazendo assentir.
— Ah! — exclamou Fred.
— Essa não! — exclamou Jorge.
A Sra. Weasley parou diante deles, as mãos nos quadris, olhando de uma cara culpada para a outra. Vestia um avental florido com uma varinha saindo pela borda do bolso.
— Muito bem — disse ela.
— Bom-dia, mamãe — disse Jorge, no que ele audivelmente pensou que era uma voz lampeira e cativante.
— Vocês fazem ideia da preocupação que tive? — perguntou a Sra. Weasley num sussurro letal.
— É horrível quando ela faz isso. — observa Gina, balançando a cabeça.
— Desculpe, mamãe, mas sabe, tínhamos que...
Os três filhos da Sra. Weasley eram mais altos do que ela, mas encolheram à medida que a raiva da mãe ia desabando sobre eles.
— As camas vazias! Nenhum bilhete! O carro desaparecido... Podia ter batido... Louca de preocupação... Vocês se importaram?... Nunca em minha vida... Esperem até seu pai voltar, nunca tivemos problemas assim com o Gui nem com o Carlinhos nem com o Percy...
— O Percy perfeito — resmungou Fred.
— É pior quando fala mal dos irmão. — diz Sirius, se interrompendo, já sabendo bem como é.
— VOCÊS PODIAM SE MIRAR NO EXEMPLO DO PERCY! — berrou a Sra. Weasley, metendo o dedo no peito de Fred.
— Vocês podiam ter morrido, podiam ter sido vistos, podiam ter feito seu pai perder o emprego...
Parecia que o sermão estava durando horas. A Sra. Weasley ficou rouca de tanto gritar até se virar para Harry, que recuou.
— Estou muito contente em vê-lo, Harry, querido — disse ela. — Entre, venha tomar café.
— Olha só a mudança. — sussurra Gideon, para o irmão, rindo.
— Essa é a nossa irmã.
Deu meia-volta e entrou em casa, e Harry, depois de lançar um olhar nervoso a Rony, que acenou com a cabeça animando-o, acompanhou-a.
A cozinha era pequena e um tanto apertada. Havia ao centro uma mesa de madeira muito escovada e cadeiras, e Harry se sentou na beirada de uma, espiando à sua volta. Nunca estivera numa casa de bruxos antes.
— Tecnicamente, ele esteve sim. — diz Dorcas. — Harry só não se lembra, mas ele morava com James e Lily, que são os pais dele e que são bruxos.
— Nisso você tem razão. — concorda Lily, balançando a cabeça quando os pensamentos da sua morte e a de James vieram em mente.
O relógio na parede em frente só tinha um ponteiro e nenhum número. Havia escritas em torno do mostrador coisas assim, Hora de fazer chá, Hora de dar comida às galinhas e Você está atrasado.
Havia livros arrumados em fileiras triplas sobre o console da lareira, livros com títulos do gênero Enfeitice o seu próprio queijo, O Feitiço no forno e Festas de um minuto — um Encantamento! E, a não ser que os ouvidos de Harry o enganassem, o velho rádio ao lado da pia acabara de anunciar que o próximo programa era "Hora de Encantos, com a popular cantora bruxa, Celestina Warbeck".
A Sra. Weasley batia pratos e panelas, preparando o café da manhã um pouco a esmo, lançando olhares feios aos filhos, enquanto atirava salsichas na frigideira.
De vez em quando resmungava coisas como "não sei o que estavam pensando" e "eu nunca teria acreditado".
— Não estou culpando você; querido — ela tranquilizou Harry, servindo oito ou nove salsichas no prato dele. — Arthur e eu estivemos preocupados com você, também. Ainda na outra noite estávamos falando que iríamos buscá-lo pessoalmente se você não escrevesse a Rony até sexta-feira.
— Obrigada, de verdade. — falaram Lily e James, agradecendo a Molly, que somente acenou e sorriu.
Mas francamente — (ela agora acrescentava três ovos fritos às salsichas) — atravessar metade do país em um carro ilegal, vocês podiam ter sido vistos...
— Disso eu não discordo. — afirma Lily.
Ela acenou a varinha displicentemente em direção dos pratos na pia, que começaram a se lavar, entrechocando-se de leve ao fundo.
— Estava nublado, mamãe! — exclamou Fred.
— Você fique de boca fechada enquanto come! — ralhou a Sra. Weasley.
— Estavam matando ele de fome, mamãe! – disse Jorge.
— E você! — disse a Sra. Weasley, mas foi com uma expressão ligeiramente mais branda que ela começou a cortar e passar manteiga no pão para Harry.
Naquele momento surgiu uma distração sob a forma de uma figura pequena, de cabelos vermelhos, que vestia uma longa camisola, e apareceu na cozinha, deu um gritinho e saiu correndo outra vez.
— Você denovo. — diz Regulus, apontando para a ruiva, que corou.
— Eu odeio quando mostra isso. — ela murmura, quase tão vermelha quanto seus cabelos.
— Gina — disse Rony baixinho para Harry. — Minha irmã. Andou falando em você o verão inteiro.
Gina resmunga. — Rony e sua boca grande.
— É, ela vai querer o seu autógrafo, Harry — disse Fred com um sorriso, mas viu que a mãe o olhava e baixou o rosto para o prato, calando-se. Nada mais foi dito até os quatro pratos ficarem limpos, o que levou um tempo surpreendentemente breve.
— Putz, estou cansado — bocejou Fred, pousando finalmente a faca e o garfo. — Acho que vou me deitar e...
— Não vai, não — retrucou a Sra. Weasley. — A culpa foi sua se ficou a noite toda acordado. Você vai desgnomizar o jardim para mim; eles estão ficando completamente rebeldes outra vez.
— Ah, mamãe...
— E vocês dois — disse ela, olhando feio para Rony e Fred. — Você pode ir se deitar, querido
— acrescentou dirigindo-se a Harry. — Você não pediu a eles para voarem naquele carro infernal.
Mas Harry, que se sentia completamente acordado, disse depressa:
— Vou ajudar o Rony. Nunca vi fazer uma desgnomização...
— É muito gentil de sua parte, querido, mas é trabalho monótono — disse a Sra. Weasley. — Agora vamos ver o que Lockhart tem a dizer sobre o assunto.
— Eu?! — um garoto da Corvinal no terceiro ano grita, totalmente assustado.
— Até você está na história. — murmura outro Corvinal, com um tom de inveja.
— Cara, aquele é o Lockhart! — sussurra Neville, chocado.
— Até eu estou surpresa. — admite Luna, olhando para o garoto atentamente.
Ela puxou um livro pesado de cima do console. Jorge gemeu.
— Mamãe, nós sabemos como desgnomizar um jardim.
Harry espiou a capa do livro da Sra. Weasley. Escritas na capa em arabescos dourados havia as palavras Guia de pragas domésticas de Gilderoy Lockhart.
— Eu escrevi um livro. — murmura Gildeory, sem acreditar.
— Nem a gente acredita.
Havia na capa uma grande foto de um bruxo bonitão de cabelos louros ondulados e olhos azuis muito vivos. Como sempre no mundo dos bruxos, a foto se mexia; o bruxo, que Harry supunha que fosse o tal Gilderoy Lockhart, não parava de piscar, muito animado, para todos.
— Não mudou muito. — observa um garoto da Lufa-lufa.
— Ah, ele é um assombro — disse a mãe. — Conhece bem as pragas domésticas.
É um livro maravilhoso...
— Mamãe tem um xodó por ele — disse Fred num sussurro muito audível.
Gildeory faz uma careta.
— Não seja ridículo Fred — retorquiu a Sra. Weasley, o rosto muito corado. — Está bem, se vocês acham que sabem mais do que Lockhart...
Todos do futuro riram.
...Podem ir fazer o trabalho, mas tenho pena de vocês se tiver sobrado um único gnomo naquele jardim quando eu sair para inspecioná-lo.
— Isso...
— É...
— Muito...
— Ruim... — concluem Fabian e Gideon, juntos.
Aos bocejos e resmungos, os Weasley saíram se arrastando, com Harry em sua cola. O jardim era grande e, aos olhos de Harry, exatamente como um jardim devia ser. Os Dursley não teriam gostado — havia muito mato e a grama precisava ser aparada —, mas havia árvores nodosas a toda volta dos muros, plantas que Harry nunca vira saindo de cada canteiro e um grande tanque de águas verdosas cheio de sapos.
— Os trouxas também têm gnomos de jardim, sabe — Harry contou a Rony quando cruzavam o gramado.
— Sei, já vi aquelas coisas que eles acham que são gnomos — disse Rony, com o corpo dobrado e a cabeça enfiada num pé de peônias —, como papais noéis baixinhos e gordinhos segurando varas de pescar...
— Nem chega perto de como eles são.— disse Frank, rindo.
Ouviram um ruído de alguém se debatendo violentamente, o pé de peônia estremeceu e Rony se levantou.
— Isto é um gnomo — disse serio.
— Tire as mãos de cima de mim! Tire as mãos de cima de mim! Guinchou o gnomo.
Decerto não parecia nada com um Papai Noel. Era pequeno, a pele parecia um couro, a cabeçorra cheia de calombos e careca, igualzinha a uma batata. Rony segurou-o à distância enquanto o gnomo o chutava com os pezinhos calosos; o garoto o agarrou pelos tornozelos e o virou de cabeça para baixo.
— Isto é o que a gente tem que fazer — explicou. E ergueu o gnomo acima da cabeça ("Tire as mãos de mim!") e começou rodá-lo em grandes círculos como se fosse laçar um boi. Ao ver a cara de espanto de Harry, Rony acrescentou: — Isto não machuca, você só precisa deixá-los bem tontos para não poderem encontrar o caminho de volta para as tocas de gnomos.
Ele soltou os tornozelos do gnomo: que voou uns seis metros para o alto e caiu com um baque surdo no campo do outro lado da sebe.
Gina zomba do irmão, como se já tivesse conseguido mais de seis metros.
— Lamentável — exclamou Fred. — Aposto que posso atirar o meu bem além daquele toco de árvore.
Harry aprendeu depressa a não sentir muita pena dos gnomos. Resolveu simplesmente deixar cair por cima da sebe o primeiro que pegou, mas o gnomo, pressentindo fraqueza, enterrou os dentes afiados como navalhas no seu dedo, e Harry teve muito trabalho para sacudi-lo longe, até que...
— Uau, Harry, esse deve ter caído a uns quinze metros...
— Até o Harry consegue!
O ar não tardou a ficar coalhado de gnomos voadores.
— Está vendo, eles não são muito inteligentes — disse Jorge, agarrando cinco ou seis gnomos de uma vez. — Na hora que descobrem que está havendo uma desgnomização, aparecem correndo para dar uma espiada. Era de se esperar que já tivessem aprendido a ficar quietos.
Logo os gnomos atirados no campo começaram a se afastar em uma linha descontínua, os ombrinhos curvados.
— Eles vão voltar — disse Rony enquanto observavam os gnomos desaparecerem na sebe do outro lado do campo. — Eles adoram isso aqui... Papai é muito mole com eles; acha que são engraçados...
— E são. — concordar Arthur, rindo um pouco, ganhando um olhar de Molly para ficar quieto e deixar Sirius ler.
Naquele instante, a porta de entrada bateu.
— Ele voltou! — disse Jorge. — Papai está em casa!
Os garotos atravessaram correndo o jardim e entraram em casa.
O Sr. Weasley estava largado numa cadeira da cozinha, sem óculos e de olhos fechados. Era um homem magro, começando a ficar careca, mas o pouco cabelo que tinha era ruivo como o dos filhos. Usava vestes verdes e longas, que estavam empoeiradas e amarrotadas da viagem.
— Que noite! — murmurou, tateando à procura do bule de chá enquanto todos se sentaram à sua volta. — Nove batidas. Nove! E o velho Mundungus Fletcher ainda tentou me lançar um feitiço quando eu estava de costas...
— Ele não muda.
O Sr. Weasley tomou um longo gole de chá e suspirou.
— Encontrou alguma coisa, papai? — perguntou Fred ansioso.
— Só encontrei umas chaves para portas que encolhem e uma chaleira que morde — bocejou o Sr. Weasley. — Houve as ocorrências feias, mas não foram no meu departamento. Mortlake foi levado para interrogatório sobre umas doninhas muito esquisitas, mas isto foi com a Comissão de Feitiços Experimentais, graças a Deus...
— Mas por que alguém ia se dar o trabalho de fazer chaves que encolhem? — perguntou Jorge.
— Só para aborrecer os trouxas — suspirou o Sr. Weasley. — Vendem a eles uma chave que encolhe até desaparecer, de modo que nunca conseguem encontrá-la quando precisam... É claro que é muito difícil processar alguém porque nenhum trouxa vai admitir que a chave dele não para de encolher, insistem que vivem a perdê-las. Deus os abençoe, eles vão a extremos para fingir que magia não existe, mesmo que esteja no nariz deles... Mas as coisas que o nosso pessoal anda enfeitiçando, vocês não iriam acreditar...
— COMO CARROS, POR EXEMPLO?
— Sobrou para mim. — murmura Arthur, ignorando o olhar furioso que Molly lançou a ele enquanto todos riam da cena.
A Sra. Weasley aparecera, empunhando um longo atiçador como uma espada. Os olhos do Sr. Weasley se arregalaram.
Ele olhou com cara de culpa para a mulher.
— Carros, Molly, querida?
— É Arthur, carros — disse a Sra. Weasley, os olhos faiscando. — Imagine só um bruxo comprar um carro velho e enferrujado e dizer à mulher que só quer desmontá-lo para ver como funciona, quando na realidade o enfeitiçou para fazê-lo voar.
O Sr. Weasley piscou os olhos.
— Bom, querida, acho que você vai descobrir que ele estava agindo dentro da lei quando fez isso, mesmo que... Ah... Tivesse agido melhor se, hum, se tivesse contado a verdade à mulher... Há um furo na lei, você vai descobrir... Desde que ele não tivesse intenção de voar no carro, o fato de que o carro poderá voar não...
— Você criou essa lei. — a ruiva diz, olhando para o marido, que levantou as mãos, em falsa rendição.
— Arthur Weasley, você providenciou para que houvesse um furo nessa lei quando a escreveu! — gritou a Sra. Weasley. — Só para você poder continuar a se distrair com aquela lixaria dos trouxas no seu barraco! E para sua informação, Harry chegou hoje de manhã naquele carro que você não tinha intenção de fazer voar!
— Harry? — exclamou o Sr. Weasley sem entender — Que Harry?
Ele olhou à volta, viu Harry e deu um salto.
— Deus do céu, é Harry Potter? Muito prazer em conhecê-lo. Rony tem falado tanto em...
— Que bom saber que o Sr.Weasley considera Harry como o amigo do seu filho em vez do salvador do mundo bruxo. — fala Lily, sorrindo para o homem do outro lado da mesa dos leões.
— Os seus filhos foram naquele carro até a casa de Harry e voltaram de lá ontem à noite!— gritou a Sra. Weasley. — Que é que você me diz disso, hein?
— Vocês fizeram mesmo isso? — perguntou o Sr. Weasley, ansioso. — E o carro voou bem? Eu... Eu quero dizer — gaguejou, enquanto voavam faíscas dos olhos da Sra. Weasley — que... Isso foi muito errado, meninos... Muito errado mesmo...
Todos caíram na gargalhada.
— Arthur!!
— Vamos deixar eles discutirem — Rony sussurrou para Harry quando a Sra. Weasley inchou como um sapo-boi. — Vamos, vou lhe mostrar o meu quarto.
Os dois saíram discretamente da cozinha e seguiram por um corredor estreito até uma escada irregular, que subia em ziguezague pela casa. No terceiro patamar, havia uma porta entreaberta. Harry vislumbrou dois grandes olhos castanhos e vivos que o espiavam antes da porta fechar com um clique.
— Gina — explicou Rony. — Você não sabe como é estranho ela estar tão tímida. Normalmente ela nunca para de falar...
Luna e Neville concordam, fazendo a citada corar.
Eles subiram mais dois lances e chegaram a uma porta com a tinta descascada e uma pequena placa onde se lia "Quarto do Ronald".
Harry entrou, a cabeça quase tocando no teto inclinado, e piscou os olhos. Era como entrar num forno. Quase tudo no quarto de Rony era de um tom violentamente laranja: a colcha da cama, as paredes e até o teto. Então Harry percebeu que Rony tinha coberto praticamente cada centímetro do papel de parede gasto com pôsteres dos mesmos sete bruxos e bruxas, todos usando vestes laranja vivo, segurando vassouras e acenando com animação.
— Meus olhos ardem só de imaginar isso. — murmura Marlene, suspirando.
— O seu time de Quadribol? — perguntou Harry.
— O Chudley Cannons — disse Rony, apontando para a colcha laranja, que exibia um brasão com dois enormes O’s pretos e uma bala de canhão em movimento. — Nono lugar na divisão.
Os livros escolares de feitiçaria que pertenciam a Rony estavam empilhados de qualquer jeito num canto, junto com um monte de histórias em quadrinhos que pareciam conter a mesma tira, As aventuras de Martin Miggs, o trouxa pirado.
— Eu tenho isso! — muitos gritam pelo salão, fazendo o pessoal do futuro pensar o quão antiga essa história em quadrinhos realmente é.
A varinha de condão de Rony estava em cima de um aquário cheio de ovas de rã, no peitoril da janela, ao lado do seu rato cinzento e gordo, o Perebas, que tirava um cochilo numa nesga de sol.
Remus, Sirius e James se entreolharam, essa descrição do rato parecia muito familiar.
Harry pulou por cima de um baralho de cartas auto embaralhantes que estava no chão e espiou pela janelinha. No campo, lá embaixo, ele viu uma turma de gnomos que voltavam sorrateiros, um a um, pela cerca dos Weasley. Depois virou-se para olhar Rony, que o observava quase nervoso, como se esperasse ouvir sua opinião.
— É meio pequeno — disse Rony depressa. — Nada como aquele quarto que você tinha na casa dos trouxas. E estou bem debaixo do vampiro no sótão; sempre batendo nos canos e gemendo...
Mas Harry, com um grande sorriso, disse:
— Esta é a melhor casa que já visitei.
As orelhas de Rony ficaram vermelhas.
— A casa de vocês é ótima mesmo. — fala Alice. — Tem um toque acolhedor.
— Também acho. — diz Lily, sem perceber como todos os Weasley no salão coraram.
— Bem, o capítulo já terminou. — avisa Sirius, levantando o livro. — Quem vai?
— Eu! — grita Dorcas, pegando o livro da mão de Sirius. — Vamos ver...
— Na Floreios e Borrões
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