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História Seja meu, gracinha - O que uma gracinha não faz - História escrita por JohnnyZeppeli - Spirit Fanfics e Histórias
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História Seja meu, gracinha - O que uma gracinha não faz


Escrita por: JohnnyZeppeli e PurpleRiot

Notas do Autor


ADIVINHEM QUEM VOLTOU
EXATO, CORNOS
primeiramente, Steph e eu queríamos agradecer pelo sucesso da TodoBaku com essa temática (povo ama uma coisa assim né rs,,,,,,,,) e, como a gente já queria fazer algo com DabiGeten, surgiu a oportunidade de explorar isso de novo e de um jeito um pouquinho diferente,,, amoh
em segundo, MUITISSIMO OBRIGADA pela capa perfeita, anjo @saintcorelight!! vc eh incrível viu ~emoji dos dedinhos se encostando~

agora, uns avisos:
> como as tags já dizem, a fic tem CORNO. traição, chifre, adultério, talaricagem, tudo isso aí.
> nem eu e nem a Steph gostamos do Shigaraki e nessa fic ninguém vai gostar também HUAIUHAIUHAIUH e também colocamos ele um pouco ooc pra encaixar no tema. Se alguém gosta dele e não curte ver o personagem virando piada, coisas do tipo, já recomendamos que não leiam porque POR FAVOR gente, tem tudo quanto é aviso aqui, não queremos ninguém reclamando depois.

de mais a mais é isso! esperamos que gostem porque particularmente a gente tá adorando escrever isso UHASUHIDIUHASIUH
boa leitura <3

insta: jujufag_

Capítulo 1 - O que uma gracinha não faz


Fanfic / Fanfiction Seja meu, gracinha - O que uma gracinha não faz

“Você nunca faz nada que eu mando você fazer".

Touya estava prestes a quebrar o celular em pedacinhos para não reler aquela maldita mensagem do namorado. Não bastava terem brigado feio por não ter obedecido aos caprichos dele, Tomura ainda se achava no direito de mandar aquele tipo de chantagem barata.

Estava puto pra caralho, isso sim.

Tão puto que chegou a bater tanto o portão quanto as portas da mansão em que morava com a família e estava pouco se importando se alguém fosse reclamar do barulho. Queria extravasar toda aquela raiva de alguma maneira, porra! E teria tido sucesso, se seu ataque de raiva contra a entrada da casa não fosse visto por um cara.

Um cara muito baixinho, de cabelos brancos e compridos de que lembrava vagamente, porém ao mesmo tempo não reconhecia de jeito nenhum. O que aquele estranho estava fazendo na sua casa?!

Depois de encará-lo sem qualquer reação, nem sequer um arregalar de olhos ou franzir de sobrancelhas, o tal cara simplesmente entrou em um dos vários corredores e sumiu da sua vista sem sequer cumprimentá-lo. Mal educado do caralho, mas quem ligava? Se ele dissesse qualquer coisa, era capaz de Touya mandá-lo tomar no cu. Embora ele fosse uma gracinha.

Mas não era o momento de pensar nisso. A raiva que sentia do maldito que infelizmente chamava de namorado era maior do que qualquer coisa nesse momento. Porra, mal tinham seis meses de namoro e Touya já queria mandá-lo para o inferno! Sinceramente, até isso devia ser melhor do que passar mais um minuto ao lado de Tomura.

Respirou fundo, indo até o quarto para tentar ficar sozinho e vendo seu plano falhar quase que de imediato ao ver o irmão do meio abrindo sua porta lentamente. Apesar de estressado, Touya sabia que Natsuo não tinha nada a ver com o assunto e segurou-se para não descontar nada nele.

— Geten me disse que você chegou bem estressado. — Geten? Ah, só podia ser o nanico. — Pode jantar no quarto se quiser e… sabe que pode conversar comigo, não é?

Naquela família, não havia ninguém em quem Touya confiasse mais do que seu próprio pai, mas apreciava a boa vontade do irmão e o agradeceu em voz baixa, esperando ele sair para pegar o celular e mandar uma mensagem aos seus amigos mais próximos.

Por tudo de mais sagrado

A gente pode sair?

Keigo

Ih, pro Touya pedir pra gente sair é porque rolou algo.

Fala pra gente, meu xuxuzinho!

Jin

NÃO FIQUE TRISTE! ):

Nem sei o que rolou

Mas calma!!!!!!!!!

O de sempre, né

O lixão lá

Só quero esfriar a cabeça

Atsuhiro

Oh, foi uma DR

Certo, eu tô livre sim

Querem vir aqui?

Touya concordou, avisando aos demais que comeria algo antes de sair, mas que não iria demorar — até porque precisava, e muito, de um momento com pessoas que não fossem aquele otário.

Reconheceu o sabor da comida de Fuyumi, lamentando por não ser a vez em que seu pai cozinhara. Ele sempre fazia questão de preparar os pratos preferidos do filho mais velho, ainda que não fizesse o mesmo por nenhum dos outros filhos, com exceção de Shoto quando ele pedia. 

Ao sair, estava tão irritado que nem sequer avisou o pai, deixando a tarefa nas mãos de Natsuo. Sabia que ele detestava Enji, mas estava de cabeça quente demais para se importar com isso agora. Pegou o carro preferido da garagem, um Porsche preto, e dirigiu até o apartamento de Atsuhiro.

Foi o último a chegar, o que era bom, já que estava sem paciência para esperar qualquer um. Jogou-se no sofá e ocupou os três lugares de uma vez ao deitar-se, deixando que os outros ocupassem as poltronas ou o tapete.

— O que ele fez dessa vez? — Atsuhiro foi direto ao ponto. Que cara esperto.

— O de sempre, foi um insuportável birrento que não aceita um não. Acredita que ele queria que eu tirasse dinheiro de casa e pagasse uns três professores pra ele não repetir de novo nas matérias?

— Qual o mal de repetir? — perguntou Jin, o mais burro entre todos eles.

— Nenhum, cacete, mas eu não sou caixa registradora pra me arrancar notas de dez mil ienes sempre que aquele mimado do caralho quiser.

— Nisso você tem razão — Keigo concordou enquanto saboreava uma bela porção de iscas de frango. — Mas por que você não termina isso? Faz, sei lá, uns cinco meses? E já tá nisso.

— Infelizmente aquele cara é vantajoso pra mim. Ele conhece uma caralhada de gente da área da culinária e aceitei o pedido de namoro porque sabia que ia me ajudar, mas puta que pariu! Não sei se realmente vale o estresse.

— Sinceramente? Não. — Tranquilamente, Atsuhiro entregou uma taça de seu vinho caríssimo ao amigo. — Mas você é quem sabe. Não é como se seu pai não fosse um homem extremamente influente e não pudesse te ajudar com a sua carreira.

Só de ouvir o elogio ao seu pai, Touya sorriu. Tinha muito orgulho do homem que ele era e com certeza o via como um exemplo a ser seguido. Contudo, por outro lado, queria se virar sem a ajuda dele o tempo todo e achou que namorar alguém como Tomura pudesse ser útil. Obviamente, estava enganado.

Decidiu deixar isso de lado por um tempo, dando um longo gole na bebida deliciosa e só aquilo já o deixou extremamente aliviado. Para ajudá-lo, alguns minutos depois a campainha tocou, revelando o homem alto e escandaloso que carregava uma mochila muito conhecida pelos seus amigos.

— Oboro, você veio! — Keigo foi o primeiro a abraçá-lo, sendo correspondido no mesmo instante.

— Claro, eu não ia deixar um amigo na mão! Touya, querido, quer o drink de sempre?

— Aceito — Touya respondeu e bebeu o vinho ainda mais rápido para poder experimentar logo o que Oboro preparava para ele.

— Calma aí, não precisa ficar mamado de bêbado tão rápido!

Era a voz de Jin, mas estava pouco se fodendo. De que outra maneira se esqueceria de toda aquela aporrinhação de Tomura se não fosse com álcool e com os amigos?

— Problemas no paraíso? — questionou Oboro ao trocar os copos, um vazio pelo cheio.

— Tá mais pra inferno, isso sim.

De todos os presentes, o que dava melhores conselhos sempre fora Oboro, que era considerado a “figura paterna” entre os amigos, já que sempre tinha palavras de conforto quando qualquer um deles mais precisava. E não foi diferente daquela vez.

Não só a bebida estava ajudando Touya a relaxar, como desabafar com aqueles caras que, embora ele nunca fosse admitir, eram pessoas com quem se sentia confortável o bastante para discutir sobre esse tipo de problema de relacionamento.

Além das conversas sobre o assunto, o grupo de amigos procurou variar na conversa para que Touya não pensasse muito naquilo. Chegaram até a lembrar dos velhos tempos, já que todos ali já tiveram um rolo com Todoroki e, honestamente, ninguém se arrependia e isso sempre rendia boas conversas. 

Depois do quarto copo do drink que Touya resolveu parar. Não estava nada bêbado, afinal havia herdado os genes do seu pai para o álcool (e para muitas outras coisas), então aquilo não o derrubava. Porém, estava muito mais leve e solto, o que resultava em um homem risonho e até um pouco carinhoso, já que não reclamava de Keigo pendurado em seu pescoço dizendo que o amava.

— Mas você fica mamado fácil, hein? Que vergonha.

— Não fala de mamado que eu sinto saudade de você me maman-

— Chega desse assunto! — Pediu Oboro, provavelmente o mais sóbrio ali. — Eu pedi algo para comermos, tá? Só pra ninguém ficar na bebida direto.

— Brigado, paizão! Você é incrível, sabia? — Jin o abraçou; estava tão bêbado quanto Keigo.

E só então Touya sentiu o celular vibrar, revelando uma mensagem da pessoa que ele menos queria ver naquele momento.

— Ah, pronto. Lá vem o inferno.

— Você vai responder? — Perguntou Atsuhiro. 

Por incrível que pareça, Touya não costumava ignorar as mensagens de Tomura. Sabia que ele ficava ainda mais insuportável, então respondia algo, mesmo que fosse uma mensagem curta. Só que, naquele momento, queria esquecer qualquer coisa relacionada a ele.

— Não, que se foda.

Keigo gargalhou diante da resposta, disse que ele bem merecia ser ignorado durante os chiliques e serviu uma nova rodada de drinks para todos que aceitaram beber. Como já havia parado, Touya recusou; Jin também não estava mais em condições de beber, chorando abraçado a Oboro.

Continuaram batendo papo até o entregador chegar e fizeram uma breve pausa para comer, já que tudo que Oboro havia pedido acabou bem rápido nas mãos dos esfomeados. Touya, já bem mais relaxado, estava prestes a despedir-se e encerrar a noite quando Keigo o impediu:

— Espera! Experimenta esse aqui com a gente, vai.

Era o Red Passion que Oboro havia preparado após os petiscos e Touya sabia muito bem que deveria estar uma delícia. Geralmente ele misturava as frutas com vodka, porém, pelo estado de embriaguez dos amigos, dessa vez devia ser algo bem mais forte.

— Vou voltar dirigindo, imbecil — recusou, pois não havia condições de voltar bêbado para casa.

— Se esse for o problema, Atsuhiro pode levar seu carro amanhã e você volta comigo — Oboro ofereceu.

Ah, quer saber? Foda-se.

Touya aceitou, diante das palmas alegres de Keigo e Atsuhiro.

Como todos os drinks que o “paizão” do grupo preparava, aquele Red Passion estava impecável. Desceu pela garganta de Touya de forma tão prazerosa que foi impossível não dar mais um gole quase que de imediato, ficando cada vez mais solto conforme o copo esvaziava. 

No fim, mesmo aquele drink forte não foi capaz de deixar Touya embriagado, embora estivesse bem mais solto a ponto de se tornar até mesmo carinhoso. Retribuiu ao abraço de Keigo e pouco se importava com os beijos que recebia no rosto e no pescoço, e só abandonou o amigo quando recebeu uma mensagem do pai perguntando se ele dormiria em casa. 

— Bem, agora, oficialmente, é a minha deixa. — Levantou-se com pressa, felizmente sem mostrar nenhuma falta de equilíbrio. — Você leva meu carro amanhã mesmo?

— Se eu ganhar um beijinho, eu levo — Atsuhiro fez um bico; estava tão alcoolizado quanto Keigo. 

Após uma gargalhada, Touya deu de ombros e deu um breve selinho no homem mais velho. 

— Ih, olha a traição! — Keigo apontou para os dois. — Brincadeirinha! Selinho em amigo não é traição. Ou é?

— Pra mim, não — respondeu Touya, se despedindo apenas de Keigo, já que Jin se encontrava desmaiado, e finalmente juntou-se a Oboro para ir para casa.

No carro, ainda não escondia os efeitos do álcool. Se já era uma pessoa sem papas na língua sóbrio, ficava ainda pior quando bebia. Passou o caminho inteiro expondo coisas de sua vida sexual, sobre o quanto Tomura era ruim de cama e ainda relembrou algo que o alegrava:

— Às vezes eu fico lembrando de quando a gente transou, sabia? Foi incrível! Você fode bem demais, Oboro. — Riu, encarando o amigo, que não sentia vergonha daquele assunto, mas mantinha a postura de “responsável do grupo”.

— Agradeço por isso, Touya, mas pense bem no que conversamos, tá? Se o namoro não está bom, termine o quanto antes. Não quero te ver mal.

— Não tô mal, só tô puto. Relaxa, eu vou dar um jeito de lidar com o insuportável. — Parou para respirar fundo enquanto Oboro manobrava na frente de sua casa. — Mas obrigado de qualquer forma. Foi bom sair com vocês.

— Sempre pronto pra te ajudar, meu querido! — Ao contrário de Atsuhiro, beijou a testa de Touya, um gesto que costumava ter com todos os amigos. — Me ligue qualquer coisa, tá?

Concordou, deixando o veículo e entrando na mansão de forma muito mais tranquila, sem bater nenhuma porta e com um sorriso no rosto.

Depois de cumprimentar o pai bem mais alegre e relaxado que da primeira vez em que chegara em casa, foi à caminho do quarto para dormir de vez. Não estava inteiramente sonolento, mas uma boa noite de sono faria bem para esquecer qualquer problema que tivera naquele dia.

E, bem, todo o sono sumiu quando, ao passar pelo banheiro principal, encontrou de novo aquele garoto de cabelo branco e comprido. Dessa vez ele usava um pijama — um pijama bem curto por sinal, que deixava marcada a cintura estreita e expunha parte das coxas que pareciam bastante macias.

— O que foi? Vai bater numa porta de novo? — perguntou o baixinho, ao ser encarado por tanto tempo.

Merda, o que Touya estava fazendo? Antes que pudesse controlar a própria fala, perguntou de maneira ainda mais abusada que o normal devido à bebida:

— Geten, não é?

Seu sorriso sacana não pareceu impressioná-lo nem um pouco.

— E você deve ser o irmão mais velho do Natsuo. O que chegou todo putinho hoje.

— Não estou mais irritado — Touya desviou do assunto, pois não queria lembrar da briga. E estava tão ousado que acabou falando a primeira coisa que passou pela cabeça: — Na verdade, nem poderia ficar vendo alguém tão gostoso andando pela minha casa.

Geten arqueou uma das sobrancelhas, encarando Touya da cabeça aos pés. Aquele sorriso não saía do seu rosto por nada no mundo, o que só o deixava mais irritante.

— Você namora e chama outros caras de “gostoso”? 

— Eu namoro mas não sou cego, gracinha. — Sequer tocou no outro ponto citado por ele, quase como se o fato de namorar não importasse no momento. — E também não sou mentiroso. Como conheceu meu irmão?

Não sabia por que continuava aquele assunto, mas uma parte de Geten estava achando tudo um tanto quanto interessante.

— Éramos da mesma sala na escola e agora nos aproximamos mais na faculdade.

— Ah, então também faz medicina?

— Geten? — Quando o jovem de cabelos brancos estava prestes a responder, outro rapaz com a mesma cor de cabelo apareceu. — Ah, te achei!

Infelizmente, pensou Touya.

— Oi. Parei pra conversar com seu irmão. Achei um milagre não ver ele putinho.

Porra, mas aquele moleque realmente não tinha filtro entre o cérebro e a boca? E ainda falava tudo com tanta naturalidade, sem expressar nenhuma emoção, o que só o deixava mais… atraente. 

Não, cacete! Touya não podia pensar assim. Realmente, não deveria ter bebido tanto. Antes de ouvir alguma resposta de Natsuo, murmurou um “boa noite” para eles e caminhou com pressa até seu quarto, louco para relaxar e pensar em qualquer coisa que não envolvesse o fato de que teria de encarar Tomura no dia seguinte.

Contudo, ao chegar ao quarto não pensou por muito mais tempo, pois o sono bateu com força e Touya apagou até a manhã. Felizmente, acordou sem qualquer sinal de ressaca ou enjoo e agradeceu aos genes do pai por isso. Depois de um bom banho quente, arrastou-se lento até a cozinha para preparar o café da manhã.

E já havia alguém lá, percebeu irritado ao ouvir o som de água escorrendo. Quem era o maldito invadindo a sua cozinha quando já havia deixado bem claro que era ele quem cozinhava? 

A raiva sumiu ao perceber que quem lavava um pêssego era justo aquele que não sabia dessa regra da casa.

— Mas que belo presente acordar e ser você a primeira pessoa que eu vejo, Geten — flertou com um sorrisinho safado, só para conferir a reação dele.

Como sempre, Geten agiu como se Touya fosse uma mísera mosca em seu caminho.

— Pena que não posso dizer o mesmo — disse ele de maneira fria, ainda que a maneira com que mordera a fruta e o caldo escorrera de seus lábios até o queixo tenha deixado Touya pegando fogo.

— Que coisinha difícil — afirmou, nada abalado pela resistência daquele garoto, embora tentasse disfarçar o nervosismo diante daquela cena. — Não quer que eu prepare seu cafézinho da manhã? — Mesmo com o tom de deboche, a pergunta era séria e isso não passou despercebido pelo outro jovem.

Com mais uma mordida na fruta, Geten encarou o rapaz. Estava flertando na cara dura, mesmo sendo comprometido, provavelmente pensando que seu charme irresistível funcionaria consigo, sendo que… bem, Geten não era chamado de “coração de gelo” à toa pelos seus amigos mais próximos.

Apesar de todos esses pensamentos, uma coisa não podia negar: adorava ver os outros fazendo as coisas para ele. Quem não gostava, afinal? E parecia ainda melhor quando a pessoa em questão era tão insuportável quanto Touya.

— Quero waffles. Cobertas com ganache de chocolate meio amargo e decorada com frutas. Suco também. Natural, é claro. E já que está empolgado, pique mais algumas frutas e separe-as para mim porque tenho treino de patinação daqui a pouco e preciso levar um lanche.

— Mas você é mandão, hein? — Touya riu, surpreso.

— Vai fazer ou não, traste?

Normalmente, Touya cozinhava o que ele queria, não o que os outros pediam, com raríssimas exceções. Contudo, após passear com os olhos pelo belíssimo corpo de Geten, ainda vestido com aquele pijaminha delicioso, ele já tinha a sua resposta.

— Claro que vou. — E completou só para deixá-lo puto: —Não consigo dizer não a um cara tão gostoso.

Depois de cruzar os braços e apoiar-se na bancada, Geten terminou de comer o pêssego e questionou, claramente em tom de desagrado:

— Seu namorado não fica zangado de te ouvir falar desse jeito com outros homens?

Óbvio que Tomura faria um escândalo daqueles se soubesse.

Quem se importava com ele? Para esquecer da briga do dia anterior, Touya focou em algo muito melhor: o homem lindo ao seu lado. Assim, inclinou-se até seu rosto estar tão próximo do dele que faltavam poucos centímetros para que os lábios se tocassem e murmurou, com a voz rouca:

— Mas ele não está aqui agora, gracinha.

— Então gosta de meter o chifre nele? Não sabia que era tão imprestável. — Rebateu, sem sequer se mover.

Como sempre, Touya gargalhou. Meter chifre? Não, ele nunca traiu Tomura. Mal saía desde que começou a namorar aquela praga e, quando saía, era com seus amigos tão bem conhecidos e transar com eles já nem tinha mais graça. Contudo, nenhum deles era Geten. Nenhum deles conseguia ser tão gostoso e com uma personalidade tão fodidamente interessante. Afinal, o filho mais velho de Enji tinha plena noção de seu charme e beleza e nunca havia levado um “não” em toda a sua vida. Depois de todo esse tempo, um garoto seis anos mais novo o desmerece e… ele gosta? Porra! 

— Nunca meti, se quer saber — continuou, separando os ingredientes para começar as waffles daquela princesinha. — Por que, Geten? Tem fetiche em ser um amante?

A resposta foi um simples olhar de desprezo. E Touya só conseguia pensar que aquele mimadinho ficava cada vez mais gostoso cada vez o que menosprezava.

Como todos em casa seguiam suas regras na cozinha, o cômodo era todo deles enquanto Touya estivesse por lá. O que era ótimo por sinal, pois não queria dividir a atenção de Geten com mais ninguém. Não foi difícil preparar o que ele pedira — não para alguém tão bom na arte da culinária. Caprichou até no suco de morango com laranja e pôs tudo na bancada diante de Geten, para que ele experimentasse.

— Prove e me diga se gostou.

— E você, não vai comer nada? — indagou ele, desconfiado.

Ah, ele estava pedindo por isso...

— O que quero comer não está disponível — respondeu, com um sorriso sugestivo.

Geten apenas fez um ruído de nojo e sentou-se para engolir o primeiro bocado das waffles. Mesmo que tentasse esconder, estava evidente por seus olhos claros que ele havia gostado, e muito. Com um risinho satisfeito, Touya quis provocá-lo um pouco mais.

— E então…?

— Poderia estar pior.

— Assim você me magoa, princesa — zombou Touya, usando o apelido sem perceber.

— Princesa? — Arqueou uma das sobrancelhas, estranhando aquele apelido inédito.

— Sim, ué. Lindo e todo mimado, não tem apelido melhor.

Continuou comendo seu café da manhã, dessa vez em silêncio, enquanto Touya picava mais frutas para preparar o lanche que aquela gracinha havia pedido. Como nada para ele podia ser feito de qualquer jeito — a menos que fosse preparado para Shoto —, manteve todos os cortes extremamente idênticos e decorou o prato com morangos cortados em lâminas. Quando tampou, colocou diante de Geten, que já terminava a sua refeição. 

E como Touya era insistente pra caralho, voltou a provocar:

— Que foi, gracinha? O apelido te deixou com vergonha? 

Novamente, sem resposta. Geten apenas limpou a boca ao terminar o suco e encarou Touya com o mesmo olhar frio de sempre. Ah, céus, daria tudo para saber o que se passava nos pensamentos daquela coisinha linda. Será que era realmente tão difícil assim ou ele só se fazia?

Bem, não tinha como saber. Mas tinha como Geten deixar Touya ainda mais interessado só com a pergunta que fez depois de tanto tempo em silêncio:

— Então você seria o meu súdito, Touya? 

A pergunta pegou Touya desprevenido e, para disfarçar a surpresa, ele resolveu debochar:

— Não sabia que gostava dessas coisas, princesa.

— E eu não sabia que você era tão covarde a ponto de não responder uma simples pergunta — Geten provocou ao apanhar o lanche, pronto para deixar a cozinha.

Porém, antes que pudesse sair, Touya entrou em seu caminho e — o mais surpreendente — ajoelhou-se diante dele. Aproveitando-se do gesto inesperado, também pegou uma das mãos de Geten para levá-la até os lábios, que roçou de leve na pele suave e cheirosa.

— Isso responde à sua simples pergunta? — ronronou com um sorriso safado.

Por dentro, Geten achou aquilo extremamente excitante. Iria admitir isso tão facilmente? É claro que não. Mas era maravilhoso ver o irmão de seu melhor amigo ali, louco para fodê-lo sem que ele fizesse qualquer esforço para conquistá-lo.

Mas para manter sua postura, afastou a mão com um olhar de desprezo — o que só deixou Touya ainda mais animado. 

— É assim que você conquista os caras com quem você fode? 

— Não, gracinha. Eu não me ajoelho pra qualquer um — “Nunca nem me ajoelhei”, pensou, omitindo essa informação. — Só quando eu realmente quero foder alguém.

— Pois então, foda o seu namorado. — Era irritante ver aquele sorriso maldito cada vez que Geten o menosprezava. Por isso, completou: — Ou, se o namoro está tão ruim, por que não termina com ele? Gosta tanto de sofrer, Todoroki?

A simples menção a Tomura diminuiu o bom humor de Touya, mas não foi o bastante para acabar com sua tentativa de conquista. Na verdade, sabia muito bem como converter aquelas palavras a seu favor e mudar de assunto.

— Tenho meus motivos, querido. — Depois de aproximar-se o bastante do rosto dele novamente, abaixando-se até estar próximo de sua altura, murmurou: — E você? Gosta que eu seja masoquista?

— Não tenho nada a ver com pervertidos.

Dito isso, Geten deixou o cômodo de vez, assim como aquele rapaz mais velho que estava cada vez mais interessado nele. Além disso, Geten também era uma delícia de visão de costas e Touya não desperdiçou a chance de encarar aquela bundinha linda.

De tão concentrado, não percebeu a aproximação da irmã, que tocou seu braço de leve para chamar a sua atenção.

—  Vi que já preparou o café da manhã, Touya — comentou ela, ao ver os utensílios sobre a bancada.

Foi como se voltasse ao mundo real depois de uma bela fantasia semi-erótica. Sem cabeça para cozinhar de novo, Touya rompeu até mesmo com as próprias regras e inventou uma desculpa esfarrapada:

— Quer saber? Preparem hoje a comida, eu deixo vocês cozinharem porque tenho aula agora cedo.

Ele nem havia tomado o próprio café, mas quem se importava? Só o fato de ter começado o dia conversando com Geten já fez tudo valer a pena e nem mesmo uma mensagem surtada de Tomura diminuiria seu bom humor — ainda que, obviamente, ficaria muito mais feliz se tivesse um dia de paz.

Acabou comendo algo a caminho da faculdade, agradecendo pelo fato de que apenas os cursos de pós-graduação tinham aulas aos sábados e, consequentemente, seu namorado não estaria por lá, mas encontrou Oboro e Atsuhiro, que notaram rapidinho a expressão tranquila em seu rosto.

— Eita, beber te fez tão bem assim? Parece que dormiu como um anjo! — Oboro o abraçou, contente pela visível melhora.

— Dormi bem pra caralho sim, mas tive outros motivos.

Como estava diante dos dois amigos mais atentos para esse tipo de coisa, ambos logo perceberam que havia algo a mais naquela história. Obviamente, não queriam ficar por fora e logo Atsuhiro puxou assunto:

— Tá escondendo algo da gente, meu lindo? — Sorriu com o apelido carinhoso, muito comum naquele belíssimo grupo de amigos.

— Vocês são iguais a um bando de velha fofoqueira.

Apesar das palavras, Touya ria. Afinal, estava de bom humor após a belíssima manhã. No entanto, ainda não queria compartilhar toda a história com eles, principalmente o fato de que prometera servidão a um cara que acabara de conhecer. Sua fama iria para o caralho se soubessem que tinha se ajoelhado diante de Geten.

— Digamos que conheci alguém muito interessante depois de sair da casa do Atsuhiro.

— E não vai dizer pra gente quem é? — Oboro seguiu seu raciocínio.

— Por enquanto, ele é um segredo só meu.

Diante do sorriso satisfeito dos dois, Touya sabia que eles não iriam insistir, apesar da curiosidade. Isto porque os amigos estavam felizes em vê-lo tão bem depois de tanto estresse no dia anterior.

— Ah, seu carro tá no estacionamento. — Aproveitou para alfinetar: — Sabe, se você quiser dar carona para um certo alguém…

— Pra você? Quem sabe. Até porque se aparecer mais alguém aqui, eu tenho uma desculpa.

Como o carro de Touya tinha apenas dois lugares, a desculpa cairia bem. Apesar de não ter aula hoje, era perfeitamente possível que Tomura aparecesse na faculdade inventando alguma coisa para fazerem juntos que, no final, terminaria com Touya se estressando com o jeito mimado daquele cara. 

Ao se despedir daqueles dois, aproveitou o tempo até a cozinha para refletir sozinho. Por que raios aquele garoto era tão interessante? Touya não tinha vergonha de contar nada aos seus amigos, mas o fato de ter se ajoelhado — e beijado a mão, e preparado um café da manhã e uma salada de frutas — para alguém que acabou de conhecer era extremamente chocante para alguém como ele. Mas nada ali parecia ruim. Pelo contrário, novamente ele se pegou pensando no quão excitante era agir daquela forma com Geten.

Mesmo durante sua aula, pensava naquela gracinha. Escolheu fazer pós-graduação na área de doces principalmente pelo seu pai, já que foi ele quem o ensinou a cozinhar e Touya sempre fazia seu doce preferido, kuzu-mochi, para agradá-lo, e também porque tinha uma enorme simpatia por essa área, mesmo que não aparentasse. Porém, agora sabia que seu mais novo interesse amoroso também adorava docinhos e a cada receita preparada ele pensava em como poderia provocá-lo do seu jeito tão característico — principalmente porque, para a sua sorte, a aula do dia tinha como tema doces para o café da manhã. 

Ao sair, encontrou Atsuhiro e, para a sua sorte, ninguém desagradável o esperava no portão. Foi perfeito para conversar um pouco com o amigo durante o caminho até o estacionamento e logo uma pergunta escapou de sua boca:

— Sabe se tem alguma escola de patinação por aqui? 

Atsuhiro era inteligente o bastante para ligar os pontos, porém fingiu que não entendeu a real intenção daquela pergunta e respondeu como se fosse uma dúvida qualquer.

— A mais próxima fica ao lado da outra entrada do campus. — Até deu uma dica: — Se eu fosse você, pegaria o caminho mais longo.

Talvez não chegasse a tempo (isto é, se fosse a escola certa), mas a sugestão era uma ótima maneira de não cruzar com Tomura caso viesse procurá-lo na faculdade. Agradeceu a Atsuhiro de maneira rápida e correu como pôde para não perder o horário de saída dos patinadores.

Felizmente, o estacionamento ainda estava cheio ao chegar, tanto que demorou a achar uma vaga. E, apesar de não estar tão desesperado a ponto de correr, andou apressado até o rinque de patinação. Bem a tempo de vê-lo

Mesmo coberto dos pés ao pescoço pelo uniforme de patinação, Geten estava tão lindo quanto ao vestir aquele pijama sexy. Além disso, o cabelo branco estava preso em um rabo de cavalo curto e milhões de pensamentos sujos passaram pela cabeça de Touya ao ver aquela nuca e pescoço tão claros.

Geten patinava muito bem, mesmo que longe do nível profissional, e era evidente o quanto aquilo o divertia. Foi por isso que, sem perceber, Touya acabou com um sorriso bobo no rosto ao vê-lo tão livre a deslizar pelo gelo.

Estava tão distraído com aquela visão tão perfeita que nem notou quando Natsuo se aproximou, visivelmente confuso.

— Ué, tá fazendo o que aqui?

— Ah, eu… o pai pediu pra eu vir aqui. — Deu a primeira desculpa que conseguiu inventar, o que não convenceu tanto o irmão.

— Mas o que aquele cara quer? Ele sabe que eu acompanho Geten nos ensaios e depois saímos pra almoçar.

— Bem, numa dessa, ele esqueceu.

— Tá, faz sentido. Até porque ele só lembra das coisas que envolvem você — respondeu, rabugento como sempre, enquanto Touya só sorriu ao vê-lo reforçar quem era o filho preferido.

— Vou me certificar de que ele não me peça essas coisas de novo — e como a mentira havia colado, aproveitou para tirar uma dúvida: — Mas por que passa o dia com ele? Vocês fazem o mesmo curso?

— Não, Geten faz arquitetura. Mas o pai dele passa muito tempo fora nos fins de semana e ele não gosta de ficar sozinho, então ficamos matando tempo juntos.

Oh, ele não gostava de ficar sozinho? Que ótima novidade!

— Natsuo! — chamou Geten, atraindo a atenção dos dois. — Já estou terminando, só- O que ele está fazendo aqui?

Mas que saudades Touya estava de ouvir o desgosto daquela voz grossa ao falar com ele! Mesmo que tenham se passado apenas algumas horas desde o café da manhã, o tempo longe dele era como se passasse mais devagar.

— Foi um mal entendido, gracinha.

De tão concentrado no lindo revirar de olhos de Geten, assim como em seu corpo a se afastar quando patinou de volta para o centro do rinque, Touya não percebeu as sobrancelhas franzidas de Natsuo nem o desagrado no rosto do irmão.

— Gracinha? Touya, pelo que sei você tem namorado.

Ah, de novo aquele merda…

— E ele não tem nada a ver com isso.

— Tudo bem, foda-se o seu namorado. — Agora sim. — Quem importa é o Geten e não quero saber de você machucando meu melhor amigo.

De maneira surpreendente, Touya não sentiu ciúmes do irmão. Afinal, ele falava de Geten como seus amigos falavam dele, o que queria dizer que sentimentos românticos não estavam envolvidos. Além disso, sabia que ele gostava de uma mocinha meio sem graça de outro curso e estava tentando conquistá-la.

— Como eu poderia machucar a princesa de gelo? — Touya deu de ombros. — Ele parece bem seguro de si.

— Olha só, Touya, ele não é como seus ficantes porque você nunca pegou um virgem-

Natsuo só calou a boca quando percebeu que falara demais. E, diante dos olhos a brilhar do irmão mais velho, sabia que dissera as piores palavras possíveis para impedi-lo de continuar aquele flerte.

— Então ele é virgem?

— Touya, você não ouse. — Natsuo ficou muito mais sério, mas nem isso diminuiu a surpresa do irmão mais velho. — Eu sei como você é com os caras que você pega e eu jamais ia gostar de te ver usando o Geten só pra se divertir por uma noite.

Não ficou nem um pouco magoado diante daquela ameaça, até porque Natsuo não estava mentindo. Ele só não sabia que Touya estava bem longe de pensar em Geten como “mais um” e ele mesmo estava se acostumando com isso.

— Relaxa, meu irmãozinho. — Apesar de mais novo, Natsuo era mais alto e mais forte, mas de forma alguma isso intimidava Touya. — Eu nunca brincaria com alguém tão lindo.

Não negou que queria conquistá-lo e Natsuo percebeu isso. Então, respirou fundo e deu um último aviso ao ver Geten se aproximando novamente:

— Eu vou confiar em você, mas por favor, eu tenho um carinho muito grande por ele e não quero saber de você… — Fez uma cara de nojo ao imaginar a possibilidade do irmão transar com seu melhor amigo. — Argh, que seja. Só… não faça merda, tá?

— Claro, não se preocupa. Eu não vou transar com ele e depois fingir que ele não existe, se esse é o seu medo.

Natsuo não falou que ele não poderia flertar, conquistar, beijar e nem disse que não poderia transar com Geten. Apenas que ele não poderia tratar seu melhor amigo como “mais um”, e bem, Touya estava bem longe de querer ter algo de uma única noite com aquela princesa.

Por uma excelente coincidência do destino, bem quando Geten encontrou com os irmãos, já de sobretudo e botas de cano longo, Natsuo recebeu uma mensagem. Uma mensagem que pelo visto era urgente, já que ele suou como se estivesse diante de um dilema.

— É da sua namorada? — questionou Geten, sem demonstrar emoção alguma.

— Ela n-não é minha namorada! — Acrescentou baixinho: — Ainda.

De maneira bem rápida, Touya encontrou uma solução em sua cabeça — que agradava a todos eles, ainda que principalmente a si mesmo em primeiro lugar, como sempre.

— Por que não muda isso hoje, irmãozinho? Vá encontrar essa sortuda e deixa que eu levo Geten pra almoçar comigo.

Depois da conversa que tiveram, Natsuo continuava nada convencido das boas intenções do irmão mais velho e estava prestes a protestar, mas Geten interviu:

— Não tem problema, pode ir. Esse traste pelo menos sabe cozinhar.

Bem, se Geten queria, ele não iria protestar (até porque queria muito ter a chance de sair com sua quase-namoradinha). Apenas se despediu, sussurrando algo no ouvido de Geten e acenando para os dois enquanto saía da escola de patinação às pressas.

Finalmente sozinhos, Touya não perdeu tempo ao voltar com as provocações:

— Eu ia te levar pra comer fora, mas pelo jeito quer que eu cozinhe pra você, gracinha? Que honra!

— Não ligo para o que quer fazer, só faça meu dia valer a pena.

Bom, ele tinha uma ótima maneira de fazer uma pessoa curtir o dia, mas isso não adiantaria com Geten, pelo menos por enquanto. 

— Vamos comer fora, então. Pode escolher o lugar e o que vamos fazer depois, o que acha? Oh, se quiser ir lá pra casa, posso fazer uma janta pra nós.

Mais uma vez, Geten não negaria tantos mimos. 

— Quero ir a um restaurante suíço.

Como um exemplo de obediência, Touya levou Geten até seu carro — até mesmo abriu a porta para que ele entrasse — e apenas seguiu as direções que ele deu, chegando a um belo restaurante de aparência refinada que Touya ainda não conhecia.

Ainda fez questão de escolher a melhor mesa, um pouco mais afastada das outras pessoas, unicamente para que pudesse ter o prazer de curtir um momento quase a sós com sua princesa.

— Não tenho muito conhecimento da culinária suíça — contou enquanto lia o cardápio, curioso sobre alguns pratos que nunca tinha visto. — Pode me dar uma sugestão?

— Berner platte. É meu preferido.

Voltou a olhar o menu, buscando pelo prato sugerido e achando realmente interessante. Tratava-se de uma variedade de carnes bovinas e suínas, com acompanhamentos como repolho azedo, vagens e saladas de batatas. 

Touya precisava aprender aquele prato, é claro.

Após fazerem seus pedidos, ele continuou puxando assunto:

— Posso perguntar o porquê de escolher comida suíça? Não é muito comum aqui no Japão.

— Eu sou suíço. — Era bem óbvio que Geten não era japonês, mas foi interessante saber qual era seu país de origem. — Fui adotado por um japonês e viemos morar aqui. Mas ele nunca me escondeu nada e sempre me leva pra lá, então sou bem ligado à cultura.

— Entendi. Então eu devo aprender mais sobre a culinária suíça, meu querido? 

— Faça o que quiser. Você já é bem grandinho pra isso.

Touya sorriu de volta para o mau humor de Geten. Apesar de estar sendo bancado em um restaurante caro, ele agia como se fosse o dono do lugar. E, em vez de ficar estressado com isso, na verdade estava adorando provocar alguém tão lindo e conferir cada reação dele. Como se cada etapa para a conquista de Geten fosse tão saborosa quanto conseguir seduzi-lo.

— Mas como você é difícil, hein, princesa.

— Não é problema meu se você é um mimado que tem todos que quer na palma da mão.

Ao apoiar o cotovelo na mesa e o rosto na mão direita, Touya sorriu ainda mais sacana.

— Então somos dois mimados, porque foi você quem quis vir aqui.

— E é você o safado que me trouxe aqui só porque quer me foder.

Se Geten imaginava que aquilo iria calar Touya, estava muito enganado. Já era um fato consumado que ele era sim, bastante indecente e não tinha qualquer vergonha quanto a isso.

— Que excitante te ouvir me chamar de safado. Gosta de conversa suja, meu lindo?

Por deus, aquele homem não calava a boca por nada! Como alguém tão querido quanto Natsuo conseguia ter um irmão tão insuportável?

— Eu jamais falaria sobre isso com um cara comprometido louco pra chifrar o bosta do namorado dele.

— Ah, que fofo, você até já sabe que ele é um merda. — Chegou a lamber os lábios ao ouvir aquela voz tão linda xingando Tomura. — E você ama se fazer de difícil, né? Como eu adoro isso, princesa.

Sabia que o fato de Geten ser virgem era um assunto pessoal por conta da reação de Natsuo ao deixar a informação escapar, então não usaria isso contra seu belo pretendente, mas também continuaria flertando de forma mais safada, sempre ansioso para ver até onde ele conseguia manter aquela expressão tão neutra.

— Você adora ser tratado como lixo. 

— Isso te deixa mais excitado? — Foi um pouco mais ousado ao tocar a mão de Geten e fazer um carinho no dorso. — Não é lindo imaginar esse safado sendo maltratado por você, Geten?

Geten não retirou a mão do contato com a de Touya, porém, pela maneira com que encarara o gesto, seria capaz de congelar aquele abusado. Não se mexera porque queria ver até onde ele iria e o imprestável não fez muito mais que um carinho. Um carinho gostoso, ainda por cima.

— Já disse que não vou falar sobre sexo com você.

— Temos tanto em comum — debochou Touya. — Também prefiro fazer do que falar.

— Fazer-

Para total satisfação de Touya, o rosto do mais novo corou alguns tons conforme ele assimilava o que aquelas palavras queriam dizer. Não durou muito, mas foi o bastante para romper com parte de toda aquela frieza que o afastava. Além disso, a voz dele não soou nada entediada ao afirmar com toda a certeza:

— Eu definitivamente não vou transar com você também.

— Quem sai perdendo é você, gracinha.

Touya deu de ombros, contudo estava longe de desistir. Muito menos agora que conhecia melhor aquele rapaz tão interessante e gostoso.

Pelo menos, para a sorte de Geten, Touya ficou em silêncio durante a refeição. Voltou a falar apenas quando ambos estavam satisfeitos, visivelmente encantado com o sabor daquela comida.

— Você tem bom gosto, lindo. Essa comida é sensacional.

— Sei disso. 

— E o que acha de fazermos um trato? — Geten apenas  arqueou uma sobrancelha, curioso pela proposta. — Vou fazer esse prato pra você algum dia, com sobremesa e tudo. Se estiver bom, você sai comigo de novo e vamos onde eu quiser. O que acha?

Convencido como ninguém, Touya sabia que sua comida seria aprovada novamente. Mesmo sendo um jovem extremamente difícil, Geten não conseguiria mentir ao comer algo tão delicioso. Como sempre, revirou os olhos, aceitando aquela oferta tão tentadora. 

— E se eu odiar? Você me deixa em paz?

— Como se você quisesse que eu te deixasse em paz, princesa.

 Sinceramente? Ele não queria. E o seu silêncio foi a melhor resposta para Touya. 

— Vamos para casa agora? Ou quer passar em outro lugar ainda?

— Quero descansar. — Geten olhou o restante da sobremesa que Touya deixara no prato. — Não vai terminar?

— Não sou muito fã de doces.

— Pois eu sou, passe para cá.

Hmm, mais uma informação que ele deixara passar. Apesar de ser muito parecido com o pai, Touya não gostava tanto assim de doces quanto ele. Assim, ver alguém tão parecido com Enji era de certo modo fofo e a maneira com que Geten pedira pela sobremesa, mesmo sendo nada simpática, ainda soava adorável para ele.

Como esperado, Touya pagou por tudo e fez questão de levantar-se para puxar a cadeira de Geten. Além disso, também pegou seu casaco para ajudá-lo a vestir-se no vestíbulo. Aproveitou-se da situação para chegar bem perto do mais novo e sentir o perfume dos cabelos claros.

— Como você cheira bem, Geten — sussurrou no pescoço dele.

Talvez por ter dito o nome dele e não algum apelido sugestivo ou ainda a proximidade e seu hálito quente, mas conseguiu claramente ver a pele clara de Geten arrepiar-se ao ouvi-lo.

— Isso se chama “banho” — afastou-se com certa pressa, olhando para Touya pelo canto dos olhos, vendo que ele ainda sorria. — O que foi?

— Nada, ué. Só tô olhando essa coisinha linda que você é. Ainda mais envergonhado.

— Mas você não cansa? Parece um tiozão tarado.

Touya gargalhou tão alto que acabou chamando a atenção das pessoas nas mesas mais próximas. Caralho, por que demorou tanto para conhecer esse moleque tão perfeito? 

— Porra, você é incrível, sabia? — Pela primeira vez, Touya o elogiou de forma sincera. Não que os outros elogios não fossem sinceros, mas ali, não era nada do nível “flerte de alguém que quer foder”.

— Obrigado? — Até estranhou, mas deixou aquilo de lado logo pois estava louco para ir para casa fazer um belo nada.

Pelo menos, dessa vez o caminho para casa não foi silencioso. Touya ligou o rádio e sua princesa até ficou surpresa com o fato de que ele ouvia música pop.

— Eu sou eclético, gracinha. Pensou que eu só escutava música emo?

— Sim. Não consigo imaginar você dançando isso aí.

— Ah, mas dançar eu não danço. Só curto ouvir um pouco de tudo. Por quê? Queria dançar comigo, é?

— Só danço com quem sabe — Geten esnobou e aquela era a oportunidade perfeita.

— Então você dançaria só pra mim?

Se ficasse pensando na imagem de Geten rebolando para ele com aquele corpinho pecaminoso, Touya ficaria de pau duro enquanto dirigia. Então, evitou pensar naquilo, ainda que tenha provocado o amigo do irmão mais novo. E a resposta foi exatamente o que esperava:

— Nos seus sonhos, traste.

— Espero mesmo ter um sonho erótico desses hoje.

Geten fez cara de nojo, ao que Touya sorriu de novo. Não estava acostumado a ficar de tão bom humor por tanto tempo, mal parecia que até pouco tempo estava prestes a explodir de raiva. Estar com Geten era como a cura para todo o seu estresse e uma fonte eterna de satisfação.

Para evitar mais provocações, Geten manteve a boca fechada até chegarem na mansão dos Todoroki. Era irritante como Touya tinha uma resposta pronta para absolutamente tudo e parecia que, quanto mais era provocado, mais Geten queria estar com ele. Fazia sentido? Nenhum, mas quem liga?

Ao retirar os sapatos e o casaco para entrar na belíssima casa, Geten logo cumprimentou Enji, que estranhou ao ver o filho mais velho com o amigo de Natsuo, mas nada disse por se tratar de Touya.

Por outro lado, o primogênito reparou no quão fofo era ver seu pai ao lado daquele jovem tão pequeno. Chegava a ser um absurdo a diferença de alturas, de porte físico, de tudo! Era ainda mais agradável perceber o quanto eles se davam bem, coisa que nunca aconteceu entre o patriarca e Tomura — até porque ele mal aparecia em sua casa. E melhor ainda foi escutar o assunto dos dois: doces! Geten contava que comeu em um restaurante suíço e deixou o homem gigante bem curioso a respeito do doce que ele citou — chamado weggli und brugeli — e Touya logo pensou na oportunidade perfeita para agradar o pai e o rapaz que ele queria beijar:

— Posso tentar fazer esse doce hoje, o que acham? — E antes que Geten questionasse, adicionou: — Obviamente, nosso combinado do almoço continua de pé. Mas vocês estão tão empolgados falando desse doce que senti vontade de fazer um. 

— Você faria isso? — Enji perguntou, animado.

E era impossível para Touya negar algo para seu pai — assim como estava sendo impossível negar para Geten.

Como o outro não disse nada, Touya considerou que aquilo era um “sim”.

Apesar das aparências, Enji era bem observador e chegou a sorrir para si mesmo ao ver que o filho dera as mãos ao amigo de Natsuo antes de puxá-lo para a cozinha. Deixaria-os sozinhos para aproveitarem a oportunidade, ainda que estivesse louco para provar o pão branco recheado com a barra de chocolate super leve.

Após vestir o avental — preto, era óbvio —, Touya separou os utensílios e ingredientes e deixou que Geten se sentasse na bancada bem próximo, ainda que não o bastante para ficar no caminho do preparo. Era uma cena doméstica que poderia ser bem fofa se ele não fosse comprometido e estivesse doido para fazer do mais novo seu primeiríssimo e único amante.

— Você e seu pai se dão bem. Não vejo Natsuo agindo assim com ele.

Touya riu com a tentativa dele de puxar assunto. Natsuo era de longe a pessoa que mais detestava o pai naquela casa e isso nunca iria mudar.

— Ele culpa nosso pai pela separação. — Imaginava que Geten já soubesse que os pais deles eram divorciados. — Acho que ele acredita que os relacionamentos tem que durar para sempre, mesmo que as pessoas não combinem. E meus pais decidiram juntos pelo divórcio.

— Lembro de ouvi-lo reclamar às vezes por não ter ido à Rússia com ela.

Após a separação, Rei decidiu recomeçar em outro país, enquanto os filhos preferiram continuar no Japão com o pai por motivos específicos para cada um. Fuyumi, apesar de amar a mãe, não queria deixar o trabalho de professora. Shoto ficou porque era mais conveniente e Touya porque amava mais o pai, simplesmente.

— Ele ia se sentir bastante solitário por lá e sabe disso. Mas meu irmãozinho só vive reclamando, acho que você já deve saber.

— E como — Geten revirou os olhos, apesar de adorar o amigo.

E por falar nele… Geten logo recebeu uma mensagem do amigo desesperado por ajuda, parecendo até um adolescente em seu primeiro encontro.

Geten!!!!

Por favor, ela quer ver um filme.

O que eu faço????

Eu beijo ela ou???

— Vem ver isso — riu, mostrando o celular a Touya, que riu poucos segundos depois.

— Puta que pariu, sério mesmo? E que encontro ruim, logo um cinema?

— Não gosta de ver filmes?

— Gosto sim, mas encontro em cinema é uma merda. Você nem pode conversar e sempre tem um arrombado que fala o tempo inteiro, acho horrível.

— Você fala como se fosse um cara romântico, Touya. Qual é o encontro ideal pra você, então?

— Gosto das coisas em casa — apontou para as coisas ao seu redor. — Posso fazer o que quiser e de forma confortável, tem coisa melhor? 

— Então traz os caras pra foder na sua cama? Que nojo.

Foi então que Touya largou os utensílios da cozinha para se aproximar de Geten. Não o tocou e nem nada do tipo, mas também não esboçava aquele sorriso típico debochado. Ele só encarou aquele garoto lindo da cabeça aos pés antes de confessar:

— Eu nunca trouxe alguém pra foder aqui em casa, princesa. Meu quarto é meu lugar favorito e não levaria qualquer um lá dentro, então… É, nunca transei com alguém lá. Ainda.

A honestidade fez efeito, pois Geten passou longos segundos calado, encarando-o de volta. Daria tudo para saber o que se passava naquela cabecinha, mas era justamente por ele ser imprevisível que era tão interessante. Enfim ele rompeu o silêncio, com um tom de desdém:

— Imagino que queira que eu seja o primeiro.

— Não disse nada disso. — O sorriso safado voltou. — Mas se faz tanta questão, posso atender aos seus caprichos, querido.

— Não, obrigado.

Touya sabia que havia vencido — de novo. Sempre foi bastante sem-vergonha, mas algo no jeito inacessível de Geten parecia aumentar ainda mais sua libido e sua vontade de provocar. Era… diferente. Bem diferente de como agia com Tomura, por exemplo, que nunca demonstrava interesse em nada do que fizessem e só queria saber de jogar o dia inteiro.

Logo tirou o namorado da cabeça para não acabar irritando-se sem motivo e percebeu Geten tentando provar do doce antes mesmo de ir ao forno.

— Ei, seu apressado! Pelo menos espera ficar pronto!

De propósito (só podia ser de propósito, pelo amor de deus), Geten levou o dedo coberto de chocolate derretido até a boca e lambeu. Bem. De-va-gar. A língua pequena deslizou pela pele manchada de doce e limpou cada mísero pedacinho quando o que Touya mais queria era fazer isso em seu lugar. Ou substituir aquele dedo por sua pica.

E, antes que pudesse tomar alguma atitude quanto a isso, ele engoliu o dedo inteiro, puxando-o entre os lábios apertados com a mesma lentidão. Um maldito provocador, era isso o que ele era. Tanto que ao final fez questão de mostrar a língua num gesto que deveria ser brincalhão, mas era apenas sexy.

Mas que porra de garoto excitante dos infernos!

— Disse alguma coisa, servo?

Por pouco, muito pouco, Touya não ficou sem palavras. O que o salvou foram as risadas de nervosismo que soltou depois de toda aquela cena, tentando manter a calma depois de quase ficar de pau duro diante da provocação de um virgem seis anos mais novo que ele. Depois de respirar fundo, segurou a mão de Geten e lambeu o dedo ainda coberto de saliva.

— Não disse nada, princesa. — Terminou com um beijo no dorso antes de soltá-lo. — Seu chocolate está gostoso?

— Até que sim. Você não é tão imprestável, se quer saber.

Ciente de que ele não confessaria que sua comida era deliciosa, Touya apenas agradeceu, fazendo questão de segurar Geten pela cinturinha estreita ao afastá-lo da bancada para que pudesse continuar com o preparo do seu doce.

Pelos deuses de sabe-se-lá qual religião, o que raios foi aquela cena? Touya quase ficou de pau duro com algo tão simples! Quer dizer, Keigo era um exemplo de quem adorava beliscar suas comidas e sempre tentava provocar, principalmente se fosse simulando um boquete ou pedindo para que Touya pegasse algo direto de sua boca, e as reações do chef de cozinha sempre eram risadas ou desprezo — e ele jamais negou que o amigo era muito bonito, mas suas provocações não surtiam tais efeitos. Mas puta que pariu, aquilo foi inesperado demais! O que seria da sua fama se gaguejasse diante de um garoto de dezenove anos chupando o dedo de chocolate?

Chacoalhou a cabeça assim que colocou o doce no forno, procurando qualquer assunto para sair daquele silêncio e felizmente encontrando um bem rápido:

— Você respondeu o Natsuo?

— Disse para ele começar devagar antes para não morrer de nervoso e estragar tudo. Vocês dois são bem diferentes.

— Ainda bem, né, cacete — Touya riu apesar do palavrão. — Sei que você adora meu lado safado.

— Lado safado? Você é safado não importa o lado que alguém olhe.

Bingo. Touya chegou perto o bastante para tocar com o polegar aquele lábio inferior cheio e apetitoso, que parecia implorar por mordidas e chupadas. Separou-o do lábio superior, mantendo a boquinha entreaberta conforme roçava devagar o dedo por toda a superfície macia, mais uma vez causando arrepios no mais novo.

Geten era difícil, porém não inalcançável. Acima de tudo, não era indiferente, não quando Touya agia de maneira tão sensual. Mesmo que não admitisse, sua respiração estava mais pesada e os olhos haviam focado nos dele, enquanto as bochechas mais uma vez estavam rosadas não de vergonha, mas de desejo por mais estímulo na boca.

— Se não respondeu é porque adora mesmo, não é?

Permaneceu em silêncio e Touya entendeu o recado. Continuou com os estímulos, chegando até a receber um beijo no polegar, e sua vontade foi de mandar tudo ao inferno e enfiar a língua naquela boca de uma só vez, mas foi forte o bastante para testar até onde Geten aguentaria. Afinal, estava louco para ouvir aquela coisinha tão difícil pedindo por um beijo.

Coisa que, para a sua infelicidade, não aconteceu. Depois de mais alguns estímulos, Geten mordeu seu dedo e se afastou, apontando para o forno.

— Ele apitou, Touya. Não vai deixar o meu doce e o doce do seu pai queimar, vai?

Que belíssimo filho da puta! O pior: um filho da puta gostoso e lindo do caralho! Touya ainda demorou pra raciocinar, bufando após entender que, não, não teria um beijo daquela gracinha. Para piorar, pela primeira vez viu Geten sorrir para ele da mesma forma que ele fazia: bem safado e debochado.

Ele queria ver quem aguentava mais? Porque, se fosse isso, Touya teria de admitir: muito provavelmente ele perderia. 

Continuando com seu lado obediente, retirou os doces do forno, contente por estarem exatamente como queria. Só então chamou pelo pai, que veio bastante empolgado para experimentar a novidade do filho e, mais uma vez, seu lado atencioso não deixou o sorriso no rosto de Geten passar despercebido. Então ele também estava contente pelo doce? Que fofo!

— Se superou nessa, meu filho — elogiou Enji, após provar a sobremesa. — Está uma delícia.

— Eu tive incentivos…

Um incentivo que estava uma gracinha comendo  weggli und brugeli. Apesar de não ter feito qualquer comentário positivo a respeito do doce, era óbvio que estava adorando e Touya não poderia estar mais satisfeito com o resultado de sua primeira experiência com aquela sobremesa. Notando o clima entre os dois, Enji fez questão de dar espaço necessário para o filho e o convidado ao terminar de comer:

— Vou para o escritório. Se precisarem de mim, é só chamar.

Estavam sozinhos novamente, bem quando Geten terminou a porção bem pequena. Ah, então ele comia pouco? Era ótimo saber disso.

— E então, meu querido?

— Então o quê?

— O que achou da minha versão da sua culinária?

— Dá pro gasto — Geten esnobou. — Espero que seu jantar seja melhor que isto, se espera me levar para sair.

Mais uma vez, Touya aproximou-se do garoto o bastante para quase colar a boca ao ouvido dele. E sussurrou, ciente de todas as segundas intenções:

— Vou caprichar o suficiente pra te fazer gemer de tão gostoso.

Era horrível admitir que Touya tinha uma voz fodida de tão linda e obviamente isso surtia efeito em Geten. Um simples sussurro deixava sua respiração muito mais pesada, e o patinador odiava o fato de que não tinha vontade de sair dali quando aquele flerte começava. 

Mas, como de costume, disfarçava seu nervosismo com mais provocação e desprezo:

— Que carência é essa, traste? Seu namorado é tão ruim de cama pra você desejar tanto outro homem? 

Ah, ele pensava que aquilo deixava Touya sem jeito? Pobrezinho…

— Se quer saber, ele é sim, meu lindo. — Dessa vez Geten recebeu um beijo no pescoço e seu rosto esquentava cada vez mais. — Pelo menos eu consigo gozar até porque nem me preocupo com ele, mas está longe de ser algo realmente prazeroso. — Subiu até a orelha, onde deixou uma mordida no lóbulo. — Mas ele não é nada gostoso, ao contrário de você.

Geten tinha vontade de beijá-lo. Tinha muita vontade de beijar aquela boca e ficava puto com isso. Com total noção de seu poder de sedução, Touya começou a beijar todo o rosto, sempre devagar, desviando da boca sempre que se aproximava. Aquela gracinha estava tão entregue e aquilo estava tão excitante! Nada podia impedir o chef de cozinha de beijar aquela boquinha até que sua princesa ficasse sem ar.

Nada exceto seu querido irmão caçula que adentrou a cozinha sem perceber o que acontecia ali, mesmo com o casal se afastando de forma bruta.

— Senti um cheiro de doce, Touya. Fez alguma coisa?

Era por isso que odiava aquele merda de garoto, porra! Por pouco não expulsou-o da cozinha, o maldito empata-foda do caralho. A raiva era tão grande que Touya ficou lívido e quem respondeu foi Geten. Ele conseguiu agir com naturalidade mesmo estando prestes a entregar-se ao mais velho e isso só deixava a situação pior.

— Pode comer, ele preparou bastante.

Ao contrário do pai, Shoto não percebeu o contexto de maneira alguma: as pupilas dilatadas, a respiração pesada, a pele aquecida de ambos, assim como a maneira com que trocavam olhares de puro desejo enquanto o garoto comia um doce após o outro. Touya sempre soubera que ele era burro, mas tanto assim, puta que pariu?!

— Leva tudo contigo, vai — cedeu, impaciente, ao entregar a bandeja inteira para o caçula. Quando Shoto tentou agradecer de boca cheia, empurrou-o de uma vez para fora. — Entendi, entendi, agora vá embora.

Ao menos quanto a isso o garoto não insistiu e partiu com todo o restante dos doces. Touya faria mais se isso significasse enfim meter a língua naquela boquinha maravilhosa de Geten. E foi com essa intenção que virou-se na direção dele, puxando-o pela cintura para perto conforme distribuía beijos que subiam da base do pescoço até o queixo.

— Onde estávamos, gracinha? — murmurou, com a voz rouca.

— Indo ver um filme.

Como se nos últimos minutos tivesse mudado de decisão e tornado-se o imune à sua pegada, Geten afastou-o facilmente e caminhou em direção à sala de TV sem sequer conferir se iria segui-lo.

— Caralho, quê!? — Perguntou a si mesmo, já que Geten estava longe para escutar sua reclamação. 

Mesmo indignado, Touya o seguiu. E se ele ainda pretendia tentar algo enquanto assistiam ao filme, estava enganado: não só seu amado pai como também Fuyumi, Shoto e o namoradinho escandaloso do caçula estavam reunidos em frente à televisão, e Touya não sabia se mandava todos ali — com exceção de Geten e seu pai, é claro — tomarem no cu ou se apenas aceitava e ficava em silêncio.

No fim, ele escolheu a segunda opção. Sequer prestou atenção na animação escolhida por Fuyumi, pois seu olhar estava em algo muito mais interessante: Geten, obviamente. Mas, exclusivamente naquele momento, ele não encarava o universitário com desejo. Estava mais distraído com a fofura dele, isso sim! Pelo que entendeu, o filme era sobre um garoto com poderes de gelo que se reunia a outros carinhas para impedir o bicho papão de transformar sonhos em pesadelos. Era uma baboseira totalmente infantil, mas por deus, Geten estava tão hipnotizado pela animação que Touya até sentiu seu rosto esquentar enquanto sorria feito bobo. 

Prestou atenção quando ele ficou tenso, quando ele ficou alegre, quando ele ficou aliviado… Bem, poderia até escrever um texto com o tema “reações do cara que eu quero pegar durante um filme infantil” e tinha certeza de que seria extremamente detalhado. 

Nem notou quando o filme chegou ao fim e Geten desviou a atenção para si, mandão como sempre:

— Não vai fazer a janta? Estou com fome.

— Como quiser, lindo — debochou para esconder que estivera distraído diante de tanta beleza e… Não, não era possível que estava achando Geten tão fofo assim.

Afinal, Touya estava longe de ser insensível, mas também não era nenhum romântico de carteirinha. Não era com o namorado nem nunca fora com nenhum dos caras com quem fodera — porque era isso que eram para ele. Transas e nada mais, no máximo uma amizade colorida.

Então por que tudo parecia tão diferente quando Geten estava envolvido?

— Mas que raro você obedecer alguém — comentou Shoto, arrancando-o de seus pensamentos.

E ainda perguntavam porque odiava o irmão mais novo. Todos na sala de alguma forma ou de outra tinham entendido, ao menos em parte, a tentativa de Touya flertar, menos o mais burro entre eles. Então, manteve-se na defensiva, o que era péssimo para quem estava tentando impressionar Geten:

— Eu sempre cozinho pra todo mundo nessa casa.

— Sim, mas nunca de forma tão atenc-

— Shoto, quer me ajudar a dobrar as roupas? Temos muita coisa — Enji pediu, interrompendo o filho caçula antes que ele expusesse ainda mais Touya.

Concordou, levando o namorado consigo e logo Fuyumi foi para algum lugar da casa, deixando os dois a sós.

Como haviam comido algo da cultura de Geten na hora do almoço e como Touya já sabia que seu querido pretendente não comia muito, resolveu ousar para outra culinária bem rara no Japão: árabe. Adorava a comida daquele país e estava confiante de que Geten também ia gostar, até porque nada do que ele fazia recebia críticas.

— Que honra ser o primeiro a te apresentar a comida árabe, querido. Espero que ela te agrade tanto quanto a suíça me agradou.

Mesmo comendo pouco, Geten podia afirmar tranquilamente que não era nada fresco para provar coisas novas. Tanto é que acompanhou o preparo do jantar de pé, ao lado de Touya, sempre bem atento a tudo o que o chef fazia.

— Quer me ajudar? — Touya perguntou ao perceber a atenção nos olhos tão lindos de Geten. — Enrola essa carne em volta desse espeto, tá? Depois coloca nessa assadeira. 

— E isso é o quê? 

— Se chama kafta. Isso aqui é homus, isso é tabule, isso é kibe cru e isso é pita, também chamado de pão sírio. Procurei fazer comidas mais leves pra agradar a essa princesa que não come tanto assim.

Geten o encarou e sorriu. Novamente, estavam em uma cena que se encaixaria perfeitamente em um dia normal na vida de um casal e isso ficava cada vez mais agradável.

— O que mais sabe fazer além de cozinhar, traste?

Era uma pergunta ingênua demais para ser feita logo a ele, mas Geten estava tão confortável naquela situação que não percebeu nas implicações eróticas que seu questionamento podiam gerar em resposta. E, como era de se esperar, um sorriso muito safado — e excitante — surgiu nos lábios do cozinheiro.

— Além de putaria, é claro — acrescentou, para fugir logo daquele assunto.

— Poxa, logo minha especialidade…

Para calar a boca de Touya quando ele começou a zombar daquela forma, Geten usou o quadril para empurrar o quadril dele, num gesto que combinava com a atmosfera doméstica ao mesmo tempo em que mantinha aquele sem vergonha nos eixos.

— Já entendi, já entendi, princesa. Também sou bom com fotografia. Sou eu quem tiro a maior parte das fotos em família.

Afinal, aprendera para fotografar os próprios pratos e dali em diante se especializara na arte de enquadrar, focar e buscar a melhor iluminação para todo tipo de imagem, de selfies a paisagens.

— E você é fotogênico ou só tira foto dos outros?

— Posso tirar várias fotos suas se quiser, novinho — ofereceu Touya, mais que disposto a gravar cada pedacinho daquele corpo lindo com sua câmera profissional.

— Novinho? — Estranhou o apelido inédito, olhando bem para cara de Touya. — Fala como se fosse muito mais velho do que eu.

— Seis anos é bastante coisa, querido. — Só não tocou em Geten porque sua mão estava suja por manusear a carne crua, mas não deixou de encará-lo em nenhum momento. — E eu nunca fiquei com alguém tão novo.

— E nunca vai ficar — provocou, mesmo que ambos ali soubessem que aquilo era mentira.

— Ah, coisinha difícil… — Terminou o preparo do kibe no mesmo momento em que Geten terminou de enrolar as kaftas, podendo lavar as mãos para, enfim, tocar aquele garoto, dessa vez enrolando os cabelos brancos em seus dedos. — Me provoca assim que eu fico cada vez mais gamado.

Decidido a não ceder a mais nenhum flerte essa noite, o patinador segurou a mão de Touya para afastá-lo.

— E eu, com fome. Espero que tenha pensado na sobremesa.

Ainda de mãos dadas, Touya sorriu e beijou cada dedo daquela parte tão delicada da sua princesa e só então soltou, dando o espaço que Geten queria — ou, pelo menos, fingia querer.

— Mas gosta de um docinho, ein? — É claro que tinha uma caralhada de ideias com aquela informação. — E se a única sobremesa for um chocolate e você tiver de pegar ele diretamente da minha boca?

— Não sou desesperado por doces tanto quanto você é por sexo.

Apesar da resposta, Geten parecia mal humorado pela oportunidade perdida da sobremesa. Parecia prestes a voltar atrás e aceitar a condição em troca do chocolate, porém se manteve decidido a não ceder nem um pouco para aquele maldito sedutor.

Geralmente, Touya não tinha misericórdia por ninguém, mas algo em Geten fazia com que sempre quisesse agradá-lo. Assim, ofereceu uma proposta que seria parcialmente agradável para os dois:

— Tudo bem, eu te deixo comer a sobremesa. — Aproximou-se o bastante para tocar o queixo e o lábio inferior dele, abrindo a boca ligeiramente. — Mas sou eu que vou te dar nessa boquinha. Usando as mãos, é claro.

Geten sabia bem que Touya era capaz de fazer loucuras usando apenas os dedos, mas a oferta era tentadora demais para recusar. Além disso, se ele fosse abusado demais, sempre podia morder o dedo dele com força e rir diante da dor daquele masoquista.

— Aceito. E espero que seja um chocolate dos bons ou vou cuspi-lo em você.

Ah, por que havia falado aquilo...

— Pode me encher com sua saliva sempre que quiser, princesa.

— Nojento. — Mas, como sempre, excitante.

Enquanto jantavam, felizmente ninguém os interrompeu. Touya ainda guardou um pouco de cada coisa para seu pai, pouco se importando se os irmãos queriam comer algo ou não. Como já era de se esperar, Geten não deu um único elogio, porém suas expressões entregavam tudo o que ele sentia ao provar daquela culinária tão impecável.

— Comeu bem, princesa. Tava gostoso, é? — Ainda assim, persistente até o último fio de cabelo, Touya resolveu tocar no assunto.

— Você é louco por elogios, por acaso? Parece até um carente.

— Mas é claro que eu amo ser elogiado! Quem não gosta? — Passou o polegar por uma pequena quantidade de homus que estava no canto da boca de Geten e fez questão de lamber de forma bem exibida na frente dele. — Ainda mais se o elogio vier dessa tua boquinha linda.

— Peça elogios aos caras com quem você transa, ué. E não pra um garoto que você conheceu há um dia e já está louco para foder.

Geten não percebia, mas cada vez que citava o fato de que Touya queria transar consigo, o mais velho ficava muito, muito mais atiçado.

Para a sua infelicidade. Ou não.

— Quando o cara é lindo demais eu não resisto mesmo, Geten. — Sem perder tempo, pegou um pequeno bombom caseiro que preparou e o levou até a boca do patinador, esfregando-o nos lábios entreabertos devagar. — Ninguém mandou você ser tão viciante.

Bem, se o cozinheiro iria provocá-lo tanto assim, nada melhor do que pagar na mesma moeda. Ele se achava assim tão sedutor, então que estivesse pronto para o melhor que Geten tinha a oferecer.

Deixou que ele esfregasse o bombom enquanto entreabriu os lábios devagar e, para atiçá-lo mais, olhou para cima, na direção dos olhos dele, ao mesmo tempo em que colocou parte do cabelo branco atrás da orelha. Daí fechou os olhos e deu a primeira mordida, a ponto de roçar os dentes nos dedos dele de leve.

Então gemeu. Gemeu de prazer pelo sabor delicioso que dominou sua língua, mas também para provocá-lo com sua voz da mesma forma que ele fazia com todos aqueles sussurros. Seu gemido era grave, assim como seu timbre, e profundamente satisfeito com o sabor.

O bombom acabou na segunda mordida, contudo, para que ele soubesse que Geten não era qualquer vadia que ele podia ter sempre que quisesse e era superior a qualquer um que já tivesse tido, lambeu todo o doce que derretera entre os dedos dele, chupando-os como se realmente simulasse um boquete.

E tudo isso diante do olhar excitado de Touya.

— Me de mais, Touya… — pediu, totalmente manhoso, deixando um beijo no dedo coberto pela sua saliva. 

Quase como se estivesse hipnotizado, Touya não respondeu, apenas obedeceu e deu outro bombom. E outro, e depois mais um… E em todos eles, Geten degustava de uma forma provocante que estava deixando aquele homem cada vez mais cheio de vontade de ter aquele garoto tão gostoso gemendo pelo seu pau.

Foi só quando terminou a degustação que Touya praticamente implorou, sem qualquer deboche na voz:

— Por favor, Geten, me deixa te beijar. Por favor.

Se o patinador queria? Sim, e muito. Passou o dia ao lado de Touya mesmo sendo uma pessoa extremamente introvertida, isso porque aquele rapaz o atraía de muitas formas.

Mas ele não cederia tão fácil. Ah, não mesmo. Estava com um homem aos seus pés e isso era gostoso demais, só fazia com que ele se sentisse ainda mais excitado e cheio de si. Foi por isso que, com um sorriso no rosto, Geten segurou o queixo de Touya da mesma forma que ele fazia consigo e também passou o polegar pela boca já entreaberta, louca para tocar a sua. Se aproximou dele, mas não da boca, e sim da bochecha, deixando um beijo rápido e então sussurrou:

— Vai ter que me provar que não quer só me foder e me largar, Touya. Seja mais paciente, tá?

Touya estava longe de querer largá-lo por qualquer motivo, porém sabia que sua postura não oferecia muita segurança. Na verdade, mais agia como um moleque piranha que conquistava novinhos por aí e era natural que Geten não cedesse de uma vez.

— Como quiser, Geten — aceitou e beijou o dorso da mão dele, sem tirar os olhos dos dele. — Posso esperar pra te fazer todinho meu.

Não passou despercebido para ele como o garoto arrepiou-se inteiro ao ouvi-lo e esse era um bom sinal. Geten era difícil, mas já conseguira ao menos deixar aquele virgenzinho delicioso excitado o bastante para querer algo consigo.

— Vai esperar pelo Natsuo ou quer que eu te leve agora?

— Ele deve demorar se tudo der certo com a namoradinha. Me deixe em casa — mandou, com toda a autoridade de quem tinha Touya na ponta da mão e não o contrário.

Felizmente, Geten morava perto. Teve menos tempo com ele no carro, mas agora sabia onde aquela gracinha morava e apesar de não ser da área, adorou a belíssima casa em estilo provençal na qual ela morava, já que ela se destacava no meio das outras tradicionalmente japonesas.

— Tá entregue no seu castelo, Vossa Alteza. — Jogou um beijo no ar, já ciente de que não teria mais do que isso. 

De forma educada, como se não tivessem passado a tarde trocando flertes e provocações e quase se beijado várias vezes, Geten agradeceu pelo dia e pelas refeições. E como não queria ter a incerteza de quando o veria novamente, decidiu mudar isso o mais rápido possível:

— Eu posso te assistir na patinação no próximo sábado? Não vou ter aula.

Geten o encarou por alguns segundos, nada surpreso com a pergunta. O que Touya não sabia era que ele torcia para que aquilo acontecesse e isso ficou bem claro com a risada baixinha que ele soltou.

— A aula começa às nove da manhã. E trate de levar a sua câmera. Depois, me leve para almoçar.

— Seu pedido é uma ordem — Touya sorriu antes de acompanhá-lo com os olhos até que ele entrasse em casa.

Estava mais que ansioso pelo sábado.

 


Notas Finais


GETEN TÁ CHEGANDO NO ANIME GENTE VEM AÍ DEEM MUITA ATENÇÃO PRO MAIOR PRETTY BOY DE BOKU NO HERO OK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

dabigeten melhor casal pra flerte + provocação meu deus eu amo eles


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