Pov's Naruto
Eu não sei se tive a boa ou má sorte de ter começado a trabalhar em um momento importante. Acordei hoje de manhã com a Obaa-chan em gritos, ela estava atarefada, cheia de coisas para fazer no castelo e bom, tinha que me levar junto.
Assim que tomamos café seguimos para o palácio. Eu nunca havia entrado em um lugar tão grande na minha vida, era tudo tão perfeito, cada cômodo, cada corredor, tudo, até mesmo a cozinha onde Obaa-chan normalmente trabalhava, realmente um lugar incrível.
Pena que como um simples servo eu não podia desfrutar de nenhum desses luxos, somente cuidar para que eles não saiam de seu lugar e estejam limpos.
Fui designado inicialmente a ficar no serviço geral do castelo, longe da Tsunade obaa-chan, limpando cômodo por cômodo que na minha opinião já estavam mais do que imaculados, eu não estava muito certo das minhas habilidades mas pra minha sorte haviam tantos outros empregados que eu tinha certeza que qualquer erro que eu cometesse seria rapidamente consertado.
Como era meu primeiro dia me designaram a uma tarefa "fácil" e acabei no pátio, retirando o pó de vários vasos e ornamentos da família real.
- Isso vai demorar. - murmurei chateado olhando para todos os utensílios que ainda precisavam da minha atenção.
- Se você continuar nessa má vontade, claro que vai demorar. - Uma voz conhecida me repreendeu.
- Você não tem mais nada pra fazer do que bisbilhotar meu serviço Kiba? - Respondi ainda sem me virar já que não tinha como não reconhecer meu melhor amigo.
- Eu vim até aqui, fugindo dos meus deveres reais, só pra ver como você estava em seu primeiro dia e é assim que sou tratado. - Fez um drama.
Me virei revirando os olhos mas incapaz de não sorrir, Kiba era um dos poucos amigos de verdade que eu tinha, era a pessoa que sempre estava lá por mim pra participar de alguma loucura, me dar um conselho digno de pena ou só pra me fazer companhia, o que já era mais do que podia pedir.
- Parei de acreditar nos seus dramas quando tínhamos 10 anos de idade Kiba. - Avisei o olhando agora.
Ele vestia o uniforme da guarda real, todo imponente, bonito, sua expressão não escondia como se sentia orgulhoso de estar ali, nós éramos amigos desde pequenos já que morávamos um ao lado do outro por toda a vida, brincamos juntos, aprontamos juntos e vivemos boas histórias durante esses mais de 20 anos de amizade, apesar de um plebeu Kiba sempre foi um alfa atlético então quando me contou que seu sonho era fazer parte da guarda não duvidei de sua capacidade nem por um segundo apesar de achar loucura querer correr esse tipo de risco para proteger nobres que nem se davam ao trabalho de decorar nossos nomes.
- Assim você me magoa. - Ele segurou o peito de modo teatral.
- Para com isso. - Bati em seu ombro para cortar suas gracinhas.
- Tudo bem, tudo bem. - Ele riu e se esquivou como se eu pudesse mesmo machucá-lo. - Mas então, como está o primeiro dia? - Abriu seu costumeiro sorriso caloroso, os caninos pontudos dando um charme extra a sua aparência de menino brincalhão.
- Você quer a mentira polida ou a triste verdade? - Perguntei deixando o pano que usava esquecido sobre o ombro.
- A verdade, sempre. - Deu sua resposta habitual.
- Bom, é um saco ter que trabalhar limpando e organizando, queria fazer alguma outra coisa significativa de verdade. - Respondi desanimado.
- E porque não faz?
- O que?
- Outra coisa significativa, Naruto já te disse isso, você precisa de um objetivo, um sonho, algo pelo qual sair da cama todo dia. - Aquela conversa era velha.
- Eu sei disso, acha que também não queria algum sonho como o seu? - Meu tom era magoado, mas não com ele e sim com minha falta de interesse. - Mas eu não sei, só parece que eu não pertenço a esse lugar sabe? Parece que não me encaixo aqui mas também não sei onde eu me encaixaria. - As paredes do grande salão que nos encontrávamos parecia ficar menor enquanto eu pensava nisso.
- Naruto, ei, calma. - Ele deve ter percebido minha iminente crise porque colocou a mão no meu ombro e me fez focar em seus grandes olhos me passando uma calma necessária. - Relaxa, tá tudo bem, essas coisas são assim mesmo, um dia você acha seu lugar, não precisa se estressar com isso.
- Tudo bem. - Desviei os olhos constrangido pela pequena cena. - Obrigada por vir me ver. - Me afastei do seu toque de modo gentil.
- Eu sempre estarei aqui por você. - Ele sorriu gentil também. - Agora preciso ir tá? Quando eu disse que fugi eu falei sério. - Revelou coçando a nuca de modo embaraçado. - Vai ficar bem sozinho? - Parecia reavaliar suas prioridades.
- Meu Deus Kiba! - Respondi surpreso sobre a revelação de sua fuga. - Claro que vou ficar bem. - Me apressei em deixar claro. - Agora vai logo antes que arrume problemas para nós dois. - Empurrei ele que se foi rindo e me prometendo que logo conversaríamos de novo.
Ainda continuei com um sorriso nos lábios até o Inuzuka sumir de vista, era incrível como ele sempre dava um jeito de aparecer nos momentos que eu precisava de apoio, quando fiquei sem mais nenhum motivo para procrastinar voltei ao meu serviço lentamente e como se procurasse uma motivação própria, me deixei levar com pensamentos bons, quanto mais cedo eu começasse, mais cedo eu terminaria.
Com essa ideologia em mente, voltei ao meu trabalho, enquanto executava minha tarefa não pude deixar de notar vários criados andando de um lado para o outro deixando tudo impecável, principalmente em direção aos quartos da ala leste que normalmente são destinados a hóspedes da nobreza.
- Será que a família real aguarda convidados? - Voltei a falar sozinho sem segurar a curiosidade.
Sinceramente eu nunca tive contato direto com a princesa, na verdade com ninguém da realeza, apenas ouvi falar. Eu e Obaa-chan moramos em uma casa pequena e um pouco distante das demais, nada muito longe. Vivi a minha vida inteira despreocupado com esses assuntos sobre a nobreza, afinal eu não era um, não tinha motivos para saber como era a rainha ou o rei. Mas agora trabalhando no palácio é inevitável que eu os conheça em algum momento.
Dizem que a princesa é doce e tranquila, ouvi dizer também que sua irmã é bem tímida e que seu primo o chefe de guerra é um homem implacável.
Os boatos correm, mas não se pode saber ao certo só por rumores, só espero do fundo do coração que não sejam pessoas mal educadas que desprezam nós plebeus. É claro que devemos fazer o que mandam, porém falta de educação não é necessário para isso.
- Vejo que é muito ágil em serviço. - a voz desconhecida me fez virar para trás.
Era uma mulher, um pouco mais velha que eu, com roupas simples como a de uma criada, seus cabelos negros e curtos acompanhavam o sorriso gentil esboçado em seu rosto.
- Meu nome é Shizune. - se apresentou estendendo a mão na minha direção.
Eu fiquei um tempo processando até que me levantei rapidamente para cumprimentá-la.
- A-ah desculpa, me chamo Naruto. - sorri envergonhado por ter ficado parado com cara de bobo.
- Você já está sabendo do comunicado amanhã? - ela perguntou se abaixando para me ajudar.
Eu sorri vendo sua boa ação, não estava nem perto de terminar, uma ajuda seria muito boa.
- Eu ouvi algumas coisas sobre, tenho muito trabalho a fazer e desconfio que seja por isso. - respondi normalmente. - O castelo vai receber convidados? - Aproveitei para perguntar.
- Sim - Ela riu de modo gentil - É por isso mesmo.... - Ela olhou para trás meio que para conferir se não vinha ninguém - É segredo, mas ao que parece o novo rei vai ser apresentado a todos amanhã, ele já veio aqui alguns dias atrás e agora será oficializado. Você vai poder conhecer todos da realeza de uma só vez e bem de perto, deu sorte.
- Nossa... - Eu não sabia muito o que dizer, não era como se me interessasse saber quem seria o novo Rei - Mas só se eu acabar tudo isso até lá - Comentei pra preencher minha falta de ânimo.
- Até amanhã temos tempo. - ela falou rindo.
- Vai me ajudar? - me virei um pouco surpreso. Desde de manhã ninguém me ajudou ou me auxiliou em nada a não ser a Obaa-chan.
- Claro, você já fez muito hoje, além do mais eu conheço a sua avó, somos grandes amigas. - Ela explicou sorrindo.
- Sério? Nossa... ela já deve ter falado de você mas acho que não prestei atenção. - ri fraco.
Às vezes a minha falta de atenção não me ajuda.
- Tá tudo bem, agora nos conhecemos. - ela sorriu amigavelmente - Agora vamos terminar, temos um longo dia pela frente.
Eu concordei e retomamos o trabalho juntos.
(...)
- Muito obrigado Shizune, se não fosse você ontem acho que teria dormido aqui limpando tudo aquilo. - agradeci novamente enquanto andávamos no meio de todas aquelas pessoas.
Tínhamos nos encontrado fora dos portões do castelo e agora caminhávamos juntos para nosso local de trabalho.
- Tudo bem garoto, você não é o único que tem que trabalhar, parece muita coisa no início mas depois que você pega o jeito fica mais fácil, pode acreditar. - Ela soou divertida.
- Tem muitas pessoas... - Falei após me desculpar com uma senhora que havia trombado.
A frente do castelo estava lotada, eu e Shizune tentávamos passar por todas aquelas pessoas para entrar no castelo. Segundo as instruções que tinham nos passado na noite anterior a princesa Hinata e o seu noivo seriam apresentados em frente ao castelo hoje a tarde para a plebe e logo depois haveria uma festa de noivado no salão do castelo para os nobres e a realeza.
- Não está muito cedo para toda essa aglomeração? - Perguntei já irritado.
- Todos querem um bom lugar para ver de perto o futuro rei e rainha, não seja ranzinza Naruto, não combina com você - Ela me repreendeu de leve.
- Desculpa, é só que esse tumulto me deixa incomodado.
As ruas onde a carruagem passaria trazendo a princesa e o novo rei estavam cheias. Obaa-chan me falou mais sobre esse comunicado na noite passada, nosso novo rei seria um Uchiha, unindo os dois reinos em um haveria mais riquezas e paz para os dois reinos então a previsão era de que seria o casamento mais grandioso e importante das últimas décadas.
Finalmente conseguimos entrar no castelo e nos livrar de toda aquela gente.
- Ser um criado do castelo tem suas vantagens, não veremos o comunicado da plebe e sim o dos nobres.... É claro que não participaremos da festa, estaremos servindo, mas mesmo assim é melhor do que lutar lá fora por espaço não acha? - Shizune tagarelava e eu só acenava concordando.
Pra ser bem sincero preferia estar na minha casa a participar de toda aquela comoção.
Uma criada apressada passou nos entregando algumas roupas, eu recebi um kimono formal e fui orientado a cuidar da mesa de aperitivos, repor as comidas e servir qualquer nobre que precisasse.
- Ótimo... Tudo que eu queria - Reclamava enquanto lutava com as amarras daquelas vestes.
O kimono era perolado com detalhes em dourado, parecia uma coisa muito fina para um criado usar.
- Acho que essa é mesmo uma ocasião especial... - Considerei enquanto passava a mão pelo tecido macio.
Depois de voltar ao meu posto ajudei a organizarem a mesa como podia, eu ainda não estava acostumado aquele estilo de trabalho mas aprendia rápido então não foi difícil acompanhar.
Estávamos dando os toques finais quando uma enorme gritaria soou do lado de fora das paredes do castelo.
- Chegaram!! - Tenten, uma das outras serventes vestido do mesmo modo que eu avisou o óbvio.
- Que pontuais - Comentei com ela.
Terminamos rapidamente o que faltava e nos dirigimos para nossos postos espalhados pelos cantos do salão.
De acordo com o planejamento, após o anúncio a plebe os nobres entrariam para a festa e os noivos iriam de carruagem até os fundos, onde entrariam pela ala Sul e apareceriam pela frente do salão para conversarem diretamente com os nobres e iniciarem oficialmente a cerimônia.
Estávamos todos os criados que serviriam ali dentro em silêncio mas era impossível ouvir o que se dizia lá fora.
Então após alguma espera as portas foram abertas e toda aquela gente pomposa entrou no salão.
Eram belíssimas mulheres e homens, alfas, betas e ômegas, toda a realeza do reino Hyuga em sua melhor apresentação.
Tantas jóias, vestes que com certeza valiam mais do que os bens de todos os criados juntos. Respirei fundo e dei início ao meu trabalho.
Enquanto servia percebi que o assunto de todos os ômegas presentes no recinto era o mesmo, a beleza e a força do aroma do novo rei.
"Estonteante", "avassalador" e "sedutor" eram alguns dos adjetivos mais usados para descrever.
- Se o novo rei precisar de alguma novidade na cama eu não vou perder tempo - Ouvi uma loira com um grande rabo de cavalo falar com sua amiga enquanto servia suas taças.
- Será que o rei aceitará amantes? - A ruiva respondeu.
- Certamente, todos os reis têm.
Terminei e saí dali rapidamente, aquela conversa era desgastante.
- Como está Naruto? Tudo certo? - A menina com dois coques na cabeça chegou perto de mim com sua bandeja quase vazia.
- Tudo, mas a nobreza me cansa - Encostei na parede atrás de mim para descansar um pouco.
- Vai ter que se acostumar - Ela riu da minha careta.
- Olha, acho que estão entrando!! - A jovem me puxou pelo braço.
- Eiii... O que está fazendo? - Perguntei enquanto a seguia tentando não derrubar a jarra que carregava.
- Vamos nos aproximar mais para ver como é o rei... - Ela me puxou até estarmos bem no meio do salão.
- Mas nós não devíamos estar aqui.... - Tentei argumentar mas logo fui interrompido pelo barulho de vários aplausos quando o rei e a rainha apareceram logo à frente.
Eles falaram algumas coisas sobre como estavam felizes em anunciar a junção dos reinos e o noivado de sua filha mais velha, mas eu não estava prestando muita atenção, eu só queria sair do meio daquela multidão mesmo.
- Tenten vamos arrumar problemas se ficarmos aqui - Tentei chamar sua atenção mas ela me ignorou.
- Tenten!! - Tentei de novo.
- Calma, eles já vão.... Olha!! Ali estão - Ela deu alguns pulinhos e fixou seu olhar bem a frente.
Bufei irritado e me voltei para onde ela olhava justo quando Hinata-sama e o noivo entravam ao lado do rei e da rainha.
E no momento que eu vi o jovem de cabelos e olhos pretos que entrou com as mãos entrelaçadas nas da princesa parecia que água gelada tinha entrado em minhas veias.
- Puta merda.... - Eu praticamente sussurrei.
Tenten falou alguma coisa mas meus ouvidos pareciam ter sido tapados, eu mal ouvia um zumbido sequer.
Eu só conseguia continuar olhando pra frente, vendo os dois tomarem sua posição sorrindo para todos ali.
E então ele começou a falar, aquela voz rouca que eu reconheceria em qualquer lugar.
- Olá a todos, meu nome é Sasuke Uchiha, sou herdeiro do clã Uchiha, e eu estou muito feliz de estar aqui hoje podendo oficializar esse noivado perante todos vocês.... - Ele continuava falando, mas eu tinha parado de ouvir no "herdeiro do clã Uchiha"
Aquilo só podia ser uma piada, aquele era o mesmo homem com que passei meu cio poucos dias atrás, aquele que eu tinha decidido apagar da minha memória, e agora ele estava ali, anunciando um noivado com a princesa Hyuuga, ele seria meu rei, eu tinha transado com o futuro rei.
Meu sangue pareceu virar cimento, eu queria correr dali antes que ele me visse mas meu corpo estava paralisado, eu não conseguia me mexer, só conseguia continuar observando.
- Gostaria de pedir oficialmente sua mão, Hinata Hyuga, em frente a todo o seu reino - Ele se ajoelhou e estendeu um anel - gostaria de pedir que seja minha rainha.
A morena sorriu e acenou com seus olhos apaixonados para o Uchiha que se levantou e escorregou o anel pelo pequeno e fino dedo da princesa e então em um movimento rápido juntou seus lábios aos dela.
Aquilo me enjoou de uma maneira avassaladora, me incomodou de uma forma que eu não esperava. Eu queria virar o rosto, queria sair dali mas meus músculos não me obedeciam.
E então após se separarem o noivo se virou novamente para o público sorrindo e saudando a todos com o olhar, mas assim que seus olhos passaram por mim eles voltaram, como se tivesse visto um fantasma e tão rápido quanto seu sorriso se desfez eu senti um choque passar por mim com a intensidade daquele olhar.
Com aquele choque meu corpo passou a me obedecer novamente e tão rápido quanto pude eu decidi fugir dali.
- Tenten eu preciso ir. - disse apressado me virando para ir embora.
- Você está bem? - perguntou preocupada, segurando meu pulso antes que eu pudesse sair.
-Sim, só tem muitas pessoas...eu não gosto. - dei uma desculpa qualquer, forçando um sorriso convincente. - Leva isso pra mim por favor? - Entreguei a jarra a ela
Meu olhar foi para a frente novamente, ele ainda permanecia me encarando, mas que coisa...
- Ãn.... o que? Tudo bem.... - ela ainda estava confusa mas enfim cedeu e me soltou.
Me despedi com um curto sorriso e saí dali.
Como eu pude ser tão burro? Eu fiz sexo com o futuro rei...aí meu deus se a Obaa-chan souber disso...
Na verdade, agora, ela saber é o de menos.
E se qualquer pessoa souber?
Como vou encará-lo no castelo?
Como será que ele irá olhar para mim sabendo que eu sou um de seus criados? Pfff....
Ri com meu próprio pensamento.
Ele não vai se importar comigo, o problema será todo para o meu lado, eu sou o criado que transou com o rei, eu que serei castigado, e talvez a Obaa-chan.... Merda.
Fiquei tão imerso em meus pensamentos que mal percebi que já estava perdido pelo castelo. Eu queria ir para a casa mas a Obaa-chan ficaria furiosa se eu sumisse assim do nada, e eu não tinha como explicar.... poderia falar que passei mal, mas ela era uma das melhores curandeiras, ia brigar comigo por não ter a procurado.
Soltei um suspiro pesado e passei a andar pelo corredor escuro que dava para a parte de cima do castelo, andei até um dos quartos que eu sabia estar vazio e entrei, fui direto para a sacada, precisava de um pouco de ar.
- Wow...- soltei o ar surpreso. A visão que eu tinha do reino era incrível, casas com uma iluminação baixa pelo fogo junto às vozes abafadas das pessoas lá embaixo era lindo de se ver. - Isso é incrível...
- Você.
Me virei para trás assustado, eu conhecia essa voz, e agora também sabia o nome de quem a portava.
Ele estava ali, na minha frente com um olhar nada bom para cima de mim.
Voltei para dentro do quarto.
- Você deveria estar lá embaixo. - Foi a primeira coisa que saiu da minha boca, quase num sussurro.
- Isso eu vejo depois. - Ele se aproximou me fazendo dar um passo para trás. - Tsc.
- Olha, e-eu não sabia que você era o futuro rei, me desculpa mesmo eu...- Não sabia o que falar, isso era um problema grande demais.
Ouvi seu suspiro derrotado.
- Primeiro, qual o seu nome? - Ele perguntou.
- Naruto...- Respondi tomando coragem para olhá-lo. Assim como a noite que nos vimos eu não consegui deixar de perceber a imensidão negra que eram seus olhos, mas diferente daquele dia, agora elas demonstravam um pouco de desespero.
- Naruto - Ele repetiu sorrindo um pouco de canto mas só por um breve momento antes de voltar a sua face séria. - Isso foi um erro, eu não sabia que você era um empregado do castelo se não eu nunca me envolveria. - Começou a falar enquanto passava as mãos nervosamente pelos fios negros.
- Então se eu não fosse um funcionário do castelo faria a mesma coisa?? Não tem vergonha?? - Ele me olhou confuso - Você está noivo, a princesa está toda apaixonada, que tipo de canalh.... - Me interrompi com a mão na boca, ele era quase um rei agora, eu não podia falar assim com ele, meu Deus, ele podia mandar me matarem, ele podia me matar ele mesmo....
Ele erguia uma sobrancelha pra mim.
- Me perdoe, eu não quis.... Me desculpe, ignore o que eu disse por favor - Fiz uma reverência e esperei.
- Não precisa fazer isso - Sua voz não era de alguém irritado então ergui novamente a cabeça.
- Eu... Eu...
Ele se sentou na poltrona vermelha que tinha ali no canto do quarto e colocou a cabeça em cima das mãos.
Ele parecia tão perdido quanto eu.
- Humm.... Senhor Sasuke?
Ele riu.
- Agora eu sou Senhor Sasuke? - Voltou seu olhar divertido a mim.
- Bom, o Senhor sempre foi, eu só....
- Você só...? - Ele se levantou.
- Eu só não sabia....
Ele deu um meio sorriso.
- Agora você preferia que tivéssemos nos apresentado naquele dia, não é mesmo? - Ele zombou.
Fiquei em silêncio, não sabia o que responder, não podia ser mais insolente do que já tinha sido.
Ele respirou fundo e sua face séria voltou.
- Tudo bem, chega de brincadeiras, o que você quer?
- Hmmm.... - Eu murmurei sem entender
- Dinheiro, joias, ouro? - Ele instigou.
- Não estou entendendo... está tentando me comprar?
- Estou - Ele disse simplesmente - E então??
- Não vou me vender pra ser algum tipo de amante!! - Eu me senti muito ofendido com aquilo.
- Amante?? - Ele parecia confuso.
Nós dois ficamos confusos por uns segundos e então ele riu.
Riu abertamente, como se eu tivesse contado a melhor piada do mundo.
- Você é louco.... - Eu não devia chamar futuro rei de louco mas não tinha outra explicação.
- Não sou louco, você que é ingênuo. Acha que preciso pagar se quiser algum amante? - Seu riso parou em um sorriso sarcástico.
- Eu.... Hum...
Ele se aproximou alguns passos e eu tentei me afastar alguns outros.
- Para - Ele ordenou, não estava usando sua voz de comando mas mesmo assim eu obedeci e ele chegou mais perto até ficar a centímetros de mim. - Se eu te quisesse como meu amante você seria e eu não precisaria oferecer nada mais que prazer pra você aceitar. - Sua voz era muito intensa, parecia vibrar dentro de mim, e ao mesmo tempo que eu queria fugir eu queria agarrar ele ali mesmo, seu hálito quente batendo no meu rosto, seu cheiro.... Eu queria aqueles lábios mais uma vez.
Fiquei em silêncio, com medo de relaxar meus músculos mesmo para falar e acabar cedendo ao desejo.
Seus olhos desceram aos meus lábios e eu pude sentir que ele se inclinou um pouco mais em minha direção mas deve ter sido imaginação, pois logo depois ele se afastou novamente.
- Bom, pra deixar claro, não quero comprar sexo com você quero comprar seu silêncio. - Ele voltou a falar quando se afastou o suficiente para que eu retomasse o controle do meu corpo.
- M-meu silêncio? - Eu ainda não tinha entendido.
- Sim, o que você quer pra não dizer nada a ninguém sobre o que aconteceu entre a gente? Joias? Ouro? Eu posso conseguir uma boa...
Eu arregalei os olhos extremamente ofendido ao entender o que ele estava querendo dizer, ele estava tentando me barganhar para ficar de boca fechada? Inacreditável.
- Você acha que eu sou um interesseiro? - aumentei o tom de voz, deixando claro o quão ofendido eu estava.
Ele me olhou um pouco surpreso mas logo fechou a cara.
- Eu não sei, não te conheço e não confio em você. Só quero que fique de boca fechada. - Pisquei atordoado e então ri sem humor.
- Aquele dia você não pareceu ter problemas de confiança....
Ele semicerrou os olhos mas permaneceu em silêncio.
- Olha, eu também não confio em você, mas mesmo que não viesse falar comigo eu não diria nada sobre aquilo a ninguém. Não precisa me comprar com joias. - falei ríspido. - Não vou dizer nada.
Aquilo já tinha sido demais pra mim, eu só queria ir embora mas antes que eu pudesse passar por ele, sua mão firme segurou meu pulso com uma certa força que me fez gemer de dor.
- Me solta!
- Para de escândalo. - Falou com o mesmo tom de antes. Eu me calei aos poucos sentindo ele afrouxar o aperto. - Escuta, o que aconteceu morreu naquele dia, entendeu?
Soltei um grunhido irritado e assenti com a cabeça. Agora que eu queria mesmo esquecer de tudo isso.
E então ele me soltou.
Se a intenção dele foi me machucar, conseguiu.
Fiquei em silêncio massageando meu pulso.
- Se você contar para alguém, não será apenas eu com problemas. - Me deu uma última olhada e saiu rumo às escadas.
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