Pov's Sasuke
Carreguei Naruto até o banheiro, rindo todas as vezes que ele resmungava baixinho por causa da dor em seu quadril. Pouco antes de entrarmos na banheira coloquei alguns sais de banho na água, deixando-a cheirosa e espumosa.
– Não sabia que você tinha tantos sais de banho assim. – Vi Naruto pegar mais um pequeno frasco do cestinho apoiado em seus joelhos e inspirar com cuidado.
Ele estava de costas para mim enquanto eu ensaboava todo seu corpo, algo que eu me vi gostando de fazer de repente: tocar seu corpo sem que houvesse nenhuma malícia envolvida. Poder passear com minhas mãos e sentir sua pele macia e lisa de forma afetuosa acabou se tornando um vício pra mim. Gosto de tocá-lo desse jeito, gosto ainda mais da sensação de paz que me trás ter ele em meus braços em todas essas situações que só existe nós dois.
– Caramba, olha esse que cheirinho bom! – Tive que afastar minhas mãos de suas costas quando ele se virou de abrupto colocando um dos frascos perto do meu rosto. Seu sorriso era igual ao de uma criança quando encontrava alguma coisa nova que a entretia. E no caso do loiro era os vários sais de banho que achei no armário.
– Isso é… – tentei adivinhar mas ele foi rápido demais afastando o frasco de mim e já pegando outro na mão. Tive que rir de toda sua pressa de tentar sentir o perfume de todos.
– Limão. – Constatou finalmente deixando o cestinho do lado de fora da banheira. – Se eu soubesse que você tinha todos esses sais teria me banhado com um deles mais cedo. – Puxei ele para mais perto voltando a ensaboar seu corpo enquanto admirava algumas marcas que havia deixado na sua pele.
– Pensei que você era curioso e iria descobrir cada segredo desse chalé sozinho. - Provoquei. Minhas mãos passeavam pelos seus braços, cintura, coxas, em todos os lugares enquanto o via revirar os olhos e rir.
– Não posso negar que sou curioso, mas ainda não tomei tempo para explorar todo o chalé. – Ele olhou para a porta e depois para mim – Como você veio sem que ninguém desconfiasse? – Perguntou tirando o sabonete das minhas mãos e quando abri a boca para protestar tal ato ele me interrompeu. – Acho que estou mais do que limpo agora, podemos inverter os papéis. – deu uma piscadela divertida e eu acabei por ceder a tentação de ter seus cuidados.
– Disse a Shikamaru o que aconteceu e inventamos que você estava resfriado e eu acabei pegando, por isso vamos ficar fora um pouco. – Seu suspiro de alívio me fez rir. – O que foi?
– É que eu não tinha pensado em uma desculpa plausível. – Naruto por fim riu também. – Por quanto tempo acha que podemos ficar aqui? – Sua mão deslizou da minha nuca por toda as minhas costas deliciosamente.
– Hã… – perdi o foco por alguns segundos, não tinha malícia em seu toque era apenas… carinho, um carinho gostoso. Ele estava sendo cuidadoso ao me banhar, o que chegava até a ser engraçado se eu for relembrar do Naruto de minutos atrás: ousado e totalmente sem filtro. – Podemos passar o dia aqui amanhã e partir ainda cedo depois de amanhã. Que tal? – Procurei seus olhos.
– Hã… tudo bem, acho que dá. – Concordou deixando o sabonete de lado. Naruto jogou um pouco de água nos meus ombros para tirar o sabão da região. Eu observava cada movimento seu apreciando o modo que ele o fazia, Naruto poderia ser desastrado a maior parte do tempo, mas conseguiu me encantar mesmo assim. De todas as pessoas que eu imaginei amar um dia, um loiro extrovertido, barulhento e desastrado não estava no meio dessa lista.
– O que está pensando? – Ele perguntou percebendo meu olhar. Suas mãos subiram pelo meu ombro e ele as entrelaçou envolta do meu pescoço, se acomodando no meu colo. Apoiei minhas mãos na sua cintura e aproveitei sua proximidade.
– Muitas coisas. – Sorri sugestivo e logo ri quando vi o rubor tomar conta das suas bochechas. – Sua mente nem sempre te ajuda não é mesmo? – Brinquei ganhando um olhar furioso que não me importei, puxei ele para mais perto e beijei sua bochecha vendo-o amolecer em meus braços.
– Não pode me pedir que pense em outra coisa quando estamos nus dentro de uma banheira. – Seu olhar encontrou o meu quando eu me afastei do seu rosto. – Mas sabe… eu até que gosto disso. – Um sorriso lindo perdurou em seus lábios quando ele desviou o olhar por alguns segundos.
– De estar nu na banheira comigo? Bom, me agrada também. – Brinquei e ri ao sentir seu tapa leve mas minhas costas. Naruto revirou os olhos e deixou uma risada escapar.
– Estou falando que gosto disso. – Apontou para nós dois – Sem título de criado e futuro rei nas nossas costas, sem pessoas em volta, para as quais temos que fingir. – Seu sorriso era incrivelmente belo, mas eu só consegui sentir uma pontada ruim ao escutá-lo.
Sim, eu não só gosto como amo momentos assim, onde só há nós dois juntos sem um casamento arranjado esperando o dia do meu aniversário, sem estrangeiros com intenções suspeitas, sem os problemas do reino e todos os assuntos de futuro rei, nada disso, eu prefiro mil vezes ele aqui, em meus braços sorrindo, só nós dois, e é agoniante pensar que não podemos ter isso sempre.
– Eu também gosto. – Escondi meu rosto em seu ombro enquanto escutava a sua risada. Naruto não pareceu incomodado ao dizer aquilo, embora me deixasse aliviado também me incomodava.
– Melhor a gente sair daqui, a água já está esfriando e eu não quero pegar um resfriado de verdade – Escutei ele dizer brincalhão e me afastei.
– Você está certo, eu também acho que temos algumas coisas para achar e guardar na sala. – Saímos da água e ele se enrolou na toalha ante antes de me olhar confuso. – Esqueceu que você me fez derrubar as sacolas? – relembrei fazendo-o arregalar os olhos minimamente enquanto suas bochechas ganharam cor.
Trocamos de roupa e descemos para o andar debaixo. As sacolas e tudo que eu havia trazido ainda estavam espalhadas pelo chão, recolhemos tudo que encontramos pelo caminho e fomos até a cozinha. Deixei as coisas em cima da bancada e verifiquei se não tinha nada faltando.
– Hm… acho que posso fazer uma sopa com o que temos aqui. – Escutei Naruto dizer e virei em direção a sua voz, ele tirou os olhos dos legumes ao lado da pia para me olhar – O que acha?
– Acho bom. – Sorri me aproximando – Já é noite e costuma ser frio por aqui, uma sopa seria perfeito. – Eu iria concordar com qualquer coisa que ele quisesse preparar, poderia parecer bobo mas eu estava ansioso para provar o que quer que ele fizesse.
– Tudo bem então. – Respondeu levando aqueles legumes que havia escolhido para debaixo d'água. – Hã… se quiser pode esperar na sala. – Ele levantou o olhar para me encarar novamente. – Não vai ficar pronto tão rápido assim.
– Certeza que não quer ajuda para se apoiar? Porque pelo que eu me lembre você disse que não conseguia andar. – Provoquei segurando para não rir quando ele fechou a cara. A verdade era que eu queria ficar ali mesmo.
– Há, há! Muito engraçado Sasuke. – Ele revirou os olhos e voltou sua atenção para a pia, eu ri da sua cara emburrada e me aproximei lentamente enquanto ele procurava alguma coisa nos armários.
– Posso te ajudar de verdade se quiser. – Falei mais sério embora não conseguisse tirar o sorriso dos lábios, apoiei meu rosto na curvatura do seu pescoço e inalei o cheirinho gostoso que sua pele exalava. Naruto já tinha um cheiro doce delicioso mas o banho com sais fez com que ficasse melhor ainda.
– Ah eu… – Ri abafado contra seu pescoço quando o vi ficar desconcertado, ele se arrepiou com a minha risada me divertindo mais ainda. – Um futuro rei querendo ajudar na cozinha? - Provocou.
- Sem títulos aqui, esqueceu? - Respondi beijando de leve a região que meus lábios alcançavam e pude sentir claramente pela ligação como ele ficou feliz ao ouvir isso.
- Tudo bem então, você pode me ajudar cortando as batatas. – Ele se virou pra mim e eu pude reparar no rubor das suas bochechas e no sorriso envergonhado que delineava seus lábios. – Pode ser?
– Pode. – Deixei um selinho na sua boca fazendo aquele sorriso se aumentar e me afastei satisfeito.
[...]
Não demoramos muito para terminarmos a sopa e embora eu nunca tenha tido nenhuma experiência na cozinha antes foi uma das melhores experiências que tivemos juntos, tive que me segurar para não rir de todas as vezes que me xingava por estar fazendo alguma coisa errada embora meu histórico com facas seja bom, na opinião dele não era a mesma coisa. E não é mesmo, mas foi engraçado ver sua expressão irritada toda vez que eu cortava alguma coisa errada depois de ele já ter explicado mil vezes o certo. Eu sabia como fazer e estava o irritando de propósito e ele sabia muito bem.
– Obaa-Chan e eu também temos uma lareira em casa, mas sem dúvidas não é tão luxuosa quanto essa. – Naruto comentou olhando para o fogo adornado por pedras perfeitamente polidas. – nem tão grande. – completou com uma risada melancólica.
– Sente muita saudades de lá? – Era uma pergunta totalmente idiota, mas que acabou saindo da minha boca antes que eu pudesse pensar em tal coisa. Seus olhos azuis se voltaram para mim e ele sorriu encarando a sopa.
– É, às vezes, mas sei que vou ter oportunidades para matar a saudades e também sei que a Obaa-Chan está orgulhosa por eu estar ocupando um cargo tão importante. – Ele levou uma colher cheia de sopa até a boca e eu me lembrei de comer também.
– Sabe que eu posso conseguir que você vá lá mais vezes, não sabe? – Assoprei o líquido misturado com vários legumes e finalmente comi. Não foi surpresa constatar que a sopa estava deliciosa. – É só me dizer e…
– Não precisa. – Naruto interrompeu. – Você já faz muito por mim e eu te agradeço por isso. – Seu sorriso continuou embelezando seu rosto.
Nós dois então ficamos em silêncio, cada um tomando sua sopa, não era um silêncio desconfortável, muito pelo contrário, eu conseguia senti-lo em paz através da ligação e isso aliviava a parte que me convencia de que eu havia falado algo que não deveria.
– Sabe que a marca não tem nada a ver com minhas ações em relação a você, não é? – Soltei fitando o nada. Embora a ligação seja um fator muito importante entre a gente, eu não queria que ele pensasse errado, não queria que ele se sentisse um peso que eu carregava nas minhas costas, ele não era, nunca foi nem mesmo no início daqueles dias com a marca.
Olhei para ele quando não obtive resposta alguma a não ser o silêncio e quando encontrei seu rosto pude ver através se seus olhos o choque que minha frase tinha atribuído em si. Ele passou mais alguns segundos em silêncio até que deixou sua tigela vazia em cima da mesinha de centro e veio até mim. Percebi suas intenções e também deixei minha tigela quase vazia de lado. Naruto sorriu no que eu me ajeitei no sofá para que ele se sentasse, suas costas foram parar apoiadas no meu peito, sua cabeça encostada no meu ombro esquerdo e eu só conseguia aproveitar do seu aconchego circulando minhas mãos pelo seu corpo e o prendendo contra mim. Me deixei levar pelo cheiro gostoso do seu cabelo.
– Eu sei. – foi a sua resposta, simples e perfeita.
*Dia seguinte*
Acordei com o sol iluminando meu rosto e abri os olhos devagar, levei um tempo para perceber que ainda estava na sala. A lareira já havia se apagado e o sol entrava forte pelas grandes janelas da sala atravessando o fino tecido claro das cortinas que naquele momento não servia de muita coisa. Olhei para baixo ao escutar um murmúrio sonolento e sorri ao ver que Naruto ainda estava embalado em meus braços da mesma forma que na noite passada.
Deveríamos estar na cama mas Naruto pegou no sono rápido demais ontem a noite e quando eu perguntei se ele queria subir para o quarto recebi um não quase inaudível e no instante seguinte ele já havia adormecido. Não tive coragem de levantar e atrapalhar seu sono, sem contar que estava totalmente confortável com ele em meus braços e o sofá cabia nós dois perfeitamente. Não tinha motivos para ir para a cama.
Enquanto olhava em volta me perguntando que horas seriam, deixei meus dedos trilharem desenhos aleatórios pelo seu braço. O calor dos nossos corpos colados mais o fogo da clareira foram o suficiente para substituir uma noite sem cobertor. Uma sensação de conforto preencheu meu peito quando eu me dei conta de que poderia me acostumar facilmente com uma vida assim. Não me importaria de ter empregados quando poderia ter o privilégio de cozinhar com ele, não me importaria nem um pouco de dormir em qualquer canto com ele sem precisar fingir ou esconder, tocá-lo a qualquer momento sem estarmos escondidos.
Então a sensação incrível de que poderia ser apenas nós dois sem qualquer problema foi substituída por uma realidade totalmente diferente e eu fechei os olhos frustrado. A verdade é que não podemos viver assim e esse dia pode ser considerado uma grande sorte que tivemos. Claro que Naruto terá mais cios e nossos corpos vão exigir que estejamos juntos, mas não queria ter que me esconder às pressas para passar um momento assim com ele, nem ter que esperar um cio para que houvesse essa oportunidade, eu estava ficando egoísta, mas queria aquilo pela vida toda, a todo momento.
– Sas? – Naruto chamou baixinho se movendo no sofá e eu deixei meus pensamentos de lado. Aproveitaria o dia de sorte que tínhamos.
– Pensei que fosse demorar mais para acordar. – Falei esperando ele se virar totalmente no sofá, ficamos cara a cara. Ele sorriu sonolento e eu ri baixinho de toda a sua moleza. – Você não estava assim ontem quando eu cheguei. – Provoquei sem perder a oportunidade de abraçar mais sua cintura, ainda não tinha o soltado.
– Digamos que aquele banho me deixou molenga. – Ele respondeu se espreguiçando e olhou em volta – Que horas são?
– Não acho que tenha sido o banho – Me diverti mais um pouco com a situação e Naruto revirou os olhos, mas acabou por rir também. – Eu não sei que horas são mas ainda é de manhã.
– Hm… – Ele olhou para as janelas e soltou um suspiro – Acho melhor a gente levantar. – disse se levantando.
– Não parece que você quer levantar. – deixei que ele saísse por mais que quisesse continuar deitado com ele tinha um plano em mente para o dia de hoje. – Se quiser podemos ficar deitados mais um pouco, só vamos voltar amanhã mesmo.
– Não, tudo bem. – Naruto ficou de pé e se espreguiçou mais uma vez, tal ato que fez sua blusa subir um pouquinho expondo sua barriga. Estendi o braço e o trouxe para perto do sofá novamente, não resistindo ao impulso de tê-lo por perto. Seu cheiro ainda era forte e Naruto ainda estava no cio, todo meu corpo pedia para ficar perto dele e eu não negaria algo que eu mesmo queria.
– Vamos trocar de roupa, preciso te mostrar um lugar. – Orientei antes de soltá-lo. Naruto franziu o cenho confuso por alguns alguns segundos mas resolveu me seguir para o andar de cima.
Tinha algumas roupas minhas guardadas no armário, eram roupas simples mas às quais eu me sentia confortável de usar aqui. Sempre que eu vinha no chalé era para relaxar e fugir dos compromissos da realeza, então nada mais justo do que me sentir confortável por um tempo sem ter que usar os kimonos pesados e quentes que estou habituado. Naruto foi rápido ao se vestir, continuou com a mesma blusa do dia anterior e trocou somente sua calça por uma bermuda que havia trazido e enquanto eu me vestia ele tratou de organizar suas roupas.
– Onde vamos? – Perguntou me seguindo, tínhamos descido as escadas e agora eu ia em direção a cozinha, mais especificamente para a porta dos fundos. Naruto me seguia fazendo várias e várias perguntas. – Não seria melhor a gente ficar aqui? Pessoas podem nos ver… – Disse temeroso quando saímos do chalé e por mais que tudo que houvesse na nossa frente fosse árvores e mais árvores ele não parecia tranquilo.
Esperei ele se aproximar, seus olhos azuis estavam atentos olhando em volta.
– Não se preocupe. – Acalmei-o tirando sua atenção das árvores. – Não tem ninguém nos arredores, nenhuma casa ou chalé. Meu pai e eu visitamos todos esses lugares "escondidos" pelo reino algum tempo atrás. – Expliquei e continuei a andar quando ele já estava ao meu lado me seguindo novamente. – Não se preocupe, ninguém vai nos ver. – lancei um sorriso tranquilo em sua direção e Naru pareceu pensar por alguns segundos antes de soltar um suspiro e concordar.
– Mas onde exatamente você está me levando? – Ele continuou perguntando e olhando em volta, percebi seu olhar maravilhado quando passávamos por algumas árvores diferentes, grandes e com frutos. – Aqui é lindo…
– É sim. – Sorri olhando para a floresta. – Quando eu vinha passar um tempo no chalé sozinho costumava caminhar por aqui. – Contei vendo-o olhar para mim. – Tem um campo mais a frente. – Confidenciei e vi seus olhos brilharem.
– Um campo? De flores? – Naru rapidamente olhou para frente e tomou alguns passos de distância, agora ansioso para ver.
– Agora quer se aventurar pela floresta? – Brinquei relembrando da sua hesitação em me seguir a pouco.
– Não seja chato. – Naruto voltou alguns passos e segurou minha mão. – Vamos, me mostra logo! – Puxou para que eu fosse mais rápido.
Soltei uma risada.
– Calma aí. – Pedi enquanto ele me puxava. Andamos mais um pouco, desviando de árvores grandes e gramas altas finalmente demos de cara com um pequeno rio. Rapidamente o loiro diminuiu seus passos e olhou para trás para me encarar confuso.
– Sas… – chamou incerto, seu olhar intercalando entre a água cristalina e meu rosto. – Como vamos… e o campo… – sua animação foi se esvaindo.
– O campo? – Naruto continuou me olhando quando eu me aproximei, segurei em seu quadril e o fiz olhar para frente novamente. – Está bem ali. – Apontei para depois do rio, as flores chamativas do outro lado escondidas por algumas árvores fizeram o loiro arfar.
– Mas… – Ele se virou pra mim assustado – Você quer que a gente atravesse um rio?? – perguntou finalmente entendendo.
– Isso mesmo – Respondi como se não fosse nada demais e ele ficou ainda mais incrédulo. – Vamos lá, não é tão distante assim. – O rio não era largo, a água vinha tranquila e as pedras eram altas o suficiente para subirmos – Já fiz esse trajeto várias vezes, você consegue. – puxei ele para que ficássemos mais perto da água.
– Sasuke. – Naruto congelou no lugar. – Eu pensei que fosse mais perto, sei lá. Isso não parece seguro. – Ele olhou para a água com medo.
– Vamos lá, Naru. – Puxei sua mão para que ele ficasse mais perto de mim. Podia vê-lo tremer a cada passo que dava para perto da água. – Vamos passar rápido. – tentei convencê-lo mais uma vez segurando sua mão com firmeza.
Naruto me olhou ainda inseguro e ficou um tempo encarando a água antes de dar um passo sozinho para mais perto. Sorri admirando sua coragem e fui primeiro, alcancei a pedra mais próxima e me virei pra ele, ainda a margem.
– Viu? – Mostrei estar totalmente seguro e ele balançou a cabeça rindo baixinho. Eu tinha vencido e ele sabia. – Pode vir. – estendi a mão o máximo que conseguia para perto dele. Naruto hesitou por alguns segundos mas agarrou minha mão e em um salto pequeno se juntou comigo em cima da pedra. Seus pés se juntaram rápido e ele praticamente se agarrou em mim, murmurando mil palavrões que me fizeram rir.
– Não vai acontecer nada, relaxa. – Falei e ele bufou.
– A chance de a gente escorregar é bem alta, se eu cair sou facilmente levado por essa correnteza e não quero nem imaginar o final desse rio. - Esbravejou irritado. Eu só conseguia rir de todo o seu drama enquanto ia para outra pedra mais a frente. – Isso não tem a menor graça. Se eu soubesse que teria que enfrentar a morte para vir com você eu preferia ficar no chalé. – Reclamou mais uma vez agarrando minha mão, ajudei ele mais uma vez.
– Você está sendo dramático demais, Naruto – Revirei os olhos ainda achando graça – A correnteza está tão fraca que se eu quisesse poderia ir andando até mesmo dentro desse rio. – Ousei colocar um dos pés na água e ele me puxou de volta.
– Nem brinque com isso! – Gargalhei deixando-o mais irritado ainda – Para de graça, anda logo com isso! – Ele me empurrou tentando me apressar, mas ao invés disso meu pé escorregou e eu só tive tempo de fechar os olhos antes de sentir o impacto da água fria.
– Porra, Naruto! – Forcei a ficar de pé enquanto me apoiava na pedra. A água estava gelada, muito gelada. – Mais que merda… – Voltei meu olhar ao loiro procurando sua cara de preocupação, mas na verdade Naruto estava ajoelhado na pedra na minha frente com as mãos tampando a boca. Seu olhar denunciou ele por completo. – Você tá rindo de mim! – acusei incrédulo e ele não se aguentou, Naruto começou a gargalhar alto.
– Ai… Pelos deuses… – Ele tentava se controlar. Eu o encarava ainda dentro da água com o rosto sério – Você tinha que ver sua cara, Sas! – ele secou até mesmo uma lágrima de tanto rir.
– A é? – Olhei para baixo escondendo um sorriso no rosto – Então me deixa ver a sua cara também! – não dei tempo para que ele pensasse, só vi seus olhos se arregalarem antes de puxá-lo para dentro da água junto comigo.
– SASUKE! – Naruto gritou completamente irado e foi minha vez de começar a rir.
– Você tinha que ver sua cara, Naru. – devolvi a provocação achando ainda mais engraçado quando ele me olhou mortalmente.
– Você poderia ter nos matado, sabia?! – reclamou indo em direção à margem do outro lado, mas eu o impedi, segurei sua cintura e o fiz ficar perto. Nós dois estávamos totalmente molhados e a água que antes estava tremendamente fria já começava a esquentar pra mim e eu sabia que aquilo não era um problema para o loiro já que o mesmo se sentia quente demais por conta do cio.
– Sasuke o que você… – Interrompi sua fala com um beijo, literalmente, molhado. Naruto reclamou por alguns instantes, mas quando nossas línguas se tocaram e minha mão fria tocou sua nuca fazendo-o gemer baixinho e se arrepiar pareceu que ele tinha esquecido de todos os motivos para estar bravo comigo.
– O que você ia dizendo? – Perguntei claramente o provocando, nossos lábios ainda estavam perigosamente próximos e eu fazia questão de plantar selinhos aleatórios por todo o seu rosto até lhe arrancar uma risada divertida que acabou com toda a sua pose irritada.
– Seu idiota. – Ele me beijou mais uma vez e eu sorri.
– Vem, agora eu vou te mostrar o campo de verdade. – Avisei segurando sua mão por debaixo da água e vi um sorriso enorme se formar no seu rosto antes de puxá-lo para fora da água.
Atravessamos o rio sem dificuldade dessa vez, Naruto não sentiu mais medo de atravessar pelas pedras, o que fez total sentido já que eu já havia o puxado literalmente para debaixo da água. Quando chegamos na margem do outro lado, Naruto soltou minha mão e saiu correndo em direção àquelas milhares de flores sem ligar de estar encharcado.
– Isso é lindo! – Ouvi ele dizer, naquela altura Naruto já estava agachado pertinho das flores. – Obaa-Chan iria amar esse lugar. – Sua voz saiu baixa mas por já estar agachando ao seu lado eu pude escutar.
– Sabia que você iria gostar. – Sorri levemente admirando seu olhar fascinado por todo o campo.
– Eu amei de verdade. – Admitiu, me olhando com um sorriso que eu achei lindo. Naruto mal deu tempo e já se levantou novamente.
Começamos a andar por aquele campo um do lado do outro, ou melhor, Naruto ia mais à frente passando a mão por todas as flores me dando a mais bela visão da minha vida. Seus cabelos dourados ficavam ainda mais brilhantes no sol e sua pele bronzeada se destacava entre o verde da grama e o colorido das flores.
Naruto era tremendamente lindo e vê-lo andando no meio das flores, molhado, simples e com um sorriso que contagiava qualquer um no rosto tinha se tornado a minha visão preferida.
– Sasuke, vem aqui! – Naruto me chamou totalmente animado e só aí fui perceber que tinha ficado para trás apenas para poder admirá-lo andando mais a frente.
– O que foi? – Me aproximei não entendendo toda a sua animação por causa de uma flor branca simples.
– Já ouviu falar dessa flor? – Perguntou se agachando e eu fiz o mesmo, Naruto esperou que eu respondesse enquanto tirava a blusa.
– Não eu… Naru o que está fazendo? – Perguntei realmente sem entender o que ele estava fazendo. Naruto soltou uma risada gostosa ao começar a explicar.
– Obaa-Chan me contava sobre essa flor e vi poucas no reino Hyuuga, chamam-na de flor esqueleto. – Explicou torcendo sua blusa em cima da flor, de pouco em pouco a água foi escorrendo me deixando ainda mais confuso – Em contato com a água pode ser somente alguns pingos de chuva ou até mesmo um lugar mais úmido, suas pétalas ficam transparentes como um vidro. – Assim como ele disse, quando a água de sua blusa tocou a flor, segundos depois sua cor branca foi indo embora, deixando somente o transparente.
– Mas o que… – Meus olhos se arregalaram e Naruto riu da minha surpresa – Nunca tinha ouvido falar dessa flor….
– Elas costumam ficar na sombra. – Ele disse olhando em volta – Isso explica essas árvores aqui. – Colocou a mão no tronco de madeira e se levantou com um sorriso. – Esse lugar é simplesmente incrível… eu não sabia que o reino Uchiha possuía tantos lugares escondidos assim.
– Você não viu nada ainda. – Me levantei também. Tinha tantos lugares que eu queria mostrar para ele, mas teríamos que ir de carruagem ou cavalgando se quiséssemos chegar, pelo menos, perto. – O reino Uchiha é grande demais e isso aqui não é nem um terço do que essas terras tem pra mostrar.
– Bom, vendo seu "chalé" – ele fez aspas com as mãos – Posso imaginar o tamanho do reino. – Seu tom brincalhão me fez rir. - Tenho a impressão que estou na companhia da pessoa mais rica desse mundo.
- Então, sorte a sua, porque eu sou capaz de te dar tudo o que quiser. - Pisquei e ele revirou os olhos ainda sorrindo. – O que acha que voltar agora? – Perguntei vendo-o se aproximar, apoiei minhas mãos em seu quadril quando ele já estava perto o suficiente para fazê-lo.
– Por mim tudo bem. – Seu sorriso cresceu e eu não resisti à vontade de possuir seus lábios em contato com os meus. – Sasuke. – chamou se afastando por alguns segundos do beijo.
– Hm? – murmurei traçando uma linha de beijos pelo seu maxilar até seu pescoço.
– Obrigada. – Agradeceu baixinho e eu me afastei para olhá-lo. – Obrigada por me trazer aqui, eu… – Sua hesitação me fez estreitar os olhos e por algum motivo meu coração se apertou de um modo bom que me deixou ansioso por alguma coisa que nem mesmo eu sabia explicar. – Gostei de verdade de vir aqui.
O aperto diminuiu e um sorriso leve apareceu no meu rosto quando roubei novamente um selar de seus lábios.
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