Sentimentos Adormecidos – Capítulo 10 – A Inevitável Convivência.
Naruto cumpriu sua promessa e treinou com Boruto no dia seguinte, então Sakura chegou e prepararam o jantar. Eventualmente, aquela aula de culinária passou a ser apenas uma visita de uma amiga. Naruto era um desastre na cozinha, um bagunceiro desastrado. Mas Sakura ainda o visitava, noite após noite. Cozinhava e conversava com os Uzumaki... Era mais divertido do que ficar em casa ou sair com Ino e Sai, que eram estranhos e ficavam se agarrando a todo o momento...
Imorais pervertidos...
Protestou mentalmente... Mas a verdade estava muito além disso... O casal de amigos era feliz e não tinham qualquer problema em demonstrar afeto, o que no início era estranho, mas depois tornou-se comum até para Sakura.
Com as aulas de culinária, a presença frequente de Sakura e o trabalho cansativo, mais algumas semanas passaram... Depois de dois meses e meio, Sasuke finalmente enviou um bilhete informando seus avanços quanto a Kaguya e uma pequena nota dizendo que kirigakure parecia passava por uma espécie de reforma, e que os desertores já estavam integrados a vila. Nada mais que isso!
– Mais que grande informante, Teme... Grande informante.
Resmungou guardando a nota de seu amigo e voltando a atenção para os bilhetes das demais vilas. Enquanto Naruto trabalhava sem se atentar com a hora, Sakura foi para sua casa como havia feito durante as quase três semanas anteriores. Ficou esperando pelo Uzumaki que não apareceu para o jantar.
Pensou em arranca-lo do escritório como ameaçou diversas vezes, mas no fundo sabia que Naruto estava realmente ocupado... E por mais que parecesse impaciente que fosse, entendia que a função de seu amigo, às vezes, exigia muito dele. Era um Hokage e cuidava de toda vila com excelência, por isso não reclamou. Fez o jantar para ela e Boruto e esperou que o Uzumaki voltasse.
Para distraírem-se, Sakura ligou a televisão em um canal aleatório para assistirem o campeonato de luta livre que estava sendo televisionado no país do relâmpago.
Ela adorava qualquer artigo, ou programa relacionado à luta e, aparentemente, Boruto também se empolgou com a ideia. Parecia um crítico profissional de luta, tagarelando sobre como era fácil acabar com a defesa de cada adversário e se colocava no lugar dos vencedores, dizendo que um dia seria o melhor. A kunoichi, que escutava tudo, ria da ingenuidade do garoto. Lembrou de Naruto quando criança, tagarelando sobre seu sonho de ser hokage.
Tentou explicar a ele que não era permitido qualquer tipo de jutsu nessas competições, então, Boruto protestou de maneira infantil, dizendo que se não podiam usar jutsus, o campeonato era algo inútil.
Assistiram até que o cansaço os pegasse. Adormeceram ali, no sofá, com a tv ligada.
Já beirava a madrugada quando Naruto terminou de assinar os últimos documentos que tinha para o dia seguinte e só então percebeu o quão tarde era.
– Tsk... A Sakura-chan vai me matar!
Exclamou exasperado. Pegou o jaleco e partiu desesperado pelas ruas de konoha, na esperança de que a kunoichi não estivesse muito zangada com ele.
Quando Naruto chegou em sua casa, por volta da madrugada, notou que a televisão estava ligada em um programa de luta. Olhou para o sofá e viu Sakura e Boruto adormecidos... Provavelmente estavam lhe esperando para jantar e adormeceram por ali mesmo.
Sakura estava sentada no sofá, com a cabeça apoiada no recosto do móvel e uma das mãos repousadas nos cabelos loiros do pequeno furacão... Já Boruto estava esparramado no sofá, com a cabeça apoiada no colo de Sakura. O Uzumaki dormia com a boca aberta, fazendo sua baba escorrer pelo canto da boca...
Naruto achou a cena bonita... E engraçada também.
Aproximando sem fazer muito barulho, o Hokage pegou Boruto no colo, tomando cuidado para não acordar Sakura.
– Otou-san...
Balbuciou ainda sonolento, mas não acordou completamente, estava naquele estado onde os sonhos e a realidade se misturam.
Naruto levou o filho até seu quarto e desceu novamente para a sala. Notou que Sakura havia trocado de posição e agora se encolhia no sofá dos Uzumaki. Ela parecia um anjo dormindo, muito mais serena e delicada do que quando estava gritando com ele.
Automaticamente, Naruto sentiu uma onda de calor envolver seu corpo. Prendeu a respiração momentaneamente observando a mulher deitada em seu sofá... Sempre desejou Sakura, mas agora, convivendo com ela, parecia um instinto quase incontrolável. O primeiro impulso seria de pega-la no colo e leva-la para seu quarto, sua cama... Para aliviar a tensão de seu corpo sedento e fadigado. Torna-la sua, por toda a noite, sentir o cheiro, o calor, ouvir os gemidos, a respiração pesada...
Mas Era errado... Era tão errado quere-la depois de tudo o que passaram. Além disso, Sakura nunca lhe amou e não passaria a ama-lo agora.
Você é um grande idiota.
Estava tão atordoado que conseguiu escutar os insultos de kurama, que obviamente se divertia com a falta de jeito do Uzumaki com sua companheira de equipe.
– Tsk... Raposa estúpida.
Resmungou antes de soltar a respiração lentamente e se aproximar da ninja médica com todo o cuidado para não assusta-la.
– Ei, Sakura-chan...
Ele sussurrou próximo ao rosto angelical da kunoichi que apenas murmura algo como baka, voltando ao estado de sonolência.
– Sakura-chan, acorde.
Ele tentou mais uma vez acorda-la com sussurros... Tinha medo de acorda-la e levar um soco acidental no estomago, mas não seria certo deixa-la dormir no sofá.
– Vamos Sakura-chan, acorde.
Repetiu com o mesmo cuidado das vezes anteriores, mas novamente não surtiu efeito. Em um longo suspiro cansado, decidiu que faria da mesma forma que fez com Boruto. Inclinou o corpo e tomou-a no colo, indo em direção ao segundo andar de sua casa.
– Na-ru-to...
Sakura boceja pausadamente o nome do Uzumaki ao acordar envolta nos braços do hokage.
– Que horas são?
Questionou sonolenta.
– Tarde.
Respondeu levemente constrangido.
– Você demorou.
– Eu sinto muito... Tive muito trabalho e acabei perdendo a hora.
Sakura franziu o cenho quando notou que Naruto lhe carregava para um dos cômodos da casa que não conhecia. Sentiu o corpo estremecer com o breve contato da pele dele sob a sua.
– O-o que está fazendo?
Se agitou constrangida pela situação.
– Calma Sakura-chan... Está muito tarde para voltar para casa, vou leva-la para o quarto de hospedes.
Disse tranquilamente, olhando-a profundamente, de maneira quase hipnotizante.
Sakura não voltou a protestar ou insistir em ir embora, Naruto conseguia lhe acalmar em determinados momentos, como agora, que lhe transmitia segurança... Mas às vezes ele lhe deixava curiosamente agitada.
Ainda assim, não conseguiu conter o rubor por estar entre os braços do Hokage e estava exausta para protestar... Além disso, a pele de Naruto era quente e acolhedora.
– Obrigada, Naruto.
Sussurrou quando o Uzumaki depositou-a cuidadosamente na cama.
– Boa noite, Sakura-chan.
Ele disse antes de se afastar e caminhar para o quarto ao lado, tentando descansar um pouco antes que amanhecesse.
Entretanto, Naruto não conseguiu dormir, era inevitável pensar que poucos passos lhe separavam daquela mulher linda, a mulher que desejou a vida toda... A noite do Uzumaki demorou a passar e quando os primeiros sinais da manhã chegaram, já estava acordado e pronto para trabalhar.
...
– Nossa, você está horrível!
O conselheiro disse quando encontrou Naruto. O Hokag tinha olheiras profundas, causadas pela insônia, além do semblante fechado que piorava a situação.
– Obrigado por notar.
Resmungou tentando ser irônico, mas pareceu só ranzinza.
– O que aconteceu?
– Não dormi direito, foi isso que aconteceu.
– Eu disse para não trabalhar tanto, agora está acabado e temos a formatura da academia para comparecer.
Só de pensar no barulho que aquelas crianças eufóricas fazia, sua cabeça já doía em antecipação.
Péssima noite para ter insônia... Péssima noite!
– Tsk... O trabalho não tem nada a ver com meu problema.
Deixou escapar resmungando de sua situação.
– E qual é o problema, então?
Shikamaru podia afirmar que sabia a resposta de Naruto... Problemas provinham de mulheres, então deduziu que tinham três opções cogitáveis: A primeira era relacionada à Hinata, talvez o Uzumaki sentisse saudades da esposa.
A segunda era relacionada à “seca”... Talvez o Uzumaki precisasse aliviar a tensão.
E a terceira e mais provável era...
– A Sakura-chan... Tê-la por perto me deixa confuso, me deixa agitado e me faz lembrar que eu já gostei dela.
Confessou quase em tom de lamento, mas Shikamaru apenas arqueou a sobrancelha de forma interrogativa.
– Gostou, ou gosta dela?
– Tsk... Quer me ajudar ou me confundir ainda mais?
Shikamaru inclinou os ombros indicando sua total despreocupação.
– Ajudar, é claro.
Respondeu simplesmente.
– Tsk..
– Eu nunca me importei com isso e sei que não é da minha conta, mas, por que você casou com a Hinata e não com a Sakura?
Conhecia a história superficialmente, sabia o que aconteceu na lua, mas nunca entendeu ao certo, quando o Uzumaki deixou de amar Sakura e passou a amar Hinata.
Naruto olhou para o amigo como se a resposta fosse o mais obvio possível.
– Porque a Hinata me ama! Me amava, sei lá... E a Sakura só tinha olhos para o teme.
Começou a frase em um grito e terminou em um resmungo confuso.
Shikamaru assentiu considerando a resposta do hokage. Na infância, todas as garotas eram obcecadas por Sasuke... Mas a escolha de palavras dele foi no mínimo curiosa...
Porque a Hinata me ama! E a Sakura só tinha olhos para o teme.
Isso significa que ele apenas desistiu.
Concluiu rapidamente. Nunca tinha visto Naruto desistir de absolutamente nada e não tinha se atentado que o Uzumaki fez exatamente isso ao abrir mão de sua companheira de equipe.
– Sei que é um tédio, mas talvez devesse dizer a ela antes que perca a oportunidade... E não se esqueça, ás dez eu te chamo para irmos à formatura dos novos genins.
Aconselhou sabiamente e deixou a sala assim que viu o hokage assentir.
Dizer a ela antes que perca a oportunidade..
– Como se fosse fácil...
Resmungou para si. O que diria para ela?
Ei, Sakura, acho que estou apaixonado por você... Mas pode ser só carência também, não sei dizer... Quer dormir comigo pra descobrir?
Péssima ideia, ela com toda certeza o mataria.
Suspirou cansado... Por que raios tudo era tão difícil quando se tratava dele e daquela mulher?
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