Sentimentos Adormecidos – Capítulo 13 – Sol
É impressionante como toda a motivação pode ir embora com uma simples frase... Sakura estava confiante que iria se entender com Naruto. Confiante de que ele sentia algo por ela... Confiante de que finalmente poderia ser feliz, mas bastou a frase: Hinata quer ver nosso filho, para que a confiança da kunoichi estremecesse.
O medo de que o Uzumaki ainda amasse a esposa lhe atormentou. Lhe deixou insegura e vulnerável.
Ino disse que não havia nada de assustador no que sentia, mas era assustador pensar que seus sentimentos poderiam não ser correspondidos.
– Tsk, maldita hora que eu dei ouvidos para a Ino-conselheira-sentimental.
Resmungou tentando camuflar a própria insegurança. A final, se não fosse pelos conselhos da Yamanaka, não teria dado qualquer abertura para Naruto se aproximar e consequentemente, estaria menos ferida com toda aquela situação.
Será que era egoísmo sentir-se assim? Com medo de perder quem nem lhe pertencia? Com ciúmes por alguém que nem sequer beijou?
Talvez estivesse mais envolvida do que deveria... Talvez o amor não fosse para ela.
Era difícil admitir, mas Sakura não sabia como agir em relação aos sentimentos por Naruto.
Sempre foi organizada, sempre soube exatamente o que queria... Ser uma grande kunoichi, proteger aqueles que ama e ter Sasuke, formar uma família com o Uchiha... Essas eram as ambições de Sakura desde que tornou-se genin.
Infelizmente, percebeu que existiam coisas que não dá para controlar ou planejar e os sentimentos estavam enquadrados nessa lista... Foi assim que percebeu seus sentimentos pelo melhor amigo.
Naruto era diferente de seu primeiro amor... Ele conseguia a proeza de deixa-la feliz e irritada em questão de segundos... Ele conseguia bagunçar tudo o que ela acreditava ser certo... Ele lhe olhava e ela sabia que estava protegida... Ele lhe fazia sentir-se alguém melhor, mesmo que soubesse que não era tão bondosa e incrível quanto ele a fazia parecer... Mas, mesmo que inconscientemente, ele lhe fazia se sentir insegura também, como agora, que iria ver a tão perfeita esposa.
– Shannaro, por que essas coisas são tão difíceis?
Questionou em tom de lamento, soltando um longo suspiro em seguida, os pensamentos lhe tiraram boa parte do sono então teve poucas horas para descansar.
A única notícia boa era que sua sensei voltaria por alguns dias... Mesmo que infimamente, isso lhe animava um pouco.
...
Naruto só percebeu a idiotice que fez, quando notou que Sakura não apareceu para se despedir. Ele era meio lento com assuntos do coração, meio desajeitado também, principalmente quando se tratava de Sakura... Tudo com ela parecia mais difícil, mas, por alguma razão estranha, tornava-se ainda mais prazeroso também.
Pensou em passar no hospital para se despedir, mas não tinha tempo, a viagem levaria três dias e precisava se apressar, já que seu pequeno clone parecia mais ansioso que em dias de aniversário.
Soltou um longo suspiro em resignação, decidiu que quando voltasse, falaria com ela e se desculparia devidamente pela ideia idiota de mandar-lhe um clone em seu lugar...
A antiga equipe de Hinata lhe acompanhou... Shino por opção e Kiba porque se voluntariou e o Uzumaki não lhe contestou, sabia que o Inuzuka sempre foi muito apegado a Hinata... Junto a eles estavam Shikamaru e Sai.
Ok, eram mais shinobis do que o habitual, mas não sabiam o que iriam encontrar e se prepararam para isso. Além do mais, Naruto mas sempre deu valor ao trabalho em equipe, sabia que era mais forte quando estava ao lado de seus amigos.
Como previsto, foram três dias de caminhada. Três dias escutando Boruto tagarelar sobre tudo... E três dias pensando na mulher de olhos verdes que deixou em Konoha.
Por que essa mensagem tinha que aparecer justo agora? Não podia ser daqui a um mês?
Bem, a alegria do filho acabava lhe distraindo e sabia que estava fazendo o certo.
Quando finalmente chegaram ao local combinado, parte da escolta foi verificar a área, enquanto Naruto esperava pela chegada da princesa Hyuuga. O local era aberto... Uma pequena vila perto de Suna. Pouca vegetação e muito vento.
Não demorou muito para Hinata chegar, acompanhada por um único shinobi. Se não falhava a memória do hokage, aquele era um dos conselheiros da antiga mizukage, AO, o homem misterioso que possui byakugan.
De imediato, Naruto percebeu que estava mais magra, o semblante mais sério e os cabelos maiores... Ela parecia outra pessoa.
– Essa é toda sua escolta?
Questionou surpreso e atônico.
– Vim para ver nosso filho, não para causar uma guerra!
Afirmou ligeiramente ofendida com a desconfiança do hokage.
Antes que Naruto pudesse respondê-la, Boruto correu de encontro à mãe, feliz por vê-la novamente e Hinata prontamente o pegou no colo.
– Meu pequeno herói, como você cresceu.
Disse gentilmente, desmanchando a pose de indiferença e beijando a face de Boruto que sorriu brilhantemente para a mãe... Um sorriso idêntico ao de Naruto.
– Okaa-san, quando você volta para casa?
Perguntou com o tom infantil, manhoso, sentindo falta da presença diária da mãe.
Aquela mentira era constrangedora para os dois e não conseguiram evitar o olhar de apreensão, mas não desejavam contar a verdade para o filho e ver a decepção em seus olhos.
– Quando minha missão terminar.
Respondeu beijando-lhe a bochecha e arrancando um novo sorriso do pequeno Uzumaki.
– Falta muito para sua missão terminar?
– Infelizmente sim, filho. Falta muito para terminarmos nossa missão... Mas não vamos falar sobre isso agora, não quer aproveitar nosso dia juntos?
Claro que Boruto queria... Ele adorava brincar com a mãe e estava louco de saudades. Assentiu e perguntou se Naruto iria com eles, mas o Uzumaki alegou que precisava cuidar de alguns assuntos. E de fato precisava, ele ainda tinha uma equipe para liderar e outros assuntos que levou consigo para a viagem. Claro, não ficou longe o suficiente para perdê-los de vista, mas a uma distancia considerável para deixa-los curtir o raro momento a sós.
Boruto não ligou para a desfeita do pai, estava tão eufórico que praticamente esqueceu que Naruto existia. Foram horas vendo-os correr de um lado para o outro, treinarem taijutsu no estilo Hyuuga e contar histórias sobre suas novas aventuras em Kiri, deixando o pequeno Uzumaki, completamente fascinado. Aparentemente, Hanabi tornou-se a nova líder do clã e Hinata sua conselheira.
Em determinados momentos, Akamaru desobedecia Kiba e se aproximava da Hyuuga que como sempre lhe mimava. Não conseguia mentir, ela sentia falta de sua equipe, sentia falta de sua família, mas sabia das consequências que sua decisão traria e por isso, decidiu apenas a cumprimenta-los cordialmente, sem insistir que de alguma forma lhes perdoasse.
Boruto contou sobre tudo o que tinha aprendido no tempo longe da mãe e consequentemente, falou sobre a presença de Sakura em sua vida e na de Naruto. Hinata tentou esconder o leve desconforto com a informação e a animação do filho ao falar sobre sua “Rival no amor”... Perdeu Naruto e não tinha o direito de sentir ciúmes, mas não conseguia sentir-se feliz em saber que o Uzumaki estava tão perto da paixão de infância.
...
No fim do dia, quando estavam prestes a voltar, Naruto entregou alguns papéis para Hinata. Era sua parte na anulação... A Hyuuga simplesmente assentiu e silenciosamente acetou os papéis.
– Ainda não me perdoou?
Ela quase sussurrou, temendo que o filho ouvisse, mas Naruto parecia inexpressivo.
– O que vocês fizeram foi errado e eu não esperava isso justo de você.
Respondeu de maneira incisiva vendo a Hyuuga assentir, acreditando que a conversa tinha terminado... Entretanto foi novamente surpreendida pela voz do Uzumaki.
– Mas eu não tenho qualquer tipo de rancor por vocês... Não os entendo, mas desejo que seja feliz com sua decisão!
Afirmou simplesmente, espantando a ex-esposa.
– E-eu... Eu também desejo que seja feliz, Naruto.
Sussurrou levemente envergonhada. Em partes estava sendo sincera, desejava que o hokage fosse feliz, porque se existe alguém que mereça a felicidade, esse alguém é Uzumaki Naruto.
– Obrigada por cuidar do nosso filho, apesar de tudo, ele parece muito bem.
Emendou observando o filho de quatro anos brincando com um Akamaru esgotado.
Aquele não era um mérito exclusivo do Uzumaki, as circunstancias lhe obrigaram a ser um pai mais presente... E Sakura tem sido de grande ajuda também, sem ela, Naruto ainda estaria cozinhando ramens de almoço, café e jantar para o filho... Contudo, limitou-se a assentir e se despedir brevemente da Hyuuga.
Viu quando ela hesitou, mas se aproximou de Kiba e o abraçou, viu quando ela recebeu um quase imperceptível sorriso de misericórdia de Shino e então, seguiram para lados opostos.
Na volta, quando firmaram acampamento antes de dormir, Naruto pensou em seu dia... Estava aliviado pelo encontro ter sido de maneira tranquila... Estava feliz por ter selado a paz com a ex-esposa. Uma pequena parte de si temia que ela resistisse ou que lhe implorasse para voltar.
Claro, Naruto não tinha qualquer dúvida em relação a seus sentimentos. Era ela... Sempre foi Sakura... Sempre seria Sakura... Independente de quantos anos passassem, independente de quantas mulheres ocupassem sua vida, ainda seria na Haruno que estaria pensando. Ela era a dona de seu coração e nada, nunca, conseguiu mudar isso.
Queria voltar para Konoha e lhe dizer exatamente isso. Que lhe amava. Não era paixão, não era desejo e sim amor.
Sorriu da própria idiotice ao pensar que estava apenas interessado sexualmente na rosada... Ele a queria sim! Mas queria porque seus sentimentos eram maiores que o céu.
Imediatamente voltou sua atenção para o céu... Fazia uma bela noite de lua cheia com poucas estrelas e uma brisa gostosa no ar, mas Naruto só conseguia pensar que:
A lua é realmente linda, mas sempre preferi o sol!
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