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História Servidão e Liberdade (Malec) - Capítulo 22 - História escrita por Thalia_Miranda - Spirit Fanfics e Histórias
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História Servidão e Liberdade (Malec) - Capítulo 22


Escrita por: Thalia_Miranda

Notas do Autor


Feliz ano novo e bom dia <3

Esse capítulo tem narrativas do ponto de vista de vários personagens! Eu sinalizei a vez da cada um, e eu não costumo dividir o capítulo em muitos pontos de vista, porque acho que fica poluído, mas aqui foi necessário e eu espero que não fique confuso ou cansativo.
Boa leitura!

Capítulo 22 - Capítulo 22


Alexander Gideon Lightwood

 

O céu já estava rubro, o sol baixando no horizonte, a noite se abatendo sobre a terra, quente e úmida, cheia de barulhos típicos da noite (o coaxar de sapos, o cricrilar de grilos) quando Alexander Gideon Lightwood terminou a inspeção nos celeiros da recém reconstruída vila e se dirigiu para a Casa Lightwood.

Um ano havia se passado dos fatídicos acontecimentos  que culminaram em sua retirada do posto de Curador e recolocaram seu pai no poder daquele condado. Se ele tinha pensado que aquele dia, vendo a aldeia se desfazer em cinzas, tinha sido o pior de sua vida até então, nada se comparava ao que acontecia agora. O inferno realmente existia, e era na terra, perpetuado por humanos.

Quando perceberam que Magnus não estava mais na cela, os guardas ficaram lívidos de pavor. Houve um silêncio espectral, onde ninguém teve coragem de mencionar uma palavra, e logo após, uma profusão de justificativas, e Alec sabia que eles não tinham a menor ideia de como o feiticeiro fugira, mas mesmo assim, seu pai, Robert, ordenou o castigo com chicotadas para os dois. Foi uma cena horrível de presenciar, e as pessoas ficaram revoltadas pela injustiça, mas Robert não era do tipo que tem compaixão. O próprio Alexander sabia que só não fora, ele mesmo, punido daquela forma, porque o pai queria manter o status de família perfeita.

Alec não teve um dia de paz desde então. A descoberta da fuga do submundano, com a descrença total dos aldeões, as constantes humilhações que sofria, tudo isso era nada, diante do vazio que lhe tomava a alma. Trabalhava de sol a sol, lutando para reconstruir o que tinham perdido, e não respondia a nenhum dos insultos que seus pais, ou até mesmo os aldeões, lhe dirigiam. Uma vez, uma criança que não devia ter ainda quatro anos de idade, tinha lhe jogado pedra e carvão. A mãe da criança não se importou em repreender. Ao contrário, riu. Alec teria rido também, não fosse sua total indiferença quanto à forma como era tratado. Tinha falhado miseravelmente em tudo que se propusera a fazer, e isso era o resultado de seu governo desastroso sobre o condado.

Trabalhando de sol a sol, ainda não conseguia dormir durante a noite, sendo constantemente despertado por pesadelos que se alternavam entre imagens de Magnus Bane rindo sarcástico de sua situação, e imagens da vila se desfazendo em fogo. Acordava ofegante, e muitas vezes, quando dava por si, já estava de pé, à porta do quarto, correndo para apagar o fogo.

As vezes, quando tudo parecia que ia desabar mais uma vez, ele se via correndo, como um covarde, para a casa de Lydia. Ela, a principio, o recebera esperançosa. Mas ele só queria dormir, sem ser incomodado, então, aos poucos ela parou de tentar se esforçar para seduzi-lo. E Alec não era cego, percebia os olhares entre ela e o criado, olhares cheios de… algo que ele reconhecia… mas não se importava. Não valia a pena. Não era nada demais. Realmente, era uma preocupação sem fundamento.

Não sentia fome e só engolia algo quando Izzy o forçava a comer. Na verdade, o mundo lhe parecia inteiramente preto e branco, e todas as coisas não tinham o menor sentido. Comer era apenas um desperdício de alimento, dormir era um desperdício de tempo, e (pensava com seus botões) sua vida era um desperdício de espaço. Tudo era desperdício. Nada era necessário. Sabia que ainda estava vivo apenas pelo fato de que precisava consertar todas as coisas erradas que tinha feito.

Em primeiro lugar, tinham reconstruído a vila. Foram meses de trabalho intenso, sob chuva e sob sol, onde ninguém parou até que todos tivessem onde morar novamente. Depois disso, passaram à reconstrução do depósito de alimentos.

Tinha conseguido, hoje, terminar de contar os fardos de alimentos colhidos no fim da colheita. O depósito, reconstruído, era mais seguro e maior que o anterior. Junto aos aldeões, Alec tinha trabalhado ali todos os dias, de domingo a domingo, até que estivesse pronto. Entre os homens que ali trabalhavam, sentia que alguns não o odiavam. De fato, até o respeitavam. Mas não se importava. Não era algo bom. Não merecia respeito do povo que ele mesmo tinha desabrigado, de forma indireta, ao confiar a Magnus a segurança da aldeia.

Após a reconstrução do depósito, a última coisa que precisava consertar era: a falta de punição de Magnus Bane. Não tinham tido nenhum sinal sobre ele, apesar das buscas incessantes e as feiticeiras Catarina e Dorothea tinham trabalhado incansavelmente nisso, mas não tinham descoberto nada. As pessoas, por fim, desistiram de tentar encontrar Magnus Bane. Mas Alec sabia que ele estava vivo. E o encontraria, mais cedo ou mais tarde, e o faria pagar por todos os males que cometera. Só após isso poderia descansar em paz.

Ao entrar no átrio da Casa, escutou os pais, Izzy e Max comendo na Sala de Jantar. Sentiu o olhar do vampiro sobre si e o encarou de volta. Eles tinham ficado por vários dias sem saber o que fazer com o vampiro Diurno, e matá-lo não era uma boa opção, tendo em vista que ele era o único Diurno que se tinha notícia. Então, Iza se encarregou de transformá-lo no novo “segurança” da casa.

O vampiro ficou então,  vigiando tudo e todos, subjugado por feitiços, incapaz de cometer mal a qualquer pessoa da casa, de forma direta ou indireta. E agora estava lá, no topo das escadas, encarando a Alec. Isso era uma coisa já costumeira, então Alec apenas desviou o olhar e subiu para seu quarto. Podia sentir o vampiro encarando-o e sabia que a culpada disso era Izzy. Izzy se preocupava em cuidar dele. Alec agradecia, mas era um serviço inútil. Não precisava ser cuidado. E sobre Max… seu coração doía um pouco quando pensava no dia exato em que sua mãe impediu que Max brincasse com ele, mas provavelmente era melhor que Max não tivesse essa influência de uma pessoa tão decadente.

Por dois segundo pensou se deveria tomar banho ou não. Optando pelo sim, enfiou-se rápido na banheira, tentando ignorar o fato de que era a mesma água do dia anterior e lavou-se rapidamente. Após o banho, caminhou até a cama e se jogou nela, sendo imediatamente vencido pelo cansaço.

- Meu senhor - a imagem de Bane flutuou sobre ele, quase imediatamente após cair no sono - Parece tão cansado.

A imagem do outro não era nítida, mas a voz era clara, e Alec sentiu os membros do seu corpo relaxarem com a voz do feiticeiro. Bane sorriu para ele e se ajoelhou as seus pés, as mãos sinuosas subindo pelas suas coxas e a boca formando um perfeito O para recebê-lo por inteiro e então labaredas de fogo o envolveram e ele abriu a boca em um grito silencioso e perturbador..

 

Alec acordou assustado. Estava sentado na cama, o coração batendo fortemente contra as costelas, e o membro ereto, pela lembrança de Bane se ajoelhando para ele. Tinha tido incontáveis sonhos como esse, durante o ano… E sempre acordava excitado e assustado. Para punir-se, nunca se satisfazia, e não seria desta vez que faria isso.

Voltou a estender-se na cama, enquanto sua mente se enchia das memórias vividas com Bane. Odiava as noites por isso. Não tinha com o que ocupar a mente e então, as recordações de tudo lhe vinham à tona. E ele não podia controlar isso. Nunca se tocava, mas as vezes, nos sonhos Bane o incitava e ele explodia de prazer antes que pudesse acordar.

Apesar de muito cansado, já não conseguiria dormir, então deixou que as memórias o invadissem e deteve-se a relembrar cada mínimo detalhe de cada momento que conseguia relembrar.

 

 

 

Isabelle Sophia Lightwood

 

A Caçadora de Sombras entrou no quarto do irmão, acompanhada de perto pelo vampiro. Conforme o que ela pensava, Alec já estava deitado, vestindo apenas uma calça de algodão surrada, os olhos fechados, respirando profundamente. Ela recuou tentando ser silenciosa, mas Alec abriu os olhos e a encarou, sem surpresa alguma no olhar.

- Pensei que estivesse dormindo - ela disse e Alec deu de ombros.

Em algum lugar no passado, Alec tivera um corpo forte e atlético, mas agora estava magro e surrado, a pele bronzeada da jornada sol a sol que fazia, e os olhos vazios e rasos como poças de água. Um dia eles tinham sido azuis vivos, cintilantes e profundos. E hoje, ela não conseguia enxergar o irmão naquele olhar.

- Você precisa se alimentar - ela disse, pela milésima vez - Ou vai morrer.

Ela não sabia porque continuava dizendo isto, visto que o único desejo real de Alec era mesmo morrer. Mas ela estava cada vez mais preocupada porque era sua irmã. Alec estava definhando. Ele morreria de tristeza mais cedo ou mais tarde.

- O que ele está fazendo aqui? - Alec encarou o vampiro
- Eu não sei - Izzy deu de ombros - Ele me segue a qualquer lugar que eu vá.
- É um honra, senhorita - Simon disse, a voz séria e o olhar irônico.
- Alec - Izzy voltou a encará-lo - Você não pode estar assim o tempo todo. Por favor, essa tristeza vai matá-lo.
- Eu não estou triste - Alec retrucou - Eu estou… nada.
- Sei - Izzy encarou os olhos mais tristes que já vira na vida - Estamos pensando em caçar amanhã, venha conosco.
- Nós?
- Eu, Jace e o vampiro…
- Simon - o vampiro corrigiu, mas ninguém se importava.
- Não, obrigado - Alec retrucou - Estarei ocupado.
- O que você vai fazer?
- Hm …. - ela observou o irmão elaborando uma desculpa - Combinei de ver Lydia.
- Okay, se mudar de idéia nos encontre no pátio amanhã ao pôr do sol- Izzy olhou ao redor - Aqui está fedendo, vou ordenar que as criadas limpem.
- Okay - Alec deu de ombros.
- Eu te amo - Izzy disse, baixinho, mas sabia que Alec podia ouvir, porque ele a encarou de volta, sorrindo minimamente com a boca, enquanto os olhos ainda estavam vazios e inexpressivos.

 

Ao sair do quarto, Izzy sentiu seu rosto desmoronar. Não sabia mais o que fazer para ajudar Alec. O irmão sempre fora solitário e triste. Durante o período em que fora Curador, entretanto, as coisas tinham mudado. Ainda continuava arredio, mas não parecia mais solitário e triste. Estava fazendo o que amava e Izzy suspeitava que Magnus Bane tinha um papel essencial na alegria de Alec. E não era uma alegria explosiva. Era silenciosa e calma, mas que abraçava a quem estivesse ao redor.

E de repente, tudo que demorou anos para construir, tinha sido abruptamente retirado de suas mãos. Agora, Alec voltara a ser solitário e pior do que triste, era desesperançado. Continuava sendo a pessoa mais forte que ela conhecia. Acordava cedo e fazia tudo o que tinha que fazer, andava com a cabeça erguida, com o mesmo porte senhoril. Mas era apenas isso. Uma armadura andando por aí, decadente, prestes a cair derrotada.

- Ele está piorando - o vampiro disse.
- Não me lembro de ter pedido a sua opinião - Izzy grunhiu e entrou em seus aposentos. Sentiu o vampiro entrando também, e tentou ignorar todos os sentimentos confusos que tinha quando este ser estranho estava por perto.
- Me perdoe pela intromissão, senhorita - Simon disse e ela se virou para mandá-lo embora, mas ele estava encarando-a com os profundos olhos castanhos.
- O que está fazendo? - ela perguntou, após dois segundos de silêncio.
- O que você está fazendo? - Simon devolveu a pergunta, em um sussurro. Izzy não se sentia confortável perto dele, mas ainda assim, queria a sua presença o tempo todo.

Eles se olharam por um tempo insuportavelmente longo, Izzy se recusando a afastar o olhar, e então, o vampiro olhou para seus lábios, e ela sentiu o corpo esquentar. Desde a primeira vez que estivera frente a esse submundano ela se sentia impelida a fazer coisas que não eram apropriadas a uma dama.

Sabia que sua decisão de torná-lo um serviçal era mais influenciada por outras razões do que pela real necessidade de ter um serviçal. E Simon conversava muito com as pessoas e era impertinente as vezes, mas perto dela sempre se comportava como um total mistério. Izzy sabia o que ele queria. E queria permitir. Queria muito permitir. 

- Nós dois queremos - Simon disse, ainda em um sussurro e muito perto, agora.
- Como sabe? - ela piscou, confusa - Como pode saber o que estou pensando?
- Eu só … percebo - e ele encostou os dedos frios em seu queixo, enviando correntes elétricas pelo seu corpo.
- Se afaste - Izzy ordenou e ele obedeceu no mesmo instante, se colocando a uma distancia segura. Mas não desviou o olhar.
- Eu não vou te machucar - ele sorriu minimamente, e não era uma tentativa de negociação, era uma promessa. Izzy sabia disso. Aconteceria mais cedo ou mais tarde.
- Não mesmo, porque não vai acontecer - Izzy sacudiu a cabeça. Ainda estavam falando aos sussurros, e ela não sabia porquê.
- Se você diz - seus olhos eram um poço de mistérios e Izzy tentou não olhar para a boca incrivelmente vermelha, os dentes brancos e convidativos.
- Você matou crianças para se alimentar - Izzy deu três passos para trás, quebrando a aura de encantamento que os envolvia e ele apenas sacudiu a cabeça e saiu, caminhando pelo corredor, tranquilamente, como se não tivesse acabado de tentar convencer Izzy a deixá-lo provar de seu sangue.

 

 A noite estava alta e Izzy acordou com um barulho baixo e pesado próximo à sua cama. Sentou-se, puxando a adaga de sob o travesseiro.

- Sou eu - o vampiro lhe sorriu das sombras.
- Claro que é - ela bufou, exasperada - Saia do meu quarto.
- Você já me convidou a entrar - ele disse, e se sentou na cama, tão próximo que ela se afastou um pouco, receosa.
- E posso convencê-lo a sair. - ela brandiu a adaga brilhante para ele.
- Com certeza pode - e não havia ironia em sua voz - Só acho que deveria explicar algumas coisas…
- A essa hora? - não havia nenhuma vela acesa, mas a luz da lua cheia clareava o cômodo.
- Durante o dia você está muito ocupada.
- Agora também estou Simon, preciso dormir.
- Você me chamou pelo meu nome.
- Deve ser porque é … seu nome - Izzy se maldisse internamente pelo deslize, mas sacudiu os ombros como se chamar o vampiro pelo nome não fosse grande coisa.
- É meu nome sim, Isabelle - ela tentou reprimir a onda de excitação que a atingiu quando ele pronunciou seu nome como se fosse um pecado sendo cometido. - Gostaria muito que continuasse a me chamar assim.
- Diga a que veio vampiro - ela suspirou.
- Permita-me - ele estendeu a mão e ela o encarou, desconfiada. - Toque minha mão. Não vai te machucar. Eu nunca vou te machucar Isabelle.
- Eu não tenho medo de você, vampiro - ela tinha. Nunca tinha se sentido tão impotente quanto no dia na caverna, sob o poder ilusório dele. Mas não queria e não iria demonstrar fraqueza, então estendeu a mão e tocou a dele, sendo imediatamente invadida por um milhão de sensações.

 

 Primeiramente, era muito frio. A mão dele era enorme, se comparada à sua. Depois, todas as suas células reagiram furiosamente ao toque, eriçando sua pele em milhões de arrepios. Isso era tão íntimo que Isabelle sabia que era uma pecadora. E por fim, Simon usou sua mão como suporte para chegar muito perto. Ela podia ver o mamilo escuro dele, por entre a abertura dos botões da camisa fina de cambraia, despontando na pele extremamente branca como um pingo de chocolate em leite branco. Ela podia sentir seu cheiro inquietante. Ela podia sentir a respiração dele no dorso de sua mão.

- Pronta? - ele tinha a voz aveludada, ela reparou. E não estava pronta, mas não podia dizer isso a ele, então assentiu com a cabeça e ele apertou a sua mão, com uma expressão concentrada.

 

Não acho isso certo.
- Então não faça - Camille estava à sua direita, inquietantemente linda, com um bebê no colo, que estava encarando-a, encantado - Mas não pense que pode impedir qualquer um de nós de fazer.

 

 

Estava andando pelo chão terroso e molhado da caverna, pisando cuidadosamente para não escorregar, embora soubesse que caso isso acontecesse, ele não cairia. Estava sentindo o cheiro absurdamente maravilhoso de sangue humano. Era o melhor, com certeza. Virou para entrar no nicho de onde o cheiro saía e estacou, horrorizado. Camille e Raphael estavam se alimentando de uma criança humana, que agonizava lentamente. Simon estava ainda mais horrorizado com seu próprio desejo de se juntar a eles.

 

 

Abriu os olhos minimamente ao ouvir barulho de passos. Estava sozinho na toca. Era noite e os outros tinham saído para caçar. E humanos estavam entrando. Um rapaz alto, de cabelos negros revoltos e olhos azuis atentos, com o arco em punho,  entrou no recinto, sendo acompanhado de uma moça de longos cabelos pretos  e penetrantes olhos castanho escuro, que trazia duas adagas nas mãos. . Simon ainda não tinha visto uma moça usando calças e isso marcava o corpo dela com tanta precisão que o encheu de luxúria. E então, o cheiro do sangue deles o atingiu por completo. Precisava fazer algo. Se concentrou e observou enquanto o encantamento os alcançava e eles desaceleravam. Podia descer agora e beber todo o sangue que quisesse. Mas não achava que se sentiria melhor bebendo o sangue de uma moça. Ainda mais ela sendo uma Caçadora de Sombras. Supostamente não deveria mexer com ela.

 

 

Izzy puxou a mão com força, vendo o mundo sacudir ao seu redor, enquanto eram arrancados dos pensamentos de Simon.

- Vá embora agora - tremia em fúria e coisas que não conseguia identificar.
- Isabelle? - ele a encarou, parecendo aflito e atormentado.
- Agora.

 

E ele desapareceu na escuridão.

 

Isabelle caiu na cama, tremendo levemente. Ver as coisas da perspectiva de Simon era atordoante. E a forma como pode sentir o que ele sentiu quando lhe viu pela primeira vez! Era um desejo tão primitivo e assustador que quebrou todas as suas certezas. Claro que podia ser uma manipulação da realidade, mas ela queria acreditar e isso lhe assustava. Respirou profundamente. Depois levantou de um salto, ativando a runa de visão e olhou pelo quarto. Ele realmente não estava mais lá. Bloqueou a porta e as janelas. Podia dizer ao mundo que estava com medo de Simon, mas sabia que no fundo, estava com medo de si mesma.

 

2 semanas depois

 

Lydia Branwell

 

- Isso está muito errado.
- É a coisa mais certa que tenho feito na vida - John se apoiou nos cotovelos e olhou para Lydia.

Estavam deitados na cama de dossel,  os corpos nus e suados, o brilho prateado da lua cheia entrando pela janela e iluminando o ambiente.

- Ainda assim, Alexander está pagando muito caro minhas despesas aqui.
- Ele nem olha para você quando vem aqui - John sacudiu os cabelos negros que tinham crescido muito nos últimos meses.

Ele parecia um indígena quando deixava as madeixas crescerem,e Lydia amava isso nele. De fato,começara como uma brincadeira inconsequente e hoje amava desesperadamente cada mínimo gesto, cada traço daquele rosto agora tão conhecido.

- Eu sei, e agora prefiro assim - Lydia esticou os dedos e traçou o formato do nariz de seu amante, amigo, namorado - Mas vivo há um ano em agonia. Quando Magnus se foi, parei de receber e tomar a poção…
- Você não vai engravidar - John lhe beijou a face, com ternura - Eu estou tomando cuidado.
- Como? - Lydia franziu a testa, curiosa.
- Ah, eu saio de você antes de…- John levantou as sobrancelhas.
-Antes de?
- Bom - o rapaz coçou a cabeça - Eu nem sei dizer bem…
- Estou curiosa.
- É, bom - John se virou e deitou a seu lado, olhando para o teto - Sabe quando, no final, eu fico…
- Muito feliz? - Lydia amava o rosto dele nesse momento, quando ele gemia seu nome e parecia em êxtase.
- Extremamente feliz - John apertou sua mão,carinhosamente - Sim, nesse momento já não estou dentro de você, percebe?
- Sim - Lydia estava ruborizada. Ainda se sentia envergonhada de conversar sobre isso. Estar totalmente nua frente a ele era um grande avanço, falar dessas coisas era um passo além.
- Pois bem -John pigarreou - Nesse momento,sai de mim algo que faz os bebês.
- Tipo o quê? - Lydia se virou e olhou para ele,atenta.
- Aquele…. aquela coisa branca…
- Os bebês são feitos daquilo?

Lydia estava boquiaberta. John se ergueu e beijou seus lábios.

- Sua inocência é encantadora - ele disse e a abraçou. Lydia amava a sensação dos seus seios nus encostando no peitoral definido do namorado.
- Eu morreria sem saber, se você não tivesse me dito.
- Sim - o rapaz riu - Se eu continuasse dentro de você nesse momento, esse líquido ia subir até sua barriga e fazer o bebê.
- Ah - Lydia estava surpresa - Ninguém nunca me disse isso.
- As moças não deveriam saber isso antes de se casarem, suponho - John a apertou um pouco e beijou sua testa.
- Porque não? Somos nós que engravidamos, deveríamos sim, saber.
- Eu não sei meu amor.Também não acho que deveria ser um segredo, mas tem sido assim desde sempre. 

 

Lydia se aconchegou mais a ele. O cheiro selvagem, cheiro de natureza, era uma das coisas que ela adorava nele. E o seu jeito protetor, carinhoso… Ele caiu no sono, ressonando profundamente, mas Lydia não conseguiu dormir. Estava preocupada. Suas regras ainda não tinha descido. E se John estivesse errado? E se os bebês pudessem sim, serem gerados,mesmo com essa precaução que ele estava tomando?

Engravidar de John não era uma boa ideia. Em primeiro lugar, porque ela nunca tinha se deitado com Alexander. E mesmo se tivesse, John tinha a pele escura. Havia uma grande probabilidade do bebê nascer com essa cor de chocolate ao leite, e bom, o mundo saberia que aquele bebê não era, de forma alguma, um bastardo Lightwood.

Ao mesmo tempo, queria desesperadamente construir algo permanente com John. E o que era mais permanente do que um bebê? Já tinha considerado fugir com ele e montar uma família. Mas ele ainda não tinha aceitado a ideia porque tinham pouco dinheiro e nenhum lugar para ir. “Vamos juntar mais dinheiro” ele dissera, e até hoje ainda não tinham dinheiro suficiente. Ás vezes Lydia tinha medo de estar sendo enganada por John. Mas na maior parte das vezes, confiava integralmente nele. Como agora, quando estavam deitados, dormindo nus e juntos. Como não poderia confiar a ele sua vida? John era o seu mundo agora. E seu amor era maior que seu medo.

 

 

Catarina Loss

 

            A liberdade é  muito valorizada por todos, mas plenamente vivida por poucos. Cat sabia disso e sabia que era a hora de partir. Não possuia mais nenhum vínculo com o seu antigo senhorio. Meses de preparação e rituais cuidadosos, planejamento acertado e muita força de vontade eram os responsáveis por tudo ter dado certo,e os Caçadores não desconfiaram do processo. Na verdade, ela poderia ter partido antes se quisesse. Mas com a fuga de Bane, a vigilância sobre todos os escravos submundanos tinha se acirrado.          

            Na Casa Wayland, eles a tinham proibido de sair para tarefas simples e ela tinha basicamente passado a ser uma escrava apenas doméstica e de segurança. O dia estava por amanhecer agora, e ela estava experimentando a inebriante sensação de não ser presa a ninguém. Isso era tão absurdamente libertador que deixava suas pernas trêmulas de medo. 

 Mas ainda precisava terminar o que tinha se proposto a fazer. Não podia ir embora antes de cumprir a promessa que fizera a Magnus. E pensar nele, e no seu absoluto silêncio e sumiço lhe dava arrepios. Onde ele estava? Porque tinha sumido tão completamente? Um ano tinha se passado e nos primeiros meses ela não tinha recebido nenhuma notícia. E também não se preocupou. Era esperado que ele desaparecesse do mapa.

Mas bom, um ano era demais. Isso somado ao fato de que ela não sabia como ele tinha conseguido escapar.  Ela tinha tido por certo de que veria seu melhor amigo morrer queimado, sem poder fazer nada. E de repente, Jonathan e Gideon tinham aparecido na entrada do túnel, Jonathan branco como cera, Mr. Gideon com o cenho franzido, e atrás deles, apenas os dois guardas.

 Depois disso, tudo tinha virado um pandemônio. Mr. Robert Lightwood ficou ensandecido de raiva e ordenou que os guardas recebessem 50 chicotadas cada pela fuga do feiticeiro. Os moradores se revoltaram com a injustiça e abandonaram o local, mas os gritos deles podiam ser ouvidos a quilômetros de distância.

Foram dias sombrios, com todos os senhores de feiticeiros arrochando a vigilância. Muitos submundanos foram ainda mais oprimidos e deu início uma caçada implacável que piorou quando Magnus não foi encontrado em lugar nenhum. Cat olhou para sua mão, onde a cicatriz do canivete de Mr. Jonathan ainda permanecia lívida e aparente. Ela e Dorothea foram submetidas a interrogatórios cruéis e desumanos. Só quando ela desfaleceu foi que se convenceram de que ela não sabia de nada. Dot estava com uma cicatriz permanente no rosto. Isso era o que Magnus tinha proporcionado com sua fuga.

 Mas Magnus tinha lhe salvado de uma fogueira. Parecia justo que ela tivesse tido sua unha arrancada por causa dele. Mesmo que ela soubesse onde ele estava, repetiu para si mesma, nunca diria nada. Nunca. Porque é isso que amigos fazem. Protegem-se.

            Isso entretanto, não mudava o fato de que estava muito preocupada e com muita raiva do sumiço completo dele.Ninguém sabia de notícias dele.  Nem Ragnor. O desaparecimento dele estava atrapalhando seus planos de ir embora. Ela olhou para o céu estrelado, e se perguntou pela milésima vez: Onde estava Magnus Bane?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Where's Magnus Bane?


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