Bru: Harry, não! Você não vai morrer! Para com isso! -falei um pouco desesperada.
Harry: você não sabe!
Bru: sim, Harry, eu sei
Harry: eu não vejo uma saída
Bru: porque não quer
Harry: não quero? -falou nervoso- você acha que eu gosto de estar com leucemia? Acha que gosto de fazer tratamento de 15 em 15 dias e torcer pra que não tenha alteração no meus exames? Você acha mesmo que eu gosto de sentir aquelas drogas entrando em mim? Acha que eu acho divertido o fato de que meu cabelo está caindo, minha voz sumindo aos poucos, meu apetite acabando e a insônia cada vez mais constante? Acha mesmo, Bruna? Você não sabe nada! Você não está na minha pele, você não sabe o que está acontecendo comigo e o quão difícil está ficando tudo isso!
Bru: sabe, Harry? Eu não estou achando mais nada -meus olhos estavam a ponto de soltar as lágrimas presas- eu cansei de lutar sendo que quem tem que lutar é você. -peguei um vestido- e quer saber mais? Se você morrer, a culpa não vai ser minha, nem sua, nem da doença. A culpa vai todinha pra sua mãe, ela só pensa em uma coisa: dinheiro. Ela não ama ninguém e nem a si mesma. E sabe qual é o grande problema nisso? -ele me olhava- você acreditar que existe um coração em uma mulher de lata -falei e sai de lá. Fui direto pra um banheiro do fim do corredor do segundo andar. Eu entrei no mesmo é tranquei a porta chorando.
Que ódio daquela mulher. Que vontade de ir lá e dizer o quão lixo tóxico ela é. Eu odeio ela com todas as minhas forças e eu não posso mais deixar ela puxar o Harry cada vez mais para o fundo do poço, eu não posso mais deixar ela forrar o caixão do H com um lençol de pregos. Alguém bateu na porta e eu prendi o choro.
Fred: Philip?
Bru: oi, sou eu, Bruna
Fred: está tudo bem?
Bru: está sim, só estou vestindo algo pro almoço
Fred: tudo bem. Fica a vontade
Bru: obrigada -falei e fui até a pia. Abri a torneira e joguei uma água no rosto pra parar de chorar. Sequei e troquei de roupa.
(foto)
Passei uma base, rímel é um batom nude, só pra disfarçar minha cara de "não estou bem, nem um pouco". Terminei e desci. Passei pela cozinha e senti o cheiro maravilhoso de frango, cheguei na varanda e a Nanny tricotava alguma coisa.
Bru: o cheiro está ótimo. A senhora quer ajuda?
Nanny: por enquanto não, mas você podia fazer aquele bolo de cenoura que você me disse ontem como sobremesa?
Bru: é claro. Assim que terminar de usar o forno, eu começo -sorri fraco e Anne chegou tirando as luvas.
Anne: já andou a cavalo, Bruna? Ah, desculpa, esqueci que veio de uma família... -a interrompi
Bru: de uma família o que, Anne? Pobre? Sim, eu vim, e vim com orgulho. Eu não tenho frescura pra nada, limpo casa a ponto de descascar o esmalte da minha unha, faço minha própria comida, trabalho no que precisar desde que seja um emprego honesto, eu odeio depender dos outros. Meus pais sempre deram a alma deles pra sustentar eu e meu irmão e nunca faltou nada pra nós, tanto que vim do Brasil pra Londres. Você não me conhece e não conhece a minha família, você não sabe quem são e muito menos o que passamos, então pense muito bem antes de falar da minha família. Me xinga o quanto quiser, mas não fale deles. -respirei fundo e ela me olhava com raiva- me desculpe, Nanny, eu só...
Nanny: você está mais que certa, não se desculpe
Bru: eu vou dar uma volta -passei pela Anne mas quando cheguei no fim da pequena escada, olhei pra trás- ah, e mais uma coisa... Quando o meu pai morreu há 6 meses atrás, eu não tinha caixão pronto pra ele e nem a lápide dele, diferente de você, que seu filho esta super bem e você já está o deitando no caixão pra ver se cabe
Anne: sua... -a Nanny a interrompeu
Nanny: que história é essa, Anne Cox?
Bru: mostra pra ela os papéis que o advogado deu, Anne, ela vai adorar ver -falei e sai de lá.
Caminhei até uma lagoa, um pouco distante da casa. Não tinha ninguém, apenas alguns patos que nadavam, então eu gritei, gritei até sentir meu ar faltar, gritei até meu rosto ficar vermelho, gritei até toda a raiva sair, gritei tudo o que estava sufocado, e no fim eu apenas chorei.
Bru: por que você se foi, papai? Eu sinto tanta sua falta. Por favor, volta. Eu preciso acordar desse pesadelo -agachei- era tão mais fácil quando você estava aqui... -ouvi alguém gritar como eu gritei e acabei me assustando, olhei e era o Harry. Eu me levantei e ele parou, olhei pra ele e o mesmo chorava e sua aparência expresava exaustão. Eu não pensei duas vezes para abraça-lo.
Harry: me desculpa, eu não deveria ter falado com você daquele jeito
Bru: Harry -ele me olhou- eu vou embora
Harry: não, por favor. Eu te pedi desculpas, eu sei que não tem culpa
Bru: não é isso, não é a gente. O fato é que eu acabei de ter uma discussão com a sua mãe e... Me desculpa
Harry: por que?
Bru: ainda quer saber o porquê?
Harry: ela não tem culpa, Bruna
Bru: como é? -me afastei
Harry: ela só está se prevenindo do que pode acontecer
Bru: eu não acredito que estou ouvindo isso
Harry: você não deveria ter falado nada com ela -eu arregalei os olhos
Bru: Harry
Harry: você precisa se desculpar
Bru: nem morta
Harry: você está jogando a culpa pra minha mãe, você tem noção do que é isso?
Bru: eu não tenho, na verdade. Você... Eu nem sei o que dizer... Você deveria estar te ouvindo pra ver o quão ridículo isso está... -falei saindo de lá
Harry: como é?
Bru: Harry, quer saber? -me virei pra ele- eu já entendi o que está atrapalhando tudo por aqui e eu vou dar um jeito de isso acabar. Ok?
Harry: o que você está querendo dizer? -nao respondi, apenas saí de lá.
POV THAYNARA
Thay: oi, Anne? -falei atendendo o telefone
Anne: conseguiu falar com a Charlie?
Thay: sim e ela está na Rússia, mas em breve virá pra Londres
Anne: isso! Só ela pode mudar o que quer que seja que Harry esteja sentindo por essa piranha
Thay: ela era namorada dele?
Anne: noiva
Thay: ah
Anne: como está sua amizade com a Bruna?
Thay: evoluindo
Anne: pronta para a segunda parte do plano?
Thay: pronta
Anne: ótimo! Então será assim...
POV BRU
Harry: Pai, essa é a Bruna, minha namorada -sorri um pouco forçado e cumprimentei o Sr. Styles.
Sr. Des: é um prazer te conhecer, Bruna, ouvi muito sobre você
Bru: o prazer é meu
Lucy: aí meu Deus, eu amei seu vestido. Onde você comprou?
Bru: em uma loja no Brasil -eu olhei pro Harry um pouco desconfortável, eu não sabia o que dizer, não sabia de o Desmond era como a Anne, ou a Lucy um pouco pior que ela.
Harry: pai, precisamos conversar sobre uma coisa
Bru: Lucy, já conheceu a casa?
Lucy: não, eu cheguei uns 10 minutos antes de você descer
Bru: quer conhecer o jardim?
Lucy: quero, aí você aproveita e me conta sobre o Brasil. Você é de lá, não é?
Bru: sim, como sabe?
Lucy: seu sotaque -ri fraco enquanto saiamos de lá.
POV TAI
Eu comia pipoca com caramelo e uma barra de chocolate, enquanto assistia Um Dia na Netflix. Esse filme... Cara... Eu quero chorar! E quero sorvete também. Levantei e fui até a cozinha. Abri a geladeira e nada. Fui até meu quarto, vesti um moletom cinza da Adidas, calcei o adilette, peguei a chave do carro, meu celular e sai. Assim que entrei no carro, fui ver as notificações no meu celular.
1 chamada perdida e uma nova mensagem na caixa postal.
Abri e coloquei no viva-voz.
Gray: oi, sou eu... Queria dizer que... -respirou fundo- eu não fui embora ainda, eu preciso falar com você, não é o fim ainda, e você sabe disso... Eu vou estar as 20hrs te esperando no teatro onde nos conhecemos... Se você for, saberei que ainda não desistiu de nós, mas se não for... Tu tu tu -olhei no relógio e 20:05. Respirei fundo e fechei os olhos.
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