Cheguei na portaria do meu prédio e Harry estava encostado na parede, provavelmente, me esperando. Eu parei quando o vi. Tirei a touca e voltei as mãos pra dentro do bolso da blusa de moletom cinza que eu usava, o moletom que Harry usou mais cedo.
Harry: oi, por onde você esteve? Já são quase uma da manhã! -falou vindo atrás de mim, mas eu continuei andando- me responde!
Bru: eu não quero brigar, Harry -falei indo ate a escada.
Harry: por que você não me conta o que esta acontecendo enquanto esperamos o elevador?
Bru: porque eu esperaria ate a minha morte e teria que inventar historia pra contar -ele me olhou sem entender -ta quebrado -subi a escada.
Harry: agora entendi porque o elevador nunca chega pra mim -falou vindo atrás de mim- Bruna, vai devagar -eu não respondi- acho que estou morto -falou quando chegamos no meu andar, mas continuei muda- que droga! Me responde!
Bru: vai embora, Harry -abri a porta e entrei- Eu quero ficar sozinha! -fui fechar a porta, mas ele impediu.
Harry: não. Eu preciso saber o que esta acontecendo -falou entrando. Fechei meus olhos um estante- e daqui eu não saio ate você me contar o porquê de sair daquele jeito de casa -respirei fundo e fechei a porta, ele me olhava esperando respostas, mas eu não conseguia falar nada. Vi uma caixa em cima da mesa.
Bru: o que é isso?
Harry: ah, que ótimo. Vai mudar de assunto agora. Mas que droga, Bruna! -o que esta acontecendo com você? -abri a caixa e era um celular- você comprou?
Bru: seu humor anda oscilando muito, melhor ver isso -ele revirou os olhos.
Harry: comprou?
Bru: não, Harold!
Harry: presta atenção em mim -falou pegando o celular da minha mão.
Bru: o que é?
Harry: o que aconteceu com você? A gente teve uma noite ótima, acordamos parece que mais próximos ainda, eu sai. Beleza. Voltei e você estava toda estranha, chorando sem parar, saiu correndo de casa, tentei ir atrás de você e você tinha sumido. Vim aqui e não tinha ninguém. As meninas não sabiam onde você estava. -peguei um bilhete que estava junto com a caixa- Perguntei pra minha mãe se ela sabia de alguma coisa e ela disse que vocês estavam conversando normal, ela ate te deu apoio em me ajudar com a quimioterapia semana que vem, falou que quando saiu de la, você estava super bem. O que aconteceu? -encarei ele inconformada.
Bru: ela disse isso?
Harry: disse, por que? Ela ficou preocupada com você também -ri irônica negando com a cabeça e voltando a minha atenção pro bilhete- tem como prestar atenção em mim um segundo e conversar civilizadamente? -pegou o bilhete da minha mão e leu- saudades de você, meu amor. Beijos, Gui. Que porra é essa?
Bru: que? -tentei pegar o papel, mas Harry não deixou- me da isso!
Harry: Gui não é seu ex? -falou nervoso
Bru: É, mas, eu não sei o que é isso
Harry: a não? Você não sabe o que é isso? Agora esta explicado o porque de tudo isso que aconteceu hoje
Bru: como é? Me da essa merda, Harry
Harry: eu te dei um celular, você não aceitou. Ai vem o seu "ex", te dá um e você aceita
Bru: não entendi a aspas. Para de ser ridículo, Styles
Harry: agora o ridículo sou eu? Eu tento, Bruna. Eu dou tudo de mim nessa merda de relacionamento! E você ainda me trata como um completo estranho. Você não me conta nada, você não aceita o que eu te dou. Você não deixa eu entrar na sua vida. Você vive em um mundo diferente desse e não deixa eu fazer parte! E eu estou cansado de tudo isso. E sabe o que é pior? Ser substituído, ser o namorado atual, mas o seu ex ser mais importante na sua vida. Eu só quero saber de uma vez o que... -o interrompi
Bru: cala a boca, Harry -gritei e joguei a caixa no chão- as coisas não são tão simples assim! Que droga! Se você esta cansado "dessa merda de relacionamento", se esta cansado de mim, vai embora, ninguém esta pedindo pra você ficar. Droga! Eu afasto as pessoas, é isso o que eu faço. É meu dom! Então vai embora, com você não será diferente. Eu não vou deixar você me dá presente, porque você não me dá uma coisa simples. Você quer me dar tudo caro. Se eu deixasse você me daria casa, carro, jóias e tudo mais.
Harry: porque eu te amo, Bruna. É por isso -gritou- eu amo você, droga. Eu não escolho isso!
Bru: mas eu não sou assim, Harry. Se for pra mim ter, eu tenho que conquistar. E me desculpa se eu tenho muito problema nessa merda de vida de vida, eu também não gostaria de estar aqui, assim como sua mãe deseja eu morta, eu também desejo! -parei ofegante e ele me olhava
Harry: o que?
Bru: nada. Só vai embora
Harry: fala, Bruna!
Bru: vai embora, Harry! Eu não quero mais te ver, eu não posso mais te ver. Vai embora! -ele me encarou. Eu mal tinha controle das minhas lágrimas. Ele se aproximou mas dei um passo pra trás. A porta abriu e as meninas nos olharam atônitas- por favor, vai embora...
Harry: eu não acredito nisso -colocou o celular e o papel em cima da mesa- eu sei que esta acontecendo alguma coisa e eu juro que vou usar todo o meu poder pra descobrir
Bru: tem coisas mais poderosas do que você, Harry, acredite -ele me olhava com raiva.
Gabi: eu acho melhor você ir, Harry
Bea: eu te levo ate a portaria
Harry: não precisa, eu sei o caminho -falou ainda me encarando e saiu de la. Comecei a chorar mais ainda e as meninas me abraçaram.
...
Tai: aqui -me deu uma aspirina e uma xícara de chá de camomila.
Bru: obrigada -tomei e elas me olhavam. Tai se juntou a elas no colchão no chão e me arrumei no sofá com a manta- ela falou sobre o Dudu -falei pra Gabi e a mesma arregalou os olhos- ela me ameaçou, na verdade
Gabi: eu vou matar aquela vagabunda!
Bea: como assim, gente? -respirei fundo
Bru: o Dudu, meu irmão, ele tem síndrome de down. Ele foi fruto de uma traição da parte do meu pai e a familia por parte da minha mãe é a mais presente na vida nossa vida e se eles soubessem, meu pai ficaria sozinho e seria, de certa forma, hostilizado. Então, eu acabei dizendo que o filho era meu. Eu acabei engravidando de um cara em Curitiba na época que tive que ir pra la fazer um curso e tive o bebe. Obviamente fui crucificada por todos eles por isso, mas não o meu pai. Hoje cedo, no meio das ameaças, Anne insinuou contar pra minha família sobre isso. E digamos que se isso acontecer, a minha mãe ficará sem ter onde morar. Meus avós são muito rígidos, vocês não tem noção
Tai: e ate hoje eles acham que o filho é seu?
Bru: pois é
Bea: gente, que horror! Não sobre... vocês entenderam -ri fraco
Gabi: Anne não tem limite
Tai: eles não falaram nada em relação de você vir pra cá e não trazer o Dudu.
Bru: e ai vai outra, que Anne me ameaçou também... eles acham que eu estou em Curitiba com a família do tal pai do meu filho e com ele cuidando do Dudu.
Bea: gente!
Tai: eu estou chocada
Bru: e eu... -uma lagrima escorreu e eu encarei a xicara na minha mão- eu não tenho palavras pra descrever o que eu estou sentindo. -voltei a olhar pra elas- De verdade.
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