Foi poucas horas depois de Kyuhyun sair apressado pela porta, anunciando algo sobre tirar a Hamjung da batalha que Suho se levantou determinado, andando apressado pela sala em marcha firme.
- Precisamos ir. – falou, colocando uma mala em cima da bancada com um baque. Lay passou atrás dele com quatro mochilas na mão e uma expressão pesada, recolhendo vários objetos pela sala.
- Aonde vamos? – Sehun perguntou confuso. Joohyun, sentada ao seu lado, suspirou, compreendendo.
- Vamos nos juntar à batalha. Eles estão perdendo...
- Assumindo a realidade, de nada adianta ficar aqui tentando descobrir de que merda somos feitos. – Lay falou, ainda concentrado em preencher as mochilas. Seulgi parou ao seu lado colocando algo nas bagagens e o lançou um olhar pesado. – Desculpe. Não quis falar assim.
Ela se afastou dele, entregando a cada uma das Sombras quatro pacotes prateados.
- Usem o que está na mochila, entreguem esses ao resto de nós que vocês puderem achar.
- O que é? – Joohyun perguntou analisando a embalagem. A mais nova suspirou, desviando o olhar.
- Vocês saberão quando a hora certa chegar.
- E como saberemos que é a hora certa? – Suho perguntou.
Ela o ignorou.
Sehun pegou uma das mochilas e parou ao lado da porta, vendo os dois homens mais velhos pegando mais objetos para si enquanto Joohyun guardava as últimas conclusões da pesquisa.
- Sou mais útil aqui. – Seulgi falou, arrastando sua cadeira para mais próximo do enorme computador. – E quando precisarem de um lugar para voltar, espero ter conseguido manter esse inteiro.
.............................................................................................................................................
Luhan corria entre os enormes prédios decadentes da recém destruída capital da Coréia do Sul refletindo sobre como havia passado tempo demais da última semana dedicado à essa atividade. Ainda que desde o pronunciamento de Baekhyun não houvesse mais motivo para correr, velhos hábitos não morriam tão fácil.
E ele não tinha tempo a perder – ninguém sabia quanto tempo aquela trégua duraria, e uma trégua só podia significar que o Pugno planejava algo ainda mais esmagador.
Afastando escombros com seus poderes sem remorso, tentava se manter ligado às duas mentes próximas a si, checando que estavam bem. Tentava fazer algum tipo de campo de força ao seu redor para reforçar sua proteção, mas era bem difícil controlar poderes descobertos poucos dias antes.
- O que deu no Kai para se afastar de vocês? – Luhan perguntou arfando, reparando aliviado que estavam no lugar marcado.
- Ele se perdeu quando ficou cego... Achou que estava se transportando, eu não sei. – Kyungsoo respondeu irritado, ajeitando a criança em seu colo. – Acha que ele ficará bem?
Luhan se aproximou de ambos, observando o pequeno ser humano pálido e sujo enrolado em diversas camisetas que repousava no colo do mais novo.
- Ele ficou bem todas as vezes anteriores. – argumentou. Kyungsoo o olhou ainda mais irritado.
- Nenhuma das vezes anteriores ele havia renascido no meio de uma guerra!
- Chanyeol ficará bem. – Luhan garantiu, calando-se ao ver, aliviado, Kai se aproximando. – Leve-os para casa e depois volte. Isso aqui vai ficar bem feio quando a trégua acabar.
Kai assentiu, não falando nada antes de tocar os outros e tirá-los dali. Luhan suspirou, olhando ao redor com um suspiro. Parecia a primeira vez que o sol brilhava naquela cidade em dias.
Dias de horror. Quantos feridos haviam largados pela rua? Quantos mortos? E depois, quando a trégua acabasse, o que...
- Seus pensamentos estão vazando de novo. – interrompeu seus pensamentos, fazendo-o se virar assustado. Sehun sorriu para ele, se aproximando, enquanto o mais velho voltava a calar sua mente.
- O que faz aqui? – perguntou.
- Suho parece duvidar tanto da bondade dessa trégua quanto você. Somos seus reforços. – falou dando um pacote para Luhan, que sem questionar apenas o jogou no bolso.
- Então estamos realmente ferrados. – falou se afastando, ouvindo o mais novo rir. – E aliás, aprendi a controlar muito bem minha mente.
- O suficiente?
- O suficiente para que? – virou-se confuso, vendo o outro aproximar-se rapidamente de si com uma expressão convencida.
- O suficiente para esconder o que sente por mim. – respondeu com um sorriso insolente. Luhan franziu as sobrancelhas, trincando o maxilar.
- Não teste minha paciência, Sehun, eu ainda posso acabar com você.
- É só o justo, Luhan. Você sempre pôde ver minha mente. Sempre soube o efeito que causava. – o mais novo respondeu, a expressão lentamente retornando a ser a do garoto confuso que Luhan conhecia. – Soube o que eu sentia por você antes de eu mesmo saber.
Pararam um segundo, se encarando como se não estivessem no meio de uma guerra. Se sentiam pessoas completamente comuns presos em algum tipo de pesadelo, naquele tipo de pesadelo que eventualmente todos tinham. Descontrole. Luhan nunca fora uma grande fã disso no geral.
- Por que nunca fez nada? – Sehun finalmente perguntou. Viu o outro o encarar confuso e deu de ombros, acrescentando: - Você sempre soube e nunca fez nada... Não precisamos fingir que sou tão confiante quanto tento parecer. Eu não sei o que você sentia. – desviou o olhar do mais velho, falando ainda mais baixo: - Não sei por que não fez nada.
- Nós... Realmente deveríamos tentar nos organizar aqui. – Luhan interrompeu o assunto, afastando-se. – Formar algum plano, resgatar os feridos, contar os mortos. Há muito no que pensar agora. – exclamou, virando-se para um Sehun quase incrédulo.
- Nós podemos morrer nessa guerra. –falou, vendo o mais velho apertar os lábios. – Eu mal sei controlar meus poderes... Não fui treinado como vocês. Sou quase um civil, e as baixas entre eles não foram poucas. Se eu morrer, Luhan...
- Você não vai morrer.
- Se eu morrer – prosseguiu com força, se aproximando do mais velho. – Eu quero morrer sabendo pelo menos isso. Posso suportar morrer sem entender porque isso tudo nos aconteceu, ou sem saber o que nos faz diferente, posso suportar a ideia de morrer sem saber um monte de coisas, mas por algum motivo isso... É demais para mim.
- Sobreviva para saber então. – Luhan pediu, vendo o outro negar com a cabeça.
- Pare de barganhar comigo. Por algum motivo idiota eu, que mal sei quem sou em todos os sentidos possíveis, me apaixonei por você. E aliás fiz isso no que sem dúvida é a fase mais turbulenta da minha vida e quem dera fosse só por isso... Eu só quero saber. – Sehun falou, quase implorando. Já estava a apenas um passo de distância do outro. Fechou os olhos e repetiu: - Eu preciso saber.
- Eu não gosto de perder o controle. – Luhan sussurrou, abaixando o olhar. – Mas sim, eu gosto de você. Espera, isso soou estúpido. – falou mais alto, confuso. Sehun riu.
- É, boa parte do que você diz soa. – falou, levando seus lábios de encontro aos do mais velho.
.............................................................................................................................................
- As coisas saíram muito do controle. – Fei explicou, guiando Joohyun e Suho pela cidade abandonada. – Descobri como começou. Depois do assassinato do presidente a polícia se tornou mais dura, dura demais e de forma repentina demais para as pessoas conseguiram lidar com isso... Começou com pequenos atos isolados de revolta e em poucas horas se tornou uma revolução. Lógico que tudo foi potencializado pelo fato deles saberem que estávamos por trás disso.
Os três pararam diante do que um dia fora um prédio, olhando os escombros no chão sem dificuldades em encontrar corpos.
- Eles reforçaram os ataques porque podíamos estar em qualquer lugar. – Joohyun disse melancólica. Negou com cabeça, voltando a andar. – Mal fomos nós.
- Demos um empurrão necessário. – Suho rebateu.
- Espero que vocês não tenham vindo nos atolar nesse mar de culpa. – Fei falou. Viu Chen e Lay se aproximando e correu até eles: - O que descobriram?
Lay engoliu em seco, negando com a cabeça. Chen olhou pro amigo, preocupado, e coçou a nuca sentindo-se acuado.
- As coisas foram bem piores do que imaginávamos.
- Consegue saber quem está vivo? – Suho perguntou ao se aproximar. Lay respirou fundo, piscando diversas vezes.
- Não exatamente. Só posso dizer que muita gente morreu. Muita gente mesmo. – seus olhos desfocaram e ele pareceu tremer. – Nunca foi parte do plano.
- Nada disso saiu de acordo com o plano. – Chen consolou, abraçando os ombros do amigo. – Pelo que olhamos nas últimas horas... – ele engasgou, parando em uma expressão de dor intensa. – Não temos notícias boas.
- O que houve? – Joohyun apressou, agitada. Era tão incomum que chegava a ser irreal vê-la daquele modo.
- Anne, Namjoon... e Tao desapareceram. Completamente. Todos estavam com rastreadores da Seulgi, não tem uma boa explicação para o que houve. – Chen explicou. – Baekhyun arrancou o rastreador dele e sumiu... Chanyeol renasceu e a maior parte de quem entrou nisso com a Anne está morto. Quer dizer, existem duas pessoas daquele grupo ainda vivas.
- Aqueles que sobreviveram a retaliação do Pugno até agora são basicamente as pessoas que vieram no último momento. – Lay acrescentou, preocupado. – Nunca tiveram a intenção de fazer uma revolução, apenas se encontraram no meio de uma e escolheram um lado. O número de feridos por aí... Sinceramente, não sei nem por onde começar.
- Precisamos de um plano. – Joohyun interrompeu. – Não apenas para os feridos, mas essa trégua não vai durar para sempre.
- Nossos planos nunca dão certo. Não é dessa vez que vão dar. É a situação mais caótica possível. – Fei falou, afastando-se um pouco do grupo.
- Não dá para controlar caos. – Suho concordou. – Você apenas espera ele acabar. – ele se sentou na calçada, colocando a cabeça entre as mãos. – Eu não posso perder Tao de novo.
Os outros se entreolharam, preocupados. Já haviam perdido Boa, haviam perdido Juhyun. Há dias não viam boa parte do grupo. Era a única família que tinham e, mesmo que não fosse exatamente pequena, cada vez que cogitavam perder alguém era como ter o coração arrancado. De novo. E de novo.
- Onde está a Sandara? – perguntou erguendo a cabeça, vendo os outros negarem. – Xiumin? Luhan? Soojung?
- Ninguém. – Fei finalizou, a voz falhando. – No começo ainda estávamos próximos, mas depois... Praticamente nos perdemos. Não tenho ideia do que acontece há dias.
- Estamos só atacando e tentando sobreviver. Não faz sentido algum. – Chen completou.
- Como tem ido no laboratório?
A pergunta foi interrompida por um grito. Não um chamado, uma exclamação, não era nada que fizesse sentido. Era só um grito, ira bruta e desnorteada, tão repentina que nos segundos que durou as Sombras mal puderam identificar de onde vinha até que fosse tarde demais. Era um homem, apenas um homem, que saíra cambaleando de um dos edifícios mais inteiros, intacto demais para ter estado na batalha. Um homem que gritou e correu, empunhando uma faca, só se calando quando encontrou um peito onde cravá-la.
- Por que?! – Fei gritou caindo no chão, a dor tomando cada centímetro de seu corpo.
- É tudo culpa de vocês! – o homem gritava em seu ataque de fúria. – Seus monstros! Por sua culpa essa maldita guerra começou, vocês têm que morrer!
Fei segurava desesperada o corpo no chão, vendo os outros partirem para cima do homem ainda que as lágrimas preenchessem seus olhos. De repente, fora ela mesma tomada por um ódio profundo. Passara a vida dedicada a planos e artimanhas para um dia salvar aquelas pessoas que ignoravam completamente seus esforços, os esforços de todos eles, os desprezavam o suficiente para apunhala-los no peito bem quando estavam dispostos a dar tudo que tinham por eles.
Todo o sangue do homem se espalhou no chão em um segundo, recebendo pouco depois o peso do corpo que caiu sobre o líquido em um baque grudento. Suho deu meia-volta com uma expressão fria sob o olhar pouco surpreso da outra. Não era algo que ele já fizera, mas tudo era algo que podia acontecer.
O sangue jorrava do peito de Joohyun. Os quatro se aglomeraram em volta dela, apenas observando com lágrimas nos olhos a vida se esvair por completo de seus olhos para então fechá-los. Quem imaginara, chegar tão longe e morrer daquela forma.
- Eu os odeio. – Fei sussurrou, determinando o exato momento em que os outros notariam que aquela guerra a transformara em outra pessoa. Todos eles seriam pessoas diferentes.
- Como ele sabia? – Chen finalmente perguntou, se entreolhando com Suho. Ambos levantaram e, deixando os outros para trás, se encaminharam até o prédio do qual o homem saíra, logo ouvindo o som de diversas televisões. Rede automática de transmissão do Pugno.
Só precisaram subir um andar e abrir uma porta para ver, passando na pequena tela ininterruptamente e repetidamente. Um comercial de um minuto no máximo sobre as Sombras.
Sobre quão perigosas e monstruosas eram, e sobre como haviam destruído aquele país e os guiado aquela guerra de desgraça enquanto passavam na tela os rostos das dezenove sombras.
- Isso fazia parte do plano. – Chen ponderou. Suho umedeceu os lábios, nervoso.
- Baekhyun e Luhan mostraram nosso lado. O Pugno o dele. Resta as pessoas escolherem.
.............................................................................................................................................
Kyuhyun logou com seu usuário no sistema, sorrindo ao notar que ainda era válido. Claro que aquilo acionaria um alarme em algum lugar e que provavelmente ele estaria morto em alguns minutos, mas ao menos estava dentro do prédio da Hamjung. A construção estava escura e vazia, praticamente desativada. Ele olhou para o lado, observando a recepção em expectativa até que Miyong saiu de trás do balcão.
- Tive medo que Soonkyu estivesse mentindo. – ela falou indo em sua direção, os saltos estalando no piso de mármore.
- O que houve?
- Ela praticamente dissolveu a Hamjung... Todos estão lutando ou colaborando em outros quartéis. Nos culpam por tudo.
- O que é idiotice, sem a Hamjung eles não sabem de nada sobre o que estão combatendo. – Kyuhyun ressaltou revirando os olhos. – Mas torna as coisas melhores para mim. Preciso que eles não saibam de nada.
- Eu sou só a secretária, sabia? – ela perguntou, vendo-o sorrir.
- A secretária mais inteligente que eu conheço. Se isso continuasse, você chegaria a ser minha chefe.
- Eu não me venderia tão facilmente quanto você. – ela falou dando meia volta, fazendo-o rir. O guiou para o porão do prédio. – É a sala guia. – falou apontando com a cabeça para a porta prateada no final do corredor, para onde seguia. – Todos os computadores podem ser controlados por esse.
- Inclusive os pessoais? – Kyuhyun perguntou. Ela assentiu. – Isso quer dizer que toda a informação que a Hamjung coletou por trinta anos pode ser apagada com uma ação simples. Por que parece fácil demais?
- Porque não é só isso. – Miyong suspirou. – Quando abrirmos a porta, se conseguirmos abrir a porta... Vai avisar o alto escalão da Hamjung, no qual ironicamente você está incluso, e os principais assassinos. Vai nos matar. Com requintes de crueldade. A porta só abre por fora e quando entrarmos ela vai se fechar.
- E você quer fazer isso? – Kyuhyun perguntou. Ela sorriu, pela primeira vez em todos os anos que se conheceram.
- Apenas coloca seu código de registro na porta, chefe.
.............................................................................................................................................
- Está separado nessa mochila tudo do que ele precisa. As roupas, alimentos, utensílios no geral... Coisas para a higiene. Está bem alimentado e limpo, então espero que durma por algumas horas e a deixe trabalhar em paz. Tem certeza de que ficará bem?
- Eu sei cuidar de criança, Kyungsoo. – Seulgi garantiu, vendo o mais velho se agitar ainda mais. Kai tentou o tranquilizar.
- Vai ter que ficar tudo bem, hyung. Nós precisamos voltar.
- Eu sei cuidar de criança. – ela repetiu, ainda que soubesse ser inútil.
- Ele parece estar crescendo rápido... Deve te deixar fazer o que precisa sem dificuldade. – falou, virando-se e indo embora antes que perdesse a coragem. Seulgi acenou para Kai que saiu apressado atrás do outro, deixando a garota sozinha em um riso. Voltou-se para o pequeno Chanyeol e sorriu ao ver o bebê deitado no carrinho ao lado da mesa de seu computador, alheio a tudo no mundo.
- Renascer. Ainda podemos renascer. – ela suspirou. – Bela hora para uma metáfora, seu babaca.
Voltou sua concentração para o computador, se esforçando em retirar qualquer coisa que o Pugno empurrasse na rede de comunicação do ar. Pegava vídeos já prontos, mensagens de Luhan e Baekhyun, reportagens que eles haviam montado e entupia todas as redes de transmissão. Desligava algumas câmeras, ligava outras. Desativava tanques e armas de longo alcance. Trancafiava alguns depósitos do Pugno para sempre e acionava os sistemas de autodestruição de prédios. Essa era sua participação naquela batalha: calma, solitária, distante e intensamente destrutiva.
Completamente interna. Estava sentada, a mão tocando a tela do computador e os olhos refletindo números e códigos que apareciam somente dentro de sua cabeça. Ela não apenas controlava a máquina, ela era parte dela. Ela se entregava.
Avaliava informações apressadamente, as desprezava ou logo as resolvia e prosseguia. Invadiu um sistema da Hamjung com facilidade demais e só teve tempo de sussurrar um “não” antes de se deparar com a mensagem.
S E M L U Z N Ã O H Á S O M B R A
Puxou o ar com força, os olhos ficando brancos e a cabeça caindo com força contra a mesa, o corpo todo despencando contra o móvel. A tela do computador piscou, diversas mensagens aparecendo simultaneamente. Sistema Corrompido. Error. VÍRUS.
Chanyeol começou a chorar.
.............................................................................................................................................
D.O sentiu todos os seus ossos sendo destruídos. Apertou os braços ao redor de Kai, se questionando se ele sentia o mesmo toda vez que se transportava. O ar frio repentinamente atacou sua pele em chamas e ele arfou, abrindo os olhos e se deparando com o dia claro novamente.
- Isso é horrível. – murmurou sem pensar. Kai ainda o abraçava.
- Desculpe. – disse triste. D.O balançou a cabeça e se afastou, começando a andar.
- Não é sua culpa.
Continuaram andando pela rua aberta, vendo as outras Sombras há alguns metros de distância, D.O alguns passos à frente.
- Estava pensando no que Baekhyun disse para Chanyeol quando achou que ele estivesse morrendo... – Kai começou, vendo o outro ficar tenso. – Ele nunca havia dito antes, havia?
- Acho que não.
- Isso não te assusta?
- O que?
- Podemos morrer... Todos podemos morrer. Não te assusta a possibilidade de não ter dito algo a alguém? – Kai perguntou. D.O parou repentinamente, falando, ainda de costas para o outro:
- Considero isso um incentivo para continuar vivo.
- Hyung. – Kai chamou. O mais velho suspirou, girando em seus calcanhares. – Nós já sabemos.
- Exatamente. Que diferença faz dizer? – D.O disse apressado. Virou-se para voltar a caminhar, mas Kai agarrou seu pulso e o puxou para perto de si.
- Faz toda a diferença. – murmurou, aproximando seu rosto do mais velho, que negou com a cabeça.
- Você já sabe. – sussurrou, encarando o outro quase furiosamente. Kai virou a cabeça, abrindo um meio sorriso.
- Me sinto usado, hyung. – reclamou. Kyungsoo o empurrou e saiu andando com Kai em seu encalço. - Já acontece há tanto tempo. Você usa meus poderes para fugir, eu uso o seu para me proteger. Eu uso seu corpo, você usa o meu. É confortável não é?
- Sim, é. – o mais velho respondeu entre dentes. Kai o puxou novamente, fazendo-o trombar contra seu corpo.
- Só isso? – perguntou.
- Isso não é A Bela e A Fera, Jongin. Você não pode me mudar. Não pode me salvar. – sibilou. Cravou seus olhos no do mais novo e acrescentou, perigosamente baixo: - Eu não quero.
- Só isso? - Kai insistiu. Como resposta, Kyungsoo simplesmente deu meia-volta e seguiu caminhando.
.............................................................................................................................................
Baekhyun estava parado diante de Sehun, um sorriso maldoso dominando seus lábios. O mais novo virou a cabeça, trincando o maxilar.
- Gostava mais de você quando você era humilde. – disse, fazendo o outro rir.
- Ele só está feliz porque descobriu que o Chanyeol amorzinho está vivo. – Kai zombou, tirando o sorriso dos lábios de Baekhyun.
- Cala a boca. – falou erguendo a mão, vendo Kai cobrir os olhos com as mãos.
- Por que tem uma velha nua na frente dos meus olhos? – gritou. – Suho, Baekhyun está abusando de seus poderes.
- É difícil controlar. – o outro argumentou com falsa inocência ao ver o mais velho lançar um olhar repreensor. Suho riu.
- Comporte-se, é uma guerra.
- Vamos logo com isso. – Sehun implorou, cansado. Baekhyun respirou fundo, sabendo que seria a última vez em algum tempo. Já sentia o ar ao seu redor ficar mais rarefeito.
- Vai me deixar tonto. – Baekhyun reclamou já zonzo, franzindo as sobrancelhas. O mais novo cobriu os olhos e deu um passo para trás.
- Você me cegou?!
- Vocês já sabem controlar seus poderes, parem. – Sandara ordenou se aproximando. Ambos obedeceram prontamente e ela revirou os olhos. – Gênios. Vocês já sabem o plano?
- Sim, e já passamos pro máximo de pessoas que pudemos. Todos estão avisados. – Kris garantiu.
- Todos que estão dispostos a lutar estão desse lado da cidade. – Kai disse se aproximando. D.O parou ao seu lado, coberto de fuligem.
- E todas as barricadas estão prontas. Agora que já fiz elas, gostaria de lembrar mais uma vez que eles têm aviões. Obrigado pela atenção.
- Sim, mas você tem força para parar aviões e eu faço coisas voarem. – Luhan disse com um sorriso estúpido. D.O o olhou com desprezo.
- Eu odeio todos vocês.
- Eles não têm energia para voar. – Chen afirmou, aproximando-se do grupo. Todos viraram para encará-lo, vendo que era carregado por Lay. – Aliás, eles não têm energia para nada. Vai ser uma batalha como as antigas.
- E Chen não pode lutar. – afirmou. Chen o empurrou de leve, ainda que parecesse estar usando toda a sua força.
- Claro que posso. Só preciso de quinze minutos.
- Cortou toda a energia deles? – Sooyoung perguntou, os braços cruzados apoiando a expressão incrédulo. Chen assentiu e ela ponderou: - Bom, isso é uma vantagem e tanto.
- Alguém avise Seulgi sobre isso ou ela vai enlouquecer. - Suho lembrou. Chen assentiu, escorregando a mão para dentro do bolso à procura de seu comunicador.
- Todos estarão com os ouvidos tampados. – Fei falou. Tirou um pacote prateado de seus bolsos, colocando tampões nos ouvidos e distribuindo para os outros. – Seulgi podia ter simplesmente dito o que eram.
- Ela está gritando por que não pode ouvir nada? – Sooyoung peguntou. Fei fez uma careta.
- Posso ler lábios.
- Ah. Então não é tão útil...
- Isso dá liberdade para Sooyoung usar seus poderes. – Helena afirmou, respirando fundo. – E todas as pessoas estão prontas para lidar com os poderes de vocês. Mas vocês estão?
- É o esperado. – Xiumin respondeu, vendo todos assentirem. Concluiu: - Estamos. Mais do que nunca.
- Então estamos prontos. – Jiyong, um dos poucos soldados de Anne ainda vivos, anunciou. Todos colocaram os tampões de ouvido em um movimento conjunto e olharam para Luhan. O rapaz sorriu, sentindo sua mente dominar a de todos ali.
E então a de todos lutando pelo mesmo propósito.
“Funcionou?” uma voz solitária flutuou em suas mentes.
“Sim” a multidão respondeu.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.