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História Sina - (13) - Double-dealing - História escrita por eudazs - Spirit Fanfics e Histórias
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História Sina - (13) - Double-dealing


Escrita por: eudazs

Notas do Autor


Hey hey people!
Cheguei um dia depois do aniversário do divo com presentinho!

Capítulo 14 - (13) - Double-dealing


Fanfic / Fanfiction Sina - (13) - Double-dealing

Podem imaginar aquela cena da porta prédio se abrindo, um carro parado, os cabelos ao vento da mulher e ela vestindo algo sexy e atraente e um homem sorrindo com um buquê de rosas nas mãos. Mas, que isso fique só na imaginação.

A realidade era outra.

Quando a porta do prédio abriu eu estava de calça moletom, um coque bem mal feito no cabelo e com cara de pós viagem: amassada. Nos filmes tudo parece mágico né?

David não estava muito diferente de mim não, só estava mais arrumado. Usava uma calça moletom e um casaco do Chelsea (acho que estava saindo do treino) e eu já posso dizer que ele estava lindo? Senhor, homens assim no mundo só podem ter um e sem direito autorais à cópias, thanks, you’re welcome God.

Aproximei-me com cuidado, sorri e lhe abracei exalando aquele perfume que só ele tem.

- Olá. – Isso, Melissa, mostre que você estar bem.

- Não adianta me enganar.

1x0 David Luiz.

- Quem tá querendo enganar alguém aqui?

- Você. – me soltou e voltou a se encostar no carro – Com o seu joguinho de ignorar as minhas mensagens e ligações.

- Eu viajei, David. – fiz uma pausa e respirei fundo. A bipolaridade aflora quando o David começa a ficar tosco. – A trabalho.

- Não adianta me enganar, Melissa. Eu sei que foi convite da senhora do hospital e você nem ia aceitar se não fosse suas amigas.

- Como você...?

- Como eu sei? – ele olhou para os lados e algumas pessoas observavam. Talvez britânicos tenham o poder de interpretar feições. – Tá ocupada?

- Eu ia dormir.

- O que você mais faz depois de estudar.

2x0 David Luiz. Tá atacando melhor que defendendo (só se for nas patadas).

Antes que eu retrucasse alguma coisa ele já estava abrindo a porta do carro e quase me obrigando – pelo olhar – a entrar nele.

- Muita ou pouca fome? – ligou o carro e me olhou de relance.

- Para de me tratar com indiferença.

- É bom ser ignorando né? Maravilhoso. – ironizou.

- Ai meu Jesus! – cruzei os braços. – Cadê aquele David que me chamava de Mel love? Meu anjo?

- Está viajando. – pausou. – A trabalho.

3x0 David Luiz.

Eu juro que se um dia eu for competir em alguma modalidade não olímpica com esse garoto que seja empinar pipa porque eu já estou perdendo até em dar patadas e olha que isso eu era nota 10.

O zagueiro dirigia tranquilo pelas ruas da saída do Mayfair e ao cruzar pelo Fitzrovia e passar pelo Kings Cross eu percebi que esse caminho era diferente. Para mim.
Não que eu não passasse algumas vezes perto da biblioteca nacional ou já tenha ido assistir a uma peça de teatro no Sadler’s Wells, entretanto, não era um caminho que fosse comum. Quando enfim, ele dobrou à esquerda e entrou na A1208, eu percebi que iriamos longe.

- David, para onde estamos indo?

- Dorme ou escuta uma música... vai demorar um pouco.

- David! – ele seguia olhando a estrada e fazendo a egípcia. – Isso é sequestro?

- Não estou te machucando e muito menos você veio por pressão, então, não, isso não é sequestro.

- Como se eu tivesse direito de escolha.

Paramos no semáforo e ele me olhou com aquela marra dele que eu podia pensar duas vezes em lhe beijar e acabar com isso tudo ali mesmo. Observei o caminho e pelos verdes ao redor estávamos perto de alguma praça ou parque... parei alguns segundos para pensar e... meu Deus amado, ele tá me levando pro norte da cidade assim de repente?

- Você teve escolha. – avançou a Well Street e entrou na Cassland Rd. – Podia ter dito que não queria falar comigo.

- Eu tentei.

- Ok, Melissa.

Nunca vai assumir que está errado. Nem eu. Agora imagine dois orgulhosos dentro de um carro tentando que negar ou assumir uma culpa. Alguém chama aquele motorista do carro da Lady Di pra mim? Tô precisando seriamente levar um papo com ele.

Como diria dona Beth, vulgo rainha deste simples país, “carros são perigosos quando se tem duas cobras criadas dentro dele”. Tá, não foi ela quem disse, mas como ela é Elisabeth II e eu não quero pagar de fã maior da Lispector vamos dar os créditos a senhora Queen.

O silêncio pairava no cubículo automóvel e ele só foi criando vida quando o locutor da Capital FM – indico, compartilho, troco likes, sigo de volta quem ouvir – anunciou que iria tocar Little Things, a nova música do álbum da One Direction.

- Aumenta – ele estava frio em suas palavras. – se quiser.

- Eu não...

- Eu sei que você gosta deles. – aumentou o volume. – Pronto.

- Your hand fits in mine like it’s made just for me... – cantei baixinho o início da parte do Zayn. - ... And I’m joining up the dots with the freckles on your cheeks and it all makes sense to me.

- Deveriam ser sinais e não freckles.

- É a música. – sorri. – Pode me responder para onde estamos indo?

- Não. – fez a cara mais óbvia do mundo. Mantras, conspirem ao meu favor. – É só um local para comer, calma, já já você está de voltas aos seus estudos.

- Ao menos eu estudo e não... – ele me interrompeu.

- “Fico jogando bola como muitos por aí. Mas que absurdo um jogador de futebol ganhar mais que um professor.” – falou com desdém. – Eu já ouvi esse discurso e não sou obrigado a ouvi-lo de novo. – destravou o carro enquanto parávamos no trânsito. – Quer descer?

- David, eu não sei nem aonde estamos! Como você quer que eu volte para casa?

- Posso mudar o trajeto e parar na Stratford Internacional e você pega um trem.

- David, para de ser grosso! Tudo bem que eu te ignorei, mas eu nunca fui grossa com você. – estava chegando no meu limite. – Pode travar o carro, eu não vou descer agora. Desço só quando chegarmos no tal lugar.

O silencio voltou a reinar e agora a música já estava no solo do Harry quase chegando no Niall. Melissa, segura a bipolaridade porque ao mesmo que eu quero matar o cachinhos eu quero pegar esse rosto e tascar um beijão de parar o trânsito mais do que ele já está parado.

- ... You still love to squeeze into your jeans but you’re perfect to me – cantou. Esse inglês pode ser o mais tosco que eu já tenha escutado, mas é tão fofinho que eu estou sorrindo mesmo que olhando para a janela. – I won’t let these little things slip out of my mouth, but if it’s true, it’s true... – riu ao se enrolar com a letra. – It’s you they and up to, I’m in love with you and all these little things.

Não escutei o solo do irlandês porque logo percebi o zagueiro parando o carro perto de uma estação de metrô e aí você se perguntar: nós vamos pegar metrô? Ele desceu do carro e fazendo o papel de gentleman veio abrir a porta do carro para mim — eu já disse que nunca vou me acostumar em sentar do lado esquerdo e dirigir do lado direito?

- Não vou estacionar mais a diante então nós vamos andar um pouco. Se importa?

- Não. David, – ele estava mais a minha frente. – como você soube que eu viajei com a dona Evie?

- Encontrei com a Manu um dia desses.

- Manu? Manuela Nora?

- Uma ruiva dos olhos verdes que é fisioterapeuta? – assenti. – Londres é pequena demais para muitos brasileiros.

- Onde foi que a encontrou? Como? Quando?

- Tem certeza que você é médica ou é uma jornalista infiltrada? Tá se saindo bem.

Sabe aquela voz grossa do cara dizendo nota de escola de samba? Então eu vou tentar repetir: quesito ironia... nota 10. O pior de ter um amigo ou melhor amigo é que ele conhece seus pontos fracos e mais do que ninguém Luiz sabia o quanto eu odiava quando a pessoa era irônica comigo.

Não sigo a regra do posso ser e as outras não, mas quando ela começa a lhe responder com ironia acho que nenhuma pessoa aguenta né?

- Food truck?

Percebi que estávamos na Eastern Ave pertinho do Valetines Park, inclusive essa área tem muito verdes.

- “Não sou fresca” – repetiu a frase que eu sempre lhe digo quando saímos e ele pergunta se está bom o local que escolhe.

- Só não sou adepta a comida de rua.

- Naquele dia que saímos com o Galego você comeu até hot-dog com drink de laranja. Não venha com essa.

4x0 David Luiz.

Estou levando uma goleada de patadas e não consigo reagir a nenhuma delas. Parece aqueles jogos que a defesa falha e o goleiro não está no gol. Nos aproximamos de um mini trailer preto com umas mesas expostas à frente e bem acima do automóvel vinha escrito Rainbo Food.

- Fala amigo! – David cumprimentou o atendente que ruborizou um pouco com o ato, mas logo sorriu ainda tímido. – Eu quero um x-eggs com bem ovo mesmo. Frito!

- E você, moça?

Olhava o cardápio e agradeci aos céus porque os donos mesclaram um pouco os aperitivos colocando saudável e não saudável, na verdade, era gordurosos ou não.

- Veja para ela aquele X-Nature. Especial. Ela é adepta a healthy life.

O atendente concordou e foi preparando logo e fomos sentar porque como estava um pouco lotado era capaz de termos que conversar no carro e cheiro de ovo em um carro it’s not cool não é mesmo?

- Ok, agora, me fala. – tomei a iniciativa. – Como encontrou a Manuela?

- Ela não é sua amiga? Deveria saber que ela está de namoro com o Pluto.

- Filha da mãe! – choquei com suas palavras. – Ela não me disse nada.

- Eduardo também a linha do segredo. – revirou os olhos. – Mas não viemos aqui falar deles não é mesmo?

Obrigada, Senhor, por ele ter se tocado de iniciar essa conversa porque eu não sei se teria coragem.

Não, eu não teria.

- David, eu precisava de um tempo. Eu tinha descoberto a pouco tempo que estava desempregada e mesmo que muitos pensem que é fácil arranjar um trabalho para médico, eu ainda não tenho meu segundo e terceiro estágio e você sabe que estou lutando para isso. Aqui é muito diferente do Brasil. 

- Mel, você passou uma semana sem falar comigo. Poderia ter mandando uma mensagem dizendo “preciso de paz” – parou de falar quando o atendente veio nos deixar os pedidos. – Eu iria respeitar sua decisão e não lhe mandar mais mensagem.

- Mas as coisas foram acontecendo mais rápida do que o planejado.

- Isso não é desculpa para não ter mandando mensagem. Ignora visualizando e não respondendo é pior.

- Eu precisava de tempo.

Era sempre a mesma justificava, mas eu não tinha outra. Ou tinha? Alguém já passou pela situação de estar em meio a uma discursão e querer voar no pescoço da pessoa? Eu estava assim com o cabeludo.

- De tempo ou desse tempo? Ou de tempo de nós dois?

- Do que você está falando?! – olhei incrédula. – Vê se põe no meu lugar, por favor. – elevei a voz. – Pelo menos uma vez na vida. Se você tivesse perdido o emprego, estivesse perdido e não soubesse o que fazer? Ia fazer o quê? Sair para beber? Pegar mulher em balada? Ou iria querer fugir? Ficar sozinho por um tempo?

- Melissa, calma.

- Tarde demais.

- Eu não fujo dos meus problemas. Eu os enfrento. Você sabe muito bem que eu tentei lhe ajudar, mas você ficou colocando palavras na minha boca.

- Você não quis ajudar. Achou que eu estava errada.

- Não. – bebeu um pouco da sua Pepsi. – Eu não lhe disse que estava errada e sim que... Melissa, às vezes acontece a e gente acha que não.

- Mas não aconteceu. – elevei a voz novamente. – David, – olhei para as minhas mãos e agora que me toquei de que sair de casa sem celular e dinheiro. – quando quiser conversar me procure.

- Quem tem que tá calma aqui é você, Melissa.

- Obrigada pelo food truck.

5x0 David Luiz.

Totalmente acabada. Eu nunca pensei que brigar com o David fosse tão pior quanto ouvir aquelas palavras sujas da boca do Max. Saí em disparada e sabia que teria que andar muito para chegar em casa, mas quem manda a lesa sair sem dinheiro e muito menos minha carteira de identidade.

“Sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos”, é, Caetano, vou dar moral a sua letra.

***

Quem foi que disse que domingo é dia de faxina? Eu estava louca arrumando o meu apartamento. Queria mudar algumas coisas sabe? Acordei assim: changes the roller coaster of life!

Enquanto arrumava as pilhas de livro deixei a TV ligada porque quem mora sozinha sempre precisa de algum aparelho ligado para não ter só sua voz na casa ou nem sua voz né? E eu não sou obrigada a ouvir o som da minha respiração.

“Agora vamos às noticias de futebol.
Daqui a pouco começa Chelsea e Aston Villa diretamente de Stamford! É, galera, o Blues dessa vez vai tentar desempatar com o time  quase rebaixado. Mas hoje não teremos  o nosso zgueirão cabeludo jogando. Não sabe se ele sentiu alguma dor ou se o técnico Rafa Benítez quis só deixa-lo no banco. Mais informações daqui a pouco, depois do intervalo”.

Sabe quando uma voz te dar uma luz? Foi como se a locução da TV fosse uma luz para me dizer que eu deveria procura-lo. Chega de deixar que o orgulho ganhe força, de achar que vai vim aos seus pés quando você menos espera. Chega de bancar a fortona e achar que não tá nem aí.

Tomei um banho, lavei bem o rosto e vesti a camisa do Blues com 04 – David Luiz atrás. Ainda não tinha seu autógrafo porque ele nem sabia que havia comprado, mas já já vai ter.

“É isso mesmo pessoal, o Chelsea continua empatando e nada de o técnico colocar o David Luiz no jogo. As informações é de que ele está sendo poupado para as próximos jogos ainda mais que tem dois jogos da Seleção daqui a duas semanas”.

Esperei terminar o jogo e mandei uma mensagem para o Eduardo perguntando mais ou menos que horas ele voltava, mas o leso não soube me dizer. Se bem que essas saídas pós jogos demoram anos, juro, eu queria entender o porquê.

“Ele está saindo do estádio já, Mel”
“Aconteceu alguma coisa?”

“Nada demais”
“Ele vai para casa?”

“Ele disse que sim. Tá cansado”

“Nem jogou e tá cansado”

“Você sabe do que eu to falando né?”

“Sei”

“Liga para ele”

Liga para ele. Liga para ele. Liga para ele.

Se eu ligar provavelmente ele vai visualizar e desligar. Tenho que fazer as coisas do meu jeito.

“Deixa, Dudu. Depois eu falo com ele”

“Vai falar mesmo?”

“Quando você menos esperar”

“Eita”
“Me deixa por dentro de tudo”

“Fofoqueiro kkk”
“Vou contar nada”

Deixei o Dudu de lado e fui para a parte mais difícil. O que levar para o Luiz se ele já tem tudo de imaginável naquele apartamento? Que ele diz que foi decoração dele, mas acredito que não.

“HAMLEYS: THE FINEST CHILDREN’S TOY SHOP IN THE WORLD SALE OFF 50% ALL SHOP”

Sabe quando você está quase pedindo uma luz divina e ela aparece assim de repente? Procurando algo no bolso da calça eu pego esse papel amassado. Não tem coisa melhor que dar brinquedos a esse menino.

Uma eterna criança!

- Bem vinda a Hamleys! Precisa de ajuda?

Já disse que britânicos ganham um prêmio de ser bonito? À minha frente tinha um jovem de íris da cor do mar e uma pele bronzeada que lhe faziam ficar cada vez mais charmoso com aquela blusa social branca e o topete – pequeno, aliás – para à esquerda levantado.

Foco, Melissa!

- Obrigada. É... onde fica a parte de jogos de vídeo game?

- Quantos anos ele ou ela tem?

- 26 anos.

- Nossa. – riu. Não estou sabendo lidar com esse ajudante. – É mais ao fundo. É homem?

- Sim. Tem algum lançado recentemente?

Fomos andando e eu me encantava cada vez mais pela loja. Parecia uma Disney misturada com várias outras lojas de brinquedos.

- Tem o F1 2013. Ele gosta de jogos de corrida?

- Ama. É recente?

- Lançado semana passada.

- É esse. Me veja um.

- Já volto.

Enquanto esperava ele lançar o saldo observei os outros jogos porque meu aniversário tá chegando e, se for necessário, é daqui que sai minha lista.

- É só isso?

- Sim. Muito obrigada... – olhei para seu crachá. – Adam.

- Imagina. Obrigado por escolher a Hamleys.

Saí de lá e já era hora de ir para a casa do zagueiro. Passei antes – já que era caminho – na Flour Power City e comprei a famosa torta de banana da confeitaria.

Se eu estou nervosa?

Isso é apelido. Não sei a reação que ele pode ter ao me ver. Ele pode fechar a porta assim como me puxar para um beijo e confesso que estou com saudades daqueles lábios vindo de encontro ao meu.
Toquei a campainha apreensiva.
- Melissa?
- Oi! Então, é... Eu... Bem trouxe uma torta de banana! – sabia que não ia saber lidar com David Luiz de "pijama" na frente. –  Não, mas não era isso que eu ia falar. Ah, também trouxe um jogo de videogame ele tem selo de troca já que caso você já tenha né? Eu não vou arriscar...
- Mel, –  ele pausou e sorriu. Não acaba comigo assim tão fácil. – entra.
Ele abriu mais a porta e eu pude ver que a sala estava um pouco bagunçada, isto é, havia traços de Pluto e Minhoca neste recinto.
A mesa, à frente do sofá e da TV, indicavam que provavelmente os três assistiam filme porque tinha pipoca e um misto quente com chocolate quente ou toddynho (vá saber a preguiça da pessoa não é mesmo).
Enquanto tentava imaginar o que os três moços estavam fazendo sozinhos nessa apartamento, percebi que a sacola da Flour Power não estava mais nas minhas mãos – tentativa do David de me desconcentrar está ajudando.
- Aceita uma bebida?
Sua voz suave vindo da cozinha indicava que eu deveria ir até lá e quebrar o protocolo. Quantas vezes eu já refletir só em poucos minutos? Estou pior que Lispector com sua taça de vinho olhando a Tower Bridge e escrevendo crônicas para o Jornal Brasil.
- Café? Água? Suco de laranja? Tem maracujá também. – ele riu e mandou língua. Quem manda língua pede beijo, Luiz.
- Um cappuccino e uma água sem gás.
- Virei garçom agora.
"Melissa, observa as costas largas dele mesmo ele estando com aquelas blusas de algodão branca básica tradicional de homem."
Mariana e seus comentários de como eu deveria observar coisas no David, que talvez, só as fãs percebessem. Ou nem elas.
Ele se virou de volta e me estendeu a xícara de cappuccino e um copo maior contendo duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio em seu estado líquido.
- Mais alguma coisa?
- Para, menino.
Estava sentada naquelas cadeiras um pouco altas que tem uma bancada na frente e logo atrás a cozinha. Não iria arriscar entrar porque eu só tinha duas opções ou iria ter pegação ou iria ter porrada. Qual vocês preferem?
- David, eu... Você... a gente... Nós... A gente precisa conversar.
- Quer um suco de maracujá?
- David, é sério. Eu não vou sair daqui enquanto não resolver nossa situação.
- Situação que você criou porque se tivesse mandando mensagem ou pelo menos me ouvido não estaríamos assim.
Seu semblante mudou de calmo para nervoso agora. Eu deveria jogar na cara que ele estava errado? Mas você também errou. Deveria dizer poucas e boas? Você vai ouvir também. Deveria dizer que nós dois erramos? Ele não vai baixar o orgulho. Ah quer saber vou apertar o botão do foda-se.
- David, por favor me escuta. – fiz um rabo no meu cabelo e tirei a jaqueta fazendo-o sorrir ao ver a camisa do time. – Eu errei, você errou. Ou só eu errei, tanto faz. Eu só quero que você entenda que eu precisava desse tempo, – ele hesitou em falar, mas o interrompi. – precisava parar para pensar e limpar minha mente. Desculpa se eu não lhe ouvir naquele mesmo dia do hospital, se eu lhe ignorei ou discutimos no Rainbo, eu só achava que você era o errado. Que você sempre está errado. Porque eu, David Luiz, sou a orgulhosa da história. Eu que deveria me estapear 100 vezes por quase ter gritado contigo. Eu sofri também. Ou você acha que eu não chorei enquanto estava em West Wittering? Se tem uma pessoa errada nessa confusão toda que eu criei é essa pessoa que vos fala.
- Não precisa pedir desculpas. Eu sei que você é cabeça dura, assim como eu, que é orgulhosa, como eu e que sabia desde o início que estava errada. Não quero lhe julgar pelo ato do hospital, longe de mim, só quero que você entenda que eu nunca disse que você estava errada. Nunca lhe falei acusei sem provas porque não sou juiz para saber se você está certa ou errada. Eu só queria que você entendesse uma coisa... – ele saiu da janelinha que nos separava e veio na minha direção ficando a minha frente. – Eu sempre vou estar do seu lado, independentemente de você está errada ou certa porque eu aprendi a não julgar as pessoas pelos seus atos. – passou a mão esquerda no meu rosto e a outra enlaçou com a minha direta deixando-as em cima da minha coxa. –  Eu... te... Tenho certeza que você pode me explicar sobre essa história com calma não pode? – concordei. – Vem, vamos comer a torta de banana e você me explica essa história.
Nunca, depois da Manuela, alguém foi tão calmo em uma coisa que eu fui a errada. Eu fui a culpada.
Olhei para David e ele esperava por uma explicação como uma mãe espera a explicação de algo errado que o filho fez.

- Eu encontrei com o Max em West Wittering.

- Como? Você viajou para encontra-lo? Olha o tanto que esse cara te fez e você vai encontra-lo!

- Não, David! Pelo amor de Deus, claro que não! Nos encontramos por acaso, tá, não tão por acaso – vi o zagueiro revirar os olhos e mexer nos cabelos em sinal de nervosismo. – provavelmente Max sabia que eu estava lá.

- E o que aquele babaca foi fazer lá?

- Eu não sei. David, ele apareceu de repente na praia. Disse que era fácil me achar, eu estava até falando com a Manuela nessa hora.

- Tá tudo bem, mas o que isso tem a ver com o hospital?

- Foi ele a Isla que armaram para eu ser afastada. Eu conversei com o Fin essa semana e ele me disse que a administração do Saint Thomas ainda estava averiguando o caso já que não tinha provas suficientes para comprovar de que eu esqueci mesmo aqueles remédios.

- Você está me dizendo – levantou do sofá e começou a andar pela sala. – Melissa, ele pode ir para a cadeira não pode?

- David, menos. Bem menos. Eu não quero que ninguém vá a cadeia ou quero que você o denuncie. Você não tem provas e ele pode está blefando.

- Mel, amor, – se ajoelhou entre as minhas pernas. – Ele fez você perder o emprego. Ele podia ter feito você matar um paciente injustamente. Perder o CRM que você ainda nem conseguiu.

- David, – passei as mãos pelo seu rosto. Ele respirava fundo e eu enxergava tensão no seu olhar. – Eu sei de tudo o que o Max fez. Sou ciente disso, mas eu só quero o meu emprego de volta. Max deve está fora de si mesmo depois de meses do nosso termino. Posso conversar com os pais dele, mas eu não o quero na cadeia. Então, por favor, não faça nada.

- Mel...

- David, não. Por mais que ele possa está errado, eu noivei com ele. Quase casamos e eu ainda considero bastante o pai dele, porque a julgar pela mãe, né? O senhor Austin me ajudou bastante, principalmente, com os medicamentos que chegaram ao hospital.

- Você... Melissa, você ainda gosta dele. – afirmou. – Gosta não gosta?

- De onde você tirou isso?

- Depois de todo esse discurso você quer que eu acredite que você não gosta dele? Não venha me dizer que é consideração pelo pai dele que não é. Pode até ter consideração com o velho, – o olhei recriminando. – Desculpa, mas é obvio que sente mais que consideração.

- David, nós fomos noivos. N-O-I-V-O-S. Noivado é algo sério.

- Tão sério que ele traiu. Ele não se importava com você, Melissa. Ele só queria você para lhe usar e se dê, ainda digo mais, – levantou e parou a minha frente com as mãos na cintura e respirando ofegante. – lhe usou para chegar dentro daquele hospital.

- Eu não sou brinquedo!

- Mas ele lhe fez de um! Entende de uma vez por todas isso.

- Quer saber, David Luiz, – levantei e me encaminhei até a porta. – nós só tínhamos que ser belos amigos.

- Tá acabando?

- Não posso acabar com o que nós nunca tivemos. – abri a porta. – Passar bem, zagueiro.

Continua assim que você está indo longe, Melissa Cooper Grutzmann. Tão longe que é melhor eu subir até o topo da Tower Bridge e me jogar dali. Quem sabe não é a solução para os meus problemas?

“É isso que você quer?”

“É isso que você quer.”

“Nunca disse.”

“Na falta de palavras a gente enxerga sentimento.”

Dói. Dói. Mas uma dor que não passa com merthiolate. Mas ou a gente colocava um ponto final ou sairia daqui com um ponto e vírgula.

 

[...]

- Isso não foi um ponto final, Melissa!

Mariana esbravejava depois que eu lhe contei o que aconteceu. Desde que eu entrei no apartamento do Finley ela não para um segundo de me xingar. Entrei chorando e se a intenção do meu melhor amigo era que eu parasse de chorar, a sua namorada não está ajudando.

- Amor, calma. Senta.

- Não Finley, eu não quero sentar. Eu não quero água, nada! A única coisa que eu quero é que a Melissa deixe de ser trouxa e ficar defendendo o Max na frente do cara que é louco por ela!

- Eu não o defendi, Mariana. Eu só não quero o mal dele.

- Você quer o bem do cara que lhe fez perder o emprego? Melissa, na moral, você é de outro mundo! Quem na vida deseja o bem da pessoa que lhe fez mal?

- Eu não guardo rancor de ninguém. Não guardei nem das meninas que faziam bullying comigo porque eu era magra demais na escola. Não vou guardar do Max.

- Eu poderia socar essa sua cara de trouxa.

Antes que eu voasse a mão na frente da minha melhor amiga (porque essa era minha vontade) a campainha da casa do Finley tocou.

Isla Bennett estava na minha frente com uma cara de cínica – a mesma de sempre – e com aquelas roupas que de quem vai fazer sexo em um domingo à tarde.

Enxuguei as lágrimas que desciam pelo meu rosto porque na frente de mulheres como elas não podemos passar inferioridade. Ouvi um suspiro da Mariana enquanto Finley a deixava entrar.

- Boa tarde, Cooper. – sentou-se na cadeira e eu sentei a sua frente. – Max pediu que eu lhe procurasse, e então, tive que recorrer ao Finley já que eu sabia que você não iria me atender.

- Isla, o que você quer? Já conseguiu o Max e de sobra arruinou o meu primeiro emprego. Quer mais alguma coisa?

- Uma água. – sorriu e apontou para o Finley que como cachorrinho foi na cozinha buscar. – Melissa, eu sei que você ainda deve está chocada com a história do Max. Mas ele fez para o seu bem. – Fin entregou a água. – Obrigada. Olha, eu não queria fazer o que ele mandou. Eu até tentei impedi-lo de arranjar as caixas, mas o que não fazemos por uma boa noite de sexo? – “puta” sussurrei e sorri em concordância. Queria que ela continuasse. – Não sei se você sabe, mas desde que você e o Wright fizeram seis meses de namoro nós começamos a ter um caso.

- COMO É QUE É?

- Opa, – colocou a mão na boca. – Você não sabia? Tudo bem, acho que já passou tempo demais e eu posso lhe contar essa historia.

Olhei para um lado e para o outro e nem um dos meus amigos estava ali. Que maravilha! Enquanto eu estou quase cometendo um crime de matar essa mulher a minha frente os dois devem está quase transando no quarto.

- Nós começamos a frequentar o mesmo grupo da KCL. Foram mais de dez encontros até que ele me pediu para sair. Eu sabia que ele namorava com você, obvio, porque o Max era o popular que namorava a nerd de medicina e ainda mais novata e brasileira. Os homens te admiravam por você ser inteligente, ter um corpo bonito e por ser bonita. Todos os homens naquele campus queriam te ter, mas só o Max podia.

- Isla, você tem inveja de mim?

- Inveja? Eu tenho ódio de você. Todos os homens gostam de você e você não precisa expor seu corpo. – revirou os olhos. – Todos sabiam que eu e o Max não passaríamos de uma noite. Mas continuamos saindo e uma vez ele me disse que como você estava só envolvida com provas, seminários, trabalhos e pesquisas não tinha mais tempo para ele. Foi a partir daí que eu virei sua amante.

- E como ele chegou a me pedir em noivado?

- A família Wright é muito tradicional. Principalmente pelo posto que ele conseguiram com as ações da Boots1 e é claro que a dona Catherine não iria deixar seu amado filhinho casar com qualquer uma. Max vai herdar junto com mais outro primo tudo o que a Boots hoje oferece e pensando nisso, o senhor Austin e a dona Catherine pediram para que ele noivasse com você já que viu uma moça inteligente, culta e médica o que ajudaria cada vez na imagem da empresa.

- Então eu fui usada por toda a família?

- Sim. – estendeu um envelope que eu abriria assim que essa mulher saísse dessa casa. – Entenda que eu não estou dizendo isso porque quero me desculpar e muito menos porque quero sua amizade, nem uma coisa e nem outra. O que quero é só acabar com esse meu relacionamento com o Max porque isso não vai para frente.

- Por que você não termina?

- Porque ele não aceitaria. Ele iria me perseguir. Não chegar a me matar, Max não seria louco de manchar o nome dos Wright. Mas perseguir para que eu volte. Max é o tipo de homem que só pensa na cabeça de baixo. – tive que ri disso. – Ele pode ter a mulher mais bela do mundo, mas ele sempre vai procurar um rabo de saia a mais. Não sei se é idade e falta de amadurecimento, até porque, nem eu tenho. Quem, com 25 anos, formada em medicina, deseja ser amante de um cara?

- Mas você também é formada em medicina. A dona Catherine pode lhe aceitar.

- Não seja ingênua. – riu. – Dona Catherine nunca aceitaria alguém que se veste como eu visto. Meus pais são pobres, Melissa, e mesmo que eu não saiba de onde seus pais são tenho certeza que eles tem condições de lhe manter aqui. Sei que estava trabalhando, mas no início quem bancou foram eles, e eu duvido muito que eles sejam iguais aos meus pais.

- Isla, eu...

- Não sinta pena. – ela nem chorava. – Minha mãe era prostituta quando conheceu meu pai. Sou a mais velha de seis filhos. Na verdade, eu sou a única filha do casamento deles. – cada palavra dita por ela era uma frieza que me impressionava. – cada filho da minha mãe foi com um cliente diferente. Meu pai aceitava porque ele era alcoólatra e com o dinheiro que ela ganhava das noites poderia pagar o tratamento.

- Eles ainda estão vivos?

- Sim. Moram em Alloa2. Eu não sei os nomes dos meus irmãos, ou meio irmãos, porque só descobri isso através do senhor Austin.

- Pai do Max? Como ele sabe dessa história?

- Ele é pai de um dos meus irmãos.

MEU DEUS! Quando eu ainda estava começando a processar a ideia da história dos pais dela, eis que vem agora que o senhor Austin Wright tem um filho bastardo.

- Melissa, entenda, eu estou com o Max porque a dona Catherine não pode saber disso. Eu tive um caso breve com o senhor Austin muito antes de saber que ele era pai de um dos meus irmãos e um pouco antes de descobrir também que ele é pai do Max.

- Você...

- Vendia meu corpo? Morei em um prostibulo para poder pagar o material da faculdade.

Eu não conseguia acreditar em tudo o que estava ouvindo. Não conseguia sentir ódio e nem nojo da mulher a minha frente. O que mais me espantada era o fato dela falar com uma naturalidade. Não sei se talvez já tenha se passado tempo demais e ela já esteja acostumada com essa ideia, mas ainda sim deve ser um choque.

- Acho que você ouviu demais né? – levantou e eu acompanhei seu ato indo direto a porta. – Caso queira o que tem dentro desse envelope... são apenas as provas que comprovam sua inocência. – abriu a porta sem esperar que eu movesse um dedo. – Ah, sobre como eu deixei lá: caixas vazias de remédios. – piscou. – Até mais, Cooper.

 


Notas Finais


Tá tudo muito confuso na vida da Mel né?
Mas é isso mesmo! Espero que gostem! :)
Para título de informação:
1 - Boots é uma rede de farmácia do Reino Unido
2 - Alloa é uma cidade na Escócia


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