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História Sina - (16) - Echarpe da Cinderela - História escrita por eudazs - Spirit Fanfics e Histórias
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História Sina - (16) - Echarpe da Cinderela


Escrita por: eudazs

Notas do Autor


Ok, podem me matar, eu já deixo! Quase um mês mesmo sem postar.
Bom, mas aí vem um capítulo mais ou menos porque o próximo (eu espero) que prometa.
Beijoss e boa leitura!!

Capítulo 17 - (16) - Echarpe da Cinderela


Fanfic / Fanfiction Sina - (16) - Echarpe da Cinderela

David POV

Olhei para as mãos de Armie segurando firmemente a cintura da Melissa e desejei a socar a cara plastificada e de cínico que ele demonstrava só de olhar. Como a Melissa caiu no papo desse cara? O que ele tem que eu não tenho?

Gustavo percebeu minha inquietação e logo se ajeitou com a internet para ver um restaurante bom e de comida para matar minha raiva — e principalmente — minha fome. Dona Regina bem me ensinou a não ter raiva das pessoas e eu sei que demonstro isso diante das minhas mensagens aos meus fãs; se tratando é claro das crianças, mas nesse caso, exclusivamente nele, eu estava com raiva por ter alguém no meu lugar. Entendam, que homens, são possessivos mesmo com coisas que não são deles, ou que não se tratam, deles e Melissa era minha — apesar de — eu nunca ter tomado a iniciativa de ter falado sobre.

- Então, Gustavo, já deu para escolher ou tá difícil? – perguntei impaciente já que tinha que dar o alvo para o babaca superman a minha frente. – Pega um que não precisa fazer reserva.

- Se você quiser, zagueiro, eu e a Lissa podemos ir em outro lugar. É muito melhor jantar à dois.

- A Melissa é minha convidada, então inglês, sinta-se à vontade para se retirar.

Eu não levo provocação para casa e isso é demonstrado dentro de campo. Mas fora dele a coisa pode ficar muito pior. A começar por ele ter chamado a Melissa de Lissa que a única pessoa que a vi chamar foi Enzo, seu irmão, e mais ninguém. Por segundo, ele cala a boca dela com esses tipos de provocações e terceiro que isso estar me deixando puto.

Minhoca desistiu de procurar e passou para o Dudu que foi logo de cara na categoria “restaurantes perto do Stamford Bridge” e conseguiu um de culinária francesa que animou mais alguém além da morena Cooper.

- Gastronhome é um ótimo restaurante para jantar entre amigos. Boa escolha, Eduardo.

- É um ótimo restaurante na companhia de bons amigos, meu caro. – disse só para não passar batido. – Você ainda vai querer jantar com a gente?

- Acredito que eu não perderia a chance de jantar com um dos melhores zagueiros do meu time e da Seleção Brasileira.

Bajulando para ganhar a Melissa? Jogo sujo. A Cooper riu quando ele falou Seleção Brasileira e eu aposto que ele vai esse tipo com todas as meninas. Mas eu tenho mais charme, mais carisma e dessa guerra quem vai sair ganhando não é o superman e sim David Luiz.

David OFF

Era claro a inquietação dos dois na minha frente e eu não tinha reação porque se defendesse um, estaria passando por cima do outro, então fiquei em campo neutro antes que a bomba estourasse para mim.

Assim que Dudu confirmou o restaurante, Armie me puxou em direção ao seu carro e não deu para me despedir do David. Cheguei em frente a BMW preta do médico e suas mãos prenderam meu corpo diante do seu. Olhei para o lado e não tinha mais ninguém no estacionamento e dei graças a Deus porque não teria coragem de agarrar Armie com David na minha frente.

- Vou esperar eles chegarem lá e vamos demorar um pouquinho. – suas mãos seguravam em minha cintura e seus lábios que antes sussurravam em meus ouvidos, desceram para meu pescoço, distribuindo beijos molhados pelo local. – Feche os olhos, linda.

Fiz o que ele pediu e deixei-o me guiar pelo seu aroma sedutor. Estava acabando com todas as minhas teorias sobre não ficar com Armie, mas era impossível resistir a esse homem. Seus lábios subiram para meu maxilar e eu apertei mais meus braços em sua cintura quando seus lábios tocaram nos meus. Ainda de olhos fechados, movi minhas mãos pelas suas costas até chegar em sua nuca e massageei o local, fazendo-o apertar nossos corpos. Minha boca se entreabriu para soltar um gemido quando sentir seu membro — ainda que não muito ativo — e para calar nosso libido, nos beijamos.

Abri meus olhos, assim que paramos, e vi por cima dos ombros largos do moreno a figura de David com os olhos semicerrados e os punhos fechados como se estivesse preparado para entrar em uma briga.

- Armie... – me desvinculei de seu corpo assim que ele começou a beijar meu pescoço. – Vamos?

Quando ele olhou para o carro mais afastado do nosso só fez sorrir; parecia uma guerra e eu era a mocinha da relação. Pela última vez que vi David tão furioso fora de campo foi diante de Max e eu sabia que se o Dudu não tivesse aparecido para chama-lo, ele viria tirar satisfações com o Cavill.

- O restaurante não fica muito longe... uns 13 minutos. – entramos no carro e ele ligou o automóvel. – Mas se você quiser podemos desmarcar.

- O que eu quero é que você esqueça que nos beijamos.

- Não posso esquecer. Eu sinto muito.

Cínico e eu cair de quatro nos seus joguinhos. Não iria esquecer da cara do David quando me viu o beijando; parecia que tinha sido traído e foi, porque afinal de contas, eu duvido que David tenha pego alguém enquanto estávamos juntos — mesmo que o que tínhamos não fosse nada sério.

Fiquei olhando a estrada e ele colocou a mão na minha coxa o que eu repudiei com um tapa que o fez gargalhar. Seu telefone tocou e era Joy. Queria poder dizer podia atender e me deixar na porta do restaurante que agora vou ter que descer e dar de cara com David e com a pior cara possível ouvir de sua boca que sou a alguém que ele achava que era e não sou mais. Parabéns, Melissa, cada dia que passa você se surpreende mais.

- Pode retornar a ligação, eu não me preocupo com isso.

- Ela bem sabe que eu estou com alguém e quer atrapalhar.

- Joy lhe conhece o suficiente para saber com quem você está?

Foi uma pergunta retorica. Armie voltou a olhar a estrada enquanto o telefone tocou e eu fiz o favor de apertar no verde para a chamada começar. O professor me olhou com cara de poucos amigos, mas eu nessas horas, só queria que os 13 minutos que íamos passar dentro do carro passassem mais rápido do que deveria.

A ligação não demorou muito e ele disse que tinha alguns problemas para resolver. Graças a Deus que eu vou poder descer sozinha e fazer minha melhor cara na frente de todo mundo. O pior que não foi só o David que viu, ou seja, algo me dizia que alguém — vulgo Isabelle — iria abrir a boca para comentar e eu não estou preparada para os olhares e a grosseira do Luiz para cima de mim.

- Pode me deixar aqui. – parou em frente ao Gastronhome e eu destravei o cinto. – Obrigada pela companhia no jogo.

- Você não precisa agradecer. – tentou se aproximar, mas eu desviei. – Que foi? Vai querer fugir?

- Eu falei que era para você esquecer.

Desci do carro e mandei mensagem para a Manu perguntando se já tinham chego e eles estavam aguardando uma mesa.  Me identifiquei e encontrei-os sentados em uma mesa separada. Agora é fazer a artista da Globo e no final mandar meu currículo. Vamos lá, Melissa, you can do it!

- Boa noite. – olhei para David e ele estava mexendo no celular e nem se quer olhou para mim, mas eu sei que ele reconheceu minha voz.

- Até que enfim chegou! – Isa exclamou. – Ficou se pegando com o professor né? Eu entendo né, com aquele homem não dá para perder tempo.

Eu não disse que ela ia abrir a boca? Conheço minhas amigas de trás para frente. Manuela percebeu o desconforto da situação e tentou desconversar puxando assuntos aleatórios enquanto a Isa ficou toda envergonhada pela gafe que fez o zagueirão levantar e ir falar ao telefone meio distante.

Se o jogo não tinha sido bom pelo, talvez, mal comportamento do zagueiro dentro de campo, fora ele estava em um campo de batalha. David conversava no telefone, mas sempre virando pra olhar na minha direção enquanto eu fingia não receber e perceber.

Voltou com uma cara muito pior do que estava antes e eu não sei era só pelo beijo ou se juntava tudo de mais um pouco. A ligação pareceu desconfortável e Dudu, percebendo o humor do amigo (que de longe era notório) tratou de perguntar se estava tudo bem.

- Dona Regina que ligou. – bagunçou o cabelo. – A moça avisou que a mesa já tá disponível.

Sorte ou não adivinha quem ficou do meu lado? Apostem na próxima mega porque vocês ganharão. David Luiz e seu famoso carão de puto da vida. O garçom veio trazendo o cardápio e até para isso ele fez birra para ler primeiro. Deixei-o escolher e fingia olhar o meu celular só para não encarar mais ninguém. Estava pesado o clima? Sim. Eu iria sair? Não.

- Então você já partiu para o próximo?

- Quem disse que ele é o próximo?

- Acho que se você o beijou quando disse há alguns dias atrás que não estava querendo mais nada comigo é porque entende-se que ele é o próximo.

- E se for? Você tem alguma coisa a ver com isso?

- Deveria, afinal de contas, você estava ficando comigo e se foi tão rápido assim é porque ele já estava na sua lista há muito tempo.

- Nós nos beijamos hoje. Ali. Ele não estava na minha lista.

- Realmente as pessoas mudam.

- Eu vou...

- Ao banheiro? Vai fugir da verdade como sempre?

- Cala a boca! – elevei a voz e a mesa olhou para nós. É nesses momentos que a vida não compreende e todo mundo da mesa fica em silêncio. – Você não tem o direito de me julgar por nada, ouviu? Nada.

- Eu não estou lhe julgando, Melissa. Misericórdia! Só não precisava passar pelo papel de trouxa. Dizia que não me queria e falava a verdade.

- Eu nunca te quis, satisfeito? Fiquei com você porque assim como os outros eu sabia que podia ser um brinquedinho na sua mão e não queria passar pelo o que o Max fez comigo. Você foi o troco da minha vida. Era isso que queria ouvir? Está aí a verdade.

- Melissa, você...

Ele não completou a frase ou eu não o ouvi porque levantei da mesa e fui para a porta. As lágrimas que eu segurei na frente dele caíram assim que fechei a porta do restaurante. Sentei no banco da frente me encolhendo na jaqueta e esperando por algum taxi que passasse.

Não sei de onde saíram todas aquelas mentiram, mas saíram; É por isso que não devemos brigar de cabeça quente. Fala o que quer e ouve o que não quer.

Não esperava que o David fosse me procurar ou me dar razão e nem acreditar no que eu falei, se ele me conhecesse bem, saberia que eu estava mentindo. Mas a porta do restaurante fez um barulho e eu percebi sua presença ao meu lado no banco enquanto ajeitava pela milésima vez sua toca.

- Melissa, pelo amor de Deus! – olhei para ele e seus olhos estavam mais fundo que o normal. – Diz que aquilo é mentira.

- David... Não.

Desviei o olhar porque não conseguia encarar aqueles olhos suplicando para que eu falasse a verdade. Por que é tão difícil brigar com o David Luiz?

- Melissa, olha pra mim. – virei o rosto e ele o alcançou limpando o líquido que insistia em cair sem cessar. – Não chora, por favor.

- Você é o culpado delas.

Isso, congrats, deixa o orgulho passar por cima e dizer que você não fez a maior merda do mundo. Não assume essa besteira.

- Eu sei e é por isso que eu vim aqui pedir desculpas.

- David, escuta, nós nunca vamos dar certo. Nem como namorados, ficantes, seja lá o que for. Nem mesmo como amigos. Eu quero que você... me esqueça. Esquece meu número, onde eu moro, como nos conhecemos, tudo, esquece tudo. Se por acaso nos encontramos no Brasil ou aqui mesmo para a Copa das Confederações ou com a Manu e o Dudu, aja como se eu fosse uma desconhecida.

Doía mais do que devia falar isso assim. Um vento gélido passou e eu estremeci o fazendo tocar em meu rosto. Fechei os olhos e senti sua respiração quente perto do meu pescoço. Minha mente dizia para recuar e meu coração dizia para deixar me envolver e mais uma vez eu estava seguindo o coração. Por que não dei ouvidos as aulas de filosofia no ensino médio?

- Você quer dizer q...

Eu não o deixei terminar. Envolvi minhas mãos em seu rosto o deixando invisível por quem passava pela rua e o beijei. David posicionou suas mãos na minha cintura e nosso beijo se prolongou mais do que devia. Sentia que aquele era último e minhas lágrimas, que tinham cessado quando nossas línguas se encostaram, voltaram a cair.

- Por favor, não chora... – pediu ainda com nossas bocas encostadas. – Melissa?

- Eu tenho que ir, David.

Separei nossas bocas, nossas mãos e me levantei seguindo — sem olhar para trás — até um ponto de taxi; ônibus; metrô, meio de locomoção público mais próximo.

Sabe quando no ano novo as pessoas falam "você está abrindo um livro de 365 páginas"?, então, eu vou abri-lo agora. Começar do zero. David Luiz para mim vai ser apenas um jogador. Nada mais que isso.

POV David

Eu só faço burrada. Nasci para fazer burrada e deixar tudo escorrer pela minha mão como pó. Mas uma vez vi a Melissa andar em direção ao nada — pelo o meu ver — e já sabia que dali por diante nem que eu ameaçasse me jogar do The Shard ela ia me desculpar.

As pessoas já estavam começando a me notar ali na rua e eu resolvi entrar no restaurante porque ainda tinha o medo de sair em algum jornal que possivelmente eu estava brigando com "uma morena misteriosa" e expor a Melissa a ponto de acabar com tudo logo de uma vez — se é que eu não fiz isso.

- Onde está a Mel? – a ruiva perguntou e eu balancei a cabeça afim de parar de pensar e acho que ela entendeu o recado. Quando olhei para minha mão sua echarpe ficou comigo. – Você entrega pra ela? – mostrei o pano preto.

- Ela foi embora como? – Isa perguntou enquanto largava a taça de vinho na mesa. – O Armie veio busca-la?

- De taxi.

- David! – dessa vez a Mariana esbravejou e elas se parecem tanto com a Melissa que chega a dar medo. – Você a deixou voltar sozinha para casa? Sabe quando custa uma passagem daqui para o Chelsea?

- Ela pode voltar de taxi não? É até melhor para ela.

- Você é um ridículo! Me solta, Finley! – tirou as mãos do namorado da suas e apontou o indicar para mim. – Eu espero sinceramente que você não tenha dito absolutamente nada de mais errado lá fora para a Mel, por que se não, eu juro que corto fio a fio, macarrão por macarrão dessa sua juba.

- Antes que você fale alguma coisa, Mariana, aprenda a ouvir as verdades. Sua amiga ficou com o professorzinho e você viu também assim como eu. Não posso fazer nada se ela não me quer e outra, ela que decidiu desistir.

- Desistir de quê? De um relacionamento sem volta?

- Ninguém falou em relacionamento aqui, Freitas. Ah, quer saber... perdi até a fome.

Larguei tudo ali na mesma ficando só com a echarpe. Tinha que ter um jeito de entrega-la antes que fosse tarde demais; antes de que o tal do Armie aparecesse e estragasse tudo mais uma vez...; antes que ele fosse só mais uma pedra no meio do caminho.

Catei pneu pelas ruas sem nem ligar pela multa que levaria e vi meu telefone tocar inúmeras vezes fazendo com que eu quase o jogasse da janela. Como eu deixei as coisas chegarem a esse ponto? Por que não é fácil assumir um relacionamento? Na verdade, que relacionamento se nós nem temos um?!

Não sabia nem para onde estava dirigindo e só parei quando vi tipo uma praça — na Upper Ground — e foi quando me toquei que tinha ido longe demais.

Peguei o celular jogado no banco do carona e vi que as ligações variavam da minha mãe até o Gustavo e resolvi responder ao Pluto antes que o Minhoca me desse aquele sermão de pai, que eu não estava nada afim de ouvir.

- Fala, Dudu. – passei a mão livre no rosto e desliguei o motor do carro. – Eu estou bem, cara.

- Só me diz onde tu tá né, irmão. Saiu daqui todo afoito.

- Estacionei perto de casa.

- Onde?

- Que implicância, Eduardo, tá pior que a minha mãe! To na Gabriel’s Wharf.

- Onde é isso mano?!... Espera aí, Gustavo! David, vai pra casa. Tia Rê ligou e o minhoca não soube mentir e acabou que ela ficou uma pilha de nervosa. Mas ela não sabe que você brigou com a Melissa.

- Nem vai saber! Porra, – bati com a mão no volante e joguei a cabeça pra trás. – Gustavo na hora que precisa ficar com a boca fechada não funciona. Eu vou dizer que o jogo não foi bom só para ela ficar mais tranquila. Deixa só eu ficar mais um pouco aqui.

- Tá, tu que sabe. A gente ainda vai ficar por aqui.

Assim que desliguei a linha com o Pluto, mandei uma mensagem do local para ele ficar ciente que eu — ainda — não estava louco de ir para qualquer canto. Falei com a dona Regina e ouvir seus belos conselhos sem que ela desconfiasse de nada.

Resolvi descer do carro antes que aquele ar me sufocasse e sorri ao ver uma morena brincando com os seus filhos enquanto o pai conversava com os amigos. Londres tinha muito disso: uma momento família junto com os amigos.

Imaginei Melissa ali e lembrei do dia em que ela foi em uma festa da ASDL, em Juiz de Fora, e eu tive a experiência de vê-la tão animada com crianças. O jeito cuidadoso, o imã que ela tinha, o sorriso que ela conseguia tirar de qualquer uma daquelas que estavam ao seu redor. Sentei em uma mesa, pedi um petisco de frango e uma coca (não ia ingerir bebida alcoólica né?) e fiquei ali até a hora de ver os estabelecimentos fechando.

Não demorei nem dez minutos para chegar, contando que estava a mais de 100km/h, e assim que pisei os pés no apartamento, vi a cara dos meus dois amigos.

- Nem comecem. – fui andando em direção a escada e sabia que eles estavam me seguindo. Abri a porta do quarto e os dois ficaram em posição de segurança na minha frente. – O que vocês querem?

- Você não bebeu né? – Gustavo perguntou. – Você sabe que não pode e amanhã, quer dizer, hoje tem que se apresentar no Chelsea.

Por eu ser atleta, talvez — dona Regina agradeça por isso —, eu não posso usufruir de muitas fossas que alguns homens usufruem, ou seja, da minha coca e meu petisco de frango de ainda agora, muitos homens, estariam se embebedando por essas pubs da cidade e eu estava lá curtindo a chorada sozinho.

- Não, Gustavo, eu não bebi. Eu sei das minhas responsabilidades.

- Ô grosso! Vamos, Gusta, que esse daí hoje tá desconversável.

Os dois deram as costas e eu bati a porta com força. Não queria ser um menino mimado que recebe um não dos pais e fica assim, mas eu estava revoltado. O que fazer nessas horas? Joguei meu corpo na cama macia e baguncei meu cabelo enquanto passava a mão, incansavelmente pelo meu rosto, pensando em alguma solução para poder reverter o jogo com a Cooper.

Não podia deixar que aquele professorzinho metido a galã vá roubar um ligar que é meu; que eu conquistei. Não vai mesmo. E sabe qual é a sorte da Melissa? Eu adoro receber um não.

David OFF

Mais uma noite mal dormida de tantas outras desde que Armie entrou na minha vida e minhas incansáveis brigas com o senhor David Luiz. Eu olhava para a chuva que caía de manhã cedo e pensava em tudo que aconteceu desde que eu vim pra cá. Sabe flashback? Tipo uma fita com memória de tudo e, por ironia do destino, quem estava em quase todas elas era o zagueiro.

Tinha decido na noite anterior, enquanto tomava um café e assistia os noticiários, que iria procurar a doutora, mas como sempre, ela tem “been too busy”, e a única coisa que eu podia fazer em um dia de folga da Westminster era ler. Demorei para me levantar, trocar de roupa (vulgo um moletom da GAP e short curto da Abercrombie) e começar a estudar — ainda tinha que arrumar minha casa.

[...]

Já se passava das quatro. Eu já tinha feito todas as refeições até agora e a única coisa que não tinha passado era a chuva. Sim, estava chovendo desde madrugada e isso aumento minha preguiça que fez eu parar todos os meus estudos para fazer brigadeiro. Deve ser por isso que eu sou gorda ou engordo fácil, porque morar fora, longe da família e sozinha faz a gente se sentir tão solitária que os nossos passos a cozinha são mais frequentes do que a nossa cama.

Terminei de preparar o doce e despejei num pote de vidro e coloquei encima da bancada que separava a cozinha da sala para esfriar enquanto ia arrumar o restante da casa, só que, antes disso bateram na porta. Suspeitava que fosse a Mariana ou uma das meninas, ademais, um dos vizinhos que podia ter reclamado da música alta talvez.

- Armie?

O professor estava com o braço direito apoiado na porta enquanto sua mão esquerda pousava na cintura. Me analisou de cima a baixo e mordeu os lábios. Sinceramente depois de tudo o que eu disse para ele esquecer sobre aquele beijo, a pessoa ainda insiste, e vem na minha casa me procurar afim de que?

“O único problema é que ele [consegue] é/ser irresistível”, disse minha consciência.

- Atrapalho? Hoje é folga na Westminster e pensei que você fosse sair, mas vejo que você ficou estudando. Tem certeza que você é jovem?

- Vai ficar me insultando?

- Não, que isso, perdão. – voltou a posição ereta e deu um passo para frente. Nossos corpos já estavam bem próximos e eu dei um passo atrás assim que ele deu mais um para frente. Sua mão alcançou minha cintura puxando meu corpo para junto do seu e eu não pude esconder o gemido quando senti-lo tão perto de mim. – Sei que você pediu para eu esquecer seu beijo, mas isso é meio impossível, principalmente, quando... quando eu me pego pensando em você quase que diariamente, Melissa Cooper.

“Posso ou não acreditar nisso?”, minha consciência entrou de novo no jogo. Certamente desde que leve um toco do Max eu me tornei mais fria ou pelo menos não demonstrava tanto minhas reações assim.
Minhas mãos encostaram em seu rosto e seus lábios atacaram os meus assim que dei um brecha. Seu pé fechou a porta e o estrondo fez eu rir ao imaginar as senhoras reclamando. Fomos andando até o sofá — sem parar o beijo — que cada vez fica mais ágil e suas mãos passaram a segurar firme em minha cintura até sentarmos no sofá.

“Não se entregue. Se divirta”. Sorri com o recado inconsciente e as mãos de Armie pousaram na minha coxa assim que desci meus lábios para seu pescoço, mordendo a pele em seguida. Seus dedos subiram um pouco o moletom folgado e chegaram no mini short o qual logo foi abaixado para que ele tivesse contato com a minha intimidade. Arqueei minha cabeça para trás quando senti-lo me estimular — ainda que estivesse com as peças — e inclinei meu corpo, que logo foi tratado de ser deitado no sofá.

- Acho que devo lhe insultar agora e dizer que uma jovem como você estaria se divertindo muito mais se tivesse me procurado antes.

Suas mãos buscaram rápido tirar meu moletom e ele sorriu ao perceber que não tinha nada por baixo. Seus lábios — que antes me beijavam ou mordiam meu pescoço — desceram para o meu busto e depois seios onde fizeram o trabalho de chupar e morder e eu só comprimia os gemidos. Sua mão direita desceu pela minha barriga voltando a minha intimidade e mais uma vez estava sendo estimulada.

“Está na hora de dizer chega”. Eu estava adorando minha consciência falando por mim. Levantei minhas pernas, enroscando-as na cintura de Armie e puxei seu tronco mais ao meu enquanto ele não parava de me estimular.

- Armie... – gemi com seu toque, mas tudo fazia parte do plano. – Hm...

- Diga. Diga quer mais.

- Não...

- Não para?

- Para. Para... – ele parou o que fazia e me olhou achando que eu estava brincando. – Armie, desculpa, eu... você nem deveria estar aqui.

Nossos corpos rápido se desvincularam e eu comecei a me arrumar no sofá enquanto ele levantou arrumando o cabelo que durante o beijo eu tinha bagunçando. Se eu estava fazendo jogo sujo? Estava, mas há quem diga que se você entra na chuva é para se molhar e não tinha pessoa que mais fazia jogo sujo aqui do Armie Cavill.

- Então quer dizer que você não estava preparada?

A pergunta me pegou de surpresa. Sabia que ele havia ficado chateado até por que que homem não ficaria? Mas isso não era coisa que se perguntava assim. Não era que eu “não estivesse preparada”, eu só não queria.

O difícil dos homens é entender que tem dias que as mulheres não querem e eles acham — isso é instinto — que elas tem que estarem prontas assim como eles a hora que for. Keep calm, ma friend.

- Não. – levantei e fui pegar o pote de brigadeiro que estava mais frio que o clima dentro do apartamento. – Eu só não queria.

- Você queria. Isso é desculpa para dizer pro cara que é virgem.

- Oi? Se eu for virgem teria algum tipo de problema?

- Imagina, eu não disso isso.

- Professor, o senhor pode sair do meu apartamento por favor?

Por sorte ele já estava a caminho da porta.

- A gente se vê na Westminster. – piscou e abriu a limiar de madeira. – Quer dizer, a gente se pega por lá.

RIDICULO! Será que só me aparece assim? Por sorte eu não tinha me apegado tão fácil assim como antigamente e devo admitir que ter rompido com Max me fez encarar relacionamento de uma outra maneira. Como diria minha avó: “quiçá a gente sempre leva algo de bom na vida” e deve ser isso mesmo.

***

Final de semana chegou chegando com tudo. Apesar da semana turbulenta de ter que encarar Armie todos os dias na Universidade e ter rejeitado todas as ligações do David, hoje era dia de praia. Quanto tempo, depois de ter encontrado com Max, eu não vou à praia? Caminho por lá; rio com as amigas; canto ao som de algum violão? Saudades desse tempo em que fazíamos isso lá no Brasil...

E é justamente isso que vamos fazer. Amo quando a Mariana dá uma de GPS e quer resolver as coisas assim de última hora, mas foi a melhor “coisa de última hora” que eu recebi na semana. Finley estava louco para ir a Norfolk, um condado na Ânglia Oriental inglesa, há duas horas e alguns minutos de Londres. Dizem que Holkham Beach é uma praia calma e rodeadas de dunas — e ainda é um dos lugares onde a Rainha adora dar uma passeada master.

Cada um ia com o seu carro para facilitar na hora de voltar até porque os casais iam ficar mais uma semana e o Eduardo ainda fez questão de deixar bem claro que iria me convencer a ficar. Em que mundo eu pergunto, Eduardo Carvalho, vulgo Pluto, me convenceria a ficar de pedestal para ele, Manu, Mariana e Fin?

Desci com tudo o que tinha para levar, liguei o carro e aumentei o som enquanto ajeitava o GPS.

Alô, alô, Norforlk, I’m arriving!

[...]

- Yeah, John! Pink released another phenomenon! This time now the song name is Just Give Me A Reason. A romantic hit with participation of Nate Ruess of Indie Fun band. Let's hear it now?

Por que mesmo eu sou fã da Capital FM? Faltava ainda uma hora e pouco para chegar na cidade e o que dirá no alojamento, como diz a Manu, que fica na praia, e ouvir essa rádio é tão maravilhoso quanto ouvir Adele em dias de chuvas (isso eu acho uma combinação perfeita).

Aumentei o volume mais ainda, baixei os vidros e deixei que os ventos pudessem bagunçar meu cabelo. Eu nem sabia o ritmo da música, nunca tinha a ouvido, mas já estava gostando por ser feauting Nate Ruess.

Right from the start
(Desde o início)
You were a thief
(Você era um ladrão)
You stole my heart
(Você roubou meu coração)
And I your willing victim
(E eu a sua vítima voluntaria)
I let you see the parts of me
(Eu deixei você ver as partes de mim)
That weren’t all that pretty
(Que não eram tão bonitas)
And with every touch you fixed them
(E a cada toque que você as consertou)

What the fuck is that?! Foi exatamente essa minha reação. Estava passando pela 3ª saída para entrar na Swaffham Rd/A1065 e meu telefone tocou avisando que David. Poderia qualquer pessoa ligar nesse momento, menos essa.

Santo Antônio e São José, vocês podem ajudar o meu caminho por favor? Diminui o volume quando estava passando pela A148 e graças ao bom Pai não tem mais pedágio. Se tem uma coisa que eu odeio em estrada é ter que parar em pedágio, Jesus, me estressa ao extremo. Passei pela B1105 e assim que cheguei Two Furlong Hill/A149, o GPS fez aquela voz irritante de: “Continue on the A149. Destination will be on the left”.

Alguém acredita que eu seja bipolar? Dobrei na esquerda e andando mais um pouco encontrei o carro da Isa parado e ela cantando a música que estava tocando agora pouco. Repito: quem não é apaixonada por Capital FM?

- Oh, tear ducts and rust I'll fix it for us. We're collecting dust, but – fez uma posse com o braço. – Our love's enough. You're holding it in, you're pouring a drink... no nothing is as bad as it seems. WE'LL COME CLEAN. – sim, ela gritou!AMIGA, É A SUA MÚSICA COM O DAVID!

- Isabelle, cala a boca!

- Ah, mas ela tem tudo a razão... – Pluto apareceu atrás de nós de óculos de sol, bermuda e uma regata. Ai, ai, Manuela... - I'm sorry I don't understand where all of this is coming from, I thought that we were fine

- Oh, we had everything. – Isa completou.

- Your head is running wild again, my dear we still have everythin' and it's all in your mind

- Dá para parar vocês dois?! Eu e o David somos meros desconhecidos.

- Ah é? – vi a figura do zagueiro atrás do amigo. – Então, Pluto, como é o nome da sua amiga?

- Melissa Cooper. – estendi a mão e ele a apertou. – Prazer, jogador.

- Ui, jogador. – Isa mexeu as mãos e todos nós rimos. – Deveriam parar de frescura e se beijar, mas pensando bem... eu preciso achar um homem que beije também. É bem melhor quando é com a gente e não quando nós somos plateia, né Pluto?

- É. Acho que tem uns homens lá na pisc... puta merda eu deixei a Manuela sozinha na piscina com aqueles machos todos ao redor. Vem, Zabelle!

Os dois saíram e se o clima entre eu e o David não estivesse tão péssimo eu iria soltar gargalhadas de tão espontâneos eles conseguem ser. Retirei minha mala do carro, dei a chave para o manobrista e passei — esbarrando —  naquele corpo definido que ele não tinha vergonha nenhuma de esconder.

“O que é bonito é para ser visto né?”

- Pensei que o Pluto tivesse amigas mais educadas.

- Pensei que ele tivesse amigos que machucam menos.

- Não estou lesionado, só tirei um tempo de folga. Até para repor as energias.

- Entendo. Agora eu posso ir?

- Você está ficando com o Armie?

- Isso não interesse a você.

- Melissa... ei. – segurou em meu braço e eu fui forçada a me virar. Esse homem do jeito que dava fez eu respirar várias vezes. – Eu acho que a gente já chegou no estágio de...

- Esquecer tudo o que vivemos. Licença, Luiz.

Saí dali quase chorando. Eu odiava estar passando por esse papel; odiava mentir sobre os meus sentimentos ou brincar com eles. Mas agora em diante iria ser assim, eu não importaria mais com o David e ele teria que esquecer qualquer tipo de afinidade que tivemos. Pelo menos por enquanto, até a poeira baixar, até as coisas se ajeitarem. Até eu parar de virar bipolar em relação a ele.

Como podem ver o final de semana que eu estava planejando iria por água a baixo né?

God save me!

***

- Como é que é? – Mariana esbravejou enquanto eu contava detalhes. – Melissa, qual o teu problema?

Por que eu resolvi contar justamente para a Mariana que eu me peguei com o Armie no meu apartamento? Isabelle quase deixa o copo com agua que estava bebendo. Estávamos na casa dela em mais um final de semana que eu não estavam afim de estudar e dona Manuela nos largou para ficar com o Dudu.

- Mariana, por favor! Eu sei que eu não deveria ter feito isso comigo, mas é que sei lá... foi.

-  Tu é burra! “Sei lá... foi”, porra Melissa, essas coisas não é “sei lá... foi” não! Como se não bastasse a canoa da Manuela, agora você, daqui a pouco é a Zabelle.

- Mariana! – Isa repreendeu. – Nem começa que eu não me envolvo com ninguém, graças ao bom Deus! Mel, calma, não é o fim do mundo também né? Dá uns pegas no professor até eu faria e vocês nem foram para o vamo ver e tu tá assim?

- Mas tem o David, gente...

- Tu broxou né? – Mariana é curta e grossa. – Armie estava lá e você estava pensando no David? Se bem que até eu ficaria em dúvida nisso, é Mel, tu tá em uma enrascada.

Respirei fundo, o rosto deveria está inchado e está sendo sempre assim: todas às vezes em que brigo com o David eu choro, o coração aperta e eu sinto medo. Acho que medo de perdê-lo. De não ter mais aquele abraço confortante, o carinho e sentirei falta até dos seus beijos — dos diferentes beijos.

- Se fosse o Ibra eu até ficaria assim. Mas Mel, eu acho que você deveria sair para espairecer. Não viajar porque é bem capaz do zagueirão tá lá. Acho impressionante ele aparecer tipo vulto em qualquer lugar, mas enfim, fazer compras; viver um pouco. É isso que está faltando.

Mariana e eu olhamos para a Isa e nessas horas só dona Manuela para ser a válvula de escape para esses transtornos.

- Compras?!

- Compras. – afirmou. – Roupas, sapatos, bolsas... Tu acha que eu ia chamar para fazer mercado da semana?

- Eu sofrendo e você querendo fazer compras?

- Oh, querida, – sentou no meu lado do sofá e começou a mexer no meu cabelo. – O que aumenta o auto estima feminino? COMPRAS!

- Credo, Isabelle, tu falou igual patricinha de filme hollywoodiano. Mas falando nesse rumo, a M&S está em sale então aproveitem.

- Não Mari, tô sem cabeça. Obrigada pelo convite meninas, mas acho que vou em casa tomar um banho e passar no hospital já que hoje o Fin disse que eu posso vê-las.

- Não, hoje não. – eu ri do modo que a morena administradora falou. – Que absurdo é esse que você vai ver meu boy e eu não? Não deixo isso. Finley vai ficar de plantão e você, Melissa Cooper, vai às compras conosco.

- Cadê a Manuela nessas horas? – exclamei aos céus. – Maldita hora que ela foi conhecer Eduardo Carvalho.

- Carma. Agora levanta essa bunda do meu sofá que ele já deve tá quente e vamos logo para a Brompton Road.

- Brompton? Vamos na King's primeiro. – como a Isa mora no Chelsea fica mais fácil passar por essas ruas do que ir até a M&S. – Vamos andando depois.

Ficamos ainda esperando a dona bonitinha Isabelle se arrumar para passear na Brompton (observação básica) e depois de milênio ela sai lindamente para podermos ir. Nesse interim até que fiquei animada com a ideia, mas pensar que, eu poderia estar sofrendo minhas magoas em chocolate ou nos meus livros ainda era uma das melhores opções.

Elas iam me puxando para as lojas, piravam por cinco minutos, pediam mil coisas para a vendedora e saímos com 10 sacolas. Assim estava o passeio.
Vi as duas pararem em frente a Tod's e de Brampton e King's Road, nós já nos encontramos na Sloane Street.

- Esse sapato vermelho está maravilhoso. Preciso!

- E esse nude? – Freitas me puxa. –Vem, Melissa.

Mariana sempre violenta quando o assunto é compras. Entrei na loja observando uma fileira ou outro, sorrindo para a vendedora e dando a velha desculpa de "só estou dando uma olhada".
Estava sentada mexendo no celular e lendo as antigas conversas com o David e outra hora já estava olhando as nossas fotos e sentindo vontade de chorar. Mas respira, calma, só uma fase.

- Gusta, e esse sapato? Acho que fica melhor.

Gusta? Português? Eu ouvi a voz do David. As meninas estavam um tanto quanto lesas demais para ouvir aquela voz e eu tinha que comprovar minhas dúvidas ou loucuras.
Levantei e fui andando em direção a sessão masculina e lá estava o cabeludo com a mesma roupa do encontro de mais cedo e o senhor seu amigo olhando sapatos da linha italiana da loja.

- Mel? – ouvi a voz do Gusta quando virei de costa para retomar o meu lugar. – David, eu acho que a Mel tá aqui.

- Melissa no Chelsea? Difícil.

Voltei rápido aos banquinhos e fiquei analisando de novo a prateleira de sapatos a minha frente.

- Melissa, tá tudo bem? – Isa sentou do meu lado para calçar mais uma peça. – Parece que viu visagem.

- Pressão baixou. – sorri. – Pede uma água para mim?

- Pressão?

- Acho que foi o sol. Tá solzão hoje.

- É, tá calorzinho.

Na verdade deveria estar em torno dos seus 14ºC/15ºC, mas isso para britânicos é um calor de rio 40 graus. Quando ela se levantou e a Mariana virou trazendo uns quatro pares de sapatos nas mãos, os dois grandões aparecem nas nossas vistas.

- Aí, cara, falei que era.

Mariana deixou os pares no sofá e Isabelle seguiu o caminho de pegar uma água. A pressão não tinha baixado, mas poderia se eu imaginasse que isso iria acontecer.
David alternava o olhar pra mim e Mariana e eu esperava que a minha amiga fosse falar alguma coisa porque eu estava sem reação.

- Aqui sua água, Mel. – a jornalista me entregou o copo. – Oi, David.

- Oi Isa, oi Mari, oi... Melissa.

Por que quanto mais a gente reza mais a assombração aparece? Não que ele fosse a pior assombração na minha vida, mas eu ainda estava abalada com tudo que tinha acontecido no restaurante e pretendia esquecer de uma vez por toda, só que ao invés disso, está cada dia mais difícil colocar meu plano em prática.

Sorrir para o zagueiro enquanto bebia minha água. Ele sabia que não iria falar nada e mesmo que ele tentasse seria too late. Balançou a cabeça e chamou o amigo para voltar as suas compras.

- Meu Deus, Melissa, quando a oportunidade bater na nossa parte a gente agarra. Tu não aprendeu isso não? – Mariana quase me bateu enquanto pegava mais um par de sapato.

- Dá pra gente ir? Quero voltar pra casa e eu preciso estudar e digitar dois resumos, por favor.

- Só mais uma loja. – Isa completou.

Puta que pariu foi o que eu soltei mentalmente.

[...]

Adivinha quem recebeu uma mensagem da senhora Chloe para ir falar com ela depois de quase duas semanas que eu entrei em contato? Saí da Westminster descendo as escadas correndo para pegar o carro e ir direto ao Saint Thomas. Quanto mais cedo eu falasse com ela à probabilidade de ter meu emprego de volta era de quase 99%, ou seja, se eu estiver lá às 16 horas e 55 minutos receberei o melhor sorriso que aquela senhora consegue pôr no rosto e isso já ganha meu dia, meu mês, meu ano se for preciso.
O trânsito atrapalhou e a lentidão da moça da recepção também, mas nada que eu não pudesse está antes das 17h em frente à porta do consultório da doutora.

- Senhora Chloe? – abri um pouco a porta e a vi tirar os óculos antes de olhar em minha direção. – Atrapalho?

- Não, entre. Chegou antes, mas assim que eu gosto.

Levantou-se e parecia que eu estava encarando a Rainha Elisabeth e não a doutora que foi minha chefe por mais de dois anos.

- Eu marquei esse chá, Melissa, – nos sentamos no sofá daquela sala enorme. – porque eu queria conversar sobre as provas que você me entregou há algumas semanas atrás.

- Eu só queria provar minha inocência. – a sua secretária entrou nos servindo o chá. – Se a senhora não quiser mais que eu trabalhe no hospital, tudo bem, eu posso procurar outro emprego ou até mesmo fico só na área de laboratório da Westminster.

- Não seja tola, Cooper. Eu posso não gosta de você, mas não faria isso com uma profissão tão excelente. – bebericou um pouco do chá. – Eu averiguei as imagens conforme lhe disse naquele dia e levei-as a comissão que decidiu que você terá seu emprego de volta. Não é justo deixarmos de fora uma estagiária tão responsável por uma calúnia.

Eu sabia que ela não estava brincando então eu não iria perder meu tempo fazendo a típica cena do "você está falando sério?" porque isso não cola com a senhora Chloe. Sorri colocando a xícara na mesa e ela me abraçou como se mentalmente eu estivesse dizendo um 'muito obrigada'.
Às vezes a gente encontra razão para sorrir não é verdade? Nos levantamos e mal deu tempo de tomar todo o chá quando o call do escritório tocou e ela tinha que resolver um problema de emergência.

- Passe amanhã no RH do Hospital com o Mark, ele pode lhe dar informações mais precisa. A partir da semana que vem já sabe né?

- Sim, doutora. Eu permaneço na minha sala?

- Igual como era antes, querida.

Ela saiu e eu só fiz colocar as mãos na minha boca como se não tivesse acreditando no que estava acontecendo. Meu emprego de volta. Nem to acreditando.
Deixei a sala sem nem deixar um minuto sequer o sorriso no rosto. Agora a vida voltou ao normal, quer dizer, quase ao normal.

[...]

- Vem cá. – Armie me puxou para mais beijo e pousou suas mãos na minha bunda. – Gostosa.

Estávamos na famosa Aura Mayfair comemorando a minha volta ao Saint Thomas e depois de termos ido jantar na casa dele, viemos para cá, por minha insistência. Eu já tinha bebido um pouco — não para ficar bêbada — mas para não responder aos meus atos.

Se eu fosse ter que pensar no David a cada vez que eu encostava os lábios em Armie era claro que nunca ficaria com ele. Diferente do jogador, o Armie conseguia ter só beijos selvagens e tudo para ele tinha conotação sexual. Tudo.

Não posso mentir que estou arrependida de ficar com ele, mas se não tivesse o David no meio do caminho, era bem provável que eu já teria feito muito mais coisa que apenas os “amassos tradicionais”.

- Você tem certeza que quer ficar só com beijos?

- Não me força a nada, por favor.

Ele concordou e dançamos mais um pouco até decidimos irmos para casa. Minha casa. Armie saiu me agarrando no meio do corredor parecendo leão querendo acasalar com a leoa ou a procura de comida. Suas mãos seguravam forte minha cintura enquanto ia subindo meu vestido branco tubinho, ali mesmo no corredor, e começava a me estimular enquanto eu tentava de todas as maneiras colocar a chave na porta.

Ele beijava meu pescoço e vira e mexe ia descendo para meus ombros expostos pela costa nua do vestido. Gemi quando ele alcançou minha calcinha e sem um pingo de trabalho a tirou.

“Avise-o que é hora de parar”.

Como benção de Deus eu consegui abrir a porta e só foi aí que me desvinculei dele. O professor começou a camisa e depois a calça como se tivesse ignorado o que eu tinha dito na pub. Fui andando para o meu quarto e ele me agarrou de novo dessa vez cheirando meu pescoço.

- Não consigo entender essa sua insegurança.

- Você vai querer mesmo conversar sobre isso essa hora? Vai tomar um banho que eu vou no outro banheiro. Já deixei toalha limpa.

Arrumei tudo o que tinha para arrumar na casa para Armie dormir e ele iria ficar na sala mesmo. Não posso fazer nada e o medo de ser atacar também consumia, afinal de contas, estamos de falando de Armie Cavill e não David Luiz.

Assim que terminei de me arrumar e de deixar tudo arrumado, fui preparar um café já que era quase manhã naquela fria e cinzenta madrugada de Londres. Às vezes me pergunto onde que eu posso ter um céu Charlie Brown Jr — natural como a luz do dia — nessa cidade, se não, nos poucos raros momentos de junho/ julho?

Não que eu queira ir embora, muito pelo o contrário, eu quero continuar aqui e esse é o meu projeto de vida, mas um solzinho de vez em quando faz bem né?

Senti os braços do professor me apertando em um abraço caloroso e sua pele — ainda um pouco molhada — encostando na minha recém seca. Apesar de usar meu shampoo, o cheiro dele ficou e por mais que eu não goste tanto, porque ainda prefiro do David, of course honey, eu deixo passar.

- Café pra mim? Não sabia que já era dona de casa. – beijou minha bochecha e foi em direção a mesa. – O que é isso?

- Tapioquinha. Prova, acho que você vai gostar.

Engraçado é às vezes ter que explicar para eles [os gringos] o que são coisas tipicamente nossas. Eles ficam tentando falar ao mesmo tempo que querem aprender como faz e ao mesmo tempo que amam as nossa culinária.

Confesso que quando vim para cá, emagreci um pouco por conta de não está acostumada com comidas, que para o meu paladar de brasileira, eram completamente sem sal. E eu posso contar uma verdade? São mesmo. Inclusive, eu amo aquele restaurante Nando’s (quem é fã da One Direction já sabe do que eu estou falando) e antes dele ser mundialmente conhecido por Niall Horan, eu, Melissa Cooper Grutzmann já o frequentava e o Peri-Peri — senhor amado o que é aquele prato? — no início pra mim era nada vezes nada. É como ir no KFC e ao invés de comer frango, come peixe.

Sentamos na mesa do café e a brecha da cortina que eu coloquei, improvisei na verdade, costumava deixar tudo mais claro e feio na decoração do apartamento, mas o senhor Cavill ficou bonito — mas do que já é. Comemos, como de costume, conversando sobre tudo um pouco. Ele me contando coisas sobre ele e eu espalhando minha vida por aí.
Acabei lhe contando mais sobre o Max e como conheci o David, que até hoje acho engraçado, e ele prometeu que eu teria que lhe levar para conhecer as crianças.

 

Sinceramente, acho que estou um novo Armie Cavill.

 

POV David

Eu tinha que me desculpar com a Cooper. De alguma maneira meu coração estava pedindo isso. Mesmo que fosse para levar um tapa na cara e vê-la gritar dizendo que não tínhamos nada; que tudo não passou de um engano.

Tudo bem que eu não acredito que ela realmente ache isso até porque Melissa não me enganaria e se enganaria desse jeito. Pedi a Finley que me mandasse os horários dela no hospital e na faculdade, assim poderia conciliar com os meus e conversar com Mourinho sobre, apesar de que, nem um dos meninos apoiaram essa minha ideia maluca.

A minha sorte foi que o treino de hoje só passou a ser de manhã — turno em que a Cooper está no hospital — e à tarde eu fiquei jogando conversa fora com o Dudu e o Gusta até dar a hora de ir. Estacionei o carro em frente à Westminster à espera da doutora. Olhei para o banco de trás do carro e a echarpe preta continuava lá. Parecia até cena de filme ela ter deixado cair e eu ter pego, mas nesse caso, eu não devolvi e nem nos beijamos.

Ouvi o sinal tocar e eu peguei rápido o pano no banco traseiro e desci do carro. O sol de fim de inverno fez eu colocar os óculos — até para não ser reconhecido — e encostei no carro com os braços dobrados a sua espera. Depois de uma multidão passar, a vi sorrindo e seu despediu de Luke e seu namorado (até um dias atrás eu sentia ciúmes dele e depois descubro que ele é gay, que situação...); meus olhos percorreram seu corpo para fotografar, nem que fosse pela última vez, cada pedacinho dele e antes que eu sorria ao vê-la se aproximar vi Armie ir ao seu encontro, mas ela pouco deu ouvidos. Ele passou descendo as escadas, cumprimentando uma a uma das alunas com beijos no rosto e em algumas até carícia nos ombros, e seguiu para sua BMW. Talvez seja esse o motivo dele fazer tanto sucesso.

A risada de Melissa começou a ficar mais perto e eu parei de olhar o metido a superman para olhá-la.

- Melissa! – a chamei assim que a vi seguir reto em direção à estação de metrô. – Melissa, me escuta.

Me desvinculei do carro e corri um pouco indo ao seu encontro. Toquei em seu braço, o puxando com leveza, e ele me encarou com os olhos fundos — como de quem chorou noites e noites.

- Eu pedi que você em esquecesse, David.

- Mas eu não consegui.

Estava passando por cima de todo o meu orgulho naquele momento para poder dizer que a quero comigo.

- David, escuta...

- Eu tenho uma coisa que você deixou comigo.

Lhe entreguei a echarpe e Melissa é mesmo uma pessoa impressionante. Eu pensei que ela fosse me agradecer de outra maneira que não fosse um simples obrigada.

- Eu preciso pegar o metrô. Obrigada de novo.

A vi andando em direção à estação e fiquei parado pensando em todas as tentativas falhas que eu já tive em relação a ela.

Mas a quem eu estou querendo enganar?

DAVID OFF

***

- Melissa, escuta o Dudu. Amiga, – a ruiva me entregou um copo com a água. As lágrimas já tinha cessado. – você tem que virar esse jogo.

- Eu pedi para ele me esquecer. É isso que eu devo fazer não?

- Não. Mel, você não pode lutar contra isso que está dentro do seu coração. Você gosta dele e já está mais do que na hora de admitir a si mesma que sim.

Manuela é sem dúvida a melhor psicóloga que alguém poderia ter. Ela tem as palavras nas horas certas, sabe? Dudu tinha me dito que no mesmo dia em que David foi me ver — isso já se fazia uns dias — os meninos solteiros do Chelsea o chamaram para uma boate ao norte de Londres que abriu algumas semanas e ele não foi. Disse também que nunca viu o amigo tão arrasado, nem quando sequer, ele brigava com a Sara. Mas algo dentro de mim não fazia acreditar em uma palavra  que o Pluto dizia.

Por que é tão difícil acreditar?

- Eu deveria está feliz por está voltando ao trabalho, mas tudo o que eu penso é que estou quebrada por essas coisas estarem acontecendo. Parece praga.

- Não é praga e só está acontecendo porque vocês querem. A primeira atitude você já fez que foi tirar o Armie de campo agora é só chutar para o gol.

Sorri para a ruiva e prometi a mim que iria superar essa fase. Vou pensar no meu emprego, no que ele tem para me oferecer e na minha faculdade.

 


Notas Finais


Sobre a leitora (misse) ser uma fofa e eu ter vontade de abraça-la a cada comentário! Muito obrigada, de coração, por todo o apoio de vocês! Acho que quem escreve aqui sabe o quão um, dois, não importa a quantidade, pelo menos, eu não ligo muito para isso, é importante. Obrigada a todos que gostam e mesmo as que não comentam, não se sintam menos importantes que vocês tem um espaço no meu coração! Mil perdões pela demora e espero que tenha recompensado com esse capítulo! Um grande beijo e até o próximo!


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