Ronnie Pov’s
Fui para casa com um humor horrível, tudo que eu queria era partir a cara daquele gordo, mas eu sei que se fizesse isso Suzana ia ficar com mais raiva de mim e eu não suportaria. Ela disse que não se importou com o que viu na festa, mas eu a vi chorar. Eu tenho certeza que vi, mesmo estando bêbado, eu não esqueceria aquela expressão decepcionada. Mas por que ela tinha que vir afinal? Eu perguntei milhares de vezes e ela não estava com vontade de festas. Que droga. Sentei-me na mesa e comecei a olhar todos aqueles papéis com todas aquelas informações, estava quase tudo encaixado, mas eu sentia como se faltasse alguma coisa importante, alguma coisa que me diria por que isso aconteceu com o pai dela. Me perdi no tempo enquanto pensava sobre o que poderia ser e só notei isso porque senti fome, Suzana devia estar saindo da escola agora e ela iria pra casa, passar a tarde se preparando para jantar com Daniel, e eu esperava que fosse só jantar mesmo. Quanta bobagem Radke, desde quando você se importa com quem o Danny pega ou deixa de pegar? Tomara que eles sejam muito felizes porque são dois idiotas.
Suzana Pov’s
As aulas acabaram, saí da classe correndo e encontrei a Tay no corredor. Arrastei-a até o banheiro antes que o Kellin aparecesse e a tomasse de mim. Contei tudo que eu estava sentindo com relação ao Ronnie e contei sobre meu encontro com Danny, ela escutou tudo e me abraçou forte enquanto eu chorava.
- Su, vou falar de coração tudo que eu acho. – Ela segurou minhas mãos de maneira terna e me grudou os olhos nos meus. - Eu acho, não eu não acho, eu tenho certeza que o Ronnie sente alguma coisa por você e não é só desejo. Ele gosta de você, o problema é que ele é o Radke, e ele não está acostumado a sentir. Ron não sabe como lidar com isso, não sabe como te dizer. E sobre o Danny, ele nunca tem encontros, nunca mesmo, ele só chaga nas garotas e consegue o que quer, portanto ele deve sentir alguma coisa também. A escolha é sua. – Taylor explicou.
- O que eu devo fazer?
- Bom, você gosta do Ronnie, mas ele é um idiota e não admite que gosta de você, então você vai sair com o Danny e vai se divertir muito, e deixa pra pensar sobre o resto depois, sabe?
- Obrigada Tay, não sei o que faria sem você. – Abracei-a. – Agora eu preciso ir trabalhar. Vai me ajudar a me preparar para mais tarde ou o Kel não vai permitir? – Brinquei.
- Eu te ajudo Su, até mais.
Saí do banheiro com pressa e quase tive um ataque com o que estava vendo, A Isabella estava esvaziando o armário dela, era isso mesmo? Eu devia passar direto, mas não podia ignorar aquele acontecimento.
- Vai se mudar?
Ela me olhou com desdém. – Não, só estou cansada. Nossa briguinha foi longe demais, mamãe ficou puta por conta daquele vídeo e nós decidimos que eu vou me afastar de você, vai ser melhor pra todo mundo. – Ela disse naturalmente.
Eu engasguei com minha saliva. Como assim? Jura que ela vai me deixar em paz fácil assim? Me controlei para não dar um mortal ali mesmo. – Hm, isso é ótimo. Então a gente se esbarra por aí. – Disse me afastando.
- Eu espero que não. – Ela sorriu vitoriosa e andou na direção oposta a que eu andava.
Ok, isso foi muito estranho. Não entendi nada, num dia está querendo me matar, no outro diz que vai me deixar em paz. É Isabela, a cannabis mexeu com seu cérebro. Ai, merda! Estou muito atrasada, ótimo, não vou poder almoçar. Parabéns Suzana, seu pai ficaria orgulhoso da sua falta de responsabilidade. Voei para o Studio e chagando lá não encontrei o Danny me esperando na recepção como sempre acontecia, isso significava que ele já estava atendendo alguém e que eu estava realmente atrasada, guardei minhas coisas embaixo do balcão e sentei-me na cadeira giratória, torcendo pra que o Dan fosse bonzinho e não descontasse o atraso do meu salário, eu estava com tantas despesas que um centavo a menos representaria um rombo no meu orçamento. Sorri sem humor ao pensar que eu passei de riquinha e filhinha da mamãe a trabalhadora fodida em pouquíssimos dias. Liguei o computador e fui mexer no blog de moda que eu havia criado no dia que comecei a trabalhar aqui, me surpreendi com a quantidade de pessoas que estavam acessando. Respondi algumas perguntas e postei novas fotos e enquetes, estava tão distraída com a internet que nem reparei na porta da sala de tattoo se abrindo.
- Achei que fôssemos amigos. – Levantei a cabeça quando ouvi aquela voz raivosa. O que ele estava fazendo aqui?
- O que você está me pedindo é impossível. Está acima do meu conceito que amizade. – Danny respondeu calmo.
Eu olhava vidrada pro tatuado que encarava Danny com uma cara de ‘vou te matar seu puto’, Ron ainda não tinha me visto e eu podia jurar que ele não ia ver, mas então eu derrubei um porta lápis no chão. Ele automaticamente se virou para me encarar.
- O que faz aqui? – Ronnie perguntou. Eu não sei por que, mas não queria que ele soubesse que eu estava trabalhando aqui, por isso não falei nada, apenas abaixei e comecei a juntas as canetas que eu havia derrubado.
- Ela trabalha aqui. – Obrigada Danny, muito obrigada.
- Como? – Radke me olhou incrédulo. – Muito conveniente não é Daniel? – Falou sério.
Danny olhou para ele e depois se virou para mim. – Su, tire o resto do dia de folga, prepare-se pra hoje à noite. Saímos às seis e meia.– Corei e assenti. Peguei minhas coisas e dei um tchau xoxo para os dois, eu estava muito constrangida, me sentia como um objeto que está sendo disputado por dois mimados, onde nenhum dos dois se importa de verdade, só querem provar quem é o mais forte. Estava começando a ficar deprimida e estava quase desistindo do tal encontro, mas aí eu lembrei de tudo que a Tay havia me dito e afastei aquelas bobagens da minha cabeça. Eu precisava me divertir um pouco. Cheguei em casa quatro e cinquenta e fui tomar um banho demorado. Lavei meus cabelos e esfoliei a pele bem lentamente. Quando saí do banho Taylor estava se despedindo do Quinn.
- Soltou o osso Kel? – Perguntei.
- Na verdade o osso está me expulsando por sua causa, você está me devendo uma. – Respondeu sorrindo.
Gargalhei enquanto a Tay empurrava-o pra fora de casa e trancava a porta. – Vamos lá? Sei de um penteado que vai ficar maravilhoso nesse seu cabelo.
Ela fez um rabo de cavalo meio alto com alguns fios soltos que ficou simplesmente maravilhoso, depois Taylor deu um pouco de cor a minha pele e passou uma sombra bem leve com um batom vinho matte. O maior problema foi o vestido, eu queria um tomara que caia com babados, mas ela me obrigou a usar um tubinho vermelho com um salto preto. Fiquei pronta e alguns minutos depois o Danny buzinou.
- Boa sorte. – Ela sussurrou quando eu me despedi.
Dan estava parado ao lado do carro e quando eu saí ele correu até mim estendendo o braço. Sorri.
- Você está linda. – Danny falou abrindo um sorriso tão largo que eu pensei que sua boca fosse se rasgar.
- Obrigada, você também está.
- O que? Linda? – Brincou abrindo a porta do carona para mim.
- Não seu bobo. – Ele fechou o carona e correu para seu lado. – Onde vamos?
- Surpresa. – Disse sorrindo.
O trajeto até o restaurante foi bem agradável, e quando chegamos eu simplesmente não acreditei. O lugar era perfeito, as mesas estavam dispostas num gramado bem verde e aparado e era iluminado por milhares de luzinhas penduradas em fios que se trançavam no ar e eram segurados por postes antigos, cada mesa possuía um par de velas e havia também uma espécie de gazebo perto das mesas onde se encontrava uma banda cantando músicas lentas. Um garçom bem vestido nos guiou até nossos lugares e puxou minha cadeira.
- O que achou? – Dan perguntou.
- É mágico. – Falei sorrindo ao passar os olhos pelo lugar mais uma vez.
- Fico feliz em saber que acertei. Agora me conte algo sobre você.
- O que quer saber?
- Gosta de massas? Diz que sim, por favor. – Ele suplicou juntando as mãos e fazendo uma cara bem engraçada.
- Tá brincando, é meu tipo favorito de comida. – Falei rindo da cara que ele estava fazendo.
- Que ótimo, porque eu tomei a liberdade de escolher nossos pratos.
- Ah, que ótimo que minha opinião importa. – Ri.
- Sua risada é bonita. – Ele colocou uma das mãos sobre a minha. – Tudo em você é bonito.
Corei e ia respondê-lo quando vi o inesperado acontecer. Ronnie estava sentando junto com a ruiva da festa na mesa da frente. Gelei quando ele me olhou e sorriu de lado. Danny segui meu olhar e xingou baixinho.
- Vou resolver isso. – Ele estava se levantando. Segurei seu braço.
- Não, deixa pra lá. Não vamos estragar a noite, por favor. – Implorei, não queria um escândalo ali, seria vergonhoso.
- Tudo bem. – Respondeu tenso.
O pratos chegaram e tudo estava maravilhoso, tirando o meu desconforto graças a pessoa da mesa da frente que não parava de me encarar e sorrir com aquela boca convidativa, eu estava muito tentando me concentrar no Danny, mas pelo amor de Deus, por que ele tinha que vir aqui e tentar acabar com meu encontro? E por que ele estava conseguindo? Danny começou a contar sobre a sua infância e eu realmente estava prestando atenção até que o vocalista da banda que tocava bateu com uma colher numa taça para chamar a atenção de todos.
- Olá, acabamos de receber um pedido especial. – O homem de terno que estava com o microfone na mão falou e pegou um papel branco. – Para uma linda garota, a nossa música. – Ele leu e a banda começou a introdução.
O Danny virou-se para mim e voltou a contar sua história, mas eu conhecia aqueles acordes, eu conhecia aquela música. O que? Não podia ser, aquela era a música que o Ron estava cantando essa manhã. Não, ele não podia estar fazendo isso. Olhei-o na busca da confirmação de que estava enlouquecendo, mas tudo que ele fez quando seus olhos cruzaram os meus foi levantar sua taça e sorrir daquele jeitinho sedutor que só ele sabia fazer. Meu coração parou e não pude evitar um sorriso. Desgraçado.
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