Passeava os dedos pelos tubos conectados em seu corpo enquanto seguia uma minúscula enfermeira com seu olhar. A jovem enfermeira que agora caminhava em sua direção com suas inúmeras pílulas diárias. No momento em que a garota fez menção em se levantar foi automaticamente repreendida pela menor que logo a ajudou a ingerir o remédio sem o mínimo de esforço.
Rolou os olhos. Em seus meses de recuperação estava constantemente rodeada de vozes diversas lhe dizendo como deveria agir ou lhe lembrando de sua sorte por ter encontrado um doador compatível nos últimos momentos. Ainda lembrava-se das palavras de sua tia: “Tudo que um doce como você precisa agora é de conforto” e tentava buscar qualquer sentido em suas palavras. Já tinha em quem confiar, afinal, Edward sempre estaria lá para ela. Edward! Já fazia tanto tempo que não o via.
- Edward! – balbuciava com a respiração gradativamente pesada. – Tenho de ver Edward.
- Acalme-se, querida. Sua recuperação exige paciência e de acordo com Dr.Hendrix nós...
- Poderia apenas encontrar um celular para que eu pudesse usar – implorava com o olhar mas a moça apenas se lamentava.
- Eu não acho que isso seria possível se...
- Escute-me bem, senhorita, tenho passado meses sem nenhum contato social com meus entes, exceto com minha tia e estou quase certa de que se ficar mais um minutos nesta cama de hospital sem me comunicar com meus entes queridos me guiará a loucura. – disse exaltada enquanto exibia dificuldade para manter-se sentada.
A enfermeira assentiu com receio e saiu apressadamente pela porta voltando minutos depois com um aparelho telefônico em mãos. Olhando docemente para a paciente em estado de recuperação, a moça desapareceu pela entrada do quarto.
Em todos os momentos que pode, pensou em sua família, mas nunca lhe foi permitido qualquer tipo de contato. Abrindo sua rede social mais ativa nos tempos passados, buscou pelo nome de Edward e instantaneamente reparou dezenas de comentários e publicações em sua homenagem. Abriu a de sua tia e logo se deparou com uma foto sua e de Ed, onde riam deliberadamente. Sorriu em conjunto. Desceu mais um tanto e encontrou um texto lamentando pela sua partida para possibilitar o retorno de seu docinho, sua garotinha. Uma lágrima corria por sua face insistindo em cair.
Lançou o aparelho em direção contrário a sua e estabilizou na cama por um tempo. Um vendaval de nada percorria em sua mente. Ela nada pensava. Acontece que em nada pensar é difícil, visto que a natureza de nosso cérebro é estar produzindo pensamentos a todo mísero instante. Tentava imaginar seus olhos que iluminavam a cidade inteira, não os via. Arranca um tubo de seu corpo. Pensava em sua voz calma lhe confortando e dizendo que todas as pessoas são incompreensíveis, estava ensurdecida pelo silêncio. Outro tubo é expulso. Aos poucos os pensamentos voltam e com uma rápida frequência ela arranca todos os tubos.
Faz menção em levantar nas falhas miseravelmente. Suspira e se põe em pé. O que antes era uma lágrima agora são inúmeras que brincavam em seu rosto. Ela perguntava a si mesma o porque de seu noivo. Já não importava seu coração ser compatível ou o tempo até a cirurgia estar se esgotando. O coração que batia em seu peito era o e seu amado, não o dela. Se dirigiu até o banheiro de seu quarto com passos pesarosos.
Olhou-se no espelho. Seus olhos estavam marcantes e juntos com sua expressão era cansada e pesada. Socou a vidraria e tomou o pedaço mais pontiagudo. Se juntaria ao seu amado naquele dia, custasse o que fosse custar. Sem novamente pensar, direcionou o vidro ao seu peito e não matou apenas si mas o que restava de seu amado Edward.
Degustava e silêncio o gosto seco da morte enquanto segurava a vidraria em seu peito sentada no chão. O sangue agora pingava em seu anel de noivado. Seu penúltimo ato foi rolar os olhos pela dor demasiada, seu último pensamento foi que todas as estrelas iriam brilhar ainda mais em uma noite como aquela e seu último suspiro foi naquele momento.
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