- V-você... - sendo interrompida, sinto uma mão grande tocar minha cintura.
- Relaxe... - sua voz era tão familiar que, sem dominio, faço o que me pede.
Uma energia percorre minha espinha e arrepios delicados passeiam sobre minha pele.
- Isso... - por algum motivo, eu me sinto hipnotizada, sem mover um músculo.
Sinto a respiração desse desconhecido. Ele ficara parado ali por alguns instantes, como se tentasse entender a situação, esperando minha reação. Quando acaricia meu rosto com as costas da mão, meus lábios se apertam e minha respiração fica mais curta e densa.
Eu estava me sentindo péssima, nem ao menos sabia quem estava ali comigo, o que estava havendo comigo? Era como se, apenas com sua voz, eu o reconhecesse.
"Ninguém me ligue, estarei em Busan para relaxar, okay?"
Surgindo em minha mente, a última frase que escutei da boca de Jeon passa por meus ouvidos. Agora tudo poderia começar a fazer sentido, as vozes dos dois eram tão idênticas. Todavia eu não poderia acusar ninguém de ser quem eu penso, afinal qual a probabilidade de JungKook, que possui familia aqui, estar em um hotel na praia de Haeundae? Entretanto, quando a dúvida começa a me estressar, decido me arriscar a ter a prova final.
Eu desejava, de repente, que sua boca tocasse a minha, e eu desejava ainda mais que tocasse da mesma forma que da primeira vez, eu desejava que fosse ele...
Sua mão se aventura sensualmente pela curva da minha cintura, enquanto seu tórax firme e poderoso gruda contra meu peito, me imobilizando na parede. Eu me encontro entre seu corpo quente e o metal gelado. Percebendo que ele apoiou uma mão ao lado de meu rosto, deduzo querer maior controle sobre a cena. Eu nem me reconheço mais. Minhas pernas começam a vacilar, a vontade de saber quem era aquele misterioso garoto e a vontade de sumir se uniam dentro de mim. Eu sentia sua mão percorrer pela parte baixa de minhas costas, aquele contato era inebriante, quase irreal...
De repente, a prova seria tomada. Ele toma meus lábios com uma intensidade, como se fosse devorar-me. Eu prendo a acelerada e nervosa respiração entreabrindo minha boca para acolher sua língua que se insinua com animação nela. Acabo por retribuir o selo, era óbvio que ali não estava apenas atração física, mas sim uma paixão de 5 meses.
Quando o beijo havia retirado todo nosso fôlego, agarro-o pelo colarinho e em tom algo, digo:
- JEON JUNGKOOK? - como um grito, após o agarrar, o empurro para longe intuitivamente.
- Meu beijo é tão marcante assim? - respondendo com sua voz mais habitual, ele ri.
Era ele, de uma forma totalmente inusitada e imprevisível, era ele.
- Mas como...? - mesmo que não fosse visível para ele, eu estava o olhando odiosa.
- Depois eu te explico, agora deveríamos tentar sair daqui. - assim que termina sua frase, tudo volta ao normal, a luz acende, o motor volta a movimentar o elevador e fingimos que nada aconteceu. - Mas o que iria fazer no andar 7? - se aproximando do empurrão, Jeon me questiona curioso.
- Nem vem que eu sei que era você o carinha do almoço.
- Eu o que, noona? - por um instante eu acreditei em suas palavras, mas como não poderia ser ele? - Relaxe, senhorita do quarto 27, o quarto 85 tem o seu futuro namorado. - sorrindo bobo e infantil, solto um leve murro em seu braço.
- Tão idiota, como consigo viver contigo?
- Me pergunto isso todos os dias, mas no caso seria mais "como consigo viver com Akemi sem tê-la para mim?". - outra cantada havia saído da boca do saeng, que me fazia corar e ficar irritada.
- Pode parar com suas brincadeiras, Jeon, não sou uma das suas "garotinhas", não ache que cairei em suas cantadas baratas. - reviro os olhos.
Era óbvio que, mesmo eu sabendo que ele fazia o mesmo com todas, aquilo me deixava atordoada com os próprios sentimentos, mas o que estaria acontecendo comigo para sentir algo por alguém como ele?
- Chegamos, venha. - agarrando-me pelo pulso como o de costume, me encaminha para fora do elevador e me guia em direção ao seu quarto. - Irei pegar algo e sairemos, okay? - assinto sem pensar muito, ainda me sentia incrédula com tudo aquilo.
Após alguns poucos instantes, ele regressa, me tirando dos devaneios aleatórios.
- O que houve? Por que está com essa cara? – preocupado, ele se curva para me alcançar.
- Oh, nada, é só que...
- Se aquele beijo te incomodou tanto, tente o esquecer, certo? – tentando me reconfortar, fora missão falida.
- Eu não disse que queria esquecer. – mais determinada do que queria soar, o respondo curta e seca, virando-me para as escadas desta vez, sem admirar as suas fofas e rosadas maçãs. – Desta vez, iremos pelas escadas. – ordeno.
Em um grande silêncio, praticamente corro pelo enorme caminho que logo me cansara e fizera o maior me alcançar.
- Se não quer esquecer, então pare de me afastar. – me encarando, não tenho forças para fazer o mesmo, me concentro apenas em não cair.
MAIS UMA MISSÃO FALIDA.
Antes que eu resolvesse o olhar, sinto pisar em um de meus cadarços, impulsionando toda minha força para que eu caísse de rosto no chão. Entretanto, eu sabia que, ao lado de Jeon, isso seria impossível.
Agarrando mais uma vez meu pulso, ele me faz girar na ponta do degrau até parar, de novo, em seus braços.
- Não me ignore assim, e se for fazê-lo, pelo menos preste atenção aonde pisa. – mantendo seu melhor olhar superior e tom irritado, algo ali me excitava, talvez sua voz máscula e poderosa, ou talvez seus olhos que pareciam mergulhar nos meus.
- P-pode me soltar agora. – ultimamente estou gaguejando muito ao seu lado.
- És tão patética. Pfff... – suspira enquanto revira os seus negros olhos.
- És tão mesquinho, idiota, chato, irritante, insistente, e mal-educado... Mas nunca esfrego isso em sua cara. – após dizer tudo que estava entalado em minha garganta, amarro meus cadarços do Adidas o encarando feio e volto a correr.
Sem esperar o mais novo desrespeitoso com sua noona, ando em direção à praia, eu não estava calçada para isso e conhecia a segurança daquela linda cidade, rapidamente retiro os sapatos e corro para molhar meus cansados pés da gélida água do mar. A Lua estava enorme e iluminava mais que os postes ao redor ali, seu reflexo era tão visível nas águas que tudo parecia um contraste de azul, negro e branco.
Sinto-o se aproximar e ainda irritada, pronuncio:
- Não dê mais um passo em minha direção. – mesmo sem tirar a visão do mar, eu sabia que era ele ali.
- Que assim seja, eu só quero conversar.
- Sobre o quê? – fria, como costumava ser no início.
- Como “sobre o quê?”? Sobre nós, sobre o que acabou de acontecer, sobre essa sua repentina distancia, sobre o que houve no elevador.
- Não houve nada, em nenhuma das suas hipóteses citadas.
- Quando vai parar de ser tão grossa e fria comigo e assumir que eu não sou o único apaixonado aqui? – seu tom não era mais calmo, quase saíam como gritos, sentimentos como fúria, decepção e agonia eram perceptíveis. Eu quase sentira pena do mesmo.
- Eu nunca disse que sentia nada por você, se chegou a essas conclusões, apenas lamento.
- Quem queres enganar? “Eu não disse que queria esquecer.” – imitando de forma irritante minha voz, finalmente me viro para o tal. – Então o que esta frase significa para ti?
- Que eu simplesmente não disse nada, e como todas as vezes que “algo” aconteceu entre nós, foi iniciativa sua, foi escolha sua, foi tudo culpa sua. – agora era eu quem esbanjava superioridade, sem aumentar meu tom, eu o olhava quase com desprezo.
- Como consegue ser assim? Tão... Má. – Jung estava perplexo com meu jeito frio, talvez ele não conhecera minha verdadeira identidade, eu sempre tentava o tratar da melhor forma, mas todos cansamos em algum momento e para mim, este chegou. – Brincar com o que os outros sentem é tão fácil assim?
- Me responda você, o que o B7 faz além de esbanjar sua riqueza, beleza e charme? Acho que não se tocam de que sua popularidade afeta a outros, quantas garotas não cairiam de joelhos por cada um e mesmo assim, muitas vezes, as ignoram, as esnobam, as humilham. Acha que se as outras meninas vissem o que eu vejo, como tratam suas “fãs”, elas estariam de namoricos com os outros? Não mesmo, então, me faça o favor de rever seus atos antes de me julgar por algo que apenas, somente, unicamente você diz estar sofrendo. – boquiaberto com meu longo discurso, ele abaixa a cabeça enquanto franze as sobrancelhas e morde o lábio inferior em dúvida sobre a próxima fala.
- Eu... Eu nunca quis magoar ninguém. – melancólico, ele solta já me vendo partir.
- Pois é o que mais faz.
- Eu nunca pensei que elas levassem tudo isso tão a sério.
- Mas levam.
- Eu quero me redimir.
- O faça. – jogando respostas rápidas e diretas, eu me distanciava dando as costas para Kook.
- Eu não quero apenas me redimir com elas, mas também contigo... Eu acho que... Eu acho que te amo, Akemi! – como uma criança tola e inocente, ele grita com sua mais alta voz, como se eu estivesse a quilômetros de distância. Aquilo me fizera parar instantaneamente, eu estava paralisada ali, novamente sem mover um músculo sequer. – Eu não gosto quando fica zangada comigo ou... – antes que eu voltasse atrás com meus passos, sinto algo me agarrar pela cintura, eram seus longos e fortes braços em meu redor. – Não gosto quando age tão fria, eu sinto como se fosse te perder. Lembra quando disse que o Tae era charmoso? Eu fiquei com medo de que o achasse melhor que eu, então tentei me esforçar mais e mais para conseguir sua atenção, eu estava planejando vir visitar minha família aqui em Busan, e quando soube que iria fazer o mesmo, corri para perguntar às meninas onde se hospedaria, fiz uma reserva e viajei no mesmo voo, cheguei na recepção no mesmo horário e lhe mandei o melhor almoço do cardápio, mas a única coisa que fiz fora te irritar, te enojar, te fazer acreditar que sou um completo idiota. No fim, é isto que sou mesmo. – depois de ouvir todo o seu discurso calada, decido retirar suas mãos de mim e me viro para ele, ainda as segurando.
- Me perdoe por te ofender, por te tratar tão frio e tão mal, eu só estou com dúvidas, se é que me entende. – ele assente, sem me interromper. – Eu olho para dois minutos atrás e não acredito no quão rude fui. Não és idiota, és apaixonado de verdade, isso é algo que admiro muito. – assim que ele se aproxima, dou um ou dois passos para trás. – Mas como disse, ainda tenho dúvidas sobre o que sinto e questões que podem se resolver agora ou daqui 2 anos, eu não sei...
- Desculpe-me por interromper, mas... Certeza que tem dúvida sobre o que sente? Não seria apenas medo de admitir? – me olhando esperançoso, sorrio fraco.
- Talvez, ou talvez eu apenas te ache um cara bonito e gostoso com uma voz sexy que todas as garotas queriam beijar. – dou de ombros, enquanto ele ri. – Por isso, eu não irei nem cogitar a hipótese de te pedir para me esperar mais, afinal seria egoísmo...
- Irei te ajudar. – quando termina, meu rosto fica em interrogação. – Te farei perceber o quanto me ama. – mais uma vez, seu sorriso doce e inocente brilha em seus desenhados lábios. – Deixe-me cuidar de ti como se fosse minha, eu não estou pedindo para que namore comigo, apenas peço que tente entrar nessa paixão, sem algo assumido, apenas para ver onde isso pode dar. – receoso, seu olho latejava um pouco e sua veia do pescoço saltava. Sorrio tocada com seu gesto.
- Então seremos dois jovens contemporâneos em um romance não muito sério às escondidas para testar uma paixão confusa e emocionante?
- Podemos dizer que sim.
- Legal! É tão... – a garota, vulgo eu, sorria sapeca, quando, inesperadamente, é agarrada pelos braços, sendo aproximada do garoto que agora a beijava de modo intenso, e relaxava.
Nos mantemos assim por alguns instantes, minha cabeça se apoiava em seu ombro e eu agarrava seu casaco, aquilo era tão confortável, tão calmante, estou quase assumindo tudo que sinto, mas por enquanto deixemos como está.
- Ei, senhor desrespeitoso com a noona, você ia falar o que mesmo sobre o elevador? – pergunto.
- Deixa quieto, depois nós terminamos o que começamos lá, hehe. – travesso, bato em seu antebraço enquanto andávamos observando o céu já quase amanhecendo.
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