– Mãe! – disse e revirei os olhos. Mas por dentro eu estava super nervosa.
– Anda Beatrice! Fala! – ordenou Dallas e eu continuei quieta. – Me diz uma coisa, você traiu a Demi?
Arregalei os olhos com tal acusação.
– Não, não, claro que não. – disse e a encarei com estranheza. – Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
Dallas se calou e se encostou no banco. Bufei e fiz o mesmo. Carlos percebendo o clima que havia se instalado no carro, apenas ligou o rádio para tentar amenizar um pouco a tensão. Minutos naquele carro e logo nós estávamos na minha casa.
Sai do carro sem espera-los e fui direto para a cozinha. Bebi um copo cheio de água e depois fui para a sala. Não dava pra fugir de uma conversa com a minha própria mãe, certo?
– Eu preciso fazer uma ligação. – disse Carlos se levantando. – Licença.
Que desculpa mais esfarrapada.
– Cece. – chamou Dallas e eu demorei alguns segundos para olha-la. E ela suspirou. – Me desculpe pela pergunta que eu fiz no carro.
– Tudo bem. – disse dando de ombros.
– Olha, eu sei que eu te devo explicações por ter sumido, e eu irei lhe explicar tudo, então tenha paciência comigo. – pediu.
– Você não precisa se explicar, eu já entendi tudo. Só não entendi uma coisa. – disse com o olhar fixo nos seus olhos. Ela pareceu engolir seco.
– O que, Cece? – perguntou ela.
– Rosana adorava jogar na minha cara que você era... Bom, uma vagabunda. – disse e desviei o olhar para o chão. – Você traiu o papai?
– Eu... – ela respirou fundo e se sentou do meu lado. Não gostei nada disso. – Ei, olhe para mim. – pediu e eu assim fiz. – Eu tenho que te contar sobre isso antes que alguém desagradável conte. – pegou minhas mãos e me encarou. – Seu pai não é o Miguel.
Meus olhos se arregalaram um pouco e eu franzi o cenho, eu havia ouvido direito?
– Co-como assim? – perguntei, lágrimas inundaram meus olhos e Dallas deu um sorriso fraco. Algumas lágrimas escaparam fazendo com que a loira a minha frente as limpasse.
– Ele não é seu pai biológico, mas foi ele quem te criou, você sabe disso não é mesmo? – perguntou e eu assenti.
– Então, quem é meu pai biológico? – perguntei depois de alguns segundos de silêncio.
A mulher desviou o olhar e encarou o chão. Parecia estar tomando coragem para contar. Mais alguns segundos de silêncio e isso já estava me matando.
– Mamãe?
– Ok, tudo bem. – disse ela e eu fiquei sem entender, até ela olhar para mim. – Seu pai é o Diego.
Não consegui disfarçar minha cara de espanto. Meu queixo caiu e eu soltei as mãos de Dallas. Agora sim, EU OUVI DIREITO?
– Você está brincando comigo, não é? – perguntei com um sorriso nervoso no rosto.
– Não, eu não estou brincando com você. – disse séria.
Respirei fundo umas dez vezes e procurava palavras mas nada que saísse da minha boca seria coerente.
– Eu menti para você sobre como eu e Miguel nos conhecemos. – disse ela.
– Não foi só você. – disse desacreditada. – Papa... Digo, Miguel, ele sempre me contava como vocês se conheceram, eu achava lindo.
Eu estava claramente desapontada e decepcionada com aquilo. Então eu fui enganada a minha vida inteira?
– Eu namorava o Diego e Miguel era meu melhor amigo. – explicou e eu assenti, pedindo silenciosamente que ela continuasse. – Por ele ser novo, Rosana não admitia que ele namorasse e todo mundo sabia disso. Então, para não termos problemas eu e Diego concordamos em eu fingir namorar o Miguel. – disse e suspirou. Onde isso vai parar? – Estava tudo bem, até um dia, Rosana nos pegou no quarto de Diego e praticamente me jogou pra fora da casa dela. Ela não queria eu perto de nenhum dos seus filhos, principalmente de Diego. Nesse tempo eu já estava grávida de você. – disse e agora foi sua vez de lacrimejar. Meu peito doía mas eu ainda queria ouvir a história toda. – Diego foi proibido de sair de casa e nesse tempo e Rosana queria me matar. – arregalei os olhos e meu coração se apertou mais. – Então eu fugi com Miguel por ele ainda ser meu melhor amigo. Foi nesse tempo que o Diego se suicidou, eu não tive nem tempo de me despedir. – nesse ponto eu já chorava junto a ela. – Depois disso a Rosana se mudou para o Brasil novamente e, aqui, eu e Miguel nos apaixonamos, quando você nasceu nós concordamos em por você como filha dele.
Minha garganta ardia e eu tentava parar de chorar mas não conseguia. Dallas me puxou me abraçando e nós ficamos ali por um bom tempo até Carlos entrar na sala e se sentar do meu outro lado e ficou nos observando em silêncio.
– A culpa é toda dela. – disse e me soltei de Dallas.
– De quem? – perguntou Carlos.
– De Rosana é claro. – disse com certa raiva e me levantei.
– Tudo bem, mas ei, eu quero saber uma coisa. – disse Dallas. Ela parecia estar desconfortável, o que eu estranhei de imediato.
– O que? – perguntei.
– Você fez inseminação artificial? – perguntou e eu tombei a cabeça para o lado a olhando. – O que foi?
– Não, não é nada. – disse e voltei a posição normal. – Sim eu fiz, mas eu e Demi pensamos que tivesse dado errado.
Suspirei e ela sorriu.
– Quando você vai contar a ela? – perguntou Carlos como se não quisesse nada e eu ri.
– Eu não sei ainda, talvez eu faça uma surpresa. – disse e Dallas novamente sorriu, mas agora o sorriso dela era maior.
– Eu adoraria ajudar. – disse Dallas e eu sorri também.
– Mas é claro mamãe. – disse e ela se levantou para me abraçar.
Me sentei novamente e conversamos sobre a tal surpresa. Até mesmo Carlos deu ótimas ideias. Me fazendo rir dele.
– Tudo bem, já está na hora de irmos, daqui a pouco Ashley e Jack chegam. – disse Carlos se levantando.
Dallas fez cara de decepção e eu senti uma pontada no coração.
– A Dallas não pode ficar aqui mesmo? – perguntei.
– É arriscado Bea. – disse Carlos suspirando.
– Por favor. – pedi fazendo biquinho. – Além do mais, eu acho que Ash e Jack não vão ficar em casa hoje.
Acho não, eu tenho certeza. Porque hoje teria uma festa na casa de uma tia da Ash e como ela é bem próxima a essa tia, provavelmente já dormiria por lá.
– Vai Carlos, deixa. – pediu Dallas.
Silêncio.
– Tudo bem, mas amanhã de manhã eu vou vir para te buscar. – disse Carlos e eu bati palminhas sorrindo.
– Yeah!
Dallas e Carlos riram da minha reação e negaram com a cabeça, como se eu fosse doida. Tudo bem, talvez eu seja um pouco doida. Mas nada muito fora do normal.
Carlos se despediu de nós e foi embora. Dallas e eu logo fomos para o meu quarto. A deixei ir tomar banho e assim que a mesma saiu do banho, ouvi a porta principal da casa bater com força. Arregalei os olhos e me levantei.
– Fica ai. – disse e Dallas assentiu.
Desci para o primeiro andar e fui até a sala. Lá estava Ashley e sozinha. Franzi o cenho e me sentei ao seu lado.
– Cadê o Jack, Ash? – perguntei. Ouvi ela respirar fundo e me olhou logo em seguida.
– Eu terminei com ele. – disse simplesmente.
– O que? Por quê? – perguntei rápido demais, ops.
– Porque eu gosto de outra pessoa, Bea. – disse ela e eu arqueei uma das sombrancelhas.
– E eu posso saber quem é? – perguntei.
– Claro, qualquer dia eu trago ela aqui para apresentar vocês. – disse dando de ombros.
Espera, o que?
– Ashley você resolveu vir para o lado colorido da força? – perguntei com um sorriso desacreditado fazendo-a rir.
– Não. – disse com um sorriso debochado. – Você tá surda por acaso Beatrice?!
– Ei!
– Tá bom, tá bom. Agora eu tenho que me arrumar. – disse se levantando.
A acompanhei até o seu quarto e fiquei na porta. Qualquer descuido e já era. Até porque estamos falando de Ashley, ela descobre coisas mesmo que sem querer às vezes, da pra acreditar?
– Ash, eu vou me deitar. Me mande uma mensagem quando sair. – pedi.
– Você está escondendo alguém no seu quarto por acaso? – perguntou desconfiada e eu engoli seco.
– Eu não, da onde você tirou isso? – perguntei e revirei os olhos. – Maluca.
– Tudo bem, vá dormir, eu te mando uma mensagem. – disse ela e entrou no banheiro.
Respirei fundo e fui para o meu quarto e fechei a porta. Dallas estava com seu celular na mão e mexia, estava tão concentrada que nem viu eu entrando.
Fazia tempos em que eu não a via e agora ela estava aqui, e o melhor, estava viva. Segurei o choro e pulei na cama a abraçando. Seu perfume inundou minhas narinas e eu me permiti chorar.
– Ei meu amor, eu estou aqui agora, não chore por favor. – pediu enquanto alisava o meu cabelo e eu a apertei mais.
– Eu pensei que você estivesse morta. – sussurrei.
– Mas eu não estou, certo? Eu estou aqui com você agora e nada vai nos separar. – disse baixo e deu um beijo no topo da minha cabeça.
Engoli o choro e respirei fundo. Me permiti dormir em seus braços.
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