História Só nós - Vinte um

Nunca dormir tão bem como antes, eu realmente estava precisando de um cochilo como esse e sei que Eren também estava precisando. Mal dormimos no trem e o tanto de estresse que passei antes não ajuda nada. Quando deitei na cama macia e quentinha, eu apaguei. 

Hanji e Erwin foram muitos gentis em deixar nós dois ficarmos no quarto de hóspedes até que a casa em que mudamos esteja limpa e habitável. Aquela casa é um crime para a sociedade. 

Eren e eu dormirmos como se não houvesse amanhã, quando acordei já passará do meio dia e Eren não está mais na cama.

Me levantei, peguei minhas roupas que estão na mochila e tomei um longe e quente banho. Senti como se minhas energias estivessem revigoradas. Organizo o quarto, arrumo a cama e deixo as mochilas num canto antes de eu sair do quarto e descer para o restaurante que fica no andar de baixo.

- Bom dia Levi - ouço Hanji falar, me viro para ela e a vejo contando algumas notas de dinheiro que estão no caixa. - Dormiu bem?

- Bom dia, dormi sim..... Onde está Eren?

- Saiu com Erwin, acho que foram iniciar a limpeza daquele lugar.... Podem ficar o quanto quiserem. 

- Obrigado, mas não queremos incomodar. Vamos embora assim que a casa estiver pronta.

- Ora, vocês não estão nos dando trabalho - ela para o que está fazendo para me encarar. - Nós estamos oferecendo o quarto a vocês, gostamos da companhia de vocês..... 

- Obrigado de qualquer forma.

- Está com fome? - ela não me deixou responder. - Mike! Prepare o almoço de Levi!

Olho em volta e vejo que os clientes que estão no restaurante não se incomodaram e nem olharam para gente. Como não reagiram ela gritando? É tão comum isso acontecer?

Sento meu celular vidrar no meu bolso, o pego e vejo um número conhecido. 

- Alou? Armin? 

"Levi! Que saudades eu estava de você!"

- Eu também estava com saudades - me afasto de Hanji. - Como você está? Está tudo bem?

"Eu tô indo né amigo?! Eu que te pergunto como você está! Você e Eren estão bem? Estão usando o dinheiro e a comida que eu dei? Estão dormindo numa cama e não num ferro velho?"

- Armin são muitas perguntas.... Mas sim, estamos bem. Usamos o seu dinheiro para pagar as passagens e a comida.... Estamos comendo sim - melhor ele não saber que estamos comendo num restaurante invés de comer o que ele deu. - E estamos dormindo numa cama sim, a gente conheceu um casal muito simpático que deixou a gente usar o quarto de hóspedes até a gente achar um lugar para morar.

"Menos mal!" Ouço suspirar fundo. "Levi... Seus pais estão te procurando..."

- Eu já imaginava.... Você sabe como eles estão? Como minha mãe está?

"Seus pais vieram até minha casa procurando por vocês, obviamente que menti dizendo que não vi vocês.... Não faço ideia se os pais de Eren estão o procurando, mas eu os vi ontem e pareciam que nada tivesse acontecido, que nojentos!"

- E minha mãe?

"Ela parecia doente.... Triste talvez, mas ao mesmo tempo brava. Eu não sei muito bem."

- Tudo bem, obrigado Armin.... Obrigado mesmo, por tudo.

"De nada amigo! Qualquer coisa eu estou aqui. Preciso desligar, tchau!"

- Tchau - desligo a chamada.

Então meus pais estão me procurando.... Embora isso realmente seja triste, eu não vou voltar para trás, não vou ligar ou enviar uma mensagem dizendo que estou bem e que não precisam me procurar. Eu decidi largar tudo quando fugi com Eren. Vou até a galeria de meu celular, entro numa foto que estou com meus pais. 

Era dia de ação de graça, todos os meus parentes vieram. Foi divertido.

Mas o passado é passado. Aperto na lixeira e apago a foto. Apago todos as fotos de meus pais, se eu manter vou ficar preso no passado e arrependido para sempre. 

- Levi? - me assusto com Hanji me chamando. Me viro e a vejo segurando um prato de comida. - Seu almoço está pronto.

- Obrigado - pego e me sento numa mesa.

Eren....

- Mas que cheiro.... Urgh! 

- Não falei que o cheiro é horrível? Uma mistura de mofo, bosta e coisa pobre.

- Meu Deus, e penser que uma prefeita deixou vocês morarem aqui.... Isso é um crime.

- Então, o que faremos? - puxo minhas mangas para cima meus cotovelos. - Temos que jogar os móveis fora primeiro?

- Sim, vamos colocar na minha picape jogamos num lixão.

- Pode pá! - começo a andar para dentro da casa, mas ele coloca uma mão na minha frente.

- Sem gírias garoto, sou velho demais para isso.

- Ok - velho.

Começamos a levar os móveis para fora, obviamente que usamos máscaras e luvas, não ouso tocar nada daqui sem proteção, posso pegar uma doença terrível!

Colocamos o sofá na picape, depois a mesinha de centro e estante. 

Pego uma das caixas que trouxemos e começo a por os livros e quadros dentro. Pelas fotos vejo que é um senhor com cara de rabugento que morava aqui, usava uma bengala. Pego a caixa já cheia e tiro daquele lugar, e foi quando coloquei na picape que percebi uma tatuagem de caveira com armas no braço de Erwin.

- Você serviu o exército? - perguntei.

- Ah?... Ah! Isso - ele põe a mão sobre a tatuagem. - Sim, eu servi a décima quarta divisão por nove anos. 

- Você era o que?

- Fuzileiro, o melhor atirador do país inteiro. Conseguia atingir um alvo a km de distância sem nem mirar direito. E em movimento também.

- Uau! Eu não cheguei a servir. 

- Entendo.... Bom, se eu pudesse nunca teria ido - ele desvia o olhar e percebo ele ficar meio triste.

- Perdeu muitos amigos?

- Sim, e vi coisas que você nunca imaginaria.... Depois de novo anos abandonei tudo e vim para essa cidade pacata onde conheci Hanji e nos casamos.

- Pera! - paro o que estou fazendo para encarar ele. - Você e a Hanji são casados?

Me olhou como se eu fosse burro, normalmente eu só recebo esse olhar de Levi e isso me deixou envergonhado. Por que eu abri a boca?

- Sim.... Somos casados.

- Ah... Achei que fossem irmãos ou algo parecido.

- Que moram na mesma casa e na mesma cama?

- É.... Faz sentido.

Volto o que estava fazendo, termino de colocar as caixas na picape e Erwin me ajudou a por a mesa de madeira. 

- Pronto, é somente isso que cabe. Vamos para o lixão e depois voltamos para pegar os outros - disse Erwin fechando a porta da picape.

Entro no lado do passageiro, retiro minha máscara e luvas e seguimos para o lixão.

...

O lixão fica um pouco distante da cidade, o problema é que demora bastante para chegar até lá e para voltar também. Quando voltamos já era três horas, sendo que saímos um e meia. Mas quando chegamos, havia quatro carros estacionandos. 

Desço do carro com Erwin sem entender nada. Mas Erwin parecia tranquilo, então eu relaxei um pouco. 

- Erwin, parceiro - um homem o cumprimentou, um cara grande e barbudo. - Que bom te ver.

- O mesmo para você Bob... O que fazem aqui?

- Ora, viemos ajudar. Hanji ligou para mim dizendo que havia novos morados na velha casa, decidimos dar uma ajuda. 

- Muito obrigado, eu achei que íamos precisar de ajuda.

- Não há de que. E você é o novo morador? - ele se virou para mim.

- Ah.... Sim, sou eu - estico minha mão, mas ele me puxa para um abraço.

- Muito prazer, eu sou Bob. Seja muito bem vindo.

- Ah.... Eu sou Eren, prazer conhecer você também - respondi meio sem jeito. 

- Bom, chega de enrolação, bora limpar esse lugar galera!

Dos quatro carros que estavam estacionamento, começaram a sair pessoas de dentro, vestidos apropriadamente para limpeza. Havia quatro homens e três mulheres. Eles tiraram produtos de limpezas e foram indo para dentro da casa.

Agora senti mais vontade de arrumar a casa.