DULCE MARÍA
Quero mais dele, abro meus lábios, dando livre acesso à sua língua. Que se danem as minhas preocupações e os meus receios! Christopher sempre tem poder sobre mim e sempre que pedir, me fará voltar pra ele, independente de qualquer coisa que aconteça. Até mesmo se ele partir o meu coração mil vezes, eu continuarei amando-o.
Ucker ― Senti tanto a sua falta, amor... {Geme entre nossas bocas enquanto procura a ponta do zíper do meu vestido nas minhas costas}
Dulce ― Aaah! {Arfo assim que seus dedos tocam a minha pele nua}
U ― De novo sem sutiã? {Me olha com cara safada e sobrancelhas arqueadas}
D ― Juro que dessa vez eu não planejei nada e nem sabia que íamos chegar a esse ponto. {Nós rimos}
Christopher abaixa o meu vestido, fazendo-o cair aos meus pés.
U ― Linda demais. {Chupa meu pescoço, depois vai descendo os lábios pelos meus ombros, criando uma trilha de beijos da clavícula até o meu seio, onde ele passa a língua e suga o mamilo já eriçado}
Ao levantar uma das minhas pernas, ele a encaixa no seu quadril, e consigo sentir a sua ereção no meu sexo. Sem o salto alto, isso não seria possível, pois sou mais baixa que Christopher.
D ― Te quero tanto, amor. {Murmuro com voz manhosa e em súplica}
Ele me pega em seu colo e nos leva em direção ao sofá, onde nós já fizemos amor. Onde foi a nossa primeira vez depois de dez anos. Seu corpo fica em cima do meu e vou desabotoando a sua camisa, como se estivesse desembrulhando um presente de Natal adiantado. Meu homem sorri ao ver que estou contemplando seu abdômen nu. O fogo está crescendo mais em mim, deixando-me cada vez mais excitada.
Christopher segura minhas mãos e as leva acima da minha cabeça. Solto gemidos consecutivos e longos suspiros enquanto sua boca beija levemente o meu pescoço e os meus seios. Libertando minhas mãos das dele, alcanço o cós da sua calça. Abro o zíper e vou descendo o tecido, também com a ajuda dos meus pés. Assisto-o se despir por completo e em seguida, agarrar o elástico da minha calcinha para tirá-la do seu caminho. A cabeça dele se enfia no meio das minhas pernas. Sem delongas, sinto sua língua atingir meu clitóris.
U ― Amo essa sua boceta. {Ele geme ainda me lambendo com vigor}
D ― Chris... {Seguro seus cabelos e rebolo em sua boca}
A língua quente vai separando meus lábios vaginais, me deixando ainda mais molhada do que já estou. Logo sinto o orgasmo começar a se formar. Me contorcendo toda, gemo alto com o clímax intenso que Christopher me dá apenas com a sua boca. Ainda de olhos fechados e respirando pesadamente, ele joga o corpo em cima do meu de novo.
U ― Olhe pra mim, amor. {Nós nos encaramos com olhares carregados de luxúria e paixão}
Segurando meu quadril, ele se ajeita entre minhas pernas, torturando-me com a ponta do seu pau roçando em meu clitóris sensível. A energia sexual na sala é crescente, sinto correntes elétricas surgirem em cada parte minha que esse homem toca.
D ― Por favor... Preciso de você dentro de mim... {Sussurro e felizmente ele atende minha súplica, entrando em mim sem mais preliminares e torturas deliciosas}
Com a ajuda das minhas pernas, me impulsiono para cima, permitindo que seu pênis vá mais fundo. É uma sensação incrível e tão gostosa. Não sou capaz de pensar em mais nada além de ter esse homem me proporcionando prazer só de estar conectado a mim. Começo a apertá-lo com os músculos internos da minha intimidade, e Christopher responde a isso aumentando o movimento de seu quadril, bombeando com mais vontade dentro de mim. A cada estocada, ficamos mais frenéticos, sinto um novo orgasmo se aproximando. Christopher dá beijos e lambidas no meu pescoço e seios enquanto eu arranho suas costas.
Gozo chamando o seu nome em tom manhoso e satisfeito. Porém, eu não estou satisfeita. Preciso desse homem até não restar mais energia no meu corpo. Sou invadida por um sentimento de paz por tê-lo sobre mim. Acaricio seus cabelos com delicadeza, sussurrando ao seu ouvido o quanto eu o amo e peço-lhe para gozar pra mim. Mesmo sabendo qual é o meu fim, não posso trair o meu coração e me permitir sofrer em dobro por me afastar do homem que tanto amo. Eu o amo demais pra ir embora e deixá-lo outra vez. Farei os meus últimos momentos de vida valerem a pena e serem os melhores que já vivi.
Após se render ao clímax, ejaculando dentro de mim, Christopher deita de lado e me encaixa em seu corpo, na posição de conchinha. Ele massageia meu seio como se fosse uma pluma, fazendo uma carícia leve. Sei que sua intenção não é me excitar, mas mesmo assim o seu toque deixa o meu corpo em chamas.
Troco de posição, ficando de frente pra ele. Encaro Christopher com o olhar mais apaixonado e mais afetivo possível, para lhe expressar o quanto o amo. Vou dedilhando o seu rosto e lágrimas brotam em meus olhos. Ele segura a minha mão em seu rosto e deposita um beijo na mesma. Seu olhar é penetrante e tão suave que nem precisa dizer com palavras o quanto ele também me ama.
D ― Obrigada por não desistir de mim e por querer ficar mesmo sabendo como tudo vai terminar. {Murmuro com voz embargada}
U ― Não fui capaz de te tirar de mim nesses dez anos. Acha que eu te abandonaria agora? {Desliza o dedo indicador pelo meu maxilar}
D ― Não estou pronta pra te deixar... {Me rendo ao choro}
U ― Também não estou. {Seus olhos marejam} ― Eu não sei por que, mas sinto que a nossa história não vai acabar assim. {Sua voz falha} ― Tenho a sensação de que nós vamos envelhecer juntos. Esse não pode ser o fim. Me recuso a acreditar.
D ― Que bom que pelo menos um de nós dois tem um pouco mais de fé. {Sorrio em meio às lágrimas}
Christopher beija a minha testa e depois cola a dele na minha. Ficamos abraçados ali no sofá até irmos para o seu quarto, onde fizemos amor mais uma vez antes do meu advogato ir trabalhar.
│➸➸➸│
Ucker ― Excelência, peço conceção para apresentar uma testemunha. {Diz enquanto se coloca de pé} ― Jessica Mills. Ex-namorada de Simon Ortiz.
― Concedida. {O juiz responde}
E todo o crédito vai para... Dona Alexandra! Devido a uma incrível e feliz coincidência, ela está de paquera justamente com o pai da ex de Simon. Durante uma conversa deles, minha sogra comentou sobre Christopher ser advogado e estar me representando. O senhor Mills também comentou que sua filha foi namorada de Simon enquanto ela morava na Inglaterra. O desgraçado ainda não havia se mudado para Londres e estava bem no início da sua carreira. Ele largou a garota para ficar com uma atriz famosa e ajudar a alavancar a sua carreira artística. Após muita insistência de Christopher, Jessica aceitou testemunhar a nosso favor.
Ucker ― Jessica residia na cidade de Cambridge e frequentava a universidade na época em que se envolveu com o senhor Ortiz. {Prossegue entrando em detalhes} ― Ele ainda não era tão famoso, fez apenas uma breve participação em um seriado de televisão inglês. Enquanto ainda namorava a senhorita Mills, ele conheceu uma atriz americana famosa e trocou Jessica por ela, provavelmente para subir mais um degrau da fama.
Adalind ― Objeção, Meritíssimo! Isso é especulação. E onde estão as provas de que essa testemunha de fato teve um relacionamento com a vítima? {Cadela!}
U ― Meritíssimo, na audiência passada a senhorita Morgan também apresentou uma testemunha. {Aponta para Adalind} ― A figurinista que alegou ter tido um caso com o senhor Ortiz, correto?
Adalind ― Correto. {Responde num murmúrio}
U ― Ela não divulgou nenhuma prova do suposto relacionamento, mas mesmo assim foi ouvida. E se me lembro bem, a senhorita Morgan também fez especulações sobre a minha cliente ter agido movida pelo ciúme e vingança, o que a motivou a tirar a vida do senhor Ortiz. Se vamos anular uma testemunha, todas as demais deverão ser anuladas, pois tudo o que elas têm são as próprias palavras. Correto, Meritíssimo? {Percebo que Christopher provoca o juiz. Meu advogato realmente não está dando brecha nem para o juiz e nem para a oxigenada}
― Objeção negada, senhorita Morgan. {Adalind quase bufa de raiva. Está sendo divertido ver o meu advogato acabar com ela aos poucos}
Outra coisa que também será divertida de assistir é quando Derrick e Nathalya forem testemunhar. É certo que um vai culpar o outro. Os dois receberam intimações para depor tanto na delegacia quanto aqui no tribunal.
O testemunho de Jessica foi rápido, mas importantíssimo. Ela afirmou que Simon já usava drogas na época em que eles namoraram. Relatou que ele ficava alterado em estado de raiva, além de ter ciúme excessivo, também era controlador. Jessica disse que temia ser agredida.
Adalind ― Excelência, muitas vezes nós nos deparamos com situações em que a vítima é colocada como vilã. Esse caso é mais um. {A cobra peçonhenta vai andando de um lado para o outro enquanto destila o seu veneno} ― A ré quer se colocar na posição de vítima e transformar a verdadeira vítima no vilão, com o intuito de aliviar o peso do homicídio...
Aperto o meu punho e me esforço pra não voar na sua jugular.
A ― Como por exemplo, quando uma mulher é vítima de estupro e passa a ser depreciada pelas roupas que veste. Assumindo assim, o lugar de culpa que pertence ao estuprador. {Cretina! Cada vez que ela abre a maldita boca, essa oxigenada se sujeita a se mostrar ainda mais baixa}
U ― Protesto, Meritíssimo! {Christopher se coloca de pé. Eu amo que ele sempre tem argumentos para rebater a víbora} ― A analogia que a senhorita Morgan está usando é incongruente e não condiz com este caso. Mas já que ela citou as mulheres vítimas de abuso sexual, vamos trazê-las até aqui e lhes perguntar o que elas fariam com os abusadores canalhas se tivessem tido uma única chance de defesa. Eu aposto que todas vão dizer que fariam qualquer coisa para evitar a situação traumática pela qual foram submetidas a passar. {Esse é o meu homem!}
Fico com vontade de jogar o meu advogato em cima dessa mesa, montar nele e fodê-lo com selvageria.
― Protesto aceito. {O juiz diz a contragosto. Agora eu já sei o porquê dessa sua insatisfação. Christopher me contou que ele tá do lado da biscate loira, mas não pode dar muito na cara, pois assim estará arriscando perder a sua licença de magistrado}
U ― Peço conceção para apresentar mais uma testemunha: Derrick James. Ex-vigia do prédio em Los Angeles, onde está situado o apartamento da minha cliente.
― Concedida. {Estou tão esperançosa! Acho que até o juiz tem percebido que o rumo do julgamento está levando à minha inocência}
U ― Senhor James, o senhor confessa, sob juramento, que de forma deliberada roubou e ocultou uma evidência importante que é favorável à minha cliente? {Christopher está de frente para D.J}
James ― Eu nego. {Fala ao microfone} ― Não posso confessar que roubei as imagens das câmeras de segurança, mas... admito que ajudei a ocultá-las. {Engole em seco e afrouxa a gravata no colarinho. Nunca imaginei que veria Derrick vestido assim, tão formal}
U ― Se não foi o senhor, então quem poderia ter roubado? Mais alguém tinha acesso à sala das câmeras, além dos vigias?
J ― Hã... Nathalya Téllez, a mulher com quem eu estava me relacionando. Nós... fazíamos sexo lá dentro. Agora que já não trabalho mais no prédio, posso confessar.
Olho na direção da piranha, que está sentada na plateia. Seu semblante expressa fúria.
U ― Então, o senhor acusa a senhorita Téllez? {Cutuca}
J ― Sim. Inclusive, fui eu quem mandei deixarem o pendrive na sua caixa de correio, senhor advogado. Me arrependi do que fiz. Nunca quis prejudicar a Dulce. Só precisava do dinheiro. {Tenta se fazer de bom moço. D.J daria um ótimo ator}
U ― Quem lhe pagou para ocultar as imagens das câmeras, senhor James?
J ― Uma advogada. Adalind Morgan. {Me controlo pra não dar pulinhos em comemoração}
Adalind ― Ah, seu... {Rosna e se põe de pé} ― Protesto, Meritíssimo! Que provas esse homem tem contra mim?
J ― A grana gorda que foi depositada na minha conta. {Sorri maléfico} ― A ideia de ocultar as provas foi da Nathalya. Ela nem fez questão de pegar o dinheiro, só quis prejudicar a Dulce mesmo. {Não acredito que Derrick tá vomitando tudo!} ― A senhora advogata me pagou uma boa grana pra nunca entregar as provas pra polícia.
Adalind parece ficar ainda mais furiosa por ter sido chamada de advogata. Coloco a mão na boca e faço um enorme esforço pra não gargalhar.
Nathalya ― Eu vou te matar, seu infeliz! {Berra e levanta da sua cadeira}
― Ordem! {Bate o martelinho várias vezes}
Nathalya ― Foi ele quem roubou as imagens, seu juiz! {Acusa lhe apontando o dedo} ― Eu não fiz nada e nem estava sabendo dessa presepada toda! {Exaspera-se} ― Derrick admitiu que queria a grana e que foi o único que se beneficiou! Não existe prova alguma contra mim! {Ela grita tão alto que sua voz até parece a de uma gralha}
― Ordem! Ordem! Ordem! {O juiz mostra estar perdendo a paciência} ― Essa sessão irá para um intervalo, a fim de que os ânimos dos presentes envolvidos no caso se acalmem.
Christopher sorri pra mim e pisca um olho.
Dulce ― Nem acredito que Derrick contou tudo. {Cochicho enquanto as pessoas se retiram da sala}
U ― Ofereci um acordo. Os meus serviços como advogado dele. E de graça.
D ― Você quer ferrar a Nathalya? {Meus olhos saltam assim que entendo a intenção do meu advogato}
U ― Ela ferrou com o nosso namoro no dia do show de talentos. Chumbo trocado não dói. {Dá de ombros e nós rimos}
D ― Não acredito que estamos do mesmo lado do D.J.
U ― O mundo dá voltas, amor. E a sua vitória no tribunal não será a única notícia boa de hoje. {Diz ao meu ouvido, causando-me arrepios}
D ― O que tá escondendo de mim, Uckermann? {Olho em volta pra ter certeza de que ninguém está nos observando. Aproveito e aperto a bunda de Christopher}
U ― Só vou contar no final do julgamento. {Me dá um tapinha na bunda}
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A audiência seguiu. Nathalya testemunhou e jogou a culpa para cima de Derrick, é claro. Christopher garantiu que ela vai se ferrar mais do que ele, pois acabou confessando que procurou Adalind para negociar algo em troca das imagens de segurança do prédio. Para tentar tirar o dela da reta, Nathalya alegou que só procurou a advogada da família de Simon porque Derrick exigiu grana em troca de manter as evidências ocultas, caso contrário, iria entregá-las à polícia.
Contudo, a minha maior satisfação é ver a cara de derrota da víbora oxigenada. Adalind sabe que vai perder. Christopher me disse que ainda falta a perícia forense apresentar o resultado da reconstituição do acidente e também os médicos legistas entregarem o laudo que consta a causa da morte de Simon.
U ― Vai dar tudo certo. {Sussurra sentado ao meu lado e segurando discretamente a minha mão} ― Nós vamos ganhar.
― O laudo dos peritos com a atribuição pela reconstituição dos fatos que ocasionaram no homicídio de Simon Ortiz consta a seguinte inferência: {O juiz começa a ler o laudo da perícia forense} ― "A elucidação do caso é bastante complexa. De acordo com os relatos da acusada e com o compromisso em conjunto dos profissionais atuantes na cena do homicídio, concluiu-se que é mais viável um ato culposo cometido pela ré contra a vítima."
D ― O que isso significa? {Cochicho para Christopher}
U ― Eles concluíram que, apesar da dificuldade em saberem o que de fato aconteceu, consideram um acidente mais provável do que um assassinato. {Sorri e meus olhos marejam}
O juiz também faz a leitura do documento que atesta a causa da morte de Simon. Nem os familiares dele haviam recebido ainda, pois o inquérito policial e o julgamento continuam em andamento.
D ― O laudo médico diz o quê? {Pergunto para Christopher. O juiz e os peritos usam uma linguagem muito formal, o que me deixa sem entender quase nada}
U ― Antes de sofrer a lesão na cabeça por causa da queda, Simon teve uma overdose. Ataque cardíaco pela quantidade excessiva das substâncias da cocaína presentes no organismo dele.
D ― Christopher... {Cubro a minha boca com as mãos e não consigo mais conter as lágrimas. Felizmente, dessa vez é choro de alegria}
Adalind está até de cabeça baixa, provavelmente já esperando que o juiz anuncie a sua derrota. Não há como ela reverter a situação a favor deles. Confesso que eu já estava preparada para o pior. Pensei que seria muito difícil e quase impossível provar a minha inocência, mas a verdade sempre prevalece, cedo ou tarde. A loira oxigenada fez um discurso final, não desistindo de defender Simon. E o meu advogato também mandou muito bem no discurso final dele.
― Esta corte decreta que a ré, Dulce María Espinosa Saviñón, está absolvida das acusações, por conseguinte, estabelecendo o caso como encerrado. {O juiz bate o martelinho e enquanto Adalind lança um olhar de fúria a todos, eu puxo o meu noivo para um abraço}
U ― Caso encerrado, meu amor! Caso encerrado! {Ele envolve minha cintura, tira meus pés do chão e gira nossos corpos}
D ― Obrigada por lutar por mim e por não sair do meu lado! {Dou-lhe um selinho assim que ele me coloca de volta no chão} ― Obrigada por acreditar na minha inocência!
U ― Me perdoe por ter duvidado no começo. {Sua voz sai embargada}
D ― Se você realmente tivesse dúvidas, não teria ido até Los Angeles ao meu socorro. {Seguro seu rosto e olho fixamente em seus olhos}
U ― Tem razão. No fundo eu sabia que você jamais mataria alguém. E fui correndo te encontrar porque estava louco de vontade de te ver. {Beija a minha testa e me dá um selinho} ― Sexo de comemoração? {Diz em tom baixo}
D ― Sexo de comemoração. {Sorrio safada} ― Espera aqui, amor. Volto logo. {Caminho em direção à plateia, onde os pais de Simon estão sentados. Fico de frente para eles e eles me encaram com semblante de raiva e frustração} ― Eu... só gostaria de dizer a vocês que sinto muito. Eu nunca quis que aquilo acontecesse com o Simon. Tudo o que fiz foi me defender. Entendo a dor pela qual estão passando.
― Você não entende nada, menina! {A mãe dele diz entre os dentes, com voz chorosa e irritada ao mesmo tempo}
― Não faz ideia da dor que é perder um filho. {O pai dele complementa}
D ― Infelizmente eu faço sim. {Meus olhos embaçam com as lágrimas} ― Sofri um aborto espontâneo aos dezessete anos. Perdi o meu bebê com apenas cinco meses dentro de mim. {Choro ao tocar o meu ventre, como se eu estivesse revivendo a mesma sensação de dor de quando recebi a notícia anos atrás} ― Nem tive a chance de conhecer o rostinho dele, de ouvir o choro, de amamentar... A tristeza nunca vai embora. A gente só aprende a conviver com ela. Lamento a perda de vocês.
Os olhares dos pais de Simon mudam e ambos balançam a cabeça positivamente. Minha visão fica turva e apoio a mão no cercado de madeira que separa a plateia do auditório. Minhas pernas bambeiam e não consigo mais me sustentar nos meus pés.
U ― Dulce! {Escuto Christopher me chamar e sua voz é a última coisa que escuto antes de perder todos os sentidos}
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Assim que abro os olhos, me dou conta de onde estou. Em um quarto de hospital. Resmungo e vejo Christopher se levantar imediatamente da poltrona ao lado da cama.
U ― Amor. {Segura a minha mão} ― Como está se sentindo? {Pergunta preocupado}
D ― Só tô com um pouco de dor de cabeça. {É normal por causa do tumor} ― O que aconteceu? Eu desmaiei no meio do tribunal, não foi? {Me recordo de estar conversando com a família de Simon antes de apagar}
U ― Sim. Eu te trouxe às pressas pra cá. {Beija a minha mão} ― Dul, os seus pais também vieram e não sei por quanto tempo mais você vai conseguir esconder a verdade deles.
D ― Droga. {Solto um suspiro} ― O médico vai abrir o bico.
U ― Já coletaram o seu sangue e estão realizando novos exames. Eu tive que contar ao doutor sobre o... câncer. {Christopher também tem dificuldade para dizer essa palavra}
D ― Provavelmente foi por isso que desmaiei. Não é a primeira vez, como você sabe. {Recebo um beijo na testa}
U ― Fiquei com tanto medo de... {Sua voz falha}
D ― Ainda me resta mais algum tempo de vida. Mas não realizo exames desde que voltei da Inglaterra. Talvez... alguma coisa tenha mudado.
O olhar de Christopher se transfigura em pânico e em mais preocupação.
U ― Mudou.
D ― O que? {Ele engole em seco e hesita em me contar} ― Seja o que for eu aguento, Christopher! A minha situação não pode ficar pior...
U ― Você tá grávida. {Responde rápido}
Minha boca se abre, formando um "o".
U ― Sabe o que isso significa, não sabe? {Seus olhos marejam e sua voz sai embargada}
D ― Eu não vou poder fazer o tratamento. {Sussurro} ― Ou... optar por interromper a gravidez. {Me rendo ao choro também}
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