História Something In The Way - Every Night

Possibilidades de suicídio vagam pela minha mente. Não tenho controle sob as vozes na minha cabeça que ordenam repetidamente, "faça". Passa-se à ecoar pensamentos de pressão e fragilidade no meu sub consciente. O suicídio só demonstra que na vida existem males maiores do que a morte. O sofrimento é opcional, mas a dor é inevitável.

Passei as mãos pelo meu rosto, algumas lágrimas às umideciam. Revirei-me na cama, atordoado com os meus pensamentos.

Meu celular tocou, me libertando do êxtase e eu o deixei cair na caixa postal. Quando parou de tocar, peguei-o da escrivaninha e o verifiquei. Haviam três chamadas não atendidas. O número não era desconhecido. Identifiquei a ligação e fiquei surpreso ao constatar que as chamadas eram da Tracy.

Apertei o botão para retornar a ligação.

- Tracy?!

- Quem está falando?

- Tracy, antes que eu diga meu nome, peço que não desligue, nós precisamos conversar...sou eu, Kurt. - Ela permaneceu em silêncio, mas continuava ali, eu podia ouvir a sua respiração. - Eu errei em não ter dado notícias e nem mesmo um sinal de vida. - O silêncio do outro lado da linha permanecia. - Me responda. Assim eu não me sentirei ridículo por estar praticamente falando sozinho. - Ri fraco.

- O que eu tenho para falar, eu irei lhe falar. Mas precisará ser olhando no seus olhos. - O silêncio permanceu por alguns segundos. - Você pode me encontrar?

- É só me dizer o lugar.

- Um bar aqui perto da minha casa. Eu mandarei o endereço. Até logo, Kurt.

...

Andei pelas ruas escuras, me sentindo completamente vazio.

Tracy acenava do outro lado da rua e eu fui até a mesma. Ela era a pequena luz que eu estava precisando naquele momento.

- Tracy. - Sorri. Abracei o seu corpo e os seus braços permaneceram intactos.

Entramos naquele estabelecimento e Tracy logo se sentou em uma das mesas desocupadas.

- Eu precisava te ver, Kurt. - Sorriu sem jeito. - Apesar de nós não nos esclarecermos, você coloca um pouco de alegria no meu rosto.

- Eu gosto de te ver sorrir. - Segurei em uma de suas mãos.

- Aconteceram tantas coisas ruíns nesses últimos dias e a única coisa em que eu pensei foi em ser forte por você, pois você me faria sorrir e só você me faz sentir como se eu estivesse livre dessas correntes que estão aprisionando a minha alma. - Ela abaixou a cabeça. - As vezes meus sentimentos sangram em pensar que você não corresponde à mim. - Sorriu fraco.

- Tracy, não posso vender mentiras baratas para você, isso só à faria ter esperanças em uma coisa que não existe. Isso dói, eu sei, mas doíria bem mais, saber que tudo o que eu falei ou vivemos foi apenas uma ilusão.

- Há algum tempo atrás eu tentava imaginar como seria encontrar a pessoa para passar a vida. A pessoa com quem nós sonhamos, pois apenas sonhos não são o bastante. Eu saberia quando acontecesse, seria como um beijo totalmente inesperado. E eu estaria lá, segurando minha respiração até o final, para encontrar a pessoa com quem eu ficaria junto para sempre. Porque todo mundo quer sentir, todos querem alguem para amar até o seu coração não bater mais. Porque ninguém quer continuar por si só. Eu precisava de alguem que se sentisse como eu . Sonhando com o amor, deveria existir alguem para mim lá fora, e eu jurei encontrá-lo. E foi exatamente isso que eu senti com você, Kurt. - Ela sorriu da maneira mais doce possível. O silêncio era a opção mais inteligente naquele momento.

Um senhor subiu no palco de karaokê, que ficava no fundo daquele estabelecimento, prendendo a nossa atenção.

- Atenção, senhoras e senhores, a pista de dança está aberta para o uso de todos, muito obrigado pela atenção. - Soprou o aviso no microfone e logo desceu o degrau.

- Vamos dançar? - Ela sorriu. Debochei com o olhar e ela puxou meu braço. - Vem logo.

- Sério?! - Ironizei. Ela acentiu com a cabeça e eu sorri tedioso.

Caminhamos até o centro daquele pátio de dança, já haviam alguns pares de pessoas dançando.

A música soprava suavemente em nossos ouvidos:

"Ev'ry night I just wanna go out,
Get out of my head.
Ev'ry day I don't wanna get up,
Get out of my bed.
Ev'ry night I want to play out
And ev'ry day I wanna do
ooh-ooh-ooh-ooh.
But tonight I just wanna stay in
And be with you-oo,
And be with you. ''

- Para, Kurt, não é tão ruím assim. - Ela entrelaçou os braços em volta do meu pescoço e eu coloquei minhas mãos em sua cintura, colando os nossos corpos.

Nossos pés dançavam em compasso e sua cintura se movimentava sensualmente à centimetros do meu corpo.

Tracy encostou a cabeça em meu ombro e mordeu levemente o meu pescoço.

- But tonight I just wanna stay in, and be with you-ooh, believe me.- Cantarolou baixo em meu ouvido. - Kurt, eu não quero que isso acabe. - Sorriu irresistívelmente.

Eu precisava daquilo, vivenciar tal sentimento me fazia levitar. Aquele rosto, aquela voz, aquela pele, aquele perfume, eu estava preso à aquele momento.

- As vezes subimos tão rápido, para caírmos de novo. - Eu não entendi o porque daquelas palavras, mas me afetaram de alguma forma.

Eu procuro por um novo tipo de amante, não uma garota feita de plástico. Alguem que possa me fazer sentir como eu quero me sentir. E me dizer as coisas que eu quero ouvir e me faça perder o controle.

- Por mais que você não corresponda aos meus sentimentos, eu sabia que você viria para mim, e aqui está você. - Ela se aproximou do meu rosto, senti sua respiração bater em minha pele. Não percebi a nossa proximidade até nossos lábios estarem colados.

Ela se afastou e colocou as mãos em sua boca.

- Me desculpa. - Abaixou a cabeça. - Foi impulsivo, Kurt eu... - Entrelacei as mãos em seus cabelos, e a puxei para perto. Mordi seu lábio inferior e beijei o canto de sua boca. Nossos lábios se amaciavam novamente, agora também com nossas linguas se acariciando dentro de nossas bocas.

Meus impulsos me controlavam, meus batimentos eram instáveis, eu não sabia o que aquele momento significava para mim. Aquilo não era real, apenas uma fantasia. Aquele beijo não fazia-me tocar as nuvens, seu corpo estava colado ao meu e permanecia frio. Dê uma olhada ao seu redor, nada é o que parece.

...

- Kurt, obrigada por vir. - Ela sorriu e beijou minha bochecha.

- Através dos bons e dos maus momentos, eu estarei lá por você. - Ela abraçou meu corpo e eu beijei sua testa.

Meus pensamentos rodeavam meu corpo, aquela rua deserta me fazia refletir, calcular a suma importância que ela tinha em minha vida. Relembrar os momentos dos quais eu viveria até o fim do mundo se necessário.

Melany. A única pessoa que controlava os meus pensamentos, a única pessoa para quem eu doaria a minha vida. Estou tentando não precisar de você, e isso está me cortando ao meio.