A festa na Fraternidade Alpha, mais conhecida como Fraternidade dos Geeks, começou tarde naquela noite. Adentrei a mansão Alpha com as minhas amigas Giorgina e Samantha fantasiadas de, com o perdão do clichê, Meninas Malvadas.
– Às quartas usamos rosa! - gritou Hoseok, assim que nos viu chegar. – Caralho, vocês estão gostosas! – ele elogiou em seu melhor jeito, nada discreto.
O tema da festa era cinema, então, todos os convidados trajavam fantasias de algum personagem cinematográfico. Eu decidi que seria a Lindsay Lohan em Meninas Malvadas, então coloquei uma belíssima peruca ruiva diretamente do site da Shopee que, modéstia à parte, caiu muito bem em mim.
Mas é claro que a decisão de ir como personagens do filme teen mais famoso do mundo não foi minha. Se eu tivesse decidido sozinha, teria ido fantasiada de algum personagem clássico, tipo Elizabeth, de Orgulho e Preconceito. No entanto, naquela noite, Giorgina havia deixado claro que precisávamos estar com as novas curvas bem à mostra. É por isso que fomos fieis às personagens e colocamos saias bem curtas e provocantes, com camisetinhas baby look para complementar.
– Essa festa está um arraso, Hoseok. Você não erra nunca. – Gio comentou, dando um abraço no rapaz de cabelos castanhos.
Eu estava muito ansiosa por aquela noite, então devo ter bebido rápido demais. O ponteiro do relógio marcava perto da meia-noite quando comecei a sentir a adrenalina do álcool percorrer minhas veias. Eu chamava aquela fase de "levemente feliz", que é quando não estamos completamente bêbados, mas também não estamos completamente sóbrios. Estamos felizes. Levemente felizes.
Nesse meio tempo, avistei o meu querido amigo Min Yoongi. Como bom gótico antissocial que era, o garoto estava sentado no grande sofá da mansão Alpha, com os pés largados em cima de uma mesa de centro, enquanto fitava atentamente o celular. Provavelmente estava jogando algo.
– Yoongi! Que saudade! – falei, alto demais, sentando-me desajeitada ao seu lado. – O que você está fazendo? – fitei o celular dele, curiosa.
– Jogando. – na mosca.
– Poxa, levanta daí, vamos dançar. Essa festa está muito legal! – falei, alto demais, novamente. Tratava-se da alegria artificial e passageira que só a fase "levemente feliz" pode nos proporcionar.
Eu sabia, no entanto, que ter bebido rápido não foi consequência apenas da animação pela festa, mas também pela ansiedade em que eu me encontrava. Desde que Jeon Jeongguk me deixou para trás quando fui me desculpar com ele na piscina, sinto uma ansiedade agoniante me percorrer todos os dias. Eu não havia o visto desde então. Era estimado que ele estaria naquela festa com o restante dos Betas, mas eu preferia ignorar essa possibilidade, e por isso bebi. Bebia para não pensar em como seria ver ele de novo. E bebia para não lembrar dos beijos que trocamos em sua casa e de como suas mãos habilidosas percorriam minha cintura. Eu bebia, sobretudo, para esquecer o fato de que eu havia me apaixonado, justamente, pela última pessoa por quem eu deveria me apaixonar. O fruto proibido, o arqui-inimigo, a pior de todas as tentações, Jeon Jeongguk.
– 'Tá. A gente dança. – Yoongi falou, desanimado. – Mas, por favor, não me peça mais nada até ano que vem. – ele ironizou. Eu sorri.
Eu me divertia muito com o Yoongi. Desde que o conheci, quando chegamos a dividir o dormitório no primeiro dia de aula, senti que podia ser eu mesma com ele. Ele era um dos poucos amigos no campus que fazia eu me sentir assim. Eu amava Giorgina e Samantha, isso era claro. Mas algo na convivência com elas sempre fazia com que eu sentisse que precisava ser mais do que eu era. Mais inteligente, mais esforçada, mais dedicada, mais engraçada. E, às vezes, eu só queria ser a Alissa. E eu podia ser isso com o Min.
Então, dançamos. Dançamos de forma tosca todas as músicas pop que tocaram naquela festa. Dançamos tanto, mais tanto, que eu só me liguei de que os Betas haviam chegado quando, discretamente, Samantha veio até mim e disse: – Os patifes chegaram. E estão loucos de bêbados.
Senti a garganta fechar e um peso descomunal apertar o meu peito. Os patifes só poderiam ser os Betas. E, se os Betas estavam ali, Jeon também estava. Mas por que já chegaram bêbados? E por que tão tarde?
– Eles vieram de outra festa. Trouxeram a Sailor. – Samantha concluiu antes que eu pudesse verbalizar as minhas dúvidas. Entretanto, uma nova questão me ocorreu. Quem diabos é Sailor?
– Oi, Sailor! – Hoseok, sempre hospitaleiro, cumprimentou a garota que chegou com os Betas. Só então eu pude notar. Jimin, Taehyung, Jin e Jeongguk estavam ali, mega animados, ao lado da tal Sailor. A garota tinha cabelos castanhos brilhantes e pele clara. Estava fantasiada de Daisy, do filme O Grande Gatsby.
Senti um incômodo esquisito se instalar em meu peito. Mas a sensação piorou quando vi que, ali, ao lado dela, estava Jeon... E ele estava fantasiado de Gatsby, par romântico de Daisy no filme clássico... Eles haviam, portanto, ido à festa com fantasias combinando.
Não sei dizer se foi a bebida, as informações ou as luzes frenéticas da festa. Eu só sei que senti o meu estômago girar, enquanto as batidas do meu coração pareciam chicotear a minha caixa toraxica. Eu não estava mais bêbada. O impacto da realidade bateu tão forte que eu me encontrei ali completamente racional com tudo que estava à minha volta. Após o efeito do álcool ter passado tão rapidamente quanto veio, decidi que chamaria aquela atual fase de "levemente triste".
– Quem é ela? – perguntei à Samantha.
– Ah, a Sailor? É veterana daqui. Acho que é da turma de Medicina do Jeongguk. Não é legal que ela tenha nome de personagem de anime? Ela é bonita e legal. Pena que é amiga dos patifes.
Ela parece mais que apenas uma amiga. Pensei, mas não disse. Não disse porque sabia que aquilo poderia soar estranho para Samantha. Não disse porque, se eu verbalizasse os meus pensamentos naquele momento, não iria me entregar somente à Samantha, mas também assumiria para mim mesma o que eu estava sentindo.
Ciúmes.
A garota era mais velha, mais bonita e estava fantasiada de uma personagem clássica cujo filme se baseou em um livro. Deveria ser eu ali. Eu deveria estar vestida de Daisy. Eu deveria estar combinando fantasias com Jeon Jeongguk.
– O que diabos você está pensando, Alissa? – murmurei para mim mesma, agoniada, com a minha testa tão tensa e franzida que senti dor de cabeça.
Então, quando eu pensei que não poderia piorar, eles se aproximaram de nós.
– Zetas! – Jimin falou, debochado como sempre. – Cadê a Giorgina? Essa noite eu estou com uma vontade imensa de ser humilhado por ela! – ele disse.
– Céus, Jimin. Cale a boca. – Samantha respondeu.
Jeon, após rir sutilmente do que o amigo falou, olhou para mim. Aqueles milésimos de segundos foram o suficiente para eu me desmontar completamente, travando-me dentro de mim mesma. Eu estava petrificada. Para piorar, ele trajava um belíssimo terno preto, com uma blusa social branca por baixo. Leonardo DiCaprio havia interpretado o Gatsby, mas tenho certeza que Jeon teria feito muito mais sucesso.
Ele estava impecável e aquilo mexia comigo de uma forma estrondosa. Era injusto que ele fosse tão bonito. Era injusto que ele fosse tão completamente proibido. Era injusto que eu já tivesse experimentado aqueles lábios e a sua pegada firme e, infelizmente, sabia como era bom. Era injusto eu querer mais de Jeongguk do que eu podia ter.
Mas, agora, depois de toda a confusão em que a gente se meteu, ele estava ali, com ela. A tal da Sailor.
– Ainda não conheço você. Meu nome é Sailor. – a tal garota se apresentou, estendendo a mão para que eu a cumprimentasse.
– Oi. – foi tudo o que a minha cordialidade forçada me permitiu dizer. – Sou Alissa. – conclui.
– Eu ouvi falar muito de você. Dizem que é uma das melhores da Irmandade Zeta. Confesso que li um de seus poemas no blog da faculdade. Você escreve muito bem. – ela concluiu, doce.
Sorri meio torto e me senti mal. Senti-me mal porque não era todo dia que elogiavam o meu trabalho. Senti-me mal porque aquela garota parecia tão legal que de repente pareceu errado eu estar desejando que ela caísse da escada e precisasse ser levada embora daquela festa por uma ambulância.
A noite, a partir daí, foi um misto de sensações jogadas em um liquidificador e batidas dentro de mim. Porque, veja bem: Jeon dançou praticamente a noite inteira com a tal Sailor. Ele havia bebido mais copos de álcool do que eu deveria contar. Isso, claro, sem levar em consideração o fato de que ele já havia chegado alterado na festa.
A minha noite só ia por água abaixo e isso piorou ainda mais quando descobri que, além de ser bom em tudo que faz, Jeon era extremamente sexy e habilidoso dançando. Eu sabia disso porque eu havia reparado nele a noite inteira, mesmo que essa atenção não tenha sido recíproca. Talvez ele estivesse mais atento à tal da Sailor. Talvez Jeon só tenha brincado comigo todas as vezes em que insinuou querer algo. Talvez eu fosse uma idiota que estivesse arriscando a minha vaga nas Zetas, que sempre foi o meu sonho, para trocar beijos quentes com o líder da fraternidade rival.
Talvez eu fosse apenas uma tolinha, assim como Jeon já falou várias vezes.
– Você está bem? – Yoongi perguntou quando me encontrou na cozinha, sozinha, sentada em cima da mesa, com a maior cara de tacho possível. Eu sequer conseguia continuar bebendo.
Estar mal e guardar só para você parece ter um efeito rebote quando uma simples pergunta é feita. Então, assim que Min perguntou se eu estava bem, uma camada de lágrima se acumulou em meus olhos e escorreu na primeira piscada.
– Céus, Alissa, o que aconteceu? – preocupado, ele se aproximou.
– Desculpa por isso. Eu só estou cansada dos estudos, das provas. É muita responsabilidade e...
– Está tudo bem. – amigável, Yoongi não pareceu pensar duas vezes e me abraçou. Foi um abraço caloroso e fraternal. Algo que eu definitivamente estava precisando naquele momento de tamanha confusão. Eu fiquei feliz por Yoongi, mesmo com sua personalidade fria, ter se sensibilizado naquele momento.
Então ouvimos uma tosse com pigarro vir da porta da cozinha, o que fez Yoongi se soltar devagar de mim, olhando para o local.
– Atrapalho? – era Jeongguk, entrando, demasiado cambaleante.
– Não, cara. Fica à vontade. – Min falou, calmo.
Sequei rapidamente as lágrimas antes que Jeongguk percebesse. Quando ele me olhou, vi que me fitava como se eu fosse a última pessoa que ele quisesse ver naquela noite. Yoongi virou-se novamente para mim, enquanto Jeon caminhava em direção à mesa repleta com bebidas. – Quer voltar para a festa? – o meu amigo perguntou. Assenti, mas disse que precisava beber água primeiro. Então, ele saiu e me deixou.
Estávamos apenas eu e Jeon, por fim. Não havíamos nos falado a noite inteira. Fui até a geladeira com um copo e enchi de água. Na sequência, ouvi um estrondo. Jeon havia derrubado a jarra de ponche no chão, inundando tudo.
– Porra. – ele resmungou, visivelmente bêbado.
– Meu deus, Jeongguk. Cuidado com os cacos de vidro! – gritei quando vi que o garoto parecia não estar em pleno domínio de suas faculdades mentais.
– Vidro, vidros, vidro.. O que é um vidro para quem já é de vidro? – ele cantarolou aquela frase sem nexo e eu não sabia se o ajudava ou se ria.
Resolvi ajudar.
– Acho melhor você voltar para a sala e ficar sentado. Eu limpo isso. – peguei um pano em cima da pia e comecei a recolher os cacos do chão.
– Não seja estúpida, Alissa. Eu sujei, eu limpo. – mesmo bêbado, ele conseguia ser grosseiro.
– Jeon, não me leve a mal... – levantei e me coloquei de frente para ele, de cabeça erguida. – Eu não vou ficar aturando você sendo um estúpido quando eu só estou querendo ajudar. E eu não vou entrar nessas provocações com você estando morto de bêbado. Então, por favor, só volta pra sala e deixa que eu limpo. – falei.
– Você andou chorando? – ele ignorou tudo que eu disse e perguntou, preocupado, enquanto fitava com atenção o meu rosto.
Sacudi a cabeça em negação e rapidamente voltei a recolher os cacos.
– Claro que não. – respondi, não muito confiante.
– Ok. – ele aceitou. – Me desculpa achar que poderia me preocupar com você. Aparentemente, só integrantes da Fraternidade Alpha tem o direito de conseguir alguma intimidade por aqui. – ele resmungou.
Arregalei os olhos ao notar que Jeongguk havia me alfinetado por eu estar abraçada com Yoongi há minutos atrás, quando ele passou praticamente uma noite inteira dançando com uma garota.
– Se você está se referindo ao Yoongi, certamente faz mais sentido que eu me abra com uma pessoa que não está constantemente tentando vencer joguinhos de validação, mesmo. – respondi, sem muita paciência. – Eu realmente acho que você deveria voltar para a festa. A Sailor deve estar te esperando.
– Você está com ciúmes? - amimado, ele prontamente rebateu.
Sim.
– Não. – falei.
Levantei-me e joguei todos os cacos de vidro dentro de uma caixa de cerveja. Depois, joguei na lixeira. Jeon observava calado e, quando o fitei, vi que ele me olhava com um sorriso ladinho, debochado.
– Bom, eu não vou voltar para a Sailor porque ela já foi para casa. Amanhã ela precisa acordar cedo para a festa de noivado dela com o meu melhor amigo de infância. – ele disse.
No mesmo instante, me senti completamente tola, envergonhada e, por que não, aliviada? Sorri sutilmente, sem que Jeon percebesse e me virei de costas. Torci o pano sujo de ponche e falei: – Legal.
Jeon, embora completamente tomado pelo álcool, balançou a cabeça negativamente e soltou um sorriso canalha. Aquele sorriso maldito que eu descobri que acabava totalmente com o meu psicológico.
– Tsc, tsc. – ele estalou a língua e se aproximou. Mesmo com movimentos lentos e os olhos baixinhos pelo efeito da bebida, ele ainda continuava mais atraente do que nunca. O terno de época preto contrastava com a sua pele reluzente. Os cabelos úmidos caiam parcialmente sob os olhos puxados e lascivos. Céus. Jeongguk podia matar alguém só com sua beleza. – Era por isso que estava buscando consolo no cara da Fraternidade Alpha? – ele insistiu no assunto, petulante.
– Está com ciúmes? – a pergunta saiu automática e só então eu percebi que eu havia o provocado.
– Sim. – ele respondeu diretamente, ainda mais próximo de mim, sem medo de parecer vulnerável. Senti o seu hálito quente tocar meu rosto. Um misto de menta e gin caro. Meu coração saltou no peito. – Eu ‘tô com ciúmes pra caralho, Alissa. – concluiu.
– Você está bêbado. – tentei mudar de assunto, visivelmente abalada.
– E é exatamente por isso que, agora, eu estou completamente me fodendo se você me rejeitar de novo amanhã. Eu quero muito te beijar desde que coloquei os meus olhos em você hoje. – ele levou a mão direita ao meu rosto, passando os dedos pela minha bochecha, até tocar sutilmente os meus lábios. – Porra, Alissa. Você mexe tanto comigo. E essa roupa… – ele soltou uma respiração pesada, sensual.
Jeongguk fazia o tipo boca suja quando estava bêbado. E eu gostei. Jeongguk sequer me tocava completamente e já fazia o meu corpo reagir de forma completamente descontrolada. Minhas mãos suavam. Minha pele estava arrepiada. Minhas veias pulsavam com o sangue que corria rapidamente de acordo com as batidas aceleradas do meu coração. Jeon, por sua vez, não parecia diferente. A suas pupilas estavam dilatadas. Seus lábios vermelhos estavam entreabertos. Os olhos escuros revezavam entre encarar meus olhos e minha boca.
Eu iria morrer.
No entanto, antes que eu pudesse ceder a qualquer instinto, Jeon cambaleou, parecendo ter dificuldade para manter-se firme e em pé.
– Você bebeu muito, Jeongguk.
– Talvez eu esteja começando a notar isso. – ele sorriu, espontâneo, dando um passo para trás e cambaleando novamente.
Em um impulso, o segurei pelo braço, evitando que ele caísse.
– Ok, ok, acho que já está na hora de você ir para casa ou vai ter uma ressaca daquelas. – expliquei.
Naquele momento, ficou visível que Jeongguk havia bebido mais do que podia aguentar. Como consequência, o álcool bateu certeiro em sua corrente sanguínea. Ele só resmungou algo desconexo, enquanto eu tentei o guiar para fora da cozinha. No entanto, antes de ser vista por outras pessoas, observei a festa e notei que todos os Betas já pareciam estar em outra galáxia de tão chapadas.
– Os seus amigos têm zero condições de cuidar de você agora. – falei para Jeongguk, que estava pendurado em meu braço, tão mole que poderia cair no chão apenas com um peteleco.
Segundos de reflexão foram o suficiente para eu tomar a decisão que poderia facilmente me causar arrependimento no futuro.
– Vem. Vou te levar para a sua mansão Beta. – falei, puxando Jeongguk para as portas do fundo. Não queria arriscar ser vista com o líder dos Betas, mesmo que todos naquela festa já estivessem completamente fora de si.
Arrastei Jeongguk pelo jardim dos fundos da mansão Alpha e, antes que me retirasse por completo do quintal, ouvi me chamarem.
– Alissa, tá tudo bem? – era Min Yoongi.
Ele provavelmente havia voltado para a cozinha a fim de me procurar e se certificar de que eu estava bem. Apesar do susto, eu sabia que não era uma ameaça ser vista pelo Min enquanto ajudava Jeongguk. Portanto, pedi: – Pode me ajudar aqui? Ele não tá bem e precisa ir pra casa dormir.
Mais do que depressa, Yoongi correu e pegou Jeongguk pelo outro braço. Aquilo me aliviou imediatamente, pois seria impossível arrastar um belo corpo de quase 1,80 praticamente todo composto por músculos muito bem torneados até o fim da rua das fraternidades.
Yoongi não questionou o fato de eu estar ajudando Jeongguk, e foi bom sentir que, pela primeira vez, eu não precisava esconder nada de ninguém.
Quando chegamos à Fraternidade Beta, esperamos cerca de 10 minutos até o Jeongguk bêbado encontrar a chave da porta principal. Ele resmungava frases desconexas e sequer parecia ter noção de que estava sendo ajudado. O levamos até o quarto de cima e Yoongi teve a ideia de dar um banho em Jeongguk, para que o Beta líder se recuperasse mais rapidamente do porre.
Fiquei esperando no que parecia ser o quarto de Jeongguk, enquanto Yoongi ajudava o patife líder a tomar banho. Entediada, observei todo o cômodo, andando lentamente. O enorme quarto era repleto de estantes com troféus de campeonatos de natação, olimpíadas de matemática e medalhas de mérito por diversas ações dentro da universidade.
– Há alguma coisa que você não saiba fazer, Jeongguk? - murmurei para mim mesma, ainda explorando os detalhes do ambiente.
Havia muitos porta retratos com amigos, família e, sobretudo, fotos com sua mãe. Parecia que eles já estiveram em todos os cantos do mundo quando notei imagens na praia, na neve, esquiando, em parques, na Disney.
Fofo, pensei.
– Cara, o que deram pra você beber? Você tá chapado feito o inferno. – Yoongi resmungou saindo com Jeon pendurado em seu pescoço, já vestido com roupas de moletom, pronto para dormir.
O meu amigo jogou Jeongguk na cama e o cobriu com um lençol. O líder dos Betas adormeceu imediatamente.
– Obrigada por ajudar. – falei, aliviada por sentir que tudo já estava resolvido.
– Você está melhor? - Yoongi perguntou.
– No momento, não. Mas ficarei, eventualmente.
– Aquela pessoa que você disse ter magoado no outro dia… Era Jeongguk? –ele perguntou. Não havia tom de acusação em sua voz.
Eu nada disse. Apenas balancei a cabeça positivamente. Yoongi esboçou uma expressão de compreensão e aconselhou: – Eu não sou bom com conselhos, mas, você parece se importar de verdade com ele. Quando encontramos algo assim, precisamos aproveitar.
– Eu estou muito encrencada, Yoongi. – desabafei. – Eu sou uma péssima Zeta. Eu fiz tudo errado.
– Alissa, as Zetas são suas companheiras de irmandade. Uma irmandade não deveria se tratar de união? Amizade? Se elas são suas amigas, vão te apoiar, em qualquer circunstância. – ele falou, calmo e racional.
Por um momento, senti esperança. Senti que poderia abrir o jogo com as Zetas. No segundo seguinte, lembrei de todas as regras, do livro das Zetas, de como Anastácia, a líder, depositava confiança em mim. Yoongi poderia estar certo, mas as Zetas nunca, nem em um milhão de anos, aceitariam qualquer relação minha com Jeongguk.
– Mas esse é um problema para a Alissa do futuro resolver. – ele falou. – Meu conselho? Fica aqui mais um pouco, até antes do amanhecer, e pensa bem nos seus próximos passos.
Eu sorri, concordei e dei um abraço no meu amigo. Yoongi foi embora e eu fiz o que ele pediu. Eu fiquei e observei enquanto Jeongguk dormia profundamente. A respiração era lenta e profunda. Os olhos estavam suavemente fechados, doces e serenos. Certamente o Jeongguk dormindo ali à minha frente não se parecia em nada com o Jeongguk metido do dia a dia. Ele era lindo demais e o meu coração doía.
Sentindo-me cansada, tirei a peruca ruiva, sentei na poltrona próxima à cama e sequer percebi quando adormeci ali por algumas horas.
– Eu realmente espero que você tenha pagado um jantar pra mim antes de tirar minha roupa no banho. – abri os olhos, atordoada. Era Jeon, levantando-se.
– Que horas são? - perguntei, confusa.
– Três da manhã. – ele falou.
– Céus, você estava praticamente morto. Como se curou de um porre em duas horas? – me ajeitei na poltrona, mexendo nos cabelos, com receio de estar feia.
Jeongguk pulou da cama e logo estava de pé, como se não tivesse enchido a cara horas antes.
– A minha genética é muito boa. Eu não tenho ressaca. – ele comentou, simplesmente, alongando-se.
– Nunca?
– Nunca.
– Uau.
– Você me trouxe até aqui sozinha? Imagino que eu deva ter ficado muito bêbado. – ele disse, ajeitando as calças de moletom que Yoongi havia o ajudado a colocar horas antes.
– Sim. – menti.
– Obrigado. – ele falou, com o timbre suave.
– Bom, já que você está, milagrosamente, bem, eu vou indo. – me levantei, apressada, já a caminho da porta. No entanto, a fala seguinte de Jeongguk me fez parar subitamente.
– Fica… - pediu ele. Virei-me devagar, hesitante, e o encarei. Após segundos, ele reagiu. – Quer dizer… –ele pigarreou. – Eu vou preparar algo para comer. Você também deve estar com fome depois da festa. É o mínimo que eu posso fazer depois de você ter cuidado de mim. –concluiu, gesticulando.
Jeon estava nervoso ou era impressão minha?
– É, eu estou com fome. – fui sincera.
Eu sabia que naquele horário as Zetas ainda estavam na festa de Hoseok. Chegar em casa cansada e preparar algo para comer sozinha definitivamente não era algo que estava em meus planos. Mas, não foi só por isso que eu aceitei o convite de Jeongguk. Eu gostava de estar em sua presença, sobretudo naquele momento raro em que parecíamos estar com a guarda baixa.
– Ótimo. – ele pareceu aliviado, porém pragmático. – Espere aqui. Volto logo. – ele pediu, saindo e fechando a porta.
Sentei-me em sua cama, que tinha o seu cheiro. Uma mistura de perfume caro com testosterona. Suspirei. Estava difícil conceber a atual circunstância. Eu estava na mansão dos Betas, no quarto de Jeongguk, sentada em sua cama e sentindo coisas que não deveria sentir. Então, minutos depois, ele voltou.
– Panqueca com apenas três ingredientes. Aveia, banana e ovo. Completamente proteico e gostoso. Ótimo para acordar o corpo depois de um porre. – ele comentou, orgulhoso de sua receita fitness.
Fazia sentindo que Jeongguk se alimentasse bem. Ele estudava medicina, era atleta e tinha o corpo mais bonito daquela universidade. Dei um meio sorriso ao ver ele colocar a bandeja com as panquecas em cima da cama, junto a um frasco com mel.
– Parece gostoso. – falei. Ele sorriu.
Merda. O que diabos estava acontecendo?
Comemos em silêncio, até que eu decidi quebrá-lo com alguma pergunta aleatória comum em uma diálogo entre duas pessoas civilizadas. Coisa rara entre Jeon e eu.
– Por que escolheu cursar Medicina? – falei, baixinho, dando uma garfada na panqueca.
– Por causa da minha mãe. – ele respondeu, sem muitos rodeios. –Ela morreu de câncer. Desde que me entendo por gente, ela lutava contra a doença. Eu quero ajudar as pessoas como os médicos a ajudaram. – ele falou.
Acho que Jeongguk sequer percebia o quanto a sua fala era doce e quanto o seu propósito era bonito. Ele, que sempre foi o metido mais arrogantemente daquela universidade, não parecia falar aquilo para ganhar qualquer validação ou elogio. Era genuíno e era bonito. Eu nunca havia conhecido essa parte de Jeongguk.
– É que… – ele continuou a falar. – Minha família sempre teve muitas condições financeiras e minha mãe consultava com os melhores médicos, tanto nos Estados Unidos, quanto na Coreia. E, mesmo assim, foi difícil. Eu fico pensando nas pessoas que não têm condições. É elas que eu quero ajudar. – ele concluiu, por fim.
Senti o meu peito esquentar. Eu sempre admirei Jeongguk pelas suas habilidades infinitas, mas aquilo o levava para um novo patamar, muito elevado. Ele era lindo. Por dentro e por fora. Antes que eu reagisse ou dissesse qualquer coisa sobre aquilo, ele foi mais rápido.
– E você, por que Letras? – ele perguntou, colocando um pedaço de panqueca na boca, mastigando de forma que deixasse suas bochechas mais gordinhas.
Era oficial: Jeon e eu estávamos tendo uma conversa civilizada. O universo só podia estar colapsando.
– Nietzsche dizia que nenhum artista tolera a realidade. Eu sempre escrevi para fugir dela e, para ajudar outras pessoas a fugirem também. – expliquei. – Acho que é uma válvula de escape.
– Eu tenho uma teoria diferente. – ele respondeu, ajeitando-se na cama. – Eu acho que você escolheu ser escritora porque tem controle sobre tudo que escreve. Diferentemente da realidade, que você não pode controlar. E você, tolinha, é medrosa demais para encarar algo que não pode controlar. – ele provocou, petulante.
Legal. Jeongguk estava de volta.
– Não é verdade! – me defendi, gesticulando. No entanto, o meu braço esquerdo bateu com tudo no frasco de mel aberto, derramando tudo em cima da camisa de Jeon.
– Me desculpa! – gritei quando vi todo o mel espalhado pela blusa clara. Jeon estava todo grudento encarando aquela lambança.
– Está tudo bem. – ele falou, retirando a camisa.
Respirei fundo. Eu já havia visto Jeongguk sem camisa algumas vezes, de longe, nadando. Mas aquele momento era completamente diferente. Estávamos a sós em seu quarto, em plena madrugada, com poucas luzes de ambiente clareando o local.
Ambos com a guarda baixa.
A minha respiração estava descompassada, enquanto eu tentava ao máximo não encarar os gominhos perfeitamente esculpidos em sua barriga. O seu peito, destacado, mostrava que Jeongguk certamente mantinha uma rotina árdua de treinos de peitoral. Garotos assim não existem na vida real.
– Eu pego outra camisa pra você. – falei, levantando-me. Eu queria ser gentil, mas também queria me afastar de Jeongguk o quanto antes.
– Terceira porta à direita. – ele orientou, enquanto eu caminhava em direção ao guarda roupas.
Puxei a porta uma, duas, três vezes. Nada. A porta do guarda roupas estava dura e travada.
– O puxador deve estar com problema. – a voz suave, lânguida, proferiu, bem atrás de mim. Eu não havia percebido que ele estava tão perto. – Tem que puxar com mais força. – ele falou, colocando o braço no puxador, deixando-me entre ele e a porta do armário.
Eu estava encurralada por Jeongguk, o guarda roupa e o seu troco descamisado. Então, sutilmente, ele colocou a outra mão na minha cintura. O meu corpo inteiro se arrepiou. Notando que a minha respiração mudou de compasso com a sua aproximação, Jeon quis fazer mais um teste. Ele encostou levemente a sua cintura definida em mim, por trás.
– Jeongguk… – murmurei. Eu estava tensa, quente, arrepiada e completamente desestabilizada.
– Ou eu posso continuar sem camisa. Tanto faz. – sua voz agora saía sussurrada. Sua respiração batia na minha nuca.
Meu instinto pediu que eu me virasse para ele. E foi o que eu fiz. Fitei os olhos felinos, escuros, mas brilhosos. Jeon me encarava com lascívia e luxúria.
– Eu não tenho mais psicológico pra te beijar e ver você fugir no segundo seguinte. – ele confessou. O timbre sonoro e sensual me tirava do eixo. – Então, me diz, Alissa… – ele aproximou o rosto ainda mais, deixando nossas bocas a poucos centímetros de distância. – Se eu te beijar agora, você vai ficar? – ele concluiu o questionamento.
Eu não precisei dizer nada. Um simples gesto de cabeça para cima e para baixo, desesperado, ansioso, foi o suficiente para Jeongguk colar o seus lábios nos meus com uma força e uma velocidade que ele nunca havia tido.
Havia pressa nele. E também em mim. Havia força e pouca delicadeza. Nossas línguas se chupavam rapidamente, mesmo quando nossos lábios se afastavam para não perdermos o ar. Não demorou muito para Jeon me pegar no colo, colocando cada uma de minhas pernas de cada lado de seu tronco. Ele me levantou como se eu não pesasse nada e me levou até a cama.
Apesar de ter pressa, Jeongguk me deitou com delicadeza, evitando que eu me machucasse. Ele deitou-se por cima de mim, abrindo minhas pernas com sua coxa grossa e se acomodando entre elas. Agarrei seu corpo com minhas coxas e também com os meus braços. Ele não cortava o beijo e revezava entre minha boca e o meu pescoço. Eu nunca, em toda minha vida, havia me sentido daquela forma. O meu corpo respondia tão facilmente a Jeongguk, que eu tive medo do quão entregue a ele eu estava. Eu o desejava como o inferno e cada fibra do meu corpo queimava com o seu toque. O líder dos Betas era habilidoso. Sua pele era macia. Sua língua era quente. Eu explorei o seu corpo definido com as mãos, assim como desejei desde o primeiro dia que eu o vi.
Jeon certamente não fazia ideia do quão sem experiência sexuais eu era. Por isso, ele começou a descer a alça da minha blusa. Ele desceu os beijos molhados pela minha clavícula, até chegar ao meu sutiã.
– Jeongguk… – falei. Ele parou no mesmo instante.
– Tá tudo bem? – ele sussurrou. A voz estava carregada de um tom rouco.
– Eu acho que não sou muito boa nisso. Acho que não vai ser como você espera.
– Ali, isso é completamente impossível. Eu já estou completamente louco e a gente só está se beijando. – ele disse, sorrindo.
– É que… - comecei a falar, relutante. – Eu nunca transei. – confessei. Senti minhas bochechas corarem.
– Nunca?
– Nunca.
– Uau. Ok. Então, o que você quer fazer? – ele perguntou, ajeitando-se em cima de mim.
Nesse instante, senti o seu membro duro roçar por acidente na minha virilha. Meu coração disparou. Eu estava tão excitada e tão nervosa, que Jeon notou quando o meu coração acelerou abruptamente.
– Ei, tá tudo bem. – ele disse, depositando beijos curtos na minha bochecha, na minha testa, no meu nariz. – Você é linda. – ele falou, despretensiosamente. – Eu senti tanto ciúmes quando te vi abraçada com o Yoongi hoje. – ele confessou, ainda depositando beijos por todo o meu rosto. Eu sabia que ele estava tentando me acalmar, me distrair. Ele notou o quão desestabilizada eu fiquei e agiu para que eu relaxasse. Suspirei.
– Você vai arruinar minha vida. – falei, sorrindo.
– E por que eu seria burro de fazer isso? – ele perguntou.
O garoto não esperou que eu respondesse. Jeongguk voltou a beijar minha boca, agora, com mais calma. Mesmo com os movimentos lentos e controlados, as curvas que sua língua fazia eram sensuais, macias e suaves. Entre beijos lentos, suspiros e alguns gemidos baixos todas as vezes que nossas intimidades se chocavam, eu resolvi tirar minha blusa.
Jeon me olhou surpreso, hesitante, mas entendeu o recado. Eu queria mais do que apenas amassos. Eu queria ele dentro de mim. Urgentemente. Ardentemente. E ele parecia querer a mesma coisa.
Então, ele se afastou. Retirou a própria calça de moletom e ficou apenas de cueca. O tecido branco meio transparente evidenciou sua ereção volumosa. Na sequência, ele retirou a minha saia. Depois, minha calcinha.
Senti minhas bochechas corarem naquele instante. Era Jeongguk ali, me vendo exposta. Era o garoto mais atraente que eu havia conhecido em toda minha vida, me vendo nua. Ele, por sua vez, suspirou pesado, sôfrego. Jeon pareceu elevar a sua excitação ao me ver ali, molhada e prepara para ele. Então, sem hesitar, ele passou a depositar beijos lentos e quentes na minha virilha. Quando Jeon chegou ao meu clitoris, senti sua língua macia encostar em mim. Saltei sutilmente, entorpecida pelo choque gostoso.
A sensação tornou-se ainda melhor quando ele passou a me chupar bem devagar. Sua língua fazia movimentos circulares. Ele deixava escapar alguns suspiros sôfregos, mostrando que me dar prazer também fazia com que ele sentisse prazer. Agarrei os seus cabelos macios e, em um ato automático, guiei seus movimentos. Mas Jeongguk não precisava ser guiado. Ele sabia exatamente onde chupar, como chupar e qual velocidade usar.
– Jeongguk…. – falei, fechando os olhos. Eu sentia cada sensação. Eu sentia os seus lábios bonitos encostando em minha entrada, enquanto sua língua habilidosa subia e descia, ora rápida, ora devagar. E quando era devagar, ele quase parava, causando-me ansiedade, desespero, necessidade por mais. Acho que ele sabia, porque aquilo era muito, muito bom.
– Porra, Alissa… – ele afastou os lábios do meu clitoris. – Você está tão molhada. Caralho. – ele disse, ríspido.
Então, ele parou, voltando a deitar-se por cima de mim. Agora, sua ereção parecia ainda mais petrificada. O membro teso e pulsante encostava, por dentro da cueca, em minha intimidade exposta e completamente encharcada. Eu gemi. Ele gemeu.
Seus lábios voltaram a me devorar de forma sacana. A pulsação do coração de Jeongguk, sob o peito musculoso, parecia aumentar, gradativamente. Ele parecia ter cada vez menos controle, a medida que esfregava o membro teso em mim.
Era notável que Jeongguk queria tudo com mais pressa, mas tentava se conter, mesmo com o seu corpo praticamente gritando que ele precisava penetrar. Eu senti que ele se preocupava comigo, e eu gostei. Eu gostei mais do que tudo que ele já fez. Naquele momento, eu não queria estar em nenhum lugar, com mais ninguém.
– Você pode ir até o fim, Jeongguk. – pedi. Minha voz saiu mais fraca do que eu havia planejado. Isso porque o meu corpo estava entorpecido pelo desejo. Eu não conseguia mais pensar em nada. Eu não queria mais pensar em nada. Eu queria sentir ele. –Eu quero você dentro, Jeongguk… – confessei.
Como se esperasse isso há muito tempo, Jeongguk me fitou. Os olhos negros, que se assemelham à jabuticabas, misturavam-se com as pupilas dilatadas. Ele me olhava como se tivesse acabado de passar por uma redenção. Aquilo tudo, na realidade, era uma redenção.
Estávamos cedendo um ao outro, completamente. Pela primeira vez, éramos vulneráveis e entregues. Nunca estivemos tão à mercê um outro como naquele momento.
Jeongguk retirou a cueca e colocou um preservativo. Eu suspirei ao finalmente matar a curiosidade de vê-lo. Tão grande e bonito. As veias pulsavam, salientes, firmes. Ele masturbou o próprio membro uma, duas, três vezes. Devagar. Rápido. Eu não aguentava mais esperar. Se aquilo era uma provocação, Jeongguk era muito bom em fazê-la.
– Você precisa me ditar o jeito que achar mais gostoso. – ele pediu, manhoso, e meu coração quase explodiu.
Concordei com a cabeça. Estava nervosa, ansiosa e excitada. Então, ele deitou-se por cima de mim e, com sua mão direita, guiou a seu membro até a minha entrada. Estar molhada mais do que o suficiente ajudou, porque, no mesmo instante, a cabeça do pau dele desligou para dentro da minha cavidade, mas o restante do membro ainda não entrou, o que fez eu apertá-lo dentro de mim.
– Caralho, Alissa. Você é tão macia. – ele dizia. O timbre era grave e carregado.
Ele se ajeitou, firme, e empurrou todo o seu membro dentro de mim. Eu suspirei pesadamente, não sabendo distinguir com precisão se sentia dor ou prazer. Eu acho que era um misto dos dois.
– Está tudo bem? A gente faz no seu tempo. – ele murmurou, baixinho, beijando devagar o meu queixo.
– Eu quero muito ir até o fim, Jeon. Faz do jeito que você sabe. Eu sei que vou gostar.
– Porra, amor. Não fala assim. Eu vou ficar louco.
Amor. Jeon havia me chamado de amor enquanto o seu pau estava dentro de mim. Aquilo era muita informação para assimilar em um intervalo tão curto de tempo.
– Só me fode, Jeongguk. – eu sorri, divertida, e acho que aquilo provocou ele.
Sem esperar mais nenhum segundo, o líder dos Betas passou a estocar em mim. Ele começou devagar, firme. As minhas mãos passeavam pela sua cintura fina. Com isso, eu pude sentir que os movimentos de Jeon eram sensuais, calculados. Ele rebolava dentro de mim e, com o tempo, foi ficando mais gostoso e menos dolorido. Sem conseguir conter os meus gemidos, deixei que a minha voz arranhasse a minha garganta, chamando por Jeongguk, choramingando, pedindo por mais.
E então, quando ele notou que eu estava completamente livre para ele, os seus movimentos passaram de lentos para rápidos, firmes. Ele colocou fundo, uma, duas, três, quatro. Jeon gemia sôfrego. Sua voz melodiosa parecia soar como música. A sua testa estava franzida. Suas sobrancelhas estavam unidas. Ele não precisava de muito para ser sexy. Os lábios rosas entreabertos deixavam escapar suspiros, palavrões. Eu estava hipnotizada pela cena.
Ele colocou as duas mãos grandes nas minhas nádegas, deixando-as entre a minha bunda e o colchão. Ele apertou minha carne com força, unindo mais ainda as nossas regiões pélvicas, que se chocavam a cada estocada de ritmo frenético.
Eu não iria mais aguentar muito tempo, então, anunciei: – Eu vou…
– Vem, amor, goza pra mim. – ele pediu, me encarando.
– Jeon, eu vou…. – eu não consegui terminar a frase, pois me desmanchei em um gemido alto, sôfrego e agudo.
Minhas pernas tremiam e meu corpo inteiro se arrepiava. Eu havia gozado e tudo pareceu um borrão desde então. Jeongguk ficou completamente enlouquecido por ter me feito chegar ao ápice e aumentou ainda mais a velocidade das estocadas.
– Porra. Caralho, Alissa. Que delícia é te foder. – ele falava entre suspiros. A respiração pesada estava entrecortada pelas gemidos roucos e bonitos.
Então ele gemeu mais alto e puxou o ar entre os dentes quando estocou mais fundo, diminuindo os movimentos assim que gozou dentro de mim.
Não havia nada para se falar após isso. Ele deitou-se, preguiçosamente, ao meu lado. Jeongguk tinha um sorriso meio safado, meio fofo. Os lábios levemente carnudos estavam vermelhinhos. Eu estava inteira e completamente entregue a ele.
– Não foge de mim de novo. – ele pediu, baixinho, antes de abraçar seu corpo grande e quente ao meu.
(...)
Fui embora da mansão Beta poucos minutos antes do sol nascer. Não esperei Jeongguk acordar nem quis incomodá-lo. Por sorte, saí sem ser vista. Entrei na mansão Zeta e fiquei aliviada por todas estarem dormindo. Provavelmente de ressaca. Dormi por algumas horas e, quando acordei, Giorgina estava me chamando.
– Anastácia quer fazer uma reunião com você. – ela sorria.
Não consegui imaginar nenhum motivo para a líder das Zetas querer se reunir comigo naquela manhã, mas prontamente obedeci.
Eu estava estava na sala de Anastácia, de frente para sua mesa. Giorgina também estava presente, ao lado da líder.
– Alissa, sei que deve estar se perguntando por que nos reunimos aqui, e eu vou ser direta. – ela dizia, simpática. Giorgina parecia empolgada ao seu lado. – Como você sabe, eu me formo em um mês. A Gio estava cotada para assumir a liderança da Irmandade Zeta em meu lugar, mas ela decidiu abrir mão. – Anastácia informou.
Eu fiquei surpresa. Giorgina era uma das estudantes mais aplicadas da irmandade e fazia todo sentido que ela se candidatasse.
– Eu decidi abrir mão da vaga porque minha irmã mais nova está doente. Eu não quero ficar tanto tempo me dedicando à universidade no próximo ano enquanto minha mãe cuida dela sozinha. – Gio explicou, desanimada. – Por isso, queremos que você se candidate a líder da Irmandade Zeta, Alissa. – Gio falou, sorridente.
– O quê?! Eu? Eu não posso. Eu estou aqui há menos de um ano e… – comecei a falar.
– Alissa, não seja modesta. Você é, de longe, a Zeta mais aplicada que já passou por aqui. Você só tira notas altas e segue todas as regras sem reclamar. – Ana falava e misto de lembranças se formava em minha mente nebulosa. Entre elas, a de Jeongguk me tocando de todas as formas possíveis durante a madrugada. Jeon Jeongguk, o líder dos Betas, havia tirado a minha virgindade. E eu havia gostado. – Todas as Zetas te amam e você será eleita democraticamente. – ela concluiu.
Eu sabia o peso que era ser a líder da Irmandade Zeta. A responsabilidade era triplicada. Eu não sabia se estava preparada para assumir a vaga. No entanto, lembrei do que disse a Jeongguk na noite anterior. Eu escolhi ser escritora porque gostava da ideia de criar uma realidade paralela, algo mais romântico do que a realidade nua e crua. Mas, ser convidada para liderar a irmandade que eu admirei durante toda minha vida, não parecia real. Aquilo tudo parecia um sonho. Uma história fictícia. Garotas como eu não tinham tenta sorte assim na vida.
Mas garotas como eu também não tinham a chance de ficar com o garoto mais cobiçado da universidade. Jeongguk me fez bem na noite anterior, mesmo que a nossa relação seja baseada em altos e baixos. Caos e calmaria. Eu sentia que algo havia mudado entre nós e, sendo líder da Irmandade Zeta, eu deveria cortar imediatamente, antes que as coisas fossem mais longe.
Em um cenário ideal, eu teria a irmandade e também teria Jeongguk. Mas a vida não é um romance controlado com um enredo amarrado. A realidade era incontrolável. Ao escolher uma coisa, eu deveria abrir mão de outra. Não era justo.
Mas a realidade não é justa.
– E então? - Anastácia tornou a perguntar. – Você aceita se candidatar?
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