Quando James, Sirius, Remus e Peter chegaram ao Salão Principal de Hogwarts para o banquete de boas-vindas, a seleção dos novatos já tinha sido feita, e como nos anos anteriores, os sonserinos eram maioria.
- Onde estavam? – indagou a monitora-chefe, a grifinória Alanis Beaufort, ao ver os quatro colegas do quinto ano chegarem por último. E voltando-se para Remus, ela ralhou:
- Lupin! Eu já estava quase mandando a Evans conduzir os novatos em seu lugar!
- Desculpe, Beaufort... Isso não vai mais se repetir.
- Acho bom! Porque Hunt não tem o mesmo nível de paciência que eu tenho com você – Willard Hunt era o outro monitor-chefe, era da Lufa-Lufa, mas tinha mais proximidade com sonserinos, como Timothy Tremblay, o monitor-chefe do ano anterior.
- Está certo, Beaufort, mais uma vez, me desculpe – e Remus se sentou, de cabeça baixa.
- Que megera! – murmurou James, e Peter concordou com a cabeça.
- Deve ser porque é sem graça, a MacDuff sempre foi mais bonita e mais gente fina do que essa aí – ralhou Sirius, saudoso da antiga monitora-chefe.
Lily, outra que já estava farta das travessuras de Remus e sua turminha, fez sinal para que o grupo se calasse e ainda deu uma bronca:
- Calados, Dumbledore está falando!
- Está bem, querida monitora! – James não perdeu a chance de dar em cima de Lily, ele mais uma vez bagunçou os cabelos e lhe dirigiu seu sorriso mais provocante, mas a monitora revirou os olhos e bufou, fazendo Sirius, Peter e Remus darem discretas risadas.
Assim que os garotos se calaram, Dumbledore divulgou a novidade daquele ano:
- E eu tenho a honra de anunciar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, o senhor Tony Faraday!
James ficou tão surpreso que quase deixou escapar um grito. Faraday era um velho conhecido dele, por ser um grande amigo de seu pai. Tony Faraday era neto de dois grandes amigos de Fleamont, e eles compartilhavam uma história em comum: Tony, na verdade, se chamava Fockerton, e recebeu este nome em homenagem à família de sua mãe, que se extinguiu na sua linhagem masculina, assim como os Fleamonts, cuja trisavó de James fora a última remanescente. E assim como Fleamont, Tony, ou melhor, Fockerton também sofreu em sua época de escola, com as gozações dos colegas por conta de seu nome exótico, e também se meteu em brigas. A proximidade com seus avós fez com que o jovem Faraday recebesse lições de duelos do próprio Fleamont, adquirindo mais autoconfiança e se formando na escola como um dos melhores da classe. E agora, Faraday tinha a chance de repetir o gesto lecionando o filho de seu antigo mestre e amigo em Hogwarts.
- É o Tony! – disse James, mostrando o novo professor aos amigos.
- Você o conhece?
- Claro, Peter! Ele vive lá em casa! É muito amigo do meu pai – James omitiu que costumava ter uma queda pelo Faraday quando mais novo. O homem, que àquela altura contava com cerca de sessenta anos, ainda conservava uma certa beleza e charme em seus cabelos grisalhos, braços fortes e olhar penetrante, mas já tinha o rosto tomado pelas rugas e sua voz estava mais fraca do que era na infância do jovem Potter.
- Vamos falar com ele!
- Agora, James? Ainda vamos ter o banquete, vamos comer primeiro!
- Lá vem você de novo, Peter, bancando o glutão!
- Poxa, a gente acabou de... – o Pettigrew olhou ao redor e sussurrou – Você sabe!
- É, dessa vez terei que concordar com Peter, também estou faminto – completou Sirius, e Remus concluiu:
- E não é de bom tom incomodar o professor, depois a gente fala com ele, James, que tal?
Resignado, James cedeu, mas não conseguiu se concentrar na comida, nas conversas com os amigos, nem mesmo se aguentava no banco. Ele queria muito falar com Faraday, cumprimentá-lo pelo novo cargo, reclamar que Fleamont sentiu sua falta durante as férias e perguntar porque ele não os informara da novidade.
E o Potter fez isso assim que viu o professor terminar o jantar e se levantar para se recolher aos seus aposentos.
- Vamos, antes que ele suma das nossas vistas!
- Mas James, você nem terminou seu pudim de ruibarbo...
- Ah, Peter, vai ficar pra outro dia, eu já estou cheio, mesmo.
James se levantou e Sirius e Remus o acompanharam até a mesa dos professores. Peter vinha logo atrás, pois ele tomou para si o prato com o pudim de ruibarbo que o amigo estava comendo.
O Sr. Faraday já estava no corredor quando James o chamou:
- Ei, Tony!
O grisalho se voltou para trás e sorriu ao ver um de seus mais novos alunos:
- James! Nossa, garoto, há quanto tempo eu não te vejo!
- Pois é, Tony, e agora o senhor vai dar aula aqui em Hogwarts?
- Isso mesmo!
- E nem nos contou!
- É que eu queria fazer uma surpresa...
- Mas o senhor sabe que o meu pai vai ficar muito chateado quando souber que o senhor veio dar aula aqui e nem comentou nada com ele!
- Será? – indagou Faraday, meio arrependido e preocupado com a reação do velho amigo – Pior que nem deu tempo, foi tudo tão rápido... Eu estava no Peru, participando de um simpósio sobre os bichos-papões, quando recebi a carta do Dumbledore e desde que aceitei, minha vida virou de ponta cabeça. Tive que preparar aulas, criar cronogramas, planos de estudos... Passei as duas últimas semanas me concentrando nisso! Mas eu escrevi ao velho Monty hoje de manhã, já o informei da grande novidade. Eu só não sei se ele já recebeu a carta...
- Menos mal. Mas o senhor como professor vai ser muito bom! Eu mal posso esperar pelas suas aulas, tenho certeza de que serão incríveis! Meus amigos concordam comigo, o senhor não deve conhecê-los muito bem...
- Eu já ouvi falar deles. Esse cabeludinho é um Black, certo?
- Sirius Black, na verdade – disse ele, e James apresentou os outros.
- E os outros dois são Remus Lupin e Peter Pettigrew.
Remus acenou timidamente, e Peter, que já tinha devorado todo o pudim de James, disse:
- Nós quatro somos colegas de quarto na Grifinória.
- Oh, que bom! – exclamou Faraday – É uma sorte ser amigo de seu colega de dormitório, na minha época, eu dividia quarto com uns cavalheiros insuportáveis, que nunca perdiam a chance de zombar de mim por causa do meu nome peculiar.
- Nome peculiar? Mas o que tem de errado com Tony? – estranhou Peter, mas o professor logo explicou:
- Tony é meu apelido. Meu nome verdadeiro é Fockerton. É um sobrenome antigo, derivado de uma vila mágica situada na região da Pomerânia, na Alemanha. Para a minha sorte, Dumbledore teve a bondade de me chamar por meu apelido, mas eu já reconheci alguns netos de ex-colegas meus, que devem ter ouvido falar de mim, do meu nome real... Espero não ter problemas com eles!
- Ah, professor, relaxa, se eles resolverem caçoar do senhor, a gente dá um troco neles! – disse Sirius, espantando o mais novo mestre. E James completou:
- Não é por nada não, Tony, mas Sirius e eu somos os maiorais aqui em Hogwarts. E o Remus é o mais novo monitor da Grifinória!
- Mesmo? – agora Faraday sorria para os três – Eu fico feliz por vocês, mas como professor, é meu dever implorar para que os senhores não entrem em brigas ou se metam em confusões por minha causa.
- A gente não se mete em confusão, professor, é ela que vem atrás de nós! – brincou James, fazendo todos rirem.
Mas assim que os quatro se despediram de Faraday, eles desobedeceram ao seu único apelo. Tudo porque viram um grupo de alunos da Sonserina fazendo comentários depreciativos sobre o seu mais novo mestre:
- Repararam na cara de mané do novo professor? – perguntou um deles, de forma maldosa, fazendo o grupo de sonserinos rir.
- Qual o nome dele mesmo? – indagou uma garota do bando, e outro menino brincou:
- Tonto Faraday! – os sonserinos riram, e o primeiro tornou a comentar:
- Só sendo tonto pra ensinar uma matéria que combate a única magia decente no mundo.
James e Sirius nem quiseram conversa com o grupo, eles apenas sacaram suas varinhas e dispararam várias azarações em sequência.
- M-m... – gaguejou Remus, que ficou atônito com a velocidade que seus amigos atacaram.
- Ia dizer alguma coisa, Remus? – questionou Sirius, em tom desafiador.
- N-não...
- Bom! – Sirius e James sorriram satisfeitos, e o Potter se voltou para o grupo, que estava pendurado de cabeça para baixo e com os rostos desfigurados de tantas azarações, para ameaçar:
- E vocês aí, avisem ao seu pessoal pra nunca mais zombar do Faraday ou do nome dele, ou vão se ver com a gente!
James, Sirius e Peter saíram comemorando, enquanto Remus abaixava a cabeça para evitar os olhares dos colegas sonserinos que os amigos atacaram. Como monitor, o mínimo que ele deveria ter feito era impedir o ataque, nem que fosse apenas para repreender os sonserinos que ridicularizaram o nome do professor. Mas ele não fez nada, e não foi só porque os amigos agiram antes que ele pudesse pensar, e sim porque ele teve medo de dizer alguma coisa e desagradar os únicos amigos que ele tinha, os que tinham acabado de arriscar suas vidas para se transformar em animagos e poder acompanhá-lo em noites de lua cheia.
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