Jinki acordou com um sobressalto, o corpo tenso com os barulhos que vinham lá de fora. Ele podia ouvir os rosnados desesperados e raivosos, e Jinki sabia que tinha alguém tentando invadir a casa, tentando matar eles e conseguir se tornar o chefe alfa do pack.
Ele precisava fazer alguma coisa, ele precisava proteger as pessoas que ele amava.
Jinki já tinha dezessete anos, mas não era forte o suficiente ainda para lutar contra um alfa adulto, mas ele iria tentar.
Antes mesmo dele abrir a porta, dedos se enrolaram no pulso dele, impedindo Jinki de sair.
“Hyung, aonde você está indo? O que está acontecendo?”
“Eles estão tentando invadir a casa, eu preciso avisar minha mãe.”
Minho balançou a cabeça, puxando Jinki para longe da porta. “Você não pode sair hyung, não é seguro.”
Jinki puxou o pulso do aperto de Minho. “Exatamente, não é seguro e eu preciso fazer alguma coisa.”
“E o que você vai fazer? Você ainda não é forte o suficiente para lutar e sua mãe vai ficar preocupada com você.”
“Mas... ugh... eu não posso ficar sentado aqui dentro sem fazer nada. Eu não entendo porque ela não se casou de novo, porque ela não deixa outro alfa se tornar o chefe do pack já que meu pai não consegue nem mesmo levantar da cama.”
Minho balançou a cabeça, puxando Jinki para o futon, os dois se sentando de pernas cruzadas. “Não é assim que funciona, ela não pode abandonar o companheiro dela nem mesmo se quisesse. E eu estava lendo sobre isso, um alfa só pode se tornar o chefe de um pack de duas maneiras. Por herança ou reencarnação.”
Ele franziu a testa. “O que?”
O lobo mais novo se levantou e pegou um livro que estava do lado do futon dele. “Sua mãe me deu esse livro para ler.” disse o entregando para Jinki. “Aqui conta uma lenda de que de a alma de Apolo Lykagenes iria voltar algum dia e esse lobo iria governar tudo.”
Jinki olhou para o livro que estava nas mãos dele. “Eu nunca soube dessa lenda.”
Minho deu de ombros. “É uma lenda muito antiga e acho que não é muito importante, já que você é filho do chefe alfa. Talvez sua mãe só esteja esperando você passar pelo ritual de alfa para cuidar do pack.”
Isso fazia sentido, afinal a mãe dele amava o pai dele e ela não podia colocar alguém que ela não conhecia na frente do pack. Mas era tão difícil conseguir esse feito, era tão difícil lutar contra aqueles que não queria aceitar ser governado por uma mulher, uma ômega, mesmo que o pai dele ainda estivesse vivo.
Então Jinki decidiu que iria fazer de tudo para ficar forte e virar alfa o mais rápido possível para poder liderar o pack e livrar a mãe dele de carregar aquele fardo.
“Eu vou me tornar o chefe desse pack, Minho-yah.”
Minho sorriu e assentiu. “Eu tenho certeza disso. Agora tente falar com a sua mãe telepaticamente, ela vai te ouvir.”
Jinki assentiu e se concentrou, buscando por aquela ligação, aquele fio que puxava o cérebro dele e que se conectava com a da mãe.
‘Mãe, você está bem? O que está acontecendo?’
‘Eu estou bem, ele não conseguiu entrar. Aonde você está?’
‘Estou no meu quarto, Minho não me deixou sair.’
‘Ótimo, é melhor vocês ficarem aí. Fique tranquilo que está tudo sobre controle.’
‘Okay.’
Minho estava sentado ao lado dele, olhando para Jinki que sorriu.
“Ela disse que está tudo bem.”
“Viu, você não precisava se preocupar tanto. Agora só se preocupe em crescer para se tornar um grande líder.”
Ele sorriu e abraçou Minho apertado. “Eu vou.” murmurou contra o cabelo dele. Desde quando Minho tinha um cheiro tão bom?
“Agora vamos dormir, está tarde.”
“V-você pode dormir aqui comigo hoje? Só por hoje?”
O lobo mais novo olhou para Jinki por um momento depois assentiu. “Tudo bem.” sussurrou.
Jinki sorriu e deitou no futon, puxando Minho com ele. O lobo mais novo deitou um pouco hesitante, mas depois de alguns segundos acabou relaxando e se aconchegando contra as costas de Jinki que sorriu e fechou os olhos.
Ele só queria sentir o calor do corpo de Minho contra o dele, só isso.
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Jinki já estava com vinte anos e Minho com dezoito, e o lobo mais novo tinha crescido rápido, ele já era bem mais alto do que Jinki, o corpo forte e ágil, bem diferente do corpo de Jinki que era mais baixo e mais encorpado.
Ele olhou para o lobo mais novo que corria pelo quintal focado em desviar dos obstáculos, caçando a presa de mentira que voava pelo lugar. Isso ajudava eles a serem mais ágeis, mas com Jinki era diferente. Geralmente ele tropeçava nos próprios pés enquanto corria. Só quando eles estavam em forma de lobo era que Jinki podia correr corretamente, sem tropeços, ágil e veloz tanto quanto Minho.
Um sentimento estranho cresceu dentro de Jinki quando Minho girou o corpo, desviando de um dos obstáculos e pulando, as garras para fora prendendo e perfurando a presa com facilidade. Ele ficou desconfortável com aquilo, Jinki nunca tinha sentido nada assim antes.
Ele engoliu desviando o olhar, quando ouviu os passos da mãe dele se aproximando. Nervoso ele olhou para cima, Soonkyu sorriu para ele e depois franziu a testa.
“O que foi?”
“Nada. Por quê?”
“Você parece perturbado.”
“Oh... eu só... hm, eu estou com fome. É isso, fome.”
Soonkyu olhou para Minho que ainda corria pelo quintal, totalmente alheio à o que estava acontecendo, e depois para Jinki que abaixou os olhos, olhando para o os próprios dedos. “Hmm, eu vou preparar alguma coisa pra você.”
“E-eu vou com você.” praticamente gritou, se levantando rapidamente.
A mãe dele assentiu, indo para a cozinha.
Jinki torceu o nariz quando tomou um gole do chá, o gosto era tão ruim que era impossível tomar.
“Tome tudo Jinki-yah.” disse com os braços cruzados.
“Mas porquê? É horrível e amargo, eu não quero.” disse empurrando a caneca longe dele.
“Você precisa tomar e não faça perguntas.” disse empurrando a caneca em direção a ele de novo.
Ele fez bico, pegando a caneca e torcendo o nariz novamente. Por que a mãe dele estava forçando ele a tomar aquele chá? E por que ele não podia perguntar sobre isso?
‘Isso é injusto.’
Soonkyu bufou. “Não aja como uma criança, isso é para o seu bem. Vai fazer você se sentir melhor.”
Jinki colocou a caneca para baixo, a testa franzida. “Melhor? Eu não estou doente mãe.”
“Eu sei que não, mas confie em mim quando eu digo isso.”
Ele assentiu. Jinki confiava na mãe dele mais do em qualquer outra pessoa, ela era inteligente, perspicaz e comandava tudo muito bem.
“Okay.” murmurou bebendo outro gole.
Ugh, que gosto horrível.
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Jinki choramingou, ele estava suando, tudo estava tão quente. Desde quando fazia calor durante o inverno? Isso estava errado, muito errado.
Ele abriu os olhos turvos, tudo ainda estava escuro, mas ele podia muito bem ver Minho dormindo no futon do outro lado do quarto, afinal lobos enxergam no escuro.
Jinki respirou fundo e sentiu um cheiro que ele nunca tinha sentido antes, não, ele já tinha sentido aquele cheiro, mas não tão forte como agora. Parecia que isso chamava Jinki, clamava por ele e Jinki sentiu o corpo aquecer ainda mais, a apertar em antecipação.
Os olhos cinzas brilharam no escuro do quarto enquanto Jinki engatinhava em direção do futon de Minho. Parecia que Jinki estava se movendo sozinho, o corpo dele indo aonde ele precisava ir sem que ele mesmo percebesse.
Minho gemeu, virando de barriga para cima e Jinki sugou uma respiração. O que estava acontecendo com ele?
De repente olhos azuis se abriram, olhando diretamente para Jinki que estava parado ao lado dele, praticamente em cima do lobo mais novo.
“Hyung?” sussurrou sonolento. “O que...”
Os olhos de Minho se arregalaram e ele se sentou de repente, olhando para Jinki que nem mesmo sabia o que estava fazendo lá ou porque ele estava lá. Mas o cheiro do lobo mais novo era tão bom e Jinki só queria sentir mais, se afogar naquele cheiro.
“M-Minho-yah.” sussurrou, praticamente choramingando.
Minho ofegou e antes que Jinki pudesse fazer mais alguma coisa, o lobo mais novo enrolou os dedos na nuca dele, puxando Jinki e batendo os lábios juntos em um beijo desleixado.
Jinki arregalou os olhos e o corpo dele ficou insuportavelmente quente, e sem nem mesmo pensar, enrolou os dedos no pijama de Minho, puxando ele mais perto, deixando a língua do lobo mais novo deslizar para dentro da boca dele e gemendo abafado entre os lábios. O corpo tremendo, o núcleo dele se apertando. Tantas sensações diferentes que Jinki nem mesmo sabia o que fazer.
Os lábios de Minho eram macios e desesperados contra os dele, mas Jinki não estava se sentindo muito diferente e beijou o lobo mais novo ansioso, os lábios se movendo juntos, as línguas deslizando e provocando, sentindo o gosto um do outro.
O lobo mais novo se afastou relutante, os lábios de Jinki formigando por causa do beijo. Ele tocou os lábios levemente, esse tinha sido o primeiro beijo dele.
“Eu...”
A porta se abriu com tudo, ambos pulando com o susto. Soonkyu estava ali parada de camisola e o cabelo levemente bagunçado.
“Jinki-yah.”
“Eu não fiz nada!” guinchou se afastando de Minho que olhou para ele com os olhos arregalados.
Os olhos de Minho estavam tão brilhantes que Jinki estremeceu e desviou o olhar, o rosto queimando de vergonha.
“Venha comigo.” disse saindo do quarto.
Ele assentiu e se levantou com pressa, quase perdendo o equilíbrio e caindo. Jinki correu para fora do quarto, os olhos de Minho o seguindo até que a porta se fechou atrás dele.
Jinki seguiu a mãe que desceu a escada para o porão, nenhuma luz foi acesa e nenhuma palavra foi trocada até que eles estavam lá embaixo.
Ele olhou ao redor. “O que é isso?” perguntou com a voz trêmula.
Soonkyu suspirou. “Você não precisa se preocupar com isso. Aqui, beba isso.” disse abrindo um vidro e entregando para ele.
Dentro do vidro tinha um ramo de ervas, vários tipos diferentes amarrados em um só, o líquido em volta tinha uma cor quase âmbar e o cheiro era doce e amargo ao mesmo tempo.
“Por que eu tenho que beber isso, mãe? O que está acontecendo?”
“Beba isso e vá se deitar, amanhã nós vamos sair e eu vou explicar tudo a você, okay?”
Não, ele não queria esperar até a manhã seguinte, ele queria saber o que estava acontecendo naquele momento. Por que ele precisava ficar bebendo aqueles chás estranhos? Por que ele sentia esse calor? E por que ele... ele...
“Jinki-yah, me escute. Eu sei que a sua cabeça está confusa agora, eu sei. Mas está tarde e eu preciso voltar para o seu pai, ele está precisando de mim agora. Espere até amanhã, huh?”
Relutante Jinki assentiu, terminando de beber o chá e fazendo uma careta. “Okay, eu vou esperar até amanhã. Mas mãe, só me diz uma coisa, eu estou doente? Tem alguma coisa de errada comigo?”
Soonkyu sorriu, acariciando o cabelo de Jinki. “Você não está doente, apesar de parecer desse jeito agora. Não se preocupe com isso. Vá lá pra cima e deite para dormir. Esse chá vai fazer tudo o que você está sentindo diminuir.”
“Okay.”
“Ah, só faça uma coisa. Não fique muito perto do Minho nessa noite, durma no seu futon.” disse em um tom sério.
Jinki engoliu, o rosto ficando quente. “E-eu vou fazer isso.”
Ela assentiu. “Então vá.”
Ele subiu a escada com as pernas trêmulas e quando abriu a porta, Minho estava ali sentado do mesmo jeito que estava quando Jinki saiu do quarto, os olhos azuis ainda brilhando.
“Hyung, o que...”
“Está tudo bem, vamos dormir, okay? Eu estou cansado.” disse deitando no futon e se enrolando na manta, fechando os olhos com força.
Minho ficou em silêncio por algum tempo e Jinki prendeu a respiração. Ele tinha medo do que o lobo mais novo fosse exigir dele uma resposta ou talvez ele fosse beijar Jinki de novo. O coração dele bateu rápido dentro do peito.
“Tudo bem.” sussurrou.
Jinki soltou o ar. Ele se sentiu mal por tratar Minho daquele jeito, mas ele sabia que o lobo mais novo queria respostas pelo o que tinha acontecido e Jinki não tinha respostas para dar, então a melhor coisa era esperar a mãe dele explicar e então Jinki diria para Minho o que estava acontecendo.
Assim ele esperava.
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