Ponto de vista:
Karla Camila Estrabao.
Suspiro aliviada ao finalmente livrar-me do aperto daquele relógio. Giro meu pulso direito enquanto o aliso, buscando pelo alívio imediato. Sinto o sangue correr em minhas veias.
Minha cabeça está uma bagunça, assim como toda minha vida tem andado ultimamente. Eu deveria estar acostumada com tudo isso, porém, eu nunca tive tantas responsabilidades com minha família da forma que estou tendo agora. Tenho uma esposa para cuidar, negócios para comandar e no meio disso tudo ainda tenho que ser esperta o suficiente para não acabar sendo assassinada. Estou cercada por cobras, nesse meio o difícil é descobrir qual delas vai tentar me picar primeiro.
Ninguém avisou-se sobre o quão difícil tudo isso seria. Embora eu soubesse que a partir do momento em que meu se tornasse conhecido pelas ruas, todos iriam cair em cima de mim. Eu precisava eliminar de pouco em pouco cada inimigo, para que os outros ficassem cientes de que eu não vou ficar quieta esperando alguém aparecer na minha casa e tentar me matar. Estou pronta para matar qualquer um, até mesmo os que se dizem meus amigos se necessário for.
Isso não me torna uma sociopata, apenas uma mulher de negócios extremamente cautelosa. Você agiria da mesma forma se estivesse no meu lugar, acredite.
Jogo-me na cadeira giratória que estava largada no meio do quarto, provavelmente foi eu quem a colocou ali, tenho mania de sair andando com ela por aí quando estou aqui dentro. Suspiro ao recostar minha cabeça no encosto da mesma. Fecho os olhos, preciso pensar, preciso relaxar e encontrar alguma maneira de resolver o grande problema em que estou metida. Eu já sei que planejam me assassinar, outra vez, mas agora tem alguém infiltrado na minha família. Só preciso descobrir quem é. E como irão agir também.
Se tem uma coisa que meu pai me ensinou antes de ser cruelmente assassinado na cadeia, foi que antes de tomar qualquer decisão, eu preciso observar de todos os ângulos possíveis. A chave de tudo é observar, analisar e só então agir. Outra coisa que ele me ensinou foi: nunca confiar em todas à minha volta.
Todos estão tentando nos derrubar de alguma maneira, a qualquer momento.
O barulho de uma porta sendo aberta chama minha atenção, permaneço na mesma posição e nem me dou ao trabalho de abrir os olhos, não é necessário. Sei muito bem quem acabou de sair do banheiro, o aroma invadindo o ambiente é inconfundível. Um pequeno sorriso nasce em meus lábios, inalo aquele perfume delicioso de rosas e hidratante corporal. Ouço os sons de seus passos ressoando pelo quarto, a presença dela logo chega até a mim. Mesmo sem tocá-la consigo sentir o calor que emana de seu corpo.
— Dia difícil?
Finalmente abro os olhos ao sentir um peso sobre minhas coxas. Deparo-me com minha bela esposa, gloriosamente nua em meu colo. Seus cabelos estão presos, o rosto com a mesma serenidade de sempre. Ela fica ainda mais bela sem maquiagem, não sei como ela consegue fazer isso. Lauren tem uma beleza natural que é só dela. É como se ela fosse uma lua própria, com toda sua beleza excêntrica. Levo minhas mãos até sua cintura, acariciando a região com delicadeza. Sua pele macia parece massagear a minha, adoro o fato dela cuidar bem de si mesma. Não por mim, mas por ela. Eu apenas sou sortuda demais e tenho a honra de poder usufruir desse ser maravilhoso.
— Um pouco. – Confesso em meio a um suspiro cansado. Eu já nem estava sentindo minha cabeça latejar mais, a presença dela é meu remédio natural. Lauren inclina-se para frente e passa os braços por trás do meu pescoço. O contato de sua pele nua faz com que tudo ao redor se torne irrelevante. Apenas ela importa, sempre e sempre, somente ela, nada mais. — Mas sinto-me melhor agora.
Ela sorri, satisfeita com minha declaração. Lauren simplesmente ama quando eu deixo claro que ela é a prioridade maior em minha vida. Não importa onde, quando e o horário que for. Todos os seus desejos são leis para mim, eu cumpro cada um com todo prazer do mundo. Ela me tem nas mãos, é fato, todos sabem. Se eu me importo de ser vista como uma tola apaixonada? Não.
— O que posso fazer para deixar minha amada esposa mais relaxada?
Sua voz saí naquele maldito tom rouco e sensual, o mesmo tom que ela usa quando estamos na cama fazendo amor, o tom que ela sabe que me tira do sério, me enlouquece. Mordo o lábio inferior, cravando meus dedos em sua cintura e puxando-a mais para perto.
— Talvez eu queira uma boa dose dessa maravilha que você tem entre as pernas. – Levo minha mão direita até aquela região, sendo prontamente recebida por ela, que separa as pernas e me dá a liberdade necessária. — Quente como sempre.
Murmuro, deslizando os dedos preguiçosamente pelos lábios de sua boceta.
— E começando a ficar molhada por você.
Empurra o quadril para frente, fazendo meus dedos deslizarem em sua boceta com mais força. Céus! Ela é incrível.
Como infernos eu poderia não ser submissa a ela? É impossível. Se Lauren quer, eu dou. Se ela manda, eu obedeço. Se ela deseja, eu realizo. E se ela pede, eu cumpro sem pensar duas vezes.
— Deixe-me verificar. – Separo os pequenos lábios, fitando-a nos olhos enquanto levo o dedo médio até sua entrada, melando-o em seu líquido quente. Prendo um gemido em minha garganta ao sentir a umidade concentrada ali. — Cama, agora!
Diferente do que eu esperava que ela fizesse, Lauren negou com a cabeça. Um sorriso travesso enfeitou os lábios cheios e convidativos enquanto ela se pôs de pé. Pressiono um pouco os olhos, encarando-a curiosa e incrédula por sua negação. Ela geralmente obedece as minhas ordens sem pestanejar. Não é só ela que comanda nessa relação.
— Quem dá as ordens hoje sou eu, Karla Estrabao.
Algo em sua voz faz meu corpo estremecer. Talvez seja seu tom de voz áspero, ou apenas a forma que ela disse meu nome de trabalho. Eu amo quando ela diz meu nome dessa forma, ninguém consegue fazê-lo como ela consegue.
— Uh, senhora Lauren Cabello Jauregui.
— Não, chame-me apenas de Michelle Estrabao.
Ergo a sobrancelha esquerda, surpresa. Lauren não gosta do meu último sobrenome e do peso que ele traz. Tanto que ela optou por herdar apenas o Cabello ao invés de Cabello Estrabao.
— Okay, Michelle Estrabao.
Ela sorri, caminhando graciosamente em direção a cama. Giro a cadeira, acompanhando o balançar de seu quadril com o olhar. Lauren olha-me por cima do ombro, lançando-me um olhar lascivo e arrepiante. Céus! Ela tem um poder fodido sobre mim. Nunca irei entender como alguém pode ter tanto controle sobre mim sem nem ao menos se esforçar para isso.
Lauren sobe de joelhos na cama, ainda de costas para mim. Ela inclina-se para frente e caí de quatro sobre o colchão, deixando sua bunda empinada em minha direção. Agarro as laterais da cadeira, sinto vontade de levantar-me e ir até ela saciar meus desejos. Porém, eu bem sei o quão má ela pode ser quando quer.
— Vou te dar o direito de escolher uma opção. – Com um movimento sexy de cabeça ela joga os cabelos sobre o ombro esquerdo, o quadril requebra sozinho como se fosse um convite para mim. — Eu posso sentar no seu rosto e cavalgá-lo até ficar satisfeita, do jeito que você gosta que eu faça. Ou você pode continuar sentada aí e assistir eu me fodendo. Você escolhe.
Minha respiração fica presa na garganta, ergo as sobrancelhas enquanto ponho-me a pensar. Adoro quando Lauren faz esse tipo de coisa. Esse ar de dominante dela me excita, muito. Coloco uma mão em meu queixo, fitando-a quase sem piscar. Lauren vira-se de frente, ainda de joelhos enquanto espera eu tomar uma decisão.
— As duas opções me soam fodidamente tentadoras. – Ela sorri de lado, suas mãos subindo até seus cabelos para soltá-los. Eu nem tinha notado que eles estavam presos, ela consegue me fazer perder a noção das coisas e não notar detalhes. — Porém, eu já sei o que quero.
— E o que você decidiu?
Sua voz tinha um tom de provocação explícito, senti vontade de rir, mas não o fiz. Lauren gosta de me levar ao limite, fazer com que eu fique louca por ela. Ao ponto de perder o controle, ela gosta disso. Saber que me tem ali, em suas mãos, que pode usar e abusar de mim sem culpa, ou medo.
Ela sabe que sou dela, pertenço a ela e somente à ela. Tenho seu nome tatuado em minha alma, marcada para sempre.
— Quero ver o que você tem para mim, mostre-me o seu melhor.
— Vou te fazer o melhor show da sua vida, Srta. Estrabao.
Sua voz era carregada de promessas, promessas essas que ela cumpriria cada uma, eu tinha certeza. Lauren não é uma mulher de meias palavras, ela é direta. Não gosta de enrolação, muito menos que a enrolem.
Desde que completara seus dezoito anos, Lauren mudou quase completamente. Da água para o vinho, como dizem por aí. Quando a conheci, ela era retraída demais, um pouco tímida e de poucas palavras. Com o tempo ela começou a demonstrar ser divertida, um tanto mandona e ciumenta, mas eu soube lidar bem isso. Então, quando completou a maioridade, ela tornou-se uma mulher. Não que não fosse antes, mas refiro ao estilo e atitude, entende?
Lauren tornou-se minha mulher fatal. Somente ela tem total poder sobre mim.
Logo eu, que sou comparada ao demônio, homens e mulheres temem a mim. Menos ela, Lauren não. Ela é capaz de pisar em mim, eu não hesitaria em deixar. Eu que sou capaz de fazer um homem mais forte do que eu ajoelhar-se na minha frente, sou refém de uma bela mulher de olhos verdes mais nova do que eu.
Lauren sabe bem que me tem em suas mãos, e ela sabe se aproveitar bem disso.
E como sabe.
(..)
Meus dedos faziam movimentos giratórios em minhas têmporas. Sinto minha cabeça latejar, parece que ela vai explodir a qualquer momento. Lidar com tantas responsabilidades acaba deixando uma pessoa extremamente exausta. Física e mentalmente. Eu deveria estar acostumada, é claro, mas não estou totalmente. Sei o quão cansativo é gerenciar tantos negócios, mas às vezes as coisas costumam ficar um pouco mais pesadas.
Mas é a vida que eu escolhi, certo?
Solto um longo suspiro, fechando meu notebook e recostando-me na confortável cadeira do meu escritório. Olho em volta, o lugar luxuoso apenas me faz sorrir. Eu amo tudo o que conquistei, estou realizando todos os meus sonhos. Construí um império do chão, ergui colunas imensas. Fiz meu nome, criei uma reputação excelente.
Bem, não tanto assim.
Dizem muito sobre mim, mas poucos sabem o que realmente é verdade ou não. Como eu sou, sem as máscaras e os comentários feitos sobre a minha pessoa. Eu não posso sair na rua sozinha, corro risco de vida 24 horas por dia. Mas isso me impede de algo? Não.
Afinal, eu sou Karla Estrabao. Milionária, poderosa e super inteligente.
Não estou me gabando, só não consigo ser modesta. Sei bem da minha capacidade e admiro a mim mesma por ter chegado onde cheguei, ter construído o que construí. Existem coisas que eu ainda almejo, como por exemplo; um lugar fixo para passar o resto dos meus dias com minha amada esposa. Sem precisar sair correndo quando as coisas ficarem perigosas.
Eu sei do que Lauren precisa, tenho planos de levá-la para a Itália e permanecer lá. É o país que ela escolheu, sempre foi seu desejo morar em Veneza. Eu não poderia recusar isso, certo? Ela é minha mulher, o amor da minha vida. Se ela quer algo, eu dou a ela. Se ela ordena, eu cumpro.
Se ela precisa, eu compro.
Dinheiro não é problema, pelo menos não agora que estou lucrando mais do que consigo gastar. Tenho tanto dinheiro na minha conta bancária que poderia distribuir na rua e ainda sobraria bastante.
E como eu consegui isso? Correndo atrás, lutando e persistindo. Arriscando minha própria vida em negócios nem sempre legais, se é que me entende. Os únicos ramos em que não me meto é com: tráfico de mulheres e crianças, ou prostituição.
Eu acho ambos asquerosos demais e não quero meu nome no meio dessa sujeira.
Meu pai me ensinou a ter valores, mesmo que ele não tenha sido um homem muito digno, digamos assim. Quando era vivo, papai era dono de um dos maiores cartéis de droga do México. Eu era sua princesinha, sempre estive ao seu lado desde pequena. Quando completei treze anos, ele me ensinou a atirar. Dizia que um dia seria útil, e ele não podia estar mais certo. Mamãe odiava que meu pai ficasse me levando para o seu mundo fora da lei, mas eu amava aquilo tudo. A adrenalina correndo em minhas veias, sempre gostei de coisas emocionantes.
Depois que meu pai foi assassinado, eu fiquei um pouco sem rumo. Era nova, tinha apenas dezesseis anos. Ele se foi tão cedo, eu nem ao menos pude me despedir. Cortaram sua garganta na prisão e o deixaram sangrar até a morte. Mas eu descobri quem foi, lembro-me bem até hoje de olhar na cara do desgraça que matou meu pai. Ele sorriu, seu sorriso nunca sairá da minha memória.
Até porque…foi o último sorriso que ele deu em sua vida miserável.
~ 12 anos atrás.
Faz três meses desde que eu vira seu rosto pela última vez. Três malditos meses que o ouvira dizer que me amava, que faria de tudo por mim e minha mãe. Três longos e dolorosos meses que mudaram toda a minha vida. Sinto-me perdida, ainda dói como o inferno lembrar do meu pai.
Eu mereço perdê-lo tão cedo? É justo que tenham o tirado de mim dessa maneira?
Não, não é.
— Chancho… – Pisco algumas vezes, espantando as estúpidas lágrimas que estavam concentradas em meus olhos. Respiro fundo, apertando a longe neck entre minhas mãos. — Está tudo bem? Você se isolou de todo mundo aqui.
Dinah disse suavemente, sentando-se ao meu lado. Soltei o ar preso em meus pulmões, inclinando a cabeça para trás, estalando alguns ossos ao virar o pescoço de um lado para o outro. Fazia dias que eu não dormia bem, meu corpo estava começando a sentir os efeitos das noites de insônia. Apenas o álcool e as drogas me fazem esquecer de toda a merda que me cerca, somente eles me ajudam a enfrentar todos os dias o fardo de não ter mais meu pai ao meu lado.
Eu preferia vê-lo na cadeia, o visitando de quinze em quinze dias, mas nunca, jamais em toda a minha vida, queria saber que ele está morto. É doloroso demais saber que nunca mais irei ouvir sua voz, abraçá-lo e ter sua companhia. Era difícil conviver com o fato de que ele não iria voltar mais.
— Eu estou bem, só… – Deixei os ombros caírem, soltando um longo suspiro. — Estava pensando em algumas coisas.
— Você sabe que pode conversar comigo sobre tudo, né?
Dinah colocou o braço sobre meus ombros, abraçando-me de lado. Sorri, deitando a cabeça sobre seu braço. Minha melhor amiga tem sido minha base também, não sei o que seria de mim sem ela e seu apoio.
— Eu sei, Chee. Mas só estava pensando mesmo, nada de mais.
— Sei que sente falta dele. – Ela estava hesitando um pouco, a conheço bem. Sei que ela está tentando falar de uma maneira que não me cause tanta dor. — Eu também sinto, tio Ale era como um segundo pai para mim.
— Ele te amava muito.
— É, eu sei. E amava muito você também. Ele não gostaria de te ver assim. Sei que está doendo agora, mas você vai ter que transformar essa dor em outra coisa.
— Tipo o que?
Olhei para Dinah, ela estava sorrindo. Seus olhos fixos em meu rosto.
— Não sei, força de vontade? Termine seus estudos, você precisa parar de faltar às aulas. Sua mãe não está contente com isso, você precisa parar de lhe dar preocupações extras.
— Ela te disse para falar sobre isso comigo?
— Não. Eu só tenho notado algumas coisas. Vocês quase não se falam mais. Parece que uma tem medo de conversar com a outra.
— Não aguento vê-la chorar todas às noites, sabe? – Engoli a seco, sentindo minha garganta arder. Fechei os olhos e os pressionei, controlando-me para não chorar. — É difícil ouvir seus soluços durante a madrugada. Ela pensa que eu não escuto, mas eu ouço todo maldito dia ela chorar e chamar por meu pai. Sabe o quanto me dói isso? É horrível, me sinto impotente.
— Chancho… sua mãe só precisa de um abraço. Ela sente sua falta. – Eu a ouvia com atenção, absorvendo cada palavra que ela me dizia. — São só vocês duas agora, Alejandro não irá voltar. Vocês precisam dar forças uma a outra, entende o que quero dizer?
— Entendo.
Dei um grande gole em minha cerveja, fazendo uma careta ao sentir o gosto ainda mais amargo do líquido quente.
— Então… olhe para mim. – Pediu, afastando-se um pouco para que nossos olhares se encontrassem. — Prometa que irá ao menos tentar restabelecer sua relação com a tia Sinu.
— Eu prometo.
Dinah abriu um enorme sorriso, puxando-me para um abraço forte.
— Essa é minha garota. Tenho muito orgulho de você, Chan. E sempre estarei aqui ao seu lado.
Eh não estava sozinha, afinal.
• semanas depois •
Eu tinha voltado a minha antiga rotina. Escola, o trabalho em um pequeno mercadinho. Não pagava muito, mas era meio período e dava para ajudar minha mãe com as contas de casa. Por falar nela, estamos nos dando bem outra vez. Conforme os dias passam, as coisas parecem voltar ao normal. Ainda dói lembrar do meu pai, mas estou começando a lidar com essa dor.
Fiz como Dinah tinha dito, estou transformando minha dor em força de vontade. Quero ser alguém na vida, conseguir um bom emprego e dar a minha mãe a vida que ela merece.
O sinal tocou, alto como sempre. Logo todos na sala começaram a se levantar, mais uma semana chegava ao fim. E com ela, a certeza de que o final de semana seria ótimo. Peguei meus livros sobre a mesa, guardando-os na mochila. Depois de tudo bem guardado, fechei a mochila e coloquei-a em meu ombro. Estava quase saindo da sala quando trombei com alguém, que era mais alto do que eu. Ergui meu olhar e deparei-me com ninguém menos que Drew Chadwick, parado me olhando.
— Eu descobri uma coisa, pensei que ficaria interessada em saber.
Juntei as sobrancelhas. Drew e eu nos conhecíamos fazia algum tempo, ele namorou uma das minhas amigas e acabamos nos aproximando. Não éramos amigos, mas sempre que nos encontrávamos acabávamos conversando e trocando algumas idéias.
— E por que você achou isso?
Encostei-me no batente da porta, observando-o olhar de um lado para o outro é depois bagunçar seus cabelos loiros.
— Tem a ver com seu pai.
Sussurrou, como se não quisesse que alguém ouvisse aquilo. Meu coração disparou no peito, engoli a seco tentando assimilar aquilo.
— Do que está falando?
Eu estava prestes a hiperventilar, sentia-me sufocada e extremamente curiosa. O que ele teria para me contar sobre meu pai? Eu nem sabia que ele o conhecia.
— Podemos conversar em outro lugar? Não acho que aqui seja apropriado para isso.
Mordi o lábio inferior, eu poderia recusar, é óbvio. Mas eu sou curiosa demais, ainda mais se o assunto envolve meu pai.
(..)
Chegamos ao estacionamento da escola, já estava praticamente todo vazio. Havia apenas o carro do Drew e minha bicicleta, ainda bem que moro perto da escola.
— E então…?
Encorajei-o a falar. Parei para analisá-lo, ele parece bem nervoso. O assunto deve ser mesmo sério e isso só aumenta mais minha curiosidade.
— Eu não sei como falar isso de outra forma então, eu apenas vou dizer. Eu sei quem matou seu pai.
Sabe quando nos sentimos em queda livre? Ou então quando levamos um soco bem na boca do estômago, que dói e o faz revirar seguidas vezes? Então, foi assim que me senti ao ouvir aquilo.
— O que?
Minha voz não passou de um sussurro, estava atônita, paralisada. Completamente sem ação. Minha mente parecia estar no meio de um furacão, completamente bagunçada. Sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.
— É isso mesmo que você ouviu. – Drew passou a mão em seus cabelos, bagunçando-os ainda mais. — Olha… eu só…
— Como vocês sabe disso? Quem te contou? Como pode ter tanta certeza?
— Eu ouvia alguém comentar sobre o assassinato do Sr. Estrabao, eu não sabia que era seu pai até ouvir como tinha acontecido. Logo lembrei que seu sobrenome é o mesmo, e também soube como seu pai foi assassinado
Eu nem conseguia dizer nada, estava tudo confuso demais na minha cabeça. Então, estavam comentando sobre a morte do meu pai? Desgraçados! Eu faria o infeliz pagar por ter destruído a minha vida. Soltei uma lufada de ar e agarrei Drew pela gola da blusa, empurrando-o contra o carro. Eu nem sabia que tinha tanta força assim, mas me sentia como a própria mulher maravilha.
— Diga-me o nome e o endereço do desgraçado.
— Ca-camila, calma.
— Agora!
Exigi, gritando em sua cara. Drew estava pálido, parecia surpreso demais com minha reação. Eu não estava vendo meu rosto, mas tinha certeza que deveria estar com uma expressão de dar medo em qualquer um a julgar pela cara do rapaz a minha frente.
— Eu posso te levar lá se quiser. Ele fica todos os sábados em uma boate perto do centro.
— Você tem certeza que sabe quem foi? – Ele prontamente concordou com a cabeça. — Ótimo, amanhã você me leva até ele.
— Espera, você vai matá-lo?
Soltei a gola de sua blusa, um sorriso enorme nascendo em meus lábios. Eu iria vingar meu pai, faria o desgraçado sofrer mais do que eu estou sofrendo. Ele vai me pagar caro, com sua vida.
— Espere até amanhã e você irá descobrir.
Dito isso, virei-me para sair dali. Eu precisava pegar algumas coisas, e já sabia para quem poderia pedir. Agora eu só tinha que esperar até amanhã à noite. Precisava contactar umas pessoas e pesquisar sobre o cara e a tal boate.
Minha vingança está chegando.
(..)
23:40pm em ponto. Drew tinha estacionado o carro em frente à um lugar nada chique, diferente do que eu esperava. Ele tinha dito que era boate, mas aquele lugar mais parecia um clube barato de strip. Olhava através da janela, observando cada pessoa ali. Homens, mulheres. Todos vestidos de maneira extravagante, principalmente as mulheres. Roupas extremamente curtas e maquiagens chamativas. Os homens ostentavam cordões grossos de ouro, relógios também de ouro.
É assim no mundo do crime.
Lembro que meu pai tinha amigos assim, eles usavam ternos, mas não deixavam de lado suas jóias caras. Exibiam por aí sem medo. Quem seria louco de roubar alguém que poderia cortar todos os seus dedos com um alicate de unha?
Acredite, eu já vi isso acontecer.
— Camila, você tem certeza que quer fazer isso?
Ouvi Drew perguntar, ele estava bastante apreensivo. Eu diria apavorado.
—Absoluta. Quero olhar nos olhos dele quando ele der o último suspiro, e você vai me ajudar nisso.
— Onde é que eu fui me meter?
Soltei uma risadinha, seu medo estava me deixando com vontade de rir. Ele não deveria estar assim, afinal. Eu quem iria matar alguém, e nunca estive tão tranquila em todos meus anos de vida.
(…)
Ramón Valdez, esse é o nome do desgraçado que acabou com a vida do meu pai e ainda se apossou de tudo que era dele. Com isso quero dizer o cartel de drogas do meu pai. Tudo estava sobre o comando desse rato. Eu o esmagaria, sem pena.
Tive um plano, que parecia estar dando certo até agora. Drew e eu pagamos uma garota para seduzir Ramón e o levar para um dos quartos privados lá atrás. Só espero que ele caia na armadilha, mas a julgar por sua cara de maníaco, ele provavelmente já está mais do que concordando.
1 hora e 30 minutos contados no relógio, foi esse o tempo que levou para que ele finalmente cedesse e acompanhasse a garota contratada até os quartos privados. Sorri, virando de uma vez minha dose de uísque puro. Olhei para Drew, nem foi preciso dizer nada para que ele entendesse. Nós dois caminhamos em direção ao extenso corredor cheio de quartos, eles eram usados para sexo. Puxei minha camisa de dentro da calça e a amarrei em meu abdômen, deixando-o visível. Baguncei meus cabelos, umedecendo os lábios.
Eu não queria parecer sexy, mas precisava fazer o cara alto na entrada do corredor acreditar que eu estava afim de transar com Drew em um dos quartos.
— Onde os dois imbecis pensam que estão indo?
Ele questionou, completamente rude. Olhei para Drew por cima do ombro, sussurrando que ele agisse logo.
— Nós estávamos pensando se não poderíamos usar um dos quartos. Sabe o que é? Minha namorada tem um fetiche com postes de pole dance, e eu sei que aí dentro tem vários.
— Só pessoas autorizadas podem entrar aqui.
Revirei os olhos.
— Eu pago o que for necessário para que nos deixe passar. Nem iremos demorar tanto, garanto também que não sujaremos os lençóis.
O segurança ficou nos olhando, ele parecia um pouco desconfiado. Olhou em volta, voltou a nos olhar. Ficou fazendo isso durante longos minutos.
— Okay, 500 paus em dinheiro agora. Vocês têm 30 minutos, vou contar no relógio. Se passarem disso, mandarei meus homens atrás de vocês, e acreditem, vocês não vão querer enfrentá-los.
Sua voz era rude, grossa o suficiente para amedrontar qualquer. Bem, qualquer um que não fosse eu. Nunca fui o tipo de garota frágil que tinha medo de tudo, sempre fui durona, como costumavam me chamar na família. Desde muito cedo eu já dava indícios de quem eu seria no futuro, as pessoas só não percebiam aquilo.
Mas estava na hora de mostrar a todos, e principalmente para mim mesma do que sou capaz. E que não estou disposta a deixar qualquer um passar por cima de mim.
Não sou e nunca fui a caça, meu instinto de caçadora jamais deixaria isso acontecer. Sou uma predadora desde cedo, todos ao redor são meras presas.
Drew e eu caminhamos pelo extenso corredor repleto de portas de madeira, todas em uma cor neutra. As paredes eram escuras, não sei dizer ao certo sua cor, a luz baixa do local não me permite tal coisa. E eu não estou preocupada com isso também, olhar a decoração desse lugar é a última coisa que farei. O garoto ao meu lado parece receoso, ele não disse nada enquanto caminhamos, mas é como se seu nervosismo estivesse saindo pelos poros e irradiando em minha direção.
Bufei, paralisando um pouco antes do final do corredor. Drew passou por mim e deu três passos antes de finalmente se dar conta de que eu não estava o seguindo mais. Ele virou-se, seu olhar era confuso. Respirei fundo, sentindo vontade de socar a cara de lerdo dele.
Ele nem ao menos parecia o bad boy que costumava ser na escola.
— O que aconteceu?
— Você!
Rosnei, deixando-o ainda mais confuso. Revirei os olhos, até o final do dia eles iriam parar atrás da minha cabeça se eu continuasse fazendo isso. Mas infernos! Drew está conseguindo me tirar do sério com toda essa lerdeza.
— Eu?
— É, imbecil. – Cortei o espaço entre nós, ele andou para trás, tropeçando nos próprios pés e quase caindo no chão. — Pare de agir como uma mocinha amedrontada. Só temos alguns minutos para pegar aquele porco desgraçado.
— E-eu… – Pigarreou, ajeitando sua postura. Drew respirou fundo duas vezes, passando as mãos em sua roupa. — Tudo bem.
— Ótimo. – Olhei em volta, não havia sinal de ninguém por ali. Os quartos deveriam ser a prova de som, já que não se ouvia um ruído vindo deles. Somente o som do DJ era ouvido, mas de maneira abafada. — Ele deve estar em um dos últimos quartos, pelo o que eu pesquisei são os melhores daqui.
— Você pesquisou?
— Óbvio, eu não viria até aqui sem um plano né, Chadwick.
Ele não disse mais nada, apenas acompanhou meus passos. Se meu instinto estava certo, o assassino do meu pai só poderia estar em uma das últimas portas. Essas eram de cores diferentes, um preto bem escuro com uma lista branca no meio de cada uma. Olhei para Drew, que aguardava algum sinal meu.
— Cada um olha em uma?
— Sim, até que enfim você raciocinou.
Eu fiquei encarregada de olhar a porta da esquerda, enquanto Drew ficou com a direita. Nos olhamos e acenamos um para o outro antes de abrirmos as portas, com extremo cuidado. No quarto onde eu olhei não tinha ninguém, coloquei a cabeça para dentro do local e só confirmei que estava mesmo vazio.
— Quem é você, idiota? O que acha que está fazendo aqui?
Fechei a porta rapidamente ao ouvir a voz grossa vir do outro quarto. Coloquei a mão por dentro do bolso de dentro da minha jaqueta e tirei de lá a pistola de calibre 38 toda prateada. Eu tinha meus contatos, e consegui essa maravilha por um preço super barato. Drew estava paralisado na porta, com as mãos dentro do bolso de sua calça.
Entrei no quarto, deparando-me com aquele ser asqueroso completamente nu sentado na cama, ele tinha uma arma em sua mão, não soube identificar qual era. Rachel, a garota que tínhamos contratado para seduzir Ramón, estava enrolada em um lençol branco, parada ao lado da cama. Olhei para ela, não foi preciso dizer mais nada para que ela agisse e golpeasse Ramón na cabeça com o abajur na cabeceira de cama.
— Venha, Drew. Temos que ser rápidos e tirar esse traste daqui antes que os seguranças venham.
— Espera aí… – Olhei por cima do ombro para o loiro parado na porta. — Nós dois vamos levar ele? Já viu o tamanho desse cara? Ele é o dobro de mim.
— Nós precisamos levar ele até a porta de saída, tem dois caras nos esperando do lado de fora.
— Uau, você pensou em tudo mesmo.
Ele murmurou, parecendo admirado. Bufei, apontando a arma em sua direção. Drew arregalou os olhos, erguendo as mãos.
— Você vai me ajudar logo ou eu vou precisar cravar a porra de uma bala na sua testa?
Não foi preciso dizer mais nada para que ele viesse ne ajudar logo. Tem gente que só funciona sobre ameaças mesmo.
(..)
Meu plano estava correndo perfeitamente bem. Já tínhamos concluído duas etapas, e agora viria minha parte favorita. Eu tinha um enorme sorriso no rosto, olhava através da janela imaginando o que eu poderia fazer com Ramón. Tinham tantas opções, eu conhecia diversas maneiras de se torturar alguém. Costumava me esconder no porão quando era pequena, e às vezes meu pai levava pessoas que o deviam dinheiro para lá. Presenciei coisas que seriam capazes de traumatizar qualquer um.
Qualquer um, menos eu, óbvio.
Eu não sou sociopata, também não sou uma sádica que sente prazer causando dor em alguém. Somente era curiosa demais, e confesso, ver o brilho de poder nos olhos do meu pai quando ele conseguia o que queria, fazia com que eu me imaginasse em seu lugar.
Eu queria ser como ele; respeitada e temida.
Chegamos até uma casa que eu tinha descoberto graças ao Zayn, filho de um dos antigos "sócios" do meu pai. Seria o lugar ideal para ter uma conversa com o rato que matou meu pai. Eu iria vingá-lo e não podia estar mais animada para isso. Sei que isso soa doentio, mas quero olhar nos olhos deles e ver a vida se esvaindo aos poucos.
— Está entregue, chefia.
Martin, um dos caras que eu contratei para me ajudar com Ramón disse em tom de brincadeira. Ele é um cara alto, e forte, muito forte. Peguei um maço de cigarros que estava sobre o painel do carro, tirando de dentro do mesmo um rolo de dólares. Tinham dois mil ali, seria para pagar o serviço dos dois.
— Podem contar se quiser.
Disse ao entregar o dinheiro na mão de Martin.
— Não é preciso, você é uma Estrabao.
Sorri de lado, o peso do sobrenome que meu pai me deu é um bônus. As pessoas não precisam saber quem eu sou, basta dizer meu sobrenome que portas se abrem para mim. Posso ter o que quiser apenas dizendo meu nome todo. É incrível, né?
Os dois pegaram o carro que estava estacionado próximo da casa e foram embora, restando apenas Drew e eu. Peguei um cigarro e o esqueiro no bolso de trás da minha calça. Dei uma longa tragada ao acender o cigarro, sentindo a fumaça invadir minha garganta.
Eu adoro a sensação que fumar me traz, uma calma deliciosa. Pareço flutuar mais a cada nova tragada.
— Você não precisa entrar se não quiser, não irei demorar.
Ele pareceu aliviado, soltando uma boa quantidade de ar que devia estar preso em seus pulmões. Revirei os olhos, Drew parece uma mocinha medrosa.
— Qualquer coisa pode me chamar.
Ele disse quando eu fiz menção de entrar na casa, o olhei por cima do ombro, ele estava de braços cruzados sobre o peitoral e sentado no capô do meu carro. Apenas acenei com a cabeça, abrindo a porta de madeira. Um alto rangido ressoou por ali, o lugar mal tinha uma iluminação decente, sem contar a quantidade exagerada de mofo em cada canto que você olhava. Respirei fundo, tentando controlar as batidas do meu coração. Eu queria ver Ramón morto, mas parece que minha ficha estava começando a cair.
Eu iria tirar a vida de alguém, o sangue dele ficará em minhas mãos para sempre.
Cheguei até o maior cômodo daquele lugar imundo; a sala. No centro dela tinha uma cadeira grande de madeira, onde Ramón Valdez estava amarrado, de cabeça baixa. Olhei em volta, procurando pelos objetos que tinha pedido a Martin e Juan que trouxesse para mim. Estavam em cima de uma mesa de ferro enferrujada na parede a minha esquerda. Avistei um balde no chão, o peguei, torcendo para que tivesse ao menos um pouco de água nesse casebre. E para minha sorte, tinha sim, bastante até. Não era uma água limpa, era de cor escura, como se estivesse vindo de algum lugar enferrujado e tinha um cheiro forte também. Talvez venha de algum esgoto, mas eu não estava me importando de qualquer forma.
Voltei para a sala, trazendo comigo o balde cheio daquela água gosmenta. Parei a alguns passos de distância de Ramón, segurando o balde e logo jogando todo a água sobre aquele ser adormecido. Foi questão de segundos para ele despertar no susto. Ele estava arfando, tentando enxergar através das grossas gotas de água que caíam de seu cabelo e passavam por todo seu rosto.
— Mas o que… – Tossiu algumas vezes, cuspindo diversas vezes. Provavelmente o gosto da água deve pior que o cheiro. Cruzei os braços, esperando que ele me notasse ali. — Que porra é essa? Carlito! Maldito imbecil! Mas que porra está acontecendo aqui?
— Olá, Valdez.
Ele parou de tentar se soltar ao ouvir minha voz, sua cabeça finalmente virando em minha direção. Ele pressionou os olhos, tentando identificar quem eu era. Dei um passo em sua direção, ficando na claridade.
— Vejam só o que temos aqui… isso é algum fetiche, gracinha? Não precisava me sequestrar, com um corpo desses eu viria sem resistir.
Passou a língua sobre seus lábios finos, olhando-me como se eu fosse um pedaço de carne que acabara de assar. Senti náuseas com o olhar daquele ser asqueroso, minha mente vagando, imaginei quantas meninas não deviam ter passado em sua mão. Algumas com consentimentos, outras sem. Eu bem sabia que a fama dele de predador não era apenas pelo fato dele ser um assassino a sangue frio. Esses desgraçado já tinha avisado de diversas garotas.
— Maldito rato! – Cortei o caminho entre nós, juntando saliva em minha boca antes de cuspir em sua cara. Ele apenas fechou os olhos, abrindo um enorme sorriso em seguida. Asqueroso. — Quer saber quem sou eu? Eu sou a filha de Alejandro Estrabao. Lembra? O cara que você cortou a garganta e deixou agonizando até a morte.
Ramón abriu os olhos assim que eu terminei de falar, pareceu incrédulo durante alguns segundos, mas depois voltou a sorrir. Ele parecia alegre?
— Ora vejam só, e não é que a garotinha do Estrabao tem mesmo colhões?
— Vai se arrepender de ter assassinado meu pai. Irá pagar por cada lágrima que fez minha mãe derramar.
Minha ameaça só o fez sorrir ainda mais. Eu não me importava que ele estivesse achando graça e duvidando do que sou capaz.
Eu faria questão de tirar aquele sorrisinho de seu rosto, ou o mataria com ele em sua boca desse jeito mesmo. Igual o Coringa.
Vingaria meu pai e mandaria Ramón Valdez para o inferno, onde ele merece estar!
~ Dias atuais.
— Camz? – Lauren chama após dar duas batidinhas na porta, ela nunca entra em meu escritório sem minha permissão, apenas de acontecer algo sério. — Amor? Está aí?
— Oi, vida. Estou aqui, pode entrar.
Segurei na borda da mesa de madeira maciça a minha frente, empurrando minha cadeira para trás. Demorou apenas alguns segundos para que Lauren adentrasse meu escritório, meu olhar automaticamente foi parar em seu decote, onde seus belos seios estavam ressaltados. Umedeci os lábios, sentindo-me muito sortuda por ser casada com essa mulher.
— Não acha que já ficou tempo demais presa aqui dentro, huh?
Deu a volta na mesa, meu olhar desceu por seu corpo todo. Lauren devia ter acabado de sair da academia, ela estava vestindo um short curto preto com duas listras brancas no meio. Sua regata também era preta, e nós pés usava um par de tênis Nike todo branco. Era possível ver como sua pele estava brilhando pelo suor que a cobria. Bati duas vezes em minha perna, indicando que a queria sentada em meu colo.
— Hmm, eu já estava saindo para te procurar. – Passei o dedo indicador em seu pescoço, sobre o cordão de ouro bem fino e delicado com a inicial do meu nome, subindo até seu queixo. Coloquei a palma de minha mão sobre sua bochecha esquerda, ela virou o rosto e depositou um beijo sobre a mesma. Sorri de lado, acariciando seu rosto com as pontas dos dedos. — Estava na academia?
— Sim. Acho que vou sentir falta dessa casa, sabe? Tivemos alguns momentos bons aqui. Sem contar que temos tudo nela, só faltou um shopping aqui.
Brincou, fazendo-me rir. Dizer que essa mansão é pequena seria um eufemismo, pois ela é enorme. Confesso que não sei ao certo quantos cômodos existem aqui. São quatro andares e ainda tem o porão.
Eu não poupo dinheiro quando quero deixar minha esposa feliz. Lauren tinha visto essa casa no anúncio em uma revista de imóveis. Na hora eu só pensei em ligar para a corretora e comprá-la.
Lauren quase me matou por ter gastado 800 mil dólares nessa casa.
Mas valeu a pena o risco, nosso sexo de reconciliação foi excelente.
— Nossa nova casa não será tão grande quanto essa, sei que você não quer exageros. Mas tem uma academia lá, sauna e a minha sala de jogos.
Lauren revirou os olhos, ela costuma dizer que sou uma viciada em sinuca e esses games. Mas o que posso fazer? É uma ótima distração, um bom entretenimento. Estava pensando em investir nesse negócio de jogos para videogames. Eles dão uma boa grana.
E ganhar dinheiro é comigo mesmo.
— Eu não me importo com essas coisas, Camz. Só preciso que você volte inteira para casa todos os dias. – Inclinou-se em minha direção, tomando meus lábios para si. Rapidamente desci minhas mãos até sua bunda, apertando com força, sentindo a dureza de seus músculos. — O que acha de me acompanhar no banho?
Sua voz estava cheia de promessas, isso deixou-me extremamente animada para o que ela faria.
(…)
Nosso banho foi longo, eu a chupei, ela me chupou, depois fizemos um maravilhoso meia nove no chão do box mesmo. Só queríamos nos dar prazer, e o sexo com minha esposa sempre é espetacular. Independente do lugar em que acontece, qualquer hora é hora.
Ela passou por mim e foi em direção ao quarto, acompanhei seus passos enquanto terminava de secar meus cabelos. Lauren jogou-se na cama, ainda estava nua e sua pele clara demais contrastava perfeitamente com o lençol vermelho cor de sangue que cobria o colchão.
— Você fica linda assim, sabia?
— Nua?
Ela colocou uma mão ao lado de sua cabeça, a outra repousava sobre sua barriga. Suas pernas estavam um pouco separadas, deixando sua boceta sutilmente exposta para mim. Mordi o lábio inferior, virando-me para jogar a toalha sobre uma das poltronas daquele quarto. Iria tomá-la outra vez, fazê-la gozar em meus dedos, minha boca e por todo o meu corpo. Eu sempre iria querer mais de Lauren.
— Onde está sua câmera?
Questionei, retirando a calcinha que eu havia colocado antes de sair do banheiro. Lauren apoiou-se em seus cotovelos, olhando em volta.
— Não sei. Da última vez que a vi ela estava perto da janela.
Olhei em direção a janela e franzi o venho ao vê-la escancarada. Lauren sabe que eu odeio que deixem as coisas abertas assim, nunca se sabe quando alguém pode se infiltrar nessa casa. Mesmo tendo seguranças por toda propriedade, sempre existe uma pessoa que consegue ultrapassar as mais fortes barreiras. Eu sei bem porquê já consegui enganar até os seguranças do presidente dos Estados Unidos da América.
— Amor, quantas vezes já lhe disse para não deixar a janela tão aberta assim?
— Não fui eu que a abri.
Ela rebateu imediatamente, deixando-me ainda mais confusa. Demorou apenas alguns segundos para que eu tivesse consciência de algo e por reflexo abaixei-me, no segundo seguinte só pude ouvir os barulhos de vidros sendo estilhaçados e os gritos histéricos de Lauren. Arrastei-me pelo chão, nem me importando com a possibilidade de me cortar. Cheguei até a cama, do lado onde Lauren estava e a puxei para baixo, cobrindo-a com meu corpo. Os tiros não paravam, eram rajadas atrás de rajadas. Longos minutos depois o barulho finalmente cessou e passos pesados misturados com vozes foram ouvidas pela casa, do lado de fora do quarto.
Estiquei a mão e peguei o lençol da cama, puxando-o para mim. Olhei para Lauren e ela estava com lágrimas em seus olhos, extremamente assustada. Meu coração batia acelerado dentro do peito, minha respiração estava descompassada.
— Srta. Estrabao?
Ouvi uma voz grossa me chamar e forçar a maçaneta da porta, saí de cima de Lauren, trazendo-a para o meu colo.
— Estamos bem! Procure os desgraçados que fizeram isso e os traga vivos para mim. – Ordenei, na mesma hora os seguranças foram cumprir minha ordem. — Eu estou aqui, amor. Estou aqui com você, vai ficar tudo bem.
Eu jamais deixaria alguém machucá-la, e iria me vingar do desgraçado que ousou atentar contra a minha vida e da minha esposa.
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