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História Stalemate. - XIII. Vestido de ametista. - História escrita por Ciel-Lawliet - Spirit Fanfics e Histórias
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História Stalemate. - XIII. Vestido de ametista.


Escrita por: Ciel-Lawliet

Notas do Autor


OI POVO! *u*
Feliz maldita segunda feira para todos vocês e boa leitura ^-^.

Capítulo 13 - XIII. Vestido de ametista.


Fanfic / Fanfiction Stalemate. - XIII. Vestido de ametista.

 

Os passos firmes de Mihael ecoavam pelo amplo corredor. Caminhava pé ante pé, o mais rápido que podia, parando apenas ao encontrar Watari no pé da segunda escada. Nunca o vira tão furioso.

- Mello! – O diretor mantinha a voz baixa, mas ríspida. – Que escândalo foi esse? Vocês saíram de novo sem a minha permissão?

Mello passou por ele sem sequer lhe dirigir o olhar: não estava com paciência para aguentar lições de moral.

Refugiando-se na biblioteca deserta, afundou em uma confortável poltrona com o intuito de relaxar. Apesar da dor de cabeça intensa, o ódio não lhe permitir pregar o olho. A ingratidão de Mail o deixava furioso. Depois de defendê-lo contra as garras de um tarado e potencial estuprador, era daquela maneira que ele o agradecia?

O loiro cerrou os dentes e ergueu-se de um pulo, remexendo os incontáveis livros enquanto sua mente trabalhava. Era mais do que óbvio que Foster não o perdoaria pela coronhada, de modo que havia perdido um trabalho promissor, que realmente lhe daria uma boa grana, por causa de um IDIOTA como Matt.

Imperdoável.

Retirando um livro bem antigo da prateleira mais baixa, Mello analisou as letras impressas na capa. Latim. Fazendo uma careta, devolveu o exemplar ao seu lugar e procurou por algo mais simples para passar o tempo. Depois de uma busca rápida em outra seção, encontrou uma edição sobre interpretação de sonhos e abriu em uma página aleatória, cujo título era ‘’Pesadelo’’ escrito em uma fonte mais escura.

Estreitou os olhos excessivamente azuis para a palavra. Não pôde evitar em associá-la a Mail que, desde que pusera os pés no orfanato, sofria de constantes pesadelos relacionados aos pais. Com o tempo os sonhos assustadores deixaram de ser um problema, mas, na época, assombravam Mail mais do que qualquer outra coisa. Várias vezes o loiro fora acordado no meio da noite com um pequeno ruivo soluçando ao seu lado, totalmente desamparado.

Mihael não tinha escolha. Sua única opção era confortá-lo, prometendo dia após dia que iria protegê-lo.

 

‘’Nada nem ninguém vai te machucar aqui... Eu prometo’’

 

O livro foi fechado com violência e colocado de qualquer jeito em seu lugar. Havia ido à biblioteca para se esquecer de Matt, não se lembrar dele.

Demorou um pouco até encontrar um livro interessante, que realmente o entreteve, fazendo-o esquecer do mundo e mergulhar em seu próprio universo.

 

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                                         // Stalemate //

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O som ensurdecedor do sino de ouro obrigou Matt a acordar. Este piscou os olhos repetidas vezes, forçando-os a se abrirem.

Jantar.

Seu estômago roncou somente com a ideia. Repetiu a palavra mentalmente até reunir forçar para levantar. O latejar em sua cabeça se tornara mais brando, ainda que presente, quando mirou seu reflexo no espelho. Tratou de imediatamente tirar aquele barba incômoda e colocar roupas decentes. Em seguida fez uma busca pelo quarto, mas, como já suspeitava, seus goggles e o novo vídeo game não estavam à vista. Suspirou com pesar, como se tivesse perdido um ente querido.

Assim que se tornou apresentável, o ruivo se dirigiu às escadas e dali ao refeitório. Uma análise rápida no cômodo lhe mostrou que Mello não se encontrava presente, deixando-o aliviado.

A última coisa que precisava no momento era encontrar aquela coisa loira.

Pegando grandes porções para o jantar, Mail mirou as diversas mesas apinhas de crianças, tentando encontrar alguma para se sentar. Decidiu evitar as mais lotadas e barulhentas, visto que sua cabeça doía somente de olhar para elas.

À primeira vista, uma das mesas mais distantes parecia desocupada, mas, ao aproximar-se, notou uma pequena figura encolhida em uma das cadeiras, as mangas longas da camiseta branca tocando o prato enquanto tentava comer.

- Você tem que puxar as mangas antes, Near. – Mail se inclinou e, apoiando seu prato na mesa, tratou de dobrar cuidadosamente os pulsos da roupa do menor para trás. Este ergueu a cabecinha relativamente grande e o fitou sem esboçar expressão nenhuma, os olhos cinzentos e os cabelos brancos enroladinhos chamando atenção como de costume. Matt sorriu. – As outras mesas estão lotadas, então eu vou sentar aqui.

- Não me lembro de ter te convidado para sentar.

- Nem eu de ter pedido permissão. – O ruivo deu uma grande colherada no prato e a levou aos lábios, aprovando o gosto.

- Mello já sabe o que você sente por ele? – A comida entalou na garganta de Mail, que tossiu violentamente. Seus olhos estavam arregalados quando os ergueu para o outro, que assistia à cena de modo indiferente. Algumas pessoas ao redor ofereceram ajuda, mas ele recusou. – Devia aprender a controlar esse tipo de ataque. – Near finalizou, extremamente calmo, enquanto o outro se firmava na cadeira.

- A-a culpa é toda sua! Fica dizendo essas coisas estranhas do nada...

- Você anda olhando para os lados com frequência Matt, exatamente como está fazendo agora. Evasivo. Como se estivesse tentando fugir de alguma coisa. – O albino o analisava, levando um pedaço de gelatina de limão aos lábios e usando a mão livre para enrolar uma mechinha do cabelo.

- Fugir? – Mail riu de modo forçado, obrigando-se a encará-lo. – Não tenho nada do que ter vergonha, Near.

- Eu não disse que tinha. – O menor sorria internamente. Praticamente o fizera confessar, com pouquíssimas palavras.

Era até um tanto ridículo.

Droga... Agora entendo porque Mello tem tanta raiva desse cara.

- Eu tenho um enigma pra você, Near, já que é tão inteligente. – Matt se inclinou sobre a mesa e estreitou o olhar, as esmeraldas subitamente se tornando astutas e maliciosas. – O que eu devo fazer?

- Dependo que você deseja, Matt. – O menor respondeu com naturalidade.

O ruivo resmungou baixinho e voltou ao seu lugar, terminando de comer sem dirigir uma palavra ao outro e vice-versa. Levantando-se e arrumando a franja em seu cabelo cor de fogo, Mail se dirigiu à saída do refeitório. Percebeu que algumas meninas o seguiam com o olhar e não pôde deixar de dirigir um sorriso à elas, que ficaram vermelhas de vergonha e começaram a cochichar, brigando entre si para decidir a destinatária do gesto.

Tão divertido... – Ele pensou, rindo internamente.

Contornou o prédio gigantesco e arrumou a gola quando um vento gélido arrepiou os pelos de sua nuca. Encontrando uma pela árvore aos fundos do instituto, apoiou as costas sobre seu tronco grosso e tratou de se aquecer, tirando um cigarro do bolso e fumando despreocupadamente. Depois de certo tempo, não se sabe exatamente quanto, o celular em seu bolso vibrou loucamente. Suspirou ao ler o visor. Que poderiam querer com ele agora?

- O que você quer? – Sua voz estava rouca e irritada, típica de quando ficava de ressaca. Sid ria do outro lado da linha.

- Crianças não deveriam beber tanto, ruivinho.

- Claro, ouvir isso de alguém que começou a beber e fumar aos dez anos realmente mudou meu ponto de vista.

- Eu não seria tão irônico se fosse você, mas falamos sobre isso outra hora. Liguei por outro motivo. – Matt aguardou que ele prosseguisse. – Essa coisa de retardado que você chama de óculos e seu brinquedinho novo estão aqui.

- Amanhã eu vou buscar. – Respondeu impaciente. – Mais alguma coisa?

- Ah, tem sim. – Sid sorria, mas, obviamente, Mail não podia vê-lo. – Foster me contou algumas coisas interessantes sobre um sonho que ele teve.

- E eu com isso? – Matt deu uma longa tragada em seu cigarro, observando a fumaça alterar seu curso com o vento.

- Bom, eu pensei que você acharia interessante saber que o sonho... – Ele deu ênfase na palavra. – incluía um certo adolescente ruivo se esfregando no colo dele.

- Como é? – Perguntou depois de alguns segundos de silêncio enquanto absorvia a informação.

- Você ouviu, ruivinho. – A gargalhada de Sid não poderia ser mais satisfeita. – Se eu soubesse que você curtia os mais velhos entrava lista antes.

- Cala a boca! – Matt começa a se desesperar. – V-você realmente vai acreditar em um velho bêbado como aquele cara?

- Depois de uma outra coisinha que ele comentou sobre o sonho, estou bem tentando a acreditar.

Outra coisinha? – Mail tinha um péssimo pressentimento.

- O que mais?

Sid mordeu lábio de emoção, como se estivesse prestes a revelar um grande segredo. Tomando fôlego, disse:

- O ruivo o chamou de Mello.

 

 

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                                         // Stalemate //

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Depois de muito folhear páginas e páginas de diferentes livros, Mello achou que era hora de tomar um pouco de ar. Desceu as escadas e se dirigiu aos jardins, quase trombando em um grupo de três meninas que corriam afobadas para dentro do orfanato. Fuzilou-as com o olhar e nada disse, desviando de duas para continuar seu caminho. A terceira, porém, o barrou com um sorriso empolgado no rosto. Seu aparelho turquesa sobre as duas fileiras de dentes quase o cegou.

- Mello! A gente ‘tava te procurando! A Cyntia tem uma coisa muito importante pra falar com você.

Quem é Cyntia? – Foi o primeiro pensamento de Mello. Em seguida uma menina mirradinha, cabelos excessivamente pretos e olhos verdes como um par de jades, surgiu de trás da que falara, as bochechas coradas de vergonha. Usava um belo vestido branco, com pedras de ametista.

- Vamos deixar eles em paz. – A terceira que, até então, mantivera-se calada, se manifestou e puxou a primeira pelo pulso. Afastaram-se às risadinhas, olhando de vez em quando para trás. O loiro observava a menina à sua frente com indiferença, observando o quanto parecia alto perto dela.

- Oi M-Mello... – Cyntia admirava suas sapatilhas vermelhas.

- Oi. – A voz não tão grave do outro a sobressaltou.

- É-é que eu... Eu já gosto de você tem um tempo e queria saber se... sabe... – As palavras saíam aos tropeços e tremores.

Mihael permaneceu em silêncio por um tempo, antes de segurar o queixo da menina com uma dar mãos e forçá-la a fita-lo. Por muito pouco Cyntia não saiu correndo de medo com a visão assustadora e fria dos olhos azuis à sua frente.

 

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                                         // Stalemate //

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Mail desligou o celular com violência, negando-se a acreditar no que acabara do ouvir.

O ruivo o chamou de Mello.

Não era possível que tivesse dito algo como aquilo a um completo estranho. Admitia ter passado (e muito) da conta na última madrugada, mas nenhum nível de bebida o faria agir daquela maneira. Se agarrar com outro cara, achando que fosse Mello...

E ainda por cima um velho quarentão.

Matt sentiu nojo de si mesmo e anotou mentalmente para escovar a língua o máximo possível quando fosse dormir, apenas por precaução é claro, já que aquela situação ser real era impossível. Porém, apesar de não confiar em Sid e muito menos em Foster, não conseguia entender o que algum dos dois ganharia com uma mentira daquelas. Fazer um adolescente de quinze anos entrar no mundo do cigarro, da bebida e do tráfico não fora suficiente? Agora queriam pintá-lo de homossexual também?

- Patético. – Mail deu uma risada forçada, que logo cessou.

Por baixo de toda a sua aparente segurança quanto àquele assunto, as últimas palavras de Sid teimavam em permanecer em sua mente, alimentando uma pequena dúvida dentro si que parecia crescer desde o dia em que se sentira excitado por Mello.

Imaginara ter realmente se livrado daquela hipótese boba, com o passar dos dias, mas ele ainda estava lá, suas raízes entrelaçadas nas camadas mais profundas de seu ser.

E tudo por que?

Por que, por que, porque, POR QUE? – Mail começou a se perguntar com raiva, apagando um cigarro com o pé em um pequeno monte de neve ao seu lado e enterrando a cabeça nas mãos. – Eu poderia ter praticamente a mulher que quisesse deste lugar, então POR QUE UM HOMEM?

E por que justo ELE?

- Matt...Você está bem? – Uma voz conhecida falou ao seu lado.

Tirando a cabeça das mãos, Mail a fitou e concordou com um aceno de cabeça, caminhando na direção da entrada do prédio e deixando uma Íris irritada para trás.

Não posso falar pra ela... Não posso... falar pra ninguém... – Mail se torturava, refém de seus próprios pensamentos. Sentia-se encurralado, jogado contra a parede, como se um ser invisível estivesse obrigando-o a se decidir entre aceitar sua condição e aprender a lidar com tudo aquilo ou...

Ou o que?

Mail estancou, parando há poucos metros de distância da entrada. Mello estava bem à sua frente, seus lábios entrelaçados aos de uma menina com metade da sua altura. Curiosos se reuniam em volta, rindo e apontando; algumas crianças mais novas faziam caretas de repulsa.

Já o ruivo? Ele não sentiu nada de início.

Absolutamente nada.

Sua mente pareceu esvaziar-se em um centésimo de segundo, todo o seu conteúdo descendo por um ralo imaginário. Um vazio crescente dominava-o por dentro; seus braços, pernas e pescoço perderam a movimentação, seus músculos se enfraqueceram, uma força invisível e poderosa mantendo-o em pé.

Lentamente, porém, um estalo formou-se em seu peito e as emoções retornaram em um turbilhão de confusão e desespero. Fúria. Ódio. Raiva. Impotência. Dor. Tristeza. Uma sobrepujando a outra, todas tentando ganhar espaço e dominá-lo ao mesmo tempo.

Ah... Então é isso...

É esse sentimento...

Que chamam de amor.

Que coisa mais detestável. – Mail pensava melancólico, desviando da multidão e do casalzinho feliz.

Finalmente entendera. Tudo lhe parecia cristalino como água agora, bem diante de seus olhos. Estava ali o tempo todo, mas ele não fora inteligente o suficiente para perceber. Não havia outro ou. Ele não tinha escolha. Estava fadado, amarrado, preso aos seus próprios sentimentos irritantes e inconvenientes. E não havia nada que pudesse fazer para afasta-los.

- Feliz aniversário pra mim... – Disse baixinho enquanto subia as escadas, um ardor inexplicável consumindo sua garganta.


Notas Finais


Prevejo tridentes e tochas contra o loiro ^-^.


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