— Por que fez isso? — Ele pergunta assustado.
— Eu... eu achei que...
Ele não responde mais nada e volta a me beijar, passando a mão por toda a minha cintura, me envolvendo em um beijo ainda mais quente. Nossas línguas apenas se desenrolam quando minhas costas atingem a parede e suas mãos tocam meu rosto.
— Eu senti sua falta. — Nathaniel murmura, ofegante.
— Sério... isso não deveria ter acontecido. — Digo, voltando à realidade. — Me sinto como quatro anos atrás, é melhor eu não deixar tudo ficar voltando à tona. Eu voltei para essa cidade por uma razão, e nada vai me fazer desviar o foco.
Empurro seu corpo para longe e pego minha coisas no chão, saindo da academia completamente atordoada.
°•°•°•°•°•°
— Terra chamando Morgana! — Alexy diz, estralando os dedos.
— Desculpe. Estou pensativa.
— É. Estou vendo. — Ele revira os olhos. — Acho que você deveria desculpar a Rosalya.
— Juro por Deus, Alexy, que se você tocar nesse assunto de novo eu arranco seus cabelos.
— Ah...ok. só acho difícil você ignorar a presença dela estando no mesmo dormitório. — Bufo e coloco minha mochila sobre a mesa.
— Eu não tô nem aí, Alexy. Não tolero traidores. E você também é um, viu? Só estou te suportando porque é meu melhor amigo. — Olho através da janela e há um casal sentado próximo ali, na mesma mesa que sentei com Nathaniel quando nos conhecemos, no Dina's.— Eu odeio o quanto essa cidade me remete coisas passadas. — Reviro os olhos e pego o cardápio.
— É... você nunca mais tocou naquele assunto.
— Ethan? Ele ainda vai ter o que merece. Aqueles processos e tudo o que ele passou ainda é pouco. A hora dele vai chegar.
Alexy arqueia a sobrancelha e me fita, um pouco surpreso.
— Todos acham que ainda sou uma idiota. Todos.
— Bom, eu não acho.
— Você não conta, seu panaca.
A garçonete vem logo em seguida e anota nossos pedidos. Após jantar com Alexy, seguimos caminhos diferentes: ele foi para a casa de seu ficante e eu, para o campus.
Tudo ainda está tão fresco na minha mente. Tudo o que aconteceu quatro anos atrás. Parece impossível ignorar fantasmas que sempre tornam a voltar em nossas vidas.
Ainda mais Nathaniel... Aquele verão na Itália. Eu ainda consigo me lembrar perfeitamente do gosto de sorvete de baunilha na sua boca enquanto eu só queria esquecer o Castiel. Se eu pudesse, trocaria sem pensar duas vezes de quem gostar.
— Podemos conversar? — a voz de Rosalya ecoa pelo cômodo assim que entro no dormitório.
— Não.
— Qual é Morg, eu não achei que você fosse ficar assim... eu achava que você ainda sentia algo pelo Castiel.
— Achou errado. — Digo curto e grossa.
— Mas eu...
— Já chega, Rosa. Quatro anos se passaram, você não me conhece mais. Aceite que o tempo passou e que não sou mais a mesma pessoa! Esquece a Morgana Antiga!
— Mas...
— Mas nada Rosa, eu volto a falar com você quando minha raiva passar, entendeu ou está dificil? Quer que eu desenhe? Todas as pessoas nessa porra dessa cidade sabem o quanto aquele ruivo desgraçado significou para mim! Ninguém tem direito de fazer o que acham que deve ou não sobre a minha vida. Então eu te aconselho a não se meter na minha vida de novo. Entrou na sua cabeça isso?
Ela apenas exprime os lábios e concorda, voltando para sua cama e coloca os fones de ouvidos ignorando a minha presença. É melhor assim.
Minha mente começa a arquitetar um mapa mental de como agir pelos próximos dias e então acabo adormecendo em meio a tantos pensamentos.
°•°•°•°•°•°
Acordo com Dior amassando minhas costas e então olho o despertador ao lado da cama. O relógio marca oito em ponto e eu deveria ter acordado há uma hora. Levanto rapidamente empurrando Dior para longe e vou para o banheiro tomar banho e me arrumar.
— Qual personalidade devo ter hoje? — Me questiono enquanto encaro minhas roupas no closet.
Mesmo atrasada, me recuso a ir desarrumada. Primeiro: me arrumo para mim e eu nao mereço ir feia para aquela droga de aula. Segundo: me arrumo para meus inimigos.
Pego uma saia preta curta e rodada, minhas demônias de plataforma e uma regata vermelha. Pinto meus olhos de preto na linha d'água e passo um gloss para completar.
— É o suficiente. — Digo por fim, enquanto coloco anéis e pulseiras de prata.
Tateio minha bolsa em meio à bagunça e saio correndo para o ateliê de artes para a merda de aula de pintura. História da Arte. Eu nao tinha aula de pintura na Faringhton. E sinceramente, odeio pintar.
A sala está cheia e só há um lugar vago: ao lado da insuportável da Yelen. Me sento em frente à tela vazia e ela revira os olhos, cochichando ao lado daquela linguaruda da Chani.
— Bem que podia voltar para a Inglaterra. — Chani diz enquanto passa o pincel no quadro vagarosamente.
Reviro os olhos e leio o que tenho para fazer. Após alguns minutos pintando, ouço Yelen rindo e apontando para minha tela.
— Pelo o que parece, vir de lá não foi o suficiente para pintar breguice. — Ela gargalha.
— Sua Barbie falsificada metida a gótica, se não se importa em calar a boca, eu vou fazer esse quadro descer por sua goela abaixo. — Digo sorrindo e delicadamente, enquanto encaro o quadro meia boca que ela faz. — Ah, e está achando que meu quadro está ruim, sinto em lhes dizer, mas estão fazendo errado. Podem questionar minhas habilidades de pintura, mas não podem questionar meu conhecimento em francês. E vocês estão pintando errado, já que o que está escrito aqui, difere totalmente do que pintaram. É uma pintura estilo Monet, e não de palhaço como estão fazendo. — Reviro os olhos e volto a pintar enquanto ficam boquiabertas.
— Você quem esta fazendo errado já que...
— Já que nada não, querida. — Corto a fala de Yelen. — Eu posso estar pintando breguice mas pelo menos tenho o mínimo conhecimento para entender francês.
— Você quem é uma Barbie falsificada. — Chani abre a boca e altera o tom de voz.
— Minha querida, você parece uma Monet. Parece bonita de longe mas quando chega perto, é horrível.
— Você é ridícula, Morgana!— Yelen volta a falar so que dessa vez mais alto.
O professor faz chiado de silêncio e elas voltam a ficar quietas.
— Antes de saírem mexendo com qualquer pessoa, deveriam rever seus próprios defeitos. Você é uma versão barata da Amy Lee querida, já eu, posso ter uma personalidade diferente a cada dia. — Ergo minha mão e o professor vem até a minha tela.— Terminei, senhor.
Ele analisa minha tela e depois as das idiotas do meu lado e logo em seguida nega com a cabeça.
— Senhorita Cooper, nota A. Já vocês duas, deveriam treinar francês. Refaçam suas telas, está errado. Senhorita Cooper, liberada.
Logo depois dele sair, dou risada.
— Viu, vadias? Aprendam antes de abrirem a boca.
Mando um beijinho para elas e pego minha bolsa no chão.
Esse semestre ou eu detono todo mundo, ou eu não me chamo Morgana Cooper.
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