Após algumas poucas horas deitadas, minha mãe aparece na porta com metade do corpo, informando que o jantar estava pronto.
Desgrudei meus olhos da telinha que segurava, e a fitei dando aquele sorriso que sempre aquece meu coração.
-O que foi, filha? Está tudo bem?
Droga. Parecia que minha mãe tinha um sexto sentido para quando as coisas não estavam indo tão bem comigo.
-Mãe, como você e meu pai se conheceram? Demorou muito?
Questionei, arrumando o travesseiro embaixo da minha cabeça, dando espaço pra ela se sentar na ponta da cama.
-Ah S/n, eu e seu pai nos conhecemos muito jovens, mas seguimos caminhos muito diferentes, eu mudei de cidade, fui trabalhar em um escritório grande, e por coincidência, ele trabalhava no mesmo lugar, só que em um andar abaixo do meu. Nesse nosso reencontro, começamos a sair, nos casamos, tivemos você, que é o amor de nossas vidas, e estamos juntos até hoje.
-Então demorou, né?
-Podemos dizer que sim, demorou um pouco.
Ela coloca suas mãos em meu rosto, e acaricia minhas maçãs do rosto com seu polegar.
-Não pensa nisso agora, filha, você ainda tem muito tempo pela frente, ainda tem a faculdade, ainda vai ter muitos amores até achar o certo para você.
Ela sorri de forma reconfortante e se levanta, indicando a porta com um aceno leve de cabeça.
-Vamos descer? Seu pai já está esperando, e com certeza reclamando que a comida vai esfriar, e você sabe como ele fica quando a comida esfria.
Dou uma pequena risada e me levanto
-Sim, insuportavelmente CHATO!
Digo essa última palavra em voz alta perto da porta, só para ouvir meu pai protestando da cozinha no andar debaixo:
-EU OUVI ESSA, S/N!
Rimos e eu fecho a porta do meu quarto, acompanhando minha mãe nas escadas, deixando aqueles pensamentos sobre meu futuro trancados no fundo do armário da minha mente, enquanto me sento a mesa, aproveitando o jantar em família, que tinha se tornado raras essas ocasiões por conta do trabalho do papai.
*P.O.V. Gerard Way*
Abro os olhos, olhando a tela do meu telefone lotado de mensagens de diversas pessoas, das quais ignoro, porém, antes de limpar a barra de notificações, meus olhos miram uma mensagem em específico, de alguém que não me manda mensagem nunca.
-Frank? Mas que merda é essa? Ele nunca me manda mensagem, a não ser que alguem esteja morrendo.
Abro a mensagem, abaixando a luz do visor do meu celular que fazia minha cabeça latejar.
"Oi Gerard, eu sei que é estranho eu te mandar mensagem e tudo mais, mas eu só queria que soubesse que eu vou levar uma amiga para o nosso próximo ensaio, o nome dela é S/n, e eu queria te pedir para você por favor não dar uma de galanteador pra cima dela, ela é muito importante para mim, e eu nunca iria te perdoar se você magoasse ela. Então por uma única vez na sua vida, não seja um predador de garotas, não com ela, por favor."
Olho a mensagem, na linha entre rir e ficar ofendido. Frank sabia da minha reputação com as garotas, não tem como negar, mas eu não tenho culpa se elas se apaixonam por mim, e eu não quero anda com ninguém. Pego meu telefone e respondo a mensagem de Frank:
"Tudo bem, eu não sou um predador, sabe Frank, não é como se eu fosse pular no pescoço da sua amiga e sugar todo o sangue dela, como um vampiro maluco. Sei manter minhas coisas dentro das calças quando quero."
Cliquei em enviar a mensagem, desliguei a tela e coloquei ao meu lado na cama, colocando meu braço sobre meus olhos, esperando que a preguiça matinal passasse.
Me levanto da cama, e vou ao banheiro, pensando no meio do caminho se ia para a escola ou não.
"Último ano de merda!"
Pensava Gerard enquanto trancava a porta do banheiro, tirando suas roupas e entrando no chuveiro.
Gerard encostou sua cabeça nos ladrilhos brancos e frios do banheiro, abrindo registro e deixando qua a agua quente caísse sobre sua pele pálida, a deixando vermelha por conta da temperatura. A mensagem de Frank o perturbara.
"Será que é essa a imagem que todos tem de mim? Que eu só pego as garotas e as descarto depois, como um brinquedo?"
As memórias de Gerard voltavam pouco a pouco, desde seu ensino fundamental até o final do ensino médio.
Gerard sempre fora uma criança calada, retraída, mais confortável com a sua propria companhia do que com os outros, e por esse motivo, sempre sofrera bullying, seja por sua forma de se vestir, seu modo de andar, seu cabelo, qualquer diferença era motivo para tirarem sarro dele. Ao entrar no ensino médio, no primeiro ano Gerard conheceu seus companheiros de banda: Mikey, Ray e Frank.
Ao contrário dos outros adolescentes, Gerard se sentiu acolhido por eles, e logo engatou uma amizade que já durava 3 anos, e uma banda onde se sentia livre para se expressar. Junto com a banda, veio a fama, e junto com a fama, vieram as garotas. Gerard nunca se apaixonou de verdade, todos os seus casos não passaram de uma noite, pois todas as garotas so se interessavam por uma coisa: seu dinheiro.
Gerard esperava que um dia pudesse conhecer a garota dos seus sonhos, que sentisse aquela conexão forte e profunda de olhares, onde tudo se encaixasse, o beijo, as línguas, os corpos, os toques, as carícias, absolutamente tudo.
Ainda nos devaneios de encontrar o amor verdadeiro, Gerard se assusta com batidas na porta:
-O Gee, tem mais gente querendo usar o banheiro, anda logo, tá fazendo o que ai dentro?
Gerard escuta a voz de Ray do lado de fora da porta. Ray morava com Gerard devido a problemas familiares, e como Gerard morava sozinho, não via motivos para não abrigar o amigo e companheiro de banda.
-Já estou saindo, Ray, aguenta mais uns minutos para eu me secar.
Gerard desliga o chuveiro, passando a toalha felpuda em seu corpo magro, se olhando no espelho por alguns breves momentos. Poucos minutos depois, Gerard sai do banheiro com a toalha enrolada em sua cintura, vendo Ray entrar como um raio, e rindo baixinho:
-Ei Ray, vai com calma, não quero que você exploda minha privada.
-Ah vai tomar no cu, Gerard.
Diz Ray de dentro do banheiro, rindo, enquanto Gerard se distancia a caminho de seu quarto, pensando na mensagem de Frank, e se encontrando mais curioso do que deveria sobre a amiga de Frank.
"Deixa disso Gee, você tem que se arrumar, ta quase na hora da aula".
Gerard espanta seus pensamentos, balançando a cabeça, e se concentra em escolher uma roupa para passar o que seria, segundo Gerard, "o pior dia de sua vida".
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.