Diga, não é estranho?
Não é estranho?
Eu ainda sou eu
Você ainda é você
No mesmo lugar
Não é estranho?
Como as pessoas podem mudar
Ela andava sobre os saltos pretos agulha chamando atenção das pessoas por onde passava. Irradiava elegância e poder. Parecia o por do sol, que você para pra olhar independente de onde esteja, pois seus olhos são atraídos pela beleza avassaladora e irresistível das cores no céu. Era assim que ela parecia. Era assim que ele se lembrava dela. Ela era a mesma, mas por que parecia diferente?
Vincenzo queria dizer a ela que ainda se lembrava das manhãs preguiçosas de domingo em sua casa deitado junto dela. Lembrava-se de como ela era uma péssima cozinheira, mas fazia um lámen perfeito. Lembrava-se de como era astuta e intuitiva, de como era voraz e competitiva em seu trabalho. Lembrava-se também de como era sensível e sentimental e de como era extremamente perigoso contrariá-la quando estava de TPM – ou seja, precisava tomar cuidado com tudo que fosse fazer –. Lembrava-se dos finais de tarde em que passeavam junto da afilhada Dal Rae, quando sentavam no banco para tomar sorvete e ele olhava Hong Cha-young descontraída. Os olhos dela eram da cor do cabelo, e sempre que o sol batia, ela brilhava por inteiro e, de todas as lembranças, essa sempre vai ser a melhor.
Ele continuava estático e intacto. Intimidante com um olhar poderoso e perigoso. Ou melhor, ele todo era lindo e perigosamente irresistível. Além de cheiroso, exalava confiança. Os olhos pretos estavam grudados nos dela.
Eles se conheciam mais que ninguém no mundo. Eram confidentes. Sabiam das fraquezas, qualidades e ambições, ambos respeitavam isso. Era como um pacto silencioso. Além disso, conheciam o corpo um do outro. Do ponto de prazer até sentimentos inimagináveis. A intimidade ia do sexo a escutar soluços em choros desesperadores. Quantas vezes ele não tinha enxugado suas lágrimas? Quantas vezes ele já não tinha beijado aqueles lábios? Quantas vezes não tinha tocado naquele corpo? Quantas vezes não tinha feito carinho naqueles cabelos?
Ele ainda era o mesmo. Ela era ainda a mesma. Então porque pareciam tão diferentes?
Ali, parados de frente para o outro naquele salão, sem dizer uma palavra – não que fosse preciso naquele momento – mas haviam coisas que precisavam ser esclarecidas, porém, apesar disso, não ousavam desviar o olhar. As palavras que ambos não tinham falado estavam em seus olhos.
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