~No mesmo dia
Depois que o Woo foi embora eu fui para o meu quarto e me deitei. Os meus lençóis ainda tinham o cheiro do seu perfume forte e amadeirado, sua fragrância não era tão evidente, mas suficiente para me trazer tranquilidade.
Fechei meus olhos e deixei as lembranças do dia anterior me deixarem sem ar. As lembranças do HyukJae dentro do meu quarto, com meus brinquedos em suas mãos, do seu olhar intenso e tão dominante, do seu sorriso, dos seus toques, de tudo, absolutamente tudo.
Minha pele se arrepiou e eu suspirei profundamente, aquele homem mexia tanto comigo que eu podia ficar excitado só de me lembrar dele entre as minhas pernas, tocando meu íntimo enquanto sussurrava suas promessas contra a minha pele arrepiada.
- Inferno!
Rolei na cama e coloquei um travesseiro entre minhas pernas, empurrando-o contra meu íntimo enquanto tentava me controlar. HyukJae ficou tão excitado quando viu minha caixa de brinquedos... sim, eu tinha percebido. O seu sorriso se curvou tão levemente que outra pessoa não teria percebido, mas eu notei. Eu estava tão atento àquele homem que percebi como seu sorriso se esticou ao ver meus brinquedos, ao ver minha intimidade tão nua e crua ali nas suas mãos, toda a minha perversidade a sua disposição... pronto para que ele se divertisse...
- Céus...
“ (...)
- Você tem muitos brinquedos. – falou sorridente – Você usa todos esses acessórios sozinho ou usa com os seus parceiros?
(...) ”
Ele podia ter feito tantas perguntas, tantas acusações, mas ele me perguntou algo tão íntimo... HyukJae se preocupava em ser o único a ter acesso às minhas fantasias? Ele queria ser o único ou o primeiro? Essa possibilidade me excitava, ele queria tudo de mim, mas ele queria ser o primeiro. Não só em tirar tudo de mim, mas também em me fazer sentir. Ele queria me marcar como uma propriedade que só ele podia usufruir, como se eu fosse o seu brinquedinho mais puro e dedicado, apenas seu...
“ (...)
- Eu poderia usar tudo de uma vez em você algum dia? Você deixaria eu explorar o seu corpo e os seus desejos?
- Sim.
(...) ”
Era tão sexy ouvir sua voz doce e erótica perguntando se podia me usar, me explorar, me tocar... e eu aceitava, eu deseja, eu queria... eu queria ser o seu brinquedo, eu queria ser a sua propriedade, eu queria ser amarrado, vendado, usado, explorado, tocado, eu queria tudo, tudo que viesse dele.
“ (...)
- No futuro eu vou te explicar tudo sobre o meu mundo, mas hoje, aqui neste quarto, nós vamos começar o seu aprendizado de forma erótica, portanto, gostaria de frisar que você não terá que se preocupar com a sua palavra de segurança.
(...)
- Hoje é sobre você e não sobre mim.
(...)
- Quando você for o meu sub, eu não vou deixar você usar calças tão apertadas. Só eu vou poder ver essas belas coxas.
(...)
- Você é tão lindo. – o sussurrou enquanto se arrastava mais para cima e mantinha os seus olhos fixos no meu rosto corado – Você é um dos homens mais lindos que eu já tive o prazer de conhecer.
(...) ”
Suas promessas, seus elogios, seu olhar, tudo nele refletia o mais sincero e profundo desejo e perversão que existia dentro de mim. Aquela perversão que todos temos, mas não temos coragem de expor, aquilo que está lá dentro, preso a sete cadeados, aquele desejo sombrio e humilhante, aquele que não temos coragem de colocar em palavras.
“ (...)
- Você sabe por que as pessoas nunca abandonam o mundo fetichista depois de conhecê-lo?
(...)
- Você jamais vai sentir isso ao lado de outra pessoa.
(...) ”
Suas promessas eram tão reais, inferno, eu nunca me senti daquele jeito antes. Eu nunca me entreguei para um homem que me usava e me explora com devoção, ele tocava meu corpo com calma e tanta sensualidade, seus dedos finos resvalando sobre a minha pele suada, sobre meus cabelos bagunçados, sobre meus lábios inchados... droga, queria tanto que aquele encontro tivesse acabado com um sexo selvagem, eu queria tanto sentir aquele homem nu contra mim, mas ele não queria, ele não queria transformar aquela noite tão erótica em uma lembrança de sexo, ele não queria me dar este gosto, ele sabia que se o desse eu não me lembraria dos seus toques leves, das suas palavras eróticas, da sua sensualidade, da sua beleza. Inferno! HyukJae me usou tanto...
“ (...)
- E o sexo? Você não costuma praticar sexo com seu submisso?
- Não. Quando eu começo uma sessão eu busco o prazer do jogo, ou seja, eu dou prazer ao sub e tiro o meu prazer do erotismo que ele produz. Normalmente um jogo mais intenso não é seguido de sexo, é só masturbação mesmo.
- E você não sente falta?
- Quando eu quero sexo, eu faço. Mas não o prático com tanta regularidade como faço com o BDSM.
(...) ”
E talvez tenha sido a melhor escolha, eu realmente não me conectaria a ele como me conectei se tivéssemos transado. HyukJae tinha noção de tudo o que estava acontecendo enquanto eu estava alheio e só agora, pensando em tudo, me lembrando de cada gesto e palavra, que eu conseguia perceber... ele estava no comando, ele estava me usando, me explorando, ele estava investindo em mim. E eu não estava bravo com ele, pelo contrário, eu queria mais. Eu queria muito mais.
- Droga...
Me levantei e olhei para a cidade, não estávamos no inverno ainda, mas a cidade escura e tão tempestuosa me proporcionava paz, a calmaria da chuva batendo contra os vidros do meu quarto, o vento frio que com certeza fazia as pessoas nas ruas se arrepiar... eu estava tão sensível, tão desperto, tão emocional. Este não era eu, era uma nova versão, uma versão que eu queria explorar mais porque ela parecia mais livre e mais leve.
Sai do meu quarto e fui para a sala, olhei para as roupas que ia usar durante a semana e suspirei, eu precisava espairecer a cabeça e organizar toda aquela bagunça seria uma boa opção. Portanto, me concentrei em organizar tudo, colocando-as no quarto do meu pai e empilhando os sapatos na parede ao lado da cama, os demais acessórios coloquei dentro do guarda-roupas e os perfumes na cômoda.
Aquele era o meu novo futuro, eu virei um modelo, eu ia representar marcas, revistas, empresas, eu ia ser um garoto propaganda. Eu ainda não conseguia entender como aquilo tinha acontecido, mas agradecia, pois assim conseguiria dar uma vida digna ao meu pai, ele merecia, mesmo depois de tudo.
Suspirei e fui para a sala, olhei as pilhas de caixa e comecei a abrir, as caixas estavam com as poucas coisas que consegui trazer de casa, incluindo obras, livros e quadros, os quais guardei no escritório ao lado da cozinha. As poucas roupas que tinha trazido para o meu pai foram depositadas dentro de uma caixa e o seu fim seria a doação. Eu não precisava mais daqueles trapos, agora eu podia comprar roupas novas para ele, portanto, descartei tudo, eu vou comprar novas peças assim que ele receber alta do hospital. Agora eu posso, felizmente.
Faxinei a sala, a cozinha, os dois quartos, os banheiros, o escritório e o corredor, tudo ficou brilhando, extremamente limpo e cheirando a lavanda, eu amava tanto o cheiro adocicado dela, então me dei o luxo de inspirar seu aroma tão reconfortante. Tudo limpo, tudo organizado, estava na hora de seguir em frente, o passado não ia mais me atrapalhar, agora eu precisava cuidar do futuro.
Assim que terminei a limpeza fui até o banheiro e tomei um banho, depois me sequei e me deitei nu na cama, sentindo os lençóis de algodão acolhendo meu corpo com suavidade. Eu pretendia dormir, mas fui interrompido por uma ligação, era Siwon.
Siwon começou a fazer perguntas e eu falhei quando tentei mentir, ele começou a me pressionar e eu despejei tudo nele, contando tudo o que tinha acontecido e em como tinha me entregado ao HyukJae. Existia uma diferença muito grande entre o que eu podia falar para o Woo do que eu podia falar para Siwon.
Eunwoo era mais doce e quieto, ele não era tão pervertido e tinha dificuldade em exteriorizar seus desejos, então eu sempre falava sobre minhas experiencias superficialmente. Já Siwon, meu parceiro de sexo de tantos anos, era um homem aberto assim como eu, portanto eu podia lhe dizer tudo, contando-lhe os mínimos detalhes e eu não poupei nada, eu dividi tudo com ele, deixando-o sem palavras.
Siwon pensou e me perguntou se eu estava bem. Sim, eu estava bem, eu nunca me senti tão bem como eu estava me sentindo, mesmo que estivesse ansioso ou confuso em relação ao que eu desejava. HyukJae conseguia fazer isso, ele conseguia me proporcionar paz, mesmo quando eu me imaginava nu e amarrado de joelhos na sua frente, o conforto dele era maior do que minha ansiedade.
Ficamos conversando por duas horas, ele ouviu tudo atentamente e analisou o tom da minha voz ao receber minhas respostas, contudo, ao final da ligação disse o mesmo que Eunwoo...
(...)
- Em primeiro lugar, você precisa tomar um banho e descansar. Em segundo lugar, você precisava tirar um dia inteiro para pensar no HyukJae.
- Pensar?
- Você é um modelo agora, Hae. Você vai começar a frequentar boates e eventos de luxo, você vai começar a sair mais com os seus novos amigos e vai começar a ser convidado para participar de eventos da alta classe e ele vai estar lá. A família Lee sempre está em lugares assim, esse é o território deles, eles mandam em tudo.
- O que eu faço?
- É por isso que eu mandei você tirar um dia inteiro para pensar nele.
- Mas como eu faço isso?
- Quem tem que definir isso é você, não eu. O HyukJae quer explorar algo novo com você, isso é um fato. O Heechul me contou que ele só fechou o contrato com o Happy Home por sua causa e que toda semana ele pagava por duas sessões só para te ver, você era e sempre foi o único interesse dele naquele lugar.
- E o que eu faço?
- O que você quer do HyukJae?
- Eu não sei.
- Então pare e analise a situação. Escreva em uma folha tudo o que ele te faz sentir e tudo o que você espera dele, depois analise todas as palavras e chegue a uma conclusão. Se você chegar à conclusão de que não quer nada além de sexo, evite-o. Agora, se você chegar à conclusão de que quer mais do que sexo, defina um plano de ação e deixe acontecer.
- O Woo mandou eu fazer a mesma coisa... escrever pontos positivos e negativos.
- E você já levantou tais pontos?
- Não.
- Hae, você precisa fazer essa análise.
- Eu não consigo.
- Você consegue e deve fazer.
(...)
Eu precisava fazer isso, mas não conseguia, HyukJae me fazia sentir tantas coisas... mas eu não conseguia verbalizar essa avalanche de sensações e sentimentos. Era complexo... mas eu estava ciente, eu sabia que estava na beira do precipício e... por HyukJae... eu pularia.
* . *____*. *____* . *____* . *
~Lee Technology, segunda-feira
~Narrador POV ON
(...)
- Você não podia ter quebrado a sua barreira de segurança. – Kangin rosnou enquanto girava o copo de bebida sobre a enorme mesa de reuniões – Você sabe disso.
- O que eu poderia fazer? – HyukJae rosnou – Não somos robôs e constantemente as coisas fogem do nosso controle.
- De fato, as coisas vivem fugindo do nosso controle, mas não podemos nos tornar reféns destes momentos de recaída.
- Eu não me tornei um refém.
- Não? Você abandonou seus afazeres na sexta-feira e agora está quieto, distante, aéreo. – Kangin resmungou sarcástico enquanto se levantava para beber mais um pouco.
- Você acha que eu estou louco? – HyukJae perguntou impaciente, pois não queria prolongar o assunto do qual fugiu no sábado.
- HyukJae. – Kangin o chamou secamente – Você tem bons olhos e viu que o Donghae tem tudo para ser um sub perfeito. Você idealizou nele todas as suas fantasias e pagou para que ele as vivenciasse. Você quis provar para si mesmo que ele reagiria perfeitamente bem ao subespaço e conseguiu liderar uma sessão sado, depois você teve a coragem de tirar a sua máscara para tê-lo em suas mãos e dividiu com ele todo o seu desejo. – acusou e o empresário se moveu inquieto – Quando você achou que conseguiria trazê-lo para o seu mundo ele fugiu e você não pôde fazer nada a respeito. Por uma questão de sorte vocês se reencontraram e ele deixou você entrar na vida dele, mas isso não quer dizer que ele o quer.
- Kangin, eu...
- Para de idealizar coisas que não vão acontecer! – pediu rudemente e HyukJae suspirou – Eu estou preocupado com você! Você está caindo de joelhos! E se der tudo errado? Como você vai ficar?
- Não vai dar errado.
- Não?
- Ele é perfeito e não vai fugir.
- A Varvara e a Andrômeda são grandes dominatrix e, se elas afirmaram que ele era um submisso, eu acredito nelas. – comentou e HyukJae o encarou confuso, portanto se explicou quanto ao comentário aleatório – Enquanto você ficou flertando com o Donghae, elas ficaram de olho em vocês, elas disseram que o garoto que você algemou era um escravo formidável, sexy, intenso...
- Você está me julgando como se eu tivesse feito alguma coisa errada, mas eu não fiz nada.
- Você nunca foi assim HyukJae, você nunca foi desatento ou ansioso, mas está sendo desde que pisou naquele prostíbulo e se apaixonou por ele. – acusou e o empresário absorveu tudo em silêncio – Não adianta dizer que é só um jogo, você sabe que não é. Está na hora de você voltar ao mundo real e focar novamente em todos os seus compromissos, você está deixando a desejar em muitos pontos por causa de um homem que nunca será seu.
- Kangin. – HyukJae o chamou com o tom de voz baixo e o advogado o encarou – Quando você conheceu o Leeteuk, você se apaixonou imediatamente. Naquele dia o Leeteuk estava com o cabelo escuro e comprido, meses se passaram e você o reencontrou em uma festa, nesta ocasião ele estava com os cabelos extremamente claros e curtos e os seus olhos estavam delineados, a sua postura era totalmente oposta à que ele tinha na primeira vez que vocês se viram, mesmo assim você o reconheceu. Você o reconheceu porque os olhos dele eram únicos e porque o seu corpo reagiu fabulosamente bem à presença dele. Você se lembra disso?
- Como eu poderia esquecer? – respondeu com um sorriso bobo – Eu e o Teuk tivemos uma química absurda desde o primeiro encontro, eu não precisava vê-lo, bastava eu sentir a presença dele.
- É assim que eu me sinto com ele. – respondeu convicto e Kangin o encarou – Na hora que os meus olhos viram aquele belo homem dançando eu senti algo forte e eu fui na sua direção sem pensar em nada, eu só sentia uma necessidade absurda de estar com ele e ao ter os seus olhos intensos focados em mim eu me esqueci de tudo. Eu fiquei tão atônito com a presença dele que não consegui perceber quem ele era, mesmo quando eu senti o seu perfume adocicado e tão suave ou o leve aroma de canela na sua pele. – explicou e Kangin suspirou.
- Você vai apostar tudo neste relacionamento?
- Sim.
- E como você pretende testá-lo? Quero dizer, você não pode simplesmente pedir para a SunLee aprovar a admissão dele e depois encarar uma fuga porque ele caiu na real e percebeu que tudo isso não era nada do que ele imaginava. – resmungou.
- Ele nasceu para ser um submisso, Kan. Tudo nele remete a submissão mais crua e natural possível, ele é perfeito e eu vou ajudá-lo a aflorar este lado.
- E como você pretende provar isso? Você está idealizando um relacionamento com o Donghae enquanto ele pode estar idealizando apenas uma boa foda.
- O que você sugere? – perguntou curioso e o amigo sorriu.
- Sexta-feira nós vamos no evento beneficente da senhora Chang e ele vai estar lá.
- Vai?
- A Vogue é uma das patrocinadoras e com certeza os seus quatro modelos participarão. A direção da Vogue não deixaria de incluí-los, afinal são quatro homens que se destacam e vão servir perfeitamente como marketing para a sua nova coleção.
- E o que o evento tem a ver com o teste que você sugeriu?
- Sexta-feira também é a festa do Changmin na Blue Avenue.
- Você está insinuando que...
- Convide-o. – falou sério e HyukJae estreitou seus olhos – Se o Donghae for nessa festa ele verá o BDSM na sua forma crua e nua, ele verá submissos e dons, escravos e seus proprietários, submissos independentes e dons livres buscando um jogo erótico e sensual. Ele vai ver pessoas nuas e vestidas, recatadas e eróticas, ele vai ver pessoas dançando em pole dances e pessoas dançando no colo dos seus dons. Ele vai conhecer os seus amigos e vai ver de forma pratica o seu mundo. Será uma boa experiência para ele, assim ele conseguirá dimensionar o nosso mundo, afinal as palavras não são suficientes para descrevê-los.
- Não será demais para ele?
- Se for demais, você se afasta. – falou sério – Se não for, invista.
HyukJae suspirou e virou o copo de whisky, sentindo a bebida arranhar a sua garganta enquanto Kangin o observava com um sorriso tentador. Essa era uma boa ideia, mas será que Donghae toparia?
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