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História Subversiva - Capítulo 15. - História escrita por Kah_9uchiha - Spirit Fanfics e Histórias
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História Subversiva - Capítulo 15.


Escrita por: Kah_9uchiha

Notas do Autor


Vou começar essa Nota com uma regra: você é livre pra imaginar os personagens do jeito que quiser, afinal de contas, o legal da leitura é usar a imaginação e criatividade à vontade.

Digo isso porque hoje decidi trazer na capa do capítulo uma representação de Sasuke e Itachi. Na minha cabeça, eles são exatamente assim em Subversiva. Lá na minha TimeLine eu compartilhei o link do site que tornou possível a criação dos dois.

Vejam e me digam o que acharam! Eu estou completamente apaixonada pelos irmãos Uchihas. O Sasuke então... mas é aquilo né, espero que não altere em nada da forma como vocês gostam de imaginá-los.😊

Boa leitura!

Capítulo 16 - Capítulo 15.


Fanfic / Fanfiction Subversiva - Capítulo 15.

 

— Não ligue para as bobagens que a Ino diz. — falou Hinata depois que se acomodou em em minha cama.

 

Horas depois do jantar, ela vem me visitar minutos antes das luzes do palácio serem apagadas.

 

Estou sentada na cama, com minhas pernas cruzadas enquanto a observo deitada de lado sentindo-se mais confortável em me visitar às noites. Estamos vestindo pijamas, e imagino que essa seja uma cena comum entre melhores amigas. Pensar nisso me aquece o meu coração.

 

— Eu não ligo. Acho que sou forte o suficiente para lidar com esse tipo de coisa. — digo confiante disso. Afinal de contas, aparência nunca foi algo questionável de onde eu vim. — Mas me preocupo com o modo como ela pensa. Isso não me machucou, mas poderia ter machucado outra pessoa.

 

Hinata franziu as sobrancelhas pensativa.

 

— Na verdade, eu me senti horrível. — disse ela, meio hesitante.

 

Olho para ela e vejo que Hinata é a única diferente de nós cinco, se for pra falar de aparência. Ela é um pouco mais cheinha, tem seios grandes e bochechas salientes.

 

— Sei que vai parecer bobo da minha parte, mas me senti horrível pelos aldeões de onde eu vim. — olho-a com mais curiosidade enquanto fico imóvel. Acho que nessa horas eu quase nunca sei como reagir. — Já vi alguns, e parece que todos eles seguem um padrão de magreza, mas sei que é por conta da desnutrição. E ouvir a Ino dizer aquilo me fez lembrar deles. Tão magros, mas mortos de fome.

 

Engulo em seco e mesmo que não estivesse, suas palavras se referem à mim. Quero poder compartilhar com ela do quão está certa sobre isso, ou em como é a experiência de viver entre os inferiores, mas não posso me dar ao luxo de desabafar sobre a minha realidade.

 

Me encolhi em meus ombros quando decidi fazer uma pergunta retórica, tão baixinha que parecia que a qualquer momento eu iria contá-la o meu segredo:

 

— Eu faço você lembrar deles?

 

Hinata me encara, e então me analisa. Seus lábios se movem, deve estar achando uma forma de não soar indelicada. Mas não importa o que ela dissesse, eu carrego a verdade e somente eu sei o peso dela.

 

— Bem… talvez, um pouco. — ela gagueja e rapidamente senta de frente para mim. A cama é enorme, mas nossos joelhos estão colados. — Eles são pálidos e tão magros. A maioria parece não ter esperança.

 

Pisco tentando suportar a dor no coração. Por mais que eu saiba o que me fere e não, aquele momento torna-se impossível. Acabo lembrando de todos que deixei para trás, eles continuam com esses mesmos aspectos.

 

— Mas claro que você não é eles. — rapidamente tentou se corrigir, dando um sorriso desengonçado. — Quando a vi pela primeira vez eu tive essa impressão, mas agora parece que você tem recuperado as forças.

 

Assenti para ela me desfazendo daquele torpor que seu comentário me envolveu.

 

— A morte da minha mãe ainda tem me afetado bastante. — dou uma rápida desculpa. — Tenho vivido um dia de cada vez, mas essa simulação maldita sempre me leva à estaca zero.

 

— Eu sinto muito, Saky. — ela toca meu braço esquerdo enquanto vejo que seus sentimentos de pesar são reais. — Você não precisa relembrar agora, mas também que se quiser desabafar…

 

— Não, tudo bem. Acho até melhor evitar.

 

— Ok.

 

Ela sorrir aliviada em não poder termos que continuar naquele assunto desagradável que era sobre uma morte que nunca ocorreu. Não posso julgá-la. Falar sobre a história da morte da mãe Saky é mais estranho do que apenas ter que carregá-la.

 

— Por que os aldeões de Ferro vivem na miséria? — pergunto-a e ela arregala os olhos surpresa.

 

Pelo que me contou, sua vida inteira fora na bolha da sede da Aldeia de Ferro. Mas ela viu a realidade, e aquilo a seguiu até agora. Talvez tivesse ido atrás de respostas, e eu adoraria que fosse isso.

 

— Bem, segundo o meu pai, eles vivem daquele jeito por ter subestimado a realeza décadas atrás. — arqueio as sobrancelhas insinuando surpresa, mas já sei desta história porque minha mãe me contava. — Parece que os ancestrais do povo de lá que foram os primeiros a habitarem a Aldeia, não eram tão privilegiados como os outros aldeões, então eles ficaram com os trabalhos que mais ninguém queria fazer. Décadas se passaram isso gerou uma revolta quando alguns aldeões perceberam que não tinham os direitos que mereciam, então houve uma manifestação.

 

Estou acentindo, mas já estou familiarizada com cada palavra. Ela continua.

 

— Essa manifestação gerou uma revolta de fúria no antigo rei, Shisui Uchiha. Então ele diminuiu a remuneração dos trabalhadores dizendo que o valor retirado seria investido na segurança dos aldeões de lá. Foi quando surgiu a Instalação Militar.

 

Segurança. Preciso conter o riso enquanto a palavra soa quase como uma piada. Então é nisso em que todos acreditam? Que a rebeldia dos trabalhadores que se sentiam desvalorizados, resultou numa instalação militar que por vez, nos davam segurança? Não. A história não é bem essa, e me seria um tanto surpreendente se de fato, a realidade da Aldeia de Ferro fosse um tanto distorcida para o resto das pessoas. 

 

Isso eu não poderia suportar.

 

— Acha que foi uma grande conquista para os aldeões de lá? — pergunto curiosa e Hinata dar uma risadinha.

 

— Você é a primeira pessoa fora da minha aldeia que pergunta por eles à mim, sabia?

 

Dou de ombros, relevando a minha curiosidade para não parecer tão interessada, já que normalmente um aldeão do Sol não faria essas perguntas. Por isso eu acredito no que Hinata diz.

 

— Mas respondendo a sua pergunta, eu não confio em homens que seguram armas. — ela diz um pouco temerosa. — A mesma que pode proteger, é a mesma que pode matar. Então acho que não gosto da ideia.

 

— Compreendo. — é o que consigo dizer, mas por dentro estou louca para dizer o que eu acho.

 

E o que eu acho, é que há uma grande diferença entre a instalação militar e a guarda real. A instalação militar é hostil, esperando qualquer vacilo para puxar o gatilho; eles não querem nos proteger, querem nos assustar e exalar dominância. Enquanto a guarda real parece divulgar a imagem do que seria a instalação militar para o resto das pessoas; tropas perfeitas e incorruptas. É isso o que eu acho. E isso embrulha o meu estômago.

 

— Se um dia eu me tornar a rainha, irei dar visibilidade aos aldeões da minha aldeia. — Hinata diz destemida e não consigo evitar o sorriso de orgulho.

 

Não sei se antes eu tinha uma torcida, mas se tem alguém que deve ganhar esta disputa, está pessoa é Hinata. Se ela conseguir mudar as coisas como rainha, talvez eu consiga voltar para casa algum dia sabendo que não precisarei mais me submeter a tarefas arriscadas para ter que salvar a vida daqueles que eu amo.

 

Sorrio para ela de volta, crente de suas vontades.

 

— Eu espero que sim. — falo por fim.

 

¥


 

Acho que estou aprendendo a suportar a simulação. Quer dizer, parte sua ainda me destrói, mas percebo na pior das situações de que aquele é o único meio que tenho para rever o rosto da minha mãe. Então ao invés de questionar tudo ao meu redor ou o porque daquilo acontecer, eu aproveitei os segundos com ela. Lembrei de seu rosto que eu tinha tanto medo de esquecer.

 

E se eu não voltar mais? Pegava me perguntando, mas meus pensamentos são altos, como se saíssem de caixas de som. Isso é errado, pode me entregar. Mas tenho me arriscado muito. Corajosa, estou sendo corajosa. Se arriscar é sobre ter coragem. Enfrentar o medo ou o errado. Muitos dirão que é loucura, mas quase ninguém verá como coragem.

 

A simulação acabou há alguns minutos. Não obtive nenhum sucesso, para variar, mas também soube lidar melhor do que a primeira e segunda vez. Kabuto até me elogiou sobre a forma como estou me adaptando a tecnologia e as lembranças dela, mas ele não faz ideia de como eu transformei o medo que aquilo me causava, na única forma de refúgio familiar.

 

Isso não significa que me acomodei ao sistema deles, ele ainda me incomoda muito. Mas há maneiras de tornar umas situações menos piores, e é o que eu faço com a minha simulação.

 

Quando deixo a sala para trás, estou levando comigo um saco com algumas vitaminas que Aisha aconselhou serem boas para a minha “recuperação”. Todos acreditam que a razão da minha desnutrição é a súbita morte da minha mãe inventada, mas o nível de avanço faz parecer que tenho um histórico com a forma em que me alimento. E seja o que for, só não posso fazê-los descobrir a verdade.

 

Estou a caminho do palácio quando vejo uma movimentação estranha próximo a escadaria. Há grunhidos e o farfalhar nos pedregulhos. Estranhamente, não há guardas, e só quatro caras fardados lutando contra Sasuke. Ele de novo. E desta vez, o desafio parece ser maior. 

 

Não sei se é apenas um treinamento ou se eles estão de fato brigando seriamente, mas decido ficar atrás da parede, observando-os de longe onde parece mais seguro e também onde eu consiga espioná-lós. E como eles parecem mais concentrados em produzir seus movimentos, começo a acreditar ferozmente que é mais um treino. Um treino bem diferente, e que o príncipe parece estar se saindo bem ao ver por seus movimentos habilidosos e ótimos reflexos em golpear e se proteger.

 

Deixo minha mão esquerda agarrar a quina da parede de pedra com força. Por mais que eu esteja observando tudo de longe, cada vez que um deles acerta Sasuke eu acabo me contraindo. Sinto por um momento que sou ele, que aqueles socos são em mim, e é inevitável não lembrar de Hidan. Tento na maior parte do tempo não torná-lo significante, mas ele é uma parte da minha história.

 

Mas ao invés de olhar e vislumbrar os olhos de um castanho tinto de Hidan, vejo os olhos negros de Sasuke. Ele me encontra, mas é tão rápido que acho que isso não aconteceu. Que ele olhou algum ponto perto, mas não o suficiente para notar a minha presença. Ainda assim, eu me escondo na velocidade da luz atrás da pedra, sentindo a respiração ofegante por ter sido flagrada.

 

E então, subitamente eles param. Não há mais gemidos ou pedregulhos sendo pisoteados, e sim, apenas o silêncio comumente daquela ilha do palácio. Das árvores e do mar. Ao longe, alguns guardas marcham, e é só.

 

Não, ele não me viu. Foi rápido demais. Se viu, deve achar que viu errado.

 

— É feio bisbilhotar, menina. — ele diz matando todas as minhas dúvidas. 

 

Saio detrás da parede mais rápido do que eu gostaria. Por que simplesmente não segui meu caminho por um outro trajeto? Por que eu me submetia a esses encontros desconfortáveis?

 

— Eu não estava bisbilhotando. — me defendo.

 

Sasuke está ajeitando as ataduras em suas mãos tão alvas que posso ver os machucados vermelhos nos nós de seus dedos. Ele parece cansado, mas não derrotado. Sua respiração é ofegante e a sua postura de alguém que sabe que tem poder. Não me surpreenderia se ele fosse uma cópia de crueldade do pai, com um pouco da ambição do irmão.

 

— Então estava contando os tijolos da parede? — ele olha para mim com um sorriso de lado, tão presunçoso e debochado. Embora seja tão bonito, não me atrai por estar sendo arrogante.

 

Franzi os olhos em sua direção

 

— Eu estava vendo um bando de machos brigando no meio do caminho. — respondo sem me importar com as consequências.

 

Não sei o que acontece. Mas Sasuke tem uma coisa que não desperta o melhor de mim. Não é como Itachi, onde eu preciso ser amável e gentil o tempo todo.

 

— Pois eu dispensei os guardas para que você tivesse o caminho livre. Imaginei que fosse incapaz de nos contornar e subir pela outra parte da escada. — rebateu calmamente, dobrando os últimos centímetros da atadura que restava.

 

Olho-o com desconfiança, não gosto do seu tom, não gosto do seu jeito. Ele age como se tivesse o rei na barriga. Mas ele é um príncipe, e isso o dar mais motivo ainda para ser assim.

 

— Foi uma grande gentileza sua. — ando me aproximando de si para alcançar os degraus, e quando estou lado a lado com ele, preciso subir um degrau para ficar a altura do seu ombro. — Mas não precisava, eu imaginei que você fosse ter um pouco de educação mesmo e deixar uma dama passar.

 

Subo os degraus sentindo minhas pernas bambas. Acabei de confrontar um príncipe que luta como um profissional. Não foi algo terrivelmente ofensivo, mas eu podia sentir as faíscas entre nós. Ele não gosta de mim, e isso é visível.

 

— O que você me disse no jantar, naquela noite — ele fala comigo e eu paro já no topo da escadaria. Viro-me em sua direção, mas ele fala apenas por cima do ombro, evitando o máximo possível de contato. — foi inútil. Eu já sei que sou bom no que eu faço.

 

Dou um sorriso descrente. Não consigo acreditar que ele não seja tão diferente do irmão. Naquela noite achei estar fazendo a coisa certa em colocá-lo para cima ao ver a descrença que o próprio pai tem em si, mas Sasuke não parece se importar com isso.

 

— Não me parece que foi inútil para o seu ego. — digo e vou embora, em passos firmes e apressados.

 

Não gosto de pessoas como Sasuke. Talvez eu até os suportasse se não tivesse a intenção de ser o melhor, mas nunca soube lidar com egos inflados; embora eu seja obrigada a lidar com o de Itachi, Sasuke não era uma exceção.

 

Eu não deveria me importar, mas isso me irrita. Antes foi a Ino, agora, Sasuke Uchiha. Quem mais iria querer me colocar para baixo? Não sei, mas também não estou afim de saber e espero que não aconteça. Embora toda a hostilidade da instalação militar na minha aldeia, sou acostumada a lidar com pessoas humildes.

 

Temo que em algum momento essa maldade envenene o meu coração. Mas não posso. Não posso porque eu sei que devo ser forte a esses ataques que só me afetam por eu ser a Sakura, e não apenas a Saky.

 

Estou no caminho do vestíbulo quando passos apressados atrás de mim abafados ecoados pelo solado pesado de uma bota me alertam. Algo dentro de mim se retrai e lembro dos soldados da Aldeia correndo atrás de alguém para tirar satisfações, mas olho para trás e não é um soldado, é Sasuke. Não sei se fico aliviada por isso. Ele não parece nada contente.

 

— Karin nunca me contou que tinha uma prima. — falou em disparada enquanto avançava na minha direção feito uma bala.

 

Meu coração bate mais forte, e não sei se é porque ele faz um comentário inesperado ou porque está tão próximo que posso perceber o suor em seu rosto.

 

Tento não ficar nervosa diante da saia justa. Jiraiya contou que eles eram muitos próximos, e eu mal sei qual era a cor do cabelo dela. Ele nunca me mostrou uma foto da filha, e se não fosse pelas pessoas que a conheceram, eu teria duvidado da existência dela.

 

— E ela deveria ter contado? — questiono para ganhar tempo para me recuperar, para saber o que fazer. 

 

Ele maneou a cabeça.

 

— Talvez fosse tão insignificante que ela nem fizesse questão. — seus olhos me estudam, e isso me incomoda além da ofensa. — Mas eu a conhecia bem, e família era uma coisa que ela priorizava sempre. Então se tivesse uma prima, ela teria me contado. E teria sido a melhor amiga dela porque Karin não tinha amigas.

 

Engulo em seco porque além de ser um interrogatório, era uma acusação. Onde eu estive para não fazer parte da vida social de Karin? Não sei o que inventar. Ainda não sei se sou uma boa mentirosa, mas consigo decifrar rapidamente o que as pessoas esperam de mim. E Sasuke Uchiha espera que eu seja a vilã. Espera que eu seja uma pessoa horrível que não teve a decência de estar presente na vida de Karin. E isso pode custar caro tanto na minha estadia quanto com o meu desenvolvimento com Itachi.

 

E se todos ali passarem a me odiar por isso? Talvez não aconteça. Shizune pensou nisso antes de eu entrar. Ela imaginou que alguém fosse questionar sobre a minha relação com Karin, mas talvez nunca imaginássemos que o príncipe Sasuke fosse o principal pioneiro nisso.

 

— Não crescemos juntas. — Shizune me aconselhou a nunca desviar os olhos da pessoa que estou mentindo, mas me agarro aos olhos crus de Sasuke para que ele não só veja verdade em mim, mas porque são extremamente magnéticos. — E não acho que você deva saber o porquê, não devo nada a você.

 

O esnobo, e espero que ele me reprima por isso, mas suas palavras ainda me soam como um afronte.

 

— Ela era a minha amiga. É meu dever saber. — ele quase rosna, mas não acho que vá me morder.

 

— Então ela que deveria ter contado a você. — continuo a esnobá-lo. — Esse papel não cabe à mim.

 

Quero ser a que vai dar a última palavra, então me viro nos calcanhares pronta para ir embora, mas sou surpreendida por dedos fortes que me seguram mantendo-me no mesmo lugar. 

 

Olho para Sasuke tanto surpresa quanto confusa. Não quero dar o braço a torcer, mas também não quero me tornar seu alvo. E pelo seu olhar duro, acho que já me tornei.

 

— Se você quer ser a futura rainha, uma hora toda a história da sua vida será um livro aberto. — seu tom é quase ameaçador. — E isso não é uma dica, é um aviso.

 

Eu deveria estar morrendo de medo, mas não estou. A única coisa que eu gostaria de entender, é o porquê dele estar pegando no meu pé. Deveria ser por algo que eu disse, mas ele também não foi a pessoa mais gentil comigo.

 

— Ou é uma promessa de que você não vai me deixar em paz enquanto eu estiver aqui? — pergunto-o.

 

— Não sou de correr atrás. Geralmente, a verdade chega até mim. Uma hora ou outra.

 

Meu corpo estremece e espero que ele não tenha sentido. Mas Sasuke soa como se ele soubesse do meu disfarce, ou se suspeitasse de algo. E isso não é nada bom.

 

— Não será eu que irá servi-la a você. Então até lá, é melhor esperar sentado. — rebato calmamente, para que ele saiba que eu também não farei questão em tocar neste assunto.

 

Puxo meu braço que ele segura, mas Sasuke não parece disposto a me soltar. E por mais que eu tente ser tão bruta quanto uma joia, não consigo negar que a forma como ele me olha tentando espreitar a minha alma acaba me deixando nervosa.

 

— Saky? — A voz inesperada de Itachi nos tira daquele torpor. Por quanto tempo estávamos nos encarando, mesmo? Itachi se aproximou confuso, mas Sasuke não parece convencido a me soltar ainda, e isso chama a atenção do sucessor ao trono. — Será que devo perguntar o porquê desta aproximação?

 

Ele está desconfiado. Agora fico nervosa de verdade, mas Sasuke parece tranquilo e toma rédeas da situação.

 

— Eu estava aconselhando a srta. Senju de que não é seguro andar entre os guardas durante o treinamento. Principalmente na Tenda.— percebo que o tom dele muda para algo mais casual, sem querer intimidar alguém, mas sim, parecer coerente.

 

Itachi me olhar incrédulo e quero bater em Sasuke por ter jogado uma bomba sobre mim.

 

— Não acha meio perigoso, srta. Senju? — Itachi questiona com toda a sua elegância e tranquilidade. — Há restrições nos termos onde você e as outras garotas evitem tais áreas, pois são selvagens demais para damas como vocês.

 

Olho rapidamente para Sasuke que me solta e sorrir de canto. O canalha está sorrindo! Ele está achando aquilo engraçado!

 

— Garotas não podem ser selvagens também? — acabo questionando com agressividade enquanto sinto um emaranhado de sentimentos primitivos tornando-se em uma bola desgovernada.

 

Itachi parece meio chocado, e Sasuke fica acompanhando o show de perto. O show que ele deu início.

 

— Eu apenas não quero que nenhuma de vocês se machuquem. — ele diz num tom preocupante, mas também não responde a minha pergunta. No entanto, aquele seu comentário desencadeia algo que eu havia decidido poupá-lo, mas que agora tornou-se impossível.

 

— Então deveria interromper as simulações. Deveria deixar-nos escolher como gostaríamos de fazer as coisas funcionarem. Porque caso não saiba, mesmo que não seja real, machuca. Me machuca toda vez que preciso ver a minha mãe morrer de novo e de novo!

 

Pronto, falei. Uma chama dentro de mim torna-se calma, mas depois do desabafo a coisa toda parece ter sido um erro. Só o fato de estar aqui é um erro, e já muito tarde, descubro que aquilo tudo é culpa minha.

 

Itachi irá me mandar embora, irá desistir de mim por contrariar o método deles, como se já não bastasse o fato de não ser filha de Jiraiya.

 

Não sei o que vai acontecer, mas Itachi está plácido e não parece que vai fazer o pior. Porém, ele já tem planos para mim.

 

— Vamos antecipar o nosso passeio de amanhã para hoje à noite. — O sucessor olha de mim para Sasuke, e então para mim de novo. — A vejo mais tarde aqui, antes do jantar.

 

Nosso encontro está marcado, mas prevejo que irei decepcionar Jiraiya, e que isso não será muito lucrativo para a minha família.

 

Itachi sai continuando o seu caminho em direção à entrada do palácio. Sasuke continua ali, mas estou em choque demais para querer gritar com ele, ou simplesmente dizer qualquer coisa à ele. E a minha falta de reação faz com que o mesmo se aproxime mais um pouco e diga baixinho:

 

— Garotas selvagens vão do céu ao inferno, então cuidado para não se queimar com fogo.

 

Ele diz e passa por mim rapidamente, tornando aquele momento um borrão, uma questão pairando no ar. Eu poderia agradecê-lo pela dica, mas ao que tudo indica, Sasuke está longe de ser o céu, e sim, um pedacinho do meu inferno naquela corte.


 

¥


 

Contar ao Trio de que eu me encontraria com Itachi naquela noite despertou um clima de desespero entre as três. Elas podiam já ter tudo planejado para a ocasião que seria no outro dia, mas não combinaria com a que está prestes a acontecer, e por isso elas se desesperam.

 

Tenho achado que Itachi vai me punir pelo que eu disse mais cedo. Confrontar a realeza não é a coisa mais inteligente a se fazer, mas é algo que venho instigando desde o momento em que cheguei. Então não seria uma surpresa caso ele me mandasse embora, e eu não queria estar toda produzida para essa ocasião. Mas mesmo assim, sou colocada em um vestido vermelho de mangas deitadas, deixando um decote generoso como uma forma de apelação; mesmo que eu não tenha tanto conteúdo na parte de cima para exibir.

 

Meu cabelo é escovado para o lado e preso por uma linda fivela de um ramo de oliva. Ainda não estou acostumada aos sapatos, mas calço uma sandália de salto e então estou pronta, quando poucos minutos depois um guarda bate à porta do meu quarto e me convida a segui-lo.

 

Quando deixo o quarto, olho para o Trio, com medo de ser a última e súbita vez em que as vejo. Elas não parecem nervosas, estão sorridentes, devem achar que Itachi já tem a sua favorita. Porém, ouço as batidas do meu coração ressoar atrás dos meus olhos e abafadas em meus ouvidos. Devem ter descoberto algo de diferente na minha simulação, e que foi o suficiente para saber que sou uma farsa; ou então, Itachi não gostou da forma como me posicionei, e agora vai me condenar por isso. Ou o seu pai, pois ele é o detentor da crueldade.

 

Fico pensando nisso e mais um pouco, e quase nem reparo que o guarda está me levando para o jardim. É a primeira vez que o vejo a noite, e fico encantada pelos jogos de luzes douradas que iluminam as trilhas de cascalhos e as flores multicoloridas e os arbustos bem aparados.

 

Estamos adentrando o jardim. Passamos pelas formas que o verde ali fazem, tornando tudo uma espécie de labirinto. Não, tenho certeza de que é um labirinto quando me aproximo e vejo que as sebes tem dois metros de altura e tornam-se misteriosas e instigantes.

 

O guarda para logo à entrada, ao lado do arco.

 

— Siga as únicas lamparinas acesas. — ele diz roboticamente e se instala ali.

 

Tenho medo. A princípio, me parece uma armadilha, mas sei que não há nada a temer. É só um labirinto, e que está devidamente me mostrando o caminho. Então, sem querer parecer hesitante demais, dou uns passos até estar abaixo do arco. A minha esquerda, vejo a primeira lamparina acesa, e é por ali que eu vou.

 

Não sei porque, mas vou dizendo baixinho os caminhos que tomo. Esquerda. Direita. Subo uma direita, e então mais outra. Desço, esquerda. Desço, esquerda de novo. Subo, direita e de novo. Há uma sensação de medo misturado a estranha sensação satisfatória de perigo. Se não fosse pelas lamparinas, eu estava afundando em pavor, mas como elas estão ali, o processo até que é divertido. Mas todo aquele zigue-zague me deixa tonta e me faz pensar que nunca chegarei ao meu destino.

 

Começo a achar que Itachi me odeia por me trazer ali. Até que dobro a esquerda e o corredor de sebes mostra o centro do labirinto. Parte de mim se alivia por tê-lo encontrado, mas uma outra fica frustrada pela diversão ter acabado.

 

Encontro uma mesa de piquenique de pedras ordenada por uma toalha vermelha, e por candelabros e pratos e talheres dourados postos à mesa. Há duas taças e um decanter com vinho. Alguns alimentos tampados por domas de vidro, e apenas uma única rosa traz o toque meigo a decoração, deixando-a mais simples e intimista o possível. E não consigo evitar em perceber que acidentalmente acabei combinando com a ocasião.

 

— Aí está você. — diz Itachi saindo do canto. Com o seu comumente dólmã preto de detalhes dourados. — Confesso que fiquei meio receoso sobre você não conseguir vir sozinha.

 

Sorrio para ele. E desta vez não é algo forçado. Acho que estou naturalmente admirada, e não preciso fazer esforço para tal. Eu sempre ouvi falar sobre encontros românticos, que na minha Aldeia, basicamente são com algumas velas, suco e um pouco mais de comida à mesa, geralmente sempre no campo de herbáceas. Kiba nunca precisou me demonstrar algum tipo de romantismo, não era isso que queríamos quando transávamos. Mas, Naruto… ele sempre me levava para ver as estrelas ou nadar no laguinho raso, e eu me perguntava se aquilo era uma espécie de encontro para ele.

 

— Consegui surpreender você? — pergunto um tanto exibida. Mas acho que estou apenas me deixando levar.

 

— De todas as formas. — falou ao se aproximar de mim, olhando-me de cima abaixo, até soar baixinho. — Você está linda demais, srta. Senju.

 

Meu sorriso se abre mais uma vez, tão fácil que me assusto.

 

— Obrigada, alteza. Você também está muito bem. — digo sem jeito. Não sou acostumada a elogiar muitos garotos. — E esse jantar, é a coisa mais linda que eu já vi.

 

As sobrancelhas de Itachi franzem desdenhosas.

 

— E eu achando que estava simples demais. — comentou.

 

— Não. Está perfeito! — esclareci e ele adotou uma expressão orgulhosa.

 

— Eu quase nunca erro. — ele me oferece sua mão. — Por favor?

 

A aceito. Ela está fria e é tão macia. Macia demais para um homem. Mas quando ele se inclina para baixo e despeja um beijo no dorso da minha mão, sinto seus lábios quentes que enviam uma corrente elétrica para meu âmago. Prendo a respiração por dois segundos, até que ele esteja ereto e olhando-me como se soubesse o efeito que causara com aquele ato singelo.

 

Ele me guia até o banco da mesa e então me serve um pouco de vinho.

 

— Dispensei os empregados. Eu queria que esse nosso encontro fosse o mais intimista o possível. — explicou. — Até porque, acredito que quanto mais eu estive sozinho com uma de vocês, melhor.

 

Ele deixa o decanter sobre a mesa, dá a volta, e se senta de frente para mim.

 

— A noite está linda. Céu estrelado e sem nenhuma nuvem de chuva. O que é raro de ser ver no outono. — continuou falando. E falar parecia ser o que ele gostava muito de fazer.

 

— Kaguya parece estar a nosso favor essa noite. — digo parecendo muito devota a deusa.

 

— Kaguya. Claro. — de repente, Itachi parece um pouco desconcertado. — Mas acho que a natureza rege sozinha. Kaguya deve estar muito ocupada fazendo outras coisas de deusa.

 

— Como abençoando outras pessoas? — pergunto e ele se serve do vinho, enquanto parece ter provado algo azedo.

 

— Certamente não. Kaguya abençoa apenas pessoas da realeza, e herdeiros dos senadores.

 

— E como explica o meu caso? 

 

Ao deixar o decanter na mesa com um pouco mais de brutalidade do que eu esperava – o que me fez pensar que este assunto o deixa desconfortável –, Itachi me olhou seriamente ao debruçar um pouco sobre a mês, encurtando a distância entre nós dois.

 

— Eu acredito que você seja uma exceção. Um tipo de aviso da deusa. O que de certa forma, nos trouxe a este encontro antecipado. 

 

Um balão dentro de mim parece se encher em alívio quando ele diz isso. Estive com medo de ser punida, mas parece que as razões que me trouxeram aqui são para falar mais a respeito de eu ser uma abençoada fora da caixinha. Por ora, respiro aliviada.

 

— Que tipo de aviso? — Não deixo de perguntar curiosa.

 

Primeiro, ele bebe um pouco da sua bebida, depois pigarreia para se prepara. Começo a achar que o assunto é sério também.

 

— De que a nossa Aldeia merece uma chance. — ele começa. — Fazer o Ritu sem uma integrante da Aldeia do Sol seria muito doloroso. Por anos, todas as rainhas de Andarelly foram mulheres nascidas e crescidas na Aldeia do Sol.

 

Meus olhos se arregalaram diante desta informação.

 

— Isso significa que tenho uma vantagem? — pergunto automaticamente e Itachi solta uma gargalhada que me sinto constrangida.

 

— Para ser franco, a sua única vantagem é a sua benção, srta. Senju. Mas o que eu quero dizer com isso, é que unindo o útil ao agradável, tornam as coisas mais fáceis para mim.

 

Arqueio uma sobrancelha. Por mais que ele deboche, ainda parece o que está parecendo.

 

— Então eu tenho chances de conseguir me tornar a sua esposa? — insisto acabando não ficando surpresa, mas sou tomada por um choque de realidade.

 

Ele dá de ombros.

 

— Talvez. Se você se esforçar em aceitar os nossos termos.

 

— Então é isso. — algo murcha dentro de mim. — É sobre o que eu disse mais cedo, não é?

 

Assim que dá outro longo gole em sua bebida, Itachi maneia a cabeça pensativo. E quando sentiu-se pronto, falou:

 

— Kabuto já havia me avisado de sua aversão com a nossa tecnologia. Assim como Mei me falara sobre as suas emoções afetadas. Mas acho que tudo tem um preço. E eu imagino que deva ser bastante doloroso para você, mas para ser a futura rainha de Andarelly, carece ter punho forte.

 

— Eu já entendi. Não é a primeira vez que ouço isso. — dou de ombros, me sentindo decepcionada com a sua abordagem, e não sei porquê, isso nem deveria ser uma surpresa. Mas fico imaginando como Hinata reagiria ao descobrir que ele levanta a bandeira para aquela tortura psicológica. — Acho que esperava que você fosse aliviar mais a barra para nós, já que não quer que a gente se machuque.

 

Itachi dar uma risadinha e me olha como se eu fosse uma tola.

 

— A dor mental é uma projeção da fraqueza humana. A única e verdadeira dor é a dor física. 

 

Franzo as sobrancelhas com aquela sua observação fria. Ele toma o vinho com rapidez, não parece ligar muito para as próprias palavras.

 

— Está supondo que sou fraca? — O questionei e ele engasga, levando a mão ao peito pela acusação.

 

— Absolutamente não, srta. Senju. — seus dedos gesticulam e percebo que ele usa finos anéis em todos eles; ouro, com certeza. — Estou apenas dizendo que há uma opção de se libertar daquilo que lhe mantém estagnada. Eu vejo um grande potencial em você.

 

Mais uma vez isso. Será que sou a sua favorita só por “ser” da mesma Aldeia que ele? É visível a preferência da realeza por moças daqui, mas isso não parece ser a única questão, no final das contas.

 

Quando estou pensando nisso, ele aponta para a minha marca. Seus olhos estão fixos nela, tenho aprendido a não gostar disso, sinto que estão vendo uma parte nua de mim.

 

— Você sabe que tem uma grande vantagem no jogo. — falou com a sua voz aveludada. — Use isso ao seu favor.

 

Sorrio para ele e tomo um pouco do vinho. Está natural, seco e forte. Mas depois o sabor no paladar torna-se agradável.

 

— Achei que chegar ao seu coração fosse um ótimo jeito de conseguir subir o altar com você, alteza. — ironizo, lembro de Naruto. Mas acho que Itachi não percebeu que isso tratava-se de um deboche interno que eu fazia ao seu respeito quando na minha verdadeira aldeia.

 

Itachi inspira o ar pela boca, surpreso. A princípio, as palavras parecem lhe fugir. Acho que o deixei sem reação, mas não sou boa na arte da atração, então talvez tenha sido um ato de sorte que o deixou assim.

 

— Eu certamente irei me apaixonar pela mulher mais forte nesta competição. — falou com suavidade, mas isso eu já esperava.

 

— Entao não há problema em eu ir até a Tenda? — aproveito a brecha para aquele assunto, e Itachi suspira fortemente.

 

— A Tenda é um lugar primitivo com um bando de homens que parecem querer aumentar o ego ou o fato de terem paus pequenos naquele lugar selvagem.

 

Arregalo os olhos diante de seu comentário inesperada em minha presença; não que eu fosse uma dama ingênua para estar completamente surpresa, mas estou.

 

— Seu irmão parece gostar da Tenda. Isso deve dizer alguma coisa sobre ele? — seguro uma risada.

 

Itachi estava levando a taça até a boca quando após a minha pergunta, ele para e me olha atentamente. Arqueio uma sobrancelha. Espero que ele entenda as entrelinhas.

 

— Ele deve ser um pequeno caso isolado em uma grande herança hereditária dos Uchihas. — ele soa com arrogância e malícia, fazendo o vinho esquentar mais ainda dentro de mim.

 

Estávamos mesmo falando sobre as envergaduras do Uchiha. E eu começo a rir.

 

— Você deve ter orgulho. — digo.

 

— Muito. Então eu gostaria que você não se misturasse com gente da laia do Sasuke. Não vá a Tenda.

 

— Parece tentador. Lá tem um ar diferente. — olho no que eu achava ser a direção do bosque onde fica a Tenda.

 

— Um ar hostil e perigoso para você. — ele alcança a minha mão e esfrega o seu polegar no dorso dela. — Há outras maneiras de mostrar a sua força, srta. Senju. E não precisa ser se machucando.

 

E eu sei. Sei disso. Sempre precisei ser forte sem fazer forças o suficiente; sempre precisei ser forte para encarar a vida dura na Aldeia de Ferro. E por isso, Itachi Uchiha não faz ideia do quão forte é a mulher que está a sua frente.


 

 

 

 


Notas Finais


Por ora é isso, amores.
Me contem o que acharam... bjs e até ❤️


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