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História Subzero - -14 graus celsius - História escrita por baepkive - Spirit Fanfics e Histórias
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História Subzero - -14 graus celsius


Escrita por: baepkive

Notas do Autor


FOGO NO PARQUINHO

pensa num capitulo dificil de escrever, foi esse k além de eu ta atolada com um monte de coisa, o calor de centro oeste nao colaborou nem um pouco galero alguem me socorre
MAS TO FELIZ EM TERMINAR ESSE CAPITULO PQ NELE ACONTECE DUAS COISAS QUE ESTAVAM ME PEDINDO MUIIIIITOOOOO, então vou ficar muito feliz em saber a reações de vcs :'))

antes de ler, AVISO
nesse capitulo contem cena de animais mortos e caça, se vc se sente desconfortável com esse tipo de conteúdo, por favor, pule a parte!! é uma cena curtinha e eu considero quase uma menção, mas sei que alguem pode ficar desconfortável, então o inicio e o final dela estará marcada em negrito, ok?? se cuidem!!1

sem mais demoras, BOA LEITURA <3

Capítulo 14 - -14 graus celsius


Fanfic / Fanfiction Subzero - -14 graus celsius

R U N N I N G   W I T H  T H E  W O L V E S

 

A lua sempre foi algo incompreendido para mim. Quando eu era criança, lembro nitidamente de ter perguntado para minha mãe do porque a lua só aparecer durante a noite — e ela me disse que era porque o sol precisava descansar. O sol sempre transmite energia e força, mas naquele momento, eu sentia como se a lua fosse a própria estrela do universo — me transmitindo energia, força incomum e euforia. 

Tudo passou como um borrão, eu já não sabia o que tinha acontecido. Mas eu sentia a neve sob meus membros e o cheiro forte das árvores, a folhagem orvalhada pela neve e baixa temperatura. Não estava escuro; a lua iluminava tão bem que eu poderia ficar cego se olhasse mais nitidamente. Mas tudo era estranho, como se eu não tivesse no meu corpo e minha mente estivesse flutuando pelo ar em busca de algo físico.

Eu não achava nada, o entanto. A confusão estava ali ao mesmo tempo que eu tinha certeza do que estava procurando. 

Mas então eu senti um cheiro. O cheiro, na verdade. Tão característico e familiar como o aroma que você viveu rodeado a vida inteira; nozes de macadâmia que deixava as notas de seu aroma no ar para quem quer que inalasse. Estava mais forte, porém, eu sabia que não era por conta dele. Isso vinha de mim, meu olfato tão aguçado que parecia estar respirando o ar pela primeira vez na vida. Lembrava-me quando acordei um dia após a mordida, era a mesma sensação multiplicada dez vezes.

Ao menos, no meio da confusão, eu consegui sentir uma presença se aproximando e ela não me parecia ameaçadora. No meio da visão totalmente turva, eu vi um lobo branco que parecia menor do que eu me lembrava.

“Jimin”.

A voz de Yoongi sempre me foi bem-vinda. Até mesmo dentro da minha cabeça, que era como ela estava soando naquele momento. Era como estar dentro de uma caixa pequena e a voz que saía dentro de mim soava pelas quatro paredes. A diferença era clara; a voz de Jimin estava vindo de fora para dentro. 

“Jimin, consegue me responder?”

O lobo branco se aproximou, eu senti seu cheiro. Só foi naquele momento que eu entendi o porque do lobo de Yoongi parecer menor do que eu lembrava; sobre quatro patas, eu ficava maior que ele.

Meu lobo era maior — mas de nada adiantava, porque Yoongi ainda me parecia tão intimidante. Seus olhos acinzentados tinha um toque selvagem que eu nunca vi antes. Ele não ia me atacar, mas estava selvagem.

Quanto a sua pergunta, não. Eu não sabia respondê-lo. Um som estrangulado saiu do fundo da minha garganta, ele se formou um grunhido. Eu não queria rosnar para Yoongi, então o som acabou saindo desta forma. O ômega entendeu, ele se aproximou de mim ainda mais até que seu focinho estivesse alinhado com o meu. Funguei sentindo melhor seu cheiro — ele me acalmava.

“Me siga”

Era estranho andar sobre quatro patas, mas eu me sentia incrivelmente mais rápido e forte. Se Yoongi tivesse me pedido para segui-lo enquanto humano, muito provavelmente eu iria hesitante com medo de me perder. Ali já era o completo oposto; por algum motivo, eu sabia onde estávamos indo. Ou era como se eu conhecesse os caminhos da floresta de gelo como a palma da própria mão.

Nós estávamos em direção ao lago, ele nunca me pareceu tão vívido. Era como se a água brilhasse de uma maneira diferente, quase mágica. Vi Yoongi se aproximando da água como se fosse beber dela, entretanto, ele apenas se sentou e acenou com a cabeça para que eu me aproximasse. Em passos curtos, eu já estava na beira da água e com a luz da lua sobre nossas cabeças — assim eu consegui enxergar com exatidão a imagem do meu lobo refletida na água.

Era uma imagem um pouco… Intimidante.

Os olhos eram o mesmo de Yoongi, acinzentados que pareciam prata. Aparentemente, eu herdei muita coisa dele. Exceto a pelagem, que diante a luz da lua parecia um lobo cinza com partes adornadas por pelo negro. Era um grande lobo, um lobo que não conseguia enxergar a mim mesmo — como quando olhava para o lobo de Seokjin ou Jeongguk; eu conseguia distinguir eles pelo olhar.

Mas o olhar do lobo refletido era algo que eu não sabia se pertencia a mim. Então, era assim que as pessoas me viam?

Olhei para Yoongi, ele me encarava com aqueles olhos que só ele tinha. Eu via Yoongi neles, por mais selvagem que parecesse no momento. Quando ele se aproximou de mim devagar, pude sentir seu focinho inalando o cheiro no ar. E então, logo ele estava cheirando a base de pelos do meu pescoço. Algo dentro de mim fez-se turbulento com aquele simples gesto. Yoongi me farejando era quase um sinônimo de prazer; saber que ele estava pegando do meu cheiro e me marcando com o seu próprio era algo indescritível. O lobo quis uivar, eu senti. Eu estava sentindo tanta coisa ao mesmo tempo, nenhuma nomenclatura parecia ser justa para nomear todos os sentimentos.

“Consegue ver no reflexo? Há eu em você”

Sim, havia muito de Yoongi em mim. Quase como se… Nós nos pertencêssemos.

Eu queria dizer isso a ele, mas ainda não fazia ideia de como funcionava aquele tipo de comunicação. Praticamente, eu não tinha controle sobre minhas ações — o lobo queria uivar, correr e correr o mais rápido que conseguia. Algo me dizia que ele ainda não estava fazendo isso por causa de Yoongi.

Mas bastou um simples gesto para que tudo não passasse de um borrão como antes. Ouvi Yoongi sussurrar algo dentro da minha mente, ao que ele começava a andar e enquanto mais eu o seguia, mais rápido ele andava. Até que estivesse correndo. E eu corria atrás de si.

“Deixe o lobo dominar”

Eu estava sentindo euforia, correndo sobre quatro patas no meio da floresta. Seguir Yoongi era fácil, a pelagem branca dele parecia pérola diante a lua e se destacava entre a escuridão. Olhava para trás para me ver correndo; eu tinha certeza de que se ele estivesse na sua forma original, humana, ele estaria sorrindo. Eu sorri, animado, enquanto o lobo ainda parecia intimidante.

Yoongi era rápido. Eu não sabia o que ele estava querendo comigo correndo atrás de dele, mas de certa forma, era divertido. Havia algo extremamente divertido em tentar alcançá-lo, ao que ele me desafiava apenas com os olhos de prata e mais parecia um cão brincando do que qualquer outra coisa. Consegui aproveitar do momento em que ele teve que desviar de uma árvore, assim eu consegui alcançá-lo próximo de uma clareira e, assim, ficamos correndo em círculos. 

Com impulso, meu lobo pulou em cima dele sem sequer se importar se haveria chance de nos machucarmos. Era isso que a adrenalina e euforia fazia, não? Eu me sentia como se estivesse dentro de um carro desgovernado à beira de uma montanha, mas sem medo. Como se o carro fosse blindado por aço e me impedisse de machucar, ao mesmo tempo em que eu não tinha controle algum sobre ele. Então quando pulei sobre Yoongi, nós rolamos e rolamos pela neve que, pela primeira vez, não parecia tão insuportavelmente gelada. Era como nada.

Ainda assim, Yoongi conseguiu pairar sobre mim e logo escapou por nanossegundos, ao que nós começamos a brincar de luta que não feria ninguém de verdade. Conseguia sentir suas mordidas falsas e rápidas no meu pescoço, enquanto tentava fazer o mesmo. Dessa forma, nós ficamos rodeando um ao outro como se fosse a coisa mais divertida do mundo — e, naquele momento, era para mim. Era para nós e eu nunca me senti daquela forma alguma outra vez na minha vida inteira. 

Poderia amanhecer e eu sentia que aquilo duraria pelo resto dos dias.

O próximo movimento que Yoongi realizou fez com que eu ficasse em “desvantagem”, já que ele estava em cima de mim. Mas ele foi rápido em se afastar e, em questão de segundos, a leve aura azulada estava em volta de si. O lobo branco sumiu, no lugar dele estava Yoongi bem menor do que eu me lembrava.

Eu não me importei com sua nudez e ele também não, aproximando-se de mim com naturalidade. Nenhum humano normal faria isso comigo naquele estado, visto que estava muito maior que Yoongi sobre quatro patas. Porém, ele ergueu a mão e fez um carinho na minha cabeça, que automaticamente abaixou-se diante o gesto. Meus olhos ficaram na mesma altura que os olhos dele. Yoongi me encarou fixamente e era incrível como, mesmo na visão licantropo, eu conseguia achar ele a pessoa mais bonita que já coloquei meus olhos.

— Você está bem — não foi uma pergunta, eu consegui distinguir nitidamente. As duas mãos dele seguraram os dois lados do meu rosto licantropo, encarando meus olhos como se fosse me hipnotizar. — Está tudo bem.

Minha visão ali era totalmente diferente da visão humana, mas ainda assim eu conseguia entender o que estava acontecendo. Só não foi a mesma coisa naquele momento, pois Yoongi me olhava como se quisesse me dizer algo. Ele olhou para a lua acima de nossas cabeças, segui seu olhar. A lua, por algum motivo, me parecia maior. Ou era impressão?

De qualquer forma, o lobo fazia o que queria. Ele fez o que lhe pareceu conveniente naquele momento, que foi uivar para a lua. Meu interior se remexeu por completo quando o som saiu do fundo da minha garganta com a cabeça erguida, eu jamais conseguiria transmitir ou explicar a sensação que era quando isso acontecia. Entretanto, daquela vez foi diferente — porque assim que o uivo findou-se, eu encarei Yoongi novamente e tinha alguma coisa ali. Ele fez outro carinho na minha cabeça e, por motivos desconhecidos, o meu coração começou a bater mais rápido.

Já estava batendo muito rápido antes, o nível conhecido e normal para animais, mas não para humanos. A minha visão se tornou uma bagunça ali e, sem que eu entendesse de fato, Yoongi fez um sinal para eu me sentar. Assim eu fiz.

No exato momento em que meu torso tocou a neve no chão, algo pesou sobre mim. Sem que eu pudesse ter ciência do motivo, minha visão foi tornando-se mais turva e escura. 

Logo, eu fui engolido por uma sensação que me lembrava quando eu mergulhava em mares e rios escuros. A água não parecia gelada e era impenetrável, então tudo o que fiz para meu coração parar de acelerar foi fechar os olhos.

E deixarem me levar.

 

[...]

 

Sempre que eu sentia aquele cheiro de nozes de macadâmia, eu sentia paz. Definia Yoongi, era Yoongi afinal. Naquele momento, parecia até que ele estava aconchegado em mim tornando o meu sono algo irreal de tão bom.

Sentia minhas costas apoiadas em uma superfície macia, tudo indicava que eu tinha vindo parar em uma cama de alguma forma. Lembrava de ter… desmaiado? Pareceu no momento. Mas eu me sentia tão bem que nada negativo passava por minha mente. Até eu abrir meus olhos, acabei me deparando com o meu quarto. 

E Yoongi estava deitado do meu lado, encarando-me com os olhos preguiçosos. Seu cheiro absurdamente bom, seu calor corporal confortável e gostoso. Era como um sonho, mas eu sentia muito bem meus olhos abertos e sensações reais.

— Ei. — ele murmurou rouco, como se tivesse acabado de acordar. Porém, eu sabia que ele estava acordado esse tempo todo por seu rosto não estar inchado, algo que acontecia toda vez que ele dormia. Seus lábios eram apenas rosados, os olhos afiados também. Yoongi estava bem acordado. A mão dele encaminhou-se de jeito preguiçoso até meu peito, pousando-a ali e fazendo um carinho.

— Ei — respondi. Já a minha voz estava mais rouca, quanto tempo eu havia dormido? 

— Como está? — ele ergueu a cabeça, apoiando na mão e cotovelo. Assim eu podia ver melhor seus olhos, eles estavam com um ar gentil, quase dócil.

— Bem, muito bem — minha mão pousou sobre a dele, era quente e macia. — Tudo parece muito… bem.

— É porque está tudo bem — disse, um pequeno sorriso despontava de seus lábios bonitos. — Deu tudo certo na passagem para a transformação. Você é um de nós agora.

Yoongi aproximou-se de mim logo após sua última fala, a qual trouxe um leve arrepio em mim. Ele disse que eu era um deles. Eu pertencia a um lugar. Tão perdido naqueles pensamentos, eu só soube o que estava acontecendo quando senti a respiração do ômega no meu pescoço, ele estava se aconchegando. 

— Quero dizer… No começo, eu não considerava você um de nós — ele começou, cada fala dele deixava um rastro do seu calor na minha pele. Não resisti em envolvê-lo em meus braços, abraçando-o de lado como se fôssemos o casal mais clichê e grudento que existia. — E toda vez que você mostrava animação em se transformar, eu não conseguia entender. Não contei para ninguém antes, mas eu estava me sentindo… culpado. Culpado por ter te mordido, por mais que tivesse sido por um bem maior — pensei em interrompê-lo para contestar, mas continuei parado. Era a primeira vez que eu o ouvia falar sobre seus sentimentos com tantas palavras. Queria continuar assim para sempre. — E então, desde aquele incidente da marca, eu sentia que precisava ser mais legal com você. Não era nem um pouco justo minhas paranoias, como a culpa, influenciarem no jeito que eu tratava você. Mas então, eu me peguei pensando se só estava começando a me apegar a você porque me desfiz da marca de acasalamento, porque… Você era “o mais fácil” para eu me apegar, visto que temos uma pequena ligação de Criador. 

Algumas vezes eu já cheguei a pensar nisso, mas era algo sem importância que eu esquecia logo. Quero dizer, era tão mais fácil me deixar encantar por Yoongi que eu esquecia das minhas leves inseguranças; dos pensamentos de ele estar sendo guiado por algum tipo de carência ou coisa assim. Eu esquecia fácil. Era melhor assim. 

Saber que ele também pensava nisso as vezes me deixava com um sentimento menos unilateral.

— Mas, não era isso. Nunca foi — eu não podia ver o rosto dele naquela posição, mas algo me dizia que suas bochechas estavam vermelhas. — Você foi a primeira pessoa em muito tempo que me fez sorrir, foi a primeira também que fez meu coração acelerar como há muito não fazia… E agora, deuses, agora é como se tudo fizesse sentido? — ele tirou a cabeça do meu pescoço para encarar. De fato, suas bochechas estavam rosadas e seus olhos pareciam ainda mais bonitos. — Eu não considerava você um de nós, mas a verdade é que você desde o começo foi um de nós. E agora é completo. 

A palma acariciou o meu rosto com ternura, e eu não conseguia parar de tocá-lo. Dessa forma, a minha mão estava sobre a dele mais aquecida que o normal.

— Jimin — sussurrou, os olhos ainda fixos nos meus. — Você é um alfa.

Eu sou um alfa. Minha mente repetiu aquela sentença como um eco numa caverna, praticamente. Passei tanto tempo com licantropos, com alfas, mas ainda não sabia o que isso significava. Entretanto, eu sabia que havia algo diferente na forma que Yoongi me olhava — e isso com certeza era influência do alfa. Não havia nada de errado nisso, parecia tão certo.

— Então… — sem saber o que dizer de fato, optei pelo caminho que minha boca dizia antes de pensar. — Você ganhou a aposta com Namjoon e Jeongguk?

Yoongi não era bem uma pessoa de reações, mas ele riu e revirou os olhos diante minha fala, enrolando os braços em meu pescoço e me trazendo para mais perto de seu corpo até estarmos colados. Meu corpo praticamente deu um pulo porque eu não fazia ideia de que precisava tanto de um beijo de Yoongi, até ter seus lábios provocando os meus. Enrolando meus dedos em seus fios platinados, eu tomei sua boca em um beijo certo. Um beijo bom, onde eu reafirmava o que era fato: beijar Min Yoongi era como um paraíso.

Eu poderia passar o dia inteiro fazendo isso. Podia mesmo, realmente podia. Yoongi não parecia contrariar, pois ele se aconchegou em mim durante o beijo como se fôssemos passar horas ali, naquilo. Decerto, nós íamos se não fosse por uma pequena interrupção.

A porta do quarto foi aberta; meus instintos — eu já podia falar assim? — não notaram alguém se aproximando. Mas não foi nada alarmante, porque era só um ômega.

Porém, meu coração se encheu de alegria ao ver a figura de Jeongguk na porta, depois de tanto tempo.

— Certo, eu espero não ter atrapalhado o ninho de amor de vocês — um som resmungado saiu brevemente de Yoongi, quase como um rosnado, quando se afastou de mim e voltou a enterrar o rosto no meu pescoço, fuzilando Jeongguk com os olhos. Os dois trocaram um olhar breve, mas quando Jeongguk olhou mais atentamente para mim, ele suspirou, derrotado. — Oh, ele estava certo você é um alfa.

— Também senti sua falta, Gukie! 

Ele revirou os olhos, aproximando-se muito pouco de dentro do quarto, como se ainda quisesse preservar o território do pequeno recinto. — Vamos lá, você precisa vir comigo para checarmos se está tudo cem por cento bem.

Relutante, Yoongi se afastou de mim e me deu a mão, tirando-me da cama. Meus pés encontraram o chão de forma estranha, mas eu consegui seguir ele até Jeongguk.

Jeongguk que já não tinha mais cheiro de frutas vermelhas, e sim, o cheiro característico de café que sempre provinha de Seokjin. 

 

[...]

 

No fim de tudo, eu estava certo. Ser um humano era uma droga.

Uma semana depois da transformação, eu fiz coisas que eu não faria como um humano. Correr com os lobos da alcateia era… indescritível. Sobre quatro patas, eu segui o bando como se já tivesse feito aquilo milhares de vezes e eles me acolhiam, sem parecer que eu fosse um tipo de intruso. Talvez Yoongi estivesse certo de fato, eu era um deles desde o começo. 

A Caçada me aceitou bem. Muitos ali já me conheciam e alguns até ficaram felizes em saber que eu era um alfa. Aparentemente, muitos alfas não ficavam por muito tempo fazendo suas atividades para focar em coisas mais importantes, como prezar sua família e construí-la. Jeongguk me disse que a época da fertilidade estava chegando, era diferente da época da colheita — que todos ficavam felizes com os recursos da natureza. Dessa vez, todos ficavam felizes com a bênção de filhotes. Pelo o que eu entendi, era como "um cio coletivo", onde alguns ômegas antecipavam seus cios com seus parceiros alfas para a alcateia tornar-se frutífera no que se dizia filhotes. Isso era devido aos equinócios, o que fazia sentido. Ninguém queria ter que correr o risco de cuidar de filhotes recém nascidos no inverno, então o tempo de gravidez, magicamente ali, durava um pouco menos do que os humanos — ou seja, se um bebê era concebido na primavera, ele nasceria no outono. Ouvi relatos de que anos atrás era uma obrigação os ômegas maiores de idade engravidarem, tornando essa época de fertilidade algo mais frio e bruto. Felizmente, isso mudou e só engravidava quem queria — o que me deixou surpreso, pois notei que muitos estavam animados para essa época e queriam assumir tal compromisso. Então aquela época era corrida e eu estava mais perdido do que nunca; não era um tipo de "perdido" negativo, no entanto. 

Vivenciar tudo aquilo de perto, como um licantropo — um alfa — era outro tipo de experiência. 

E ser um alfa… Bem, se eu dissesse que ser um alfa era algo normal, eu estaria mentindo. Mas não era totalmente diferente. Eu me sentia incrivelmente normal, não era nada muito extravagante sobre o que diziam dos alfas mais "originais" — força bruta, frieza, arrogância. Felizmente, essa concepção tinha mudado há muito tempo e existiam alfas mais carinhosos, calorosos e gentis do que em milênios de mito. As coisas só ficavam um pouco diferentes quando se tratava de Min Yoongi.

Ele não era meu ômega. Quero dizer, não ainda. Mas eu queria ser o melhor alfa do universo para ele, assim nós poderíamos ficar juntos da maneira certa e saudável. Eu sequer cogitava voltar para a cidade e vida mundana novamente, eu queria ficar ali, queria ficar do lado dele e de todos que criei um vínculo naquela alcateia. 

Era o meu lugar e ser, finalmente, um licantropo ajudava-me a ver de fato tudo isso. 

Eu já até minha o meu próprio cheiro. Yoongi dizia que eu cheirava à floresta orvalha, quase eucalipto e flora. 

Então, com a primavera em seu ápice a colheita sendo feita pela caçada devidamente, estava tudo saindo nos conformes. Seokjin estava liderando tudo e tinha Jeongguk o ajudando como um companheiro leal, servindo de inspiração para muita gente na alcateia. O período de fertilidade era mais organizado por ômegas, então Yoongi estava muito ocupado com a alfaiataria. Aparentemente, muitos ômegas queriam os melhores tecidos e peles para seduzirem seus alfas, enquanto muitos alfas estavam ocupados caçando as melhores peles para esse artifício.

A primeira vez que eu cacei, no entanto, foi pura adrenalina. 

Eu tinha sorte de estar acostumado com o perigo, é claro. Caçar na floresta era quase como fugir de rebeldes e terroristas em caça ao tesouro — a diferença era que eu sempre fui a "presa". Não era mais. 

Yoongi foi comigo na primeira vez; Aksana permitiu que ele deixasse de lado seu trabalho na alfaiataria para me guiar. E ele estava mais do que feliz com isso, assim como eu mesmo. O ômega ficava me dizendo que não era o melhor caçador de todos os tempos, mas era uma grande modéstia ele dizer isso. Vi ele pegar a lança, vi ele correr e se camuflar como ninguém. 

Yoongi era um grande ômega.

— Matar um animal é sacrifício que fazemos à natureza — ele disse baixinho quando uma de suas lanças acertou um alce enorme. Um sentimento estranho passou por mim quando ouvi o animal grunhir de dor, mas eu tentei me focar. A voz reconfortante de Yoongi me ajudava. — Nós temos que honrar a sua morte da maneira mais justa. Então toda vez que você matar um animal, acerte o coração de uma vez e tampe seus olhos após suas palavras de promessa. 

— Promessa? — indaguei, olhando o alce já morto. Yoongi foi certeiro em lançar a ponta afiada no coração. Ele morreu rápido, sem agonia. 

— Sim, uma promessa que fazemos aos deuses — a mão vermelha de sangue afundou na neve e, assim, ele fechou os olhos do animal, murmurando algo incompreendido para mim. — Am onorat viața și natura.

Era romeno e significava "Honrai a vida e a natureza".

Apesar de tudo, eu consegui matar o meu primeiro animal sem remorso quando Yoongi disse que sua pelagem e carne seriam necessárias para a sobrevivência, principalmente de filhotes — dar uma pele de presente de "namoro" para seu parceiro poderia ser um capricho, mas noventa por cento dos casais sempre reutilizavam a pele para aquecer seus filhotes após o nascimento, tornando aquilo sagrado como deveria ser desde a morte do animal. 

Além de caçar, eu também fazia o tour junto com Namjoon e os companheiros de alcateia de Seokjin, Jisung e Dimitri, pelas bordas da reserva. Desde que acharam rastros de humanos ali, todos estavam atentos e curiosos. Já fazia muito tempo que foram vistos os rastros, a primavera chegou com tudo e muito provavelmente alguns humanos se beneficiariam disso para explorar. Eu não condenava completamente quem fazia isso —  por motivos óbvios, duh, eu não podia ser hipócrita —, mas estava um pouco mais restritivo. Quem quer que pisasse no território, fosse explorar tudo com respeito e sinceridade. 

Quando os dias de fertilidade começaram, Yoongi recomendou eu ir com ele para uma parte da floresta porque o centro da alcateia ficava um caos naquela época. De fato, eu conseguia pegar aromas no ar apenas nas primeiras horas do dia, era literalmente como se fosse um cio coletivo. Algumas pessoas preferiam, bem… "Acasalar" na floresta, e eu esperava profundamente que não estivessem falando isso no sentido mais literal da palavra. Tá aí uma coisa que eu não queria ver como licantropo, obrigado.

Era tarde do dia quando eu e Yoongi, sobre quatro patas, estávamos em uma parte totalmente nova para mim na floresta, treinando. É, eu ainda não sabia como me comunicar "mentalmente" na forma lobo, então precisava treinar para fazer isso de uma vez. Ao menos, Yoongi me ajudava. Nem eu e nem ele era afetado pela época da fertilidade —  eu por nunca ter tido um cio, e ele por ter passado recentemente pela sua época de calor. Já estava de bom tamanho.

"Vamos fazer mais uma vez" ele disse, seu lobo branco estava me encarando de perto, praticamente com o focinho colocado no meu. "Se concentre"

Não era totalmente difícil, eu sabia falar algumas palavras, mas frases inteiras eu me perdia. Era uma sensação tão estranha, como se eu estivesse tentando falar em um lugar muito barulhento — no caso, minha mente. Ela era bem barulhenta.

"Você consegue me ouvir?" perguntei, na esperança de que ele tivesse me escutado. Fiquei feliz quando o lobo na minha frente fez um som alegre. 

"Consigo! Continue assim"

Aquela parte da floresta tinha mais árvores com copas curtas, o que deixava o sol iluminar tudo com mais precisão. Ficar ali com Yoongi era aconchegante, então eu conseguia cada vez mais me sentir confortável, a conversa mental prosseguia com mais facilidade. Até momentos em que não fazíamos nada além de correr um atrás do outro eram bons, quando ele se deitava e eu ficava ao seu lado era bom, até quando treinávamos era bom.

Definitivamente, eu me sentia em um lar.

— Okay, você acha que daqui algumas semanas Jeongguk estará esperando um bebê? — perguntei ao que nossa conversa se encaminhava para algo parecido com fofoca.

Não era fofoca, poxa. Só estávamos discutindo a vida dos outros.

— Eu espero que sim, ao mesmo tempo que tenho medo — confessou Yoongi. Dessa vez, minha cabeça descansava em seu colo enquanto ele estava encostado em uma árvores. Tínhamos mantas o suficiente apenas para cobrir nossa nudez, já que não sentíamos nem um pouco de frio. — Não sei se Jeongguk está preparado para ser pai.

— Confesso que eu fiquei surpreso ao ver muita gente da idade dele querer ser pai aqui, na alcateia — comentei, lembrando de todos contarem com entusiasmo sobre isso numa pequena reunião da caçada. Um garoto ômega de dezoito anos, Taylor, já estava grávido antes do período e não parecia nem um pouco receoso com isso; era o que eu esperava, já que Taylor era um dos poucos dentro da alcateia que era "diferente" do esperado. Assim como Anna, uma garota alfa que também participava da caçada. 

No meu mundo é difícil aceitarem pessoas como Taylor e Anna — pessoas que nasceram e foram premeditadas o gênero por conta da genitália. Mas na alcateia, como em quase tudo, era diferente. Eles aceitaram tão bem que eu jamais saberia sobre isso, se os próprios não tivessem tão confortáveis em contar em reuniões. Era tão natural, como se todos pudessem se encaixar ali sem o medo de serem julgados.

Esse era mais um dos motivos de eu não querer voltar para a vida mundana de forma alguma.

— É bem normal aqui, se acostume em ver pessoas um pouco mais novas que nós andando por aí com barriguinhas daqui uns meses — Yoongi disse, acariciando meu cabelo. —  Eu particularmente gosto dessa época. Aksana e os outros anciãos fazem reuniões uma vez no mês para celebrar, tem muita comida boa. 

Sorri, pegando sua mão e beijando-a. 

— Por enquanto, estamos excluídos aqui —  disse em tom de brincadeira, mas eu queria fazer uma pergunta curiosa. Assim eu fiz. —  Você nunca teve… Quero dizer, você nunca quis ser pai também?

Ele abaixou a cabeça, encontrando meus olhos. Prateados, amáveis. 

Porém, sua fala saiu com um tom quase debochado. — Eu sequer tenho um companheiro ainda.

Foi uma cutucada, claro que foi.

—  Isso foi… — sentei-me, aproximando meu rosto do seu para provocá-lo. No entanto, ele permanecia imutável. — Uma indireta?

— Bem, eu acho pele de urso bonito e eu vi você caçando uma dias atrás — ele sorriu, dando de ombros. — Mas não sei se você estaria disposto a assumir um compromisso assim…

— Eu tô disposto! — praticamente pulei, causando uma risada nele. Dessa forma ele deitou-se no chão e meu corpo foi automaticamente para cima dele. — Eu não quero sair desse lugar de forma alguma! Quero ficar aqui… com você.

Era muito bom dizer isso. Muito bom mesmo. Melhor ainda era ver o olhar de Yoongi — ele tinha um sorriso fofo no rosto, os olhos curiosos e amorosos. As mãos dele já estavam nos meus cabelos, quase me puxando para um beijo.

— Você tem certeza?

—  Absoluta. —  respondi, me inclinando para beijá-lo. 

Porém, de um jeito injustamente provocante, Yoongi virou o rosto e acabei beijando sua bochecha. Bufei, fingindo irritação.

— Então me faça um bom cortejo, alfa.

Yoongi!

Ele escapou de mim com facilidade, já se transformando no lobo branco. Então começamos mais uma de nossas brincadeiras de corrida naquela clareira; dessa vez, eu queria pegá-lo e beijá-lo inteiramente cada pedacinho de si, para aquele seu sorriso jamais ir embora. 

Estava um pouco mais aliviado em dizer o que que queria de fato; não me ocorreu que Yoongi talvez pensasse que eu iria querer voltar para a minha vida mundana. Bem, eu não sabia sobre o futuro e nada do que ele me reservava, um dia eu poderia sim querer voltar para minhas origens, ou não, ninguém sabia.

A única coisa que eu tinha certeza era de que eu estava feliz ao lado de Yoongi e de todos ali, e era ali que eu iria ficar.

Acabamos adentrando ainda mais a floresta, perdidos em nós mesmo e imersos na nossa brincadeira. Vez ou outra, Yoongi se escondia — ele fazia isso como um teste quando nós estávamos treinados, o intuito era treinar meu olfato. E eu sempre o achava, porque o cheiro dele era algo único para mim e eu conseguia rastreá-lo de maneira quase automática. Logo, ele se escondeu no meio das flores que nasciam perto de uma grande árvore, seu pelo branco se mesclando com as pétalas brancas. A cena era digna de fotografia; decerto, naquele momento eu queria uma câmera só para tirar uma foto. No meio das flores, ele voltou na sua forma humana e havia pétalas nos seus cabelos platinados, o sorriso que ele deu quando viu algumas borboletas voarem para longe foi algo que despertou o melhor de mim.

Meu coração batia de uma maneira tão boa, eu não me lembrava de já ter me apaixonado assim.

Logo, eu voltei para a minha forma humana quando adentrei o amontoado de flores, havia dentes de leão flutuando pelo ar e sol de fim de tarde, alaranjado em sua forma, fazia o ambiente do melhor jeito. Os aromas no ar eram uma mistura maravilhosa de flores, as amêndoas de macadâmia de Yoongi, a folhagem…

Entretanto, havia um cheiro diferente perto dali que estava me instigando de um jeito. Perto de Yoongi, eu o encarei com um olhar significativo e ele parou de sorrir, ficado um pouco mais tenso.

— Você também tá sentindo esse cheiro?

Yoongi era um dos licantropos com o melhor olfato da alcateia, ele com certeza estava sentindo e não era coisa da minha cabeça. O cheiro era familiar, bastava que nós nos aproximássemos para conseguir distinguir melhor. 

— Parece… — Yoongi foi o primeiro a sair do meio das flores, indo até as mantas que deixamos perto dali. Ele se cobriu, dando outra manta para mim também e farejou o ar. Seu olhar mudou da água para o vinho, afiado. — Parece sangue.

Era isso, sangue. E não sangue de animal.

Sangue humano.

Fui guiado pela minha curiosidade e desconfiança junto com Yoongi. Nós estávamos em uma parte um tanto quanto desconhecida e longe do centro da alcateia, então se alguém se feriu por ali perto, era muito provável que esta pessoa não estivesse mais viva. No entanto, quanto mais andávamos, mais o cheiro de sangue parecia fresco. 

Comecei a ficar um tanto tenso, algo me dizia que aquilo estava totalmente errado.

Foi preciso apenas alguns passos para que encontrássemos o rastro de sangue. Pela primeira vez desde que fui mordido, meu corpo gelou. Senti frio. O corpo ao longe estava deitado e encolhido na neve. Era o corpo de um homem.

Yoongi ficou parado mas eu segui até ele, quase correndo sem pensar nos riscos que aquilo poderia causar. Havia uma mochila grande perto do corpo, jogada ao lado. Era um alpinista.

Minha garganta secou quando me aproximei, praticamente jogando-me sobre o corpo que era tão, mas tão familiar e que me fazia uma falta enorme.

Sem entender como, quando, e porque ele estava ali, minha voz saiu desesperada e incrédula:

— Taehyung!

 


Notas Finais


só tenho uma coisa a dizer: fodeu

é agora que começa o caos, a merda, tudo que tem direito galero okdsaodkspodkaspo to muito ansiosa pra escrever isso, por isso acho que a atualização vai vir rápido ~talvez sim, talvez não, eu tava focada em outros projetos. como minha oneshot yoonmin gigantesca, que vc pode ler aqui hihi >>>> https://www.spiritfanfiction.com/historia/purple-rain-17433380 eeeeee minha provavel nova longfic yoonmin, que é um pouco mais slice of life com uma pegada c93, alguns leitores podem gostar então vou ficar muito feliz em compartilhar ela com vcs :'))

nesse capitulo eu quis muito deixar claro o quão jimin ta compromissado com sua nova "casa", digamos assim. E que o mundo humano é uma merda, cá entre nós k PORÉM, muita coisa vai acontecer ainda e isso pode, ou não, cair por terra
vamos decobrir

e eu disse que vcs iriam se surpreender com o lobo de jimin na vdd eh com a minha falta de originalidade spokospkdpo ele é cinza normalzinho galero, acho que só teve uma pessoa que comentou isso mas enfim k

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO AAAAAAAA vcs podem me dizer suas teorias aqui nos comentarios, ou podem falar comigo no tt tbm lá eu surto, finjo demencia e falo algumas merdas mas tamo aí neh sokdsopk eu amo encontrar vcs lá, então https://twitter.com/Baepsae_W <33
MUITO OBRIGADA POR TODOS OS COMENTARIOS E FAVORITOS, OBRIGADA MESMO! nos vemos no próximo capitulo!! até <33


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